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A escadaria do Museu da República é simplesmente um espetáculo |
Se você se interessa por política ou história, terá um caminhão de motivos pra visitar o Museu da República, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Mas, ainda que não ligue pra essas coisas, vai gostar muito de colocar o museu no seu roteiro de passeios na cidade.
Entre 1897 e 1960, o Palácio do Catete foi a sede da
Presidência da República, reunindo ambientes de trabalho (como hoje o Palácio
do Planalto) e de residência (como o Palácio da Alvorada) dos chefes de Estado do
Brasil.
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Os jardins do museu, com acesso livre, são um pequeno oásis no Bairro do Catete |
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O Museu da República tem entrada gratuita |
Mas se a ideia de visitar o palco de inúmeros momentos decisivos da história do País não parece sedutora, deixa eu contar como o Museu da República é bonito, uma pequena antologia da arte decorativa que andou em voga na virada do Século 19 para o Século 20.
E, ainda por cima, tem um dos jardins públicos mais gostosos
do Rio de Janeiro.
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O museu continua a documentar a história contemporânea do Brasil |
Convencidos/as? Então bora numa visita ao Museu da República:
Museu da República no Rio de Janeiro
O Palácio do Catete foi convertido em Museu da República após a transferência da capital federal do Rio para Brasília, em 1960.
Hoje, o Museu da República mostra um pouco da história política do País em seu acervo permanente e em exposições temporárias.
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Dos pisos ao tetos, a decoração do Museu da República enche os olhos |
Episódios marcantes
É meio redundância dizer que as paredes que abrigaram a sede
da Presidência da República durante 63 anos viram muitos momentos decisivos da
nossa história.
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O elevador destinado aos presidentes até podia ser mais cômodo, mas não é páreo para a beleza da escadaria |
O episódio mais impactante, sem dúvida, foi o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954 — o pijama marcado pela bala que ele disparou contra o coração fica exposto em seu antigo dormitório.
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O quarto de Getúlio, cenário de um dos episódios mais marcantes da história política brasileira |
Quatro décadas antes dessa tragédia — Getúlio sucumbiu a uma perseguição voraz motivada não por seus muitos defeitos, mas por suas qualidades de nacionalista imbuído em um projeto de desenvolvimento que não deixasse de fora o povo — a trepidação foi outra.
Em 1913, foi no mesmo Palácio do Catete que a então primeira
dama Nair de Teffé resolveu entreter os convidados toando violão. O instrumento
era muito mal visto na época como coisa de malando.
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Usado como sala de música, foi no Salão Veneziano que Nair de Teffé mandou ver no violão |
Mas Nair, que não era bolinho, deu o golpe de misericórdia na escolha do repertório: ela tocou o maxixe Corta-jaca, composição de outra mulher da pá virada, Chiquinha Gonzaga.
Uma espécie de precursor do samba e herdeiro do jongo e do lundu, o maxixe era tratado pelas elites como música da ralé — e bora combinar que a letra, cantada pela primeira dama, também não era santa: Não há ricas baronesas, nem marquesas/ Que não queiram requebrar.
Agora, imagine o efeito disso naquelas senhoras emplumadas e
senhores de casaca que eram os únicos frequentadores de eventos da presidência
da República naquela época.
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A capela foi convertida numa sala de visitas quando o palácio virou sede da Presidência |
É por memórias como essa que eu curto visitar o Museu da República.
Quando morava no Rio, aproveitei muito seus jardins e vaguei
por seus salões em muitos horários de almoço, privilégio de quem trabalhava a
apenas duas estações de metrô de distância (aliás, este é um post que eu estava
devendo há um bom tempo).
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O Salão Nobre é um escândalo. Aqui eram realizados os bailes |
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O palácio tem uma pequena coleção de pinturas |
Do barão aos presidentes
O Palácio do Catete foi inaugurado ainda no Império, em
1866, como era residência do Barão de Nova Friburgo.
O barão acabaria despossuído de sua mansão em 30 anos
depois, quando o imóvel foi requisitado pela presidência do novo regime, a jovem
República.
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Gente, o que é essa escadaria?! |
Apesar das necessárias reformas para a mudança de finalidade, muito da riquíssima decoração que a gente vê hoje no Museu da República é herança do barão.
Eu sou fã descabelada da escadaria do palácio, que foi
trazida da Alemanha, e de toda a decoração em torno dela, com afrescos,
estátuas, volteios e rodopios visuais que, se não fossem pura Belle Époque,
poderiam pecar pelo excesso.
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O museu é lindo, tem entrada grátis e metrô na porta. Tá bom ou quer mais? |
Horários: o jardim está aberto diariamente, das 8h às 18h. O museu pode ser visitado de terça a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h.
Entrada gratuita
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