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Tenho um xodó bem especial pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro |
Sempre tive um xodó especial pelo Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro. Sou fã do edifício modernista cercado pelo Aterro do Flamengo —
o luxuriante paisagismo de Burle Marx — e do acervo instigante e belo, abrigado
pelo concreto que parece pronto a levantar voo.
Talvez meu primeiro motivo pra gostar do MAM seja a imagem
(coisa da minha cabeça, mesmo. Encasquetei) de Caetano compondo Paisagem Útil
(do disco Caetano Veloso, de 1968) sentadinho no vão livre do museu, sempre atravessado
pela brisa, não importa a que píncaros se lancem os termômetros do Rio de
Janeiro. Ô, espaço inspirador.
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Este Autorretrato (1930) de Ismael Nery é simplesmente arrebatador |
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Sou fã de carteirinha de A Bela Lindonéia ou A
Gioconda do Subúrbio (1966) de Rubens Gerchman. A obra pertence à Coleção
Gilberto Chateaubriand, cedida em comodato ao MAM-Rio |
Sonoridades à parte, o Museu de Arte Moderna do Rio é um dos meus grandes professores de olhar. E pode ser um professor de reinvenção pra todo mundo: um museu que conseguiu reconquistar relevância depois de perder parte considerável de seu acervo na tragédia do incêndio de 1978.
Fazia tempo que eu não visitava meu velho amigo MAM-Rio. Estive
lá agora, na recente temporada carioca e só confirmei o que já sabia: o Museu
de Arte Moderna do Rio de Janeiro é um programaço.
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Acho o vão livre do MAM-Rio muito inspirador 😊 |
Veja o que você vai encontrar por lá:
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Uma fã do modernismo como eu dizer que adora o Museu de arte
Moderna do Rio é até redundante né? Uma casa que abriga Tarsila do Amaral,
Anita Malfatti e Portinari será sempre um lugar delicioso de visitar. Precisei de muita força de vontade pra sair da frente do Autorretrato de Ismael Nery, que emplaca facinho o top 10 das obras brasileiras mais maravilhosas que já vi.
Mas talvez o grande motivo para recomendar a ida ao MAM-Rio
seja a oportunidade rara de encontrar uma geração mais recente e também absolutamente cativante.
Estou falando de contemporâneos, pops, concretos e seja lá
em que categoria você queira colocar esse vendaval soprado por Ana Bella
Geiger, Wanda Pimentel, Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Carlos Vergara, Antonio
Dias e outros artistas que ousaram criar e incomodar nos turbulentos anos 60 e
70.
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Espantalhos (1940) de Candido Portinari |
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Compositor e pioneiro das escolas de samba, o carioca Heitor
dos Prazeres (1898 - 1966) também retratava seu tempo e universo com pincéis. Esta obra sem
título, um óleo sobre madeira, é de 1944 |
Os modernistas têm meu amor incondicional pela invenção de
uma arte sinceramente brasileira e inevitavelmente universal — porque arrebatadoramente
bela, elegantemente antropófaga.
A geração de Gerchman e Oiticica (não podemos chamar a todos de Tropicalistas, mas vou deixar assim) também criou arte com beleza e brasilidade, mas a matéria prima que seu tempo lhes deu não era pra otimismos. E, mesmo assim, na escuridão da ditadura, aquela ousadia foi oxigênio.
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Sem Legenda (1967), de Carlos Vergara |
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Obra da série Envolvimento pintada em 1968 por Wanda Pimentel |
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Sobre a arte, diga conosco: Bu-ro-cra-cia (1978) de Ana Bella Geiger |
Você seguramente já ouviu a canção Lindonéia, de Caetano e Gil, cantada por Nara Leão no disco Tropicália ou Panis et Circensis (1968), o equivalente brasileiro ao Sgt Pepper’s e The Dark Side of the Moon somados (multiplicados?).
A composição foi inspirada no quadro A Bela Lindonéia ou A Gioconda do Subúrbio, criado em 1966 por Rubens Gerchman (1942 – 2008), sensacional injeção de pop-art e tropicalismo na veia que fica melhor cada vez que eu olho — a gente sabe quando uma obra é genial quando ela traz a estética, o espírito e os trejeitos de um determinado momento e não fica datada.
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Lindoneia provocando perguntas ao lado de Reina Tranquilidade (1967), de Carlos Zilio |
Emoldurado por um espelho lapidado de porta-retratos, o rosto marcado de Lindoneia — são sombras ou hematomas? — suscita perguntas várias, como a arte tem mesmo que fazer, já disse Leonard Bernstein. O sotaque de página de jornal — “morreu instantaneamente” — não responde, só aguça a curiosidade. Quem foi? O que aconteceu?
Orra, Seu Gerchmann, você é maravilhoso!
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Peças de mobiliário modernista de Le Corbusier e Joaquim Tenrero |
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Mussia (1951), de Zélia Salgado |
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Cidade (1963), de Ione Saldanha |
O incêndio do MAM em 1978 dizimou obras inestimáveis dos principais artistas modernistas brasileiros e de expoentes estrangeiros, como Pablo Picasso.
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Homenagem a Fontana (1967), de Nelson Leirner. À esquerda, a obra original, danificada no incêndio do MAM. À direita, a réplica feita pelo artista em 2012 |
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O MAM tem uma cinemateca com programação permanente e muuuuito legal |
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Muitas doações contribuíram para a recomposição do acervo do MAM |
Além disso, o Museu abriga a importantíssima Coleção Joaquim
Paiva, com quase 3 mil fotografias de gente do quilate de Diane Arbus, Milton
Guran e o gênio do fotojornalismo Evandro Teixeira.
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A arquitetura também é um show modernista. O projeto do edifício-sede do MAM é de Affonso Reidy |
⭐Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
🕒 Horários: de quarta a sábado, das 10h às 18h. Domingos, das 10h às 11h exclusivamente para visitação de pessoas com deficiência intelectual, pessoas autistas ou com algum tipo de hipersensibilidade a estímulos visuais ou sonoros. Para o público em geral, o funcionamento dos domingos é das 11h às 18h.
O que ver no Museu Nacional de Belas Artes
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Museu Nacional da Quinta da Boa Vista
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