Tripulação

15 novembro 2025

Visita ao MUNCAB: o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira em Salvador

Fachada do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) no Centro Histórico de Salvador
Fachada do MUNCAB vista através do gradil Histórias de Ogum, obra de J. Cunha

Neste mês de novembro — Mês da Consciência Negra — finalmente fiz uma visita que estava me devendo há muito tempo: fui conhecer o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), no Centro Histórico de Salvador.
 
Exposição Memória: relatos de uma outra história no Muncab em Salvador
Exposição Memória: relatos de uma outra história no Muncab em Salvador
A Exposição Memória: relatos de uma outra história, dedicada a mulheres artistas negras  

O museu está com duas exposições imperdíveis. 

A mostra Memória: relatos de uma outra história, é dedicada à produção de mulheres artistas negras da África e da diáspora. Reúne obras de 20 artistas contemporâneas, entre elas as brasileiras Amélia Sampaio, Fabiana Ex-Souza, Luana Vitra, Madalena dos Santos Reinbolt e Maria Lídia dos Santos Magliani, a ítalo-camaronesa Barbara Asei Dantoni, a camaronesa Beya Gille Gacha, a ganesa Enam Gbewonyo, a senegalesa  Selly Raby Kane e a namibiana Tuli Mekondjo.

Eu, que vivo dizendo que arte contemporânea não é minha praia, me fartei no banquete visual.

Ensaio, obra de Bennie Andrews no Muncab em Salvador
Ensaio (1997), do norte-americano Bennie Andrews
Retrato Maria I de Dalton Paula no MUNCAB em Salvador
Retrato Maria I de Dalton Paula no MUNCAB em Salvador
Me apaixonei por Retrato Maria I (no alto e no detalhe acima), do goiano Dalton Paula. A técnica usada na obra é óleo sobre livro 
Jayme Figura no Muncab em Salvador
Escultura do baiano Jayme Figura

Já Ancestral: Afro-Américas reúne obras de artistas negros consagrados do Brasil e dos Estados Unidos, com obras de Yêdamaria, Rosana Paulino, Abdias do Nascimento, Mestre Didi, Rubem Valentim e Bispo do Rosário, do cubano Carlos Martiel e dos norte-americanos Simone Leigh, Benny Andrews e Leonard Drew.

Yemanjá de Yêdamaria no MUNCAB Salvador
Yemanjá, de Yêdamaria, na mostra Ancestral: Afro-Américas
Fotografia de Gosette Lubondo no Muncab em Salvador
As fotografias da congolesa Gosette Lubondo são um grande motivo pra ir ao Muncab ver a mostra Memória. Absolutamente sensacionais

As duas mostras reforçam a vocação do MUNCAB de apresentar o que há de mais potente na arte afro-brasileira e da diáspora africana. Entre pintura, escultura, têxteis, fotografia e vídeo, encontrei uma beleza que faz bem aos olhos e à alma. Amei, recomendo e pretendo voltar.

Exposição Ancestral: Afro-Américas no Muncab em Salvador
A exposição Ancestral: Afro-Américas está deslumbrante


Por que ir ao MUNCAB

"Carnaval nos Arcos" de Heitor dos Prazeres no Muncab em Salvador
"Samba" de Heitor dos Prazeres no Muncab em Salvador
Heitor dos Prazeres no Muncab: no alto, Carnaval nos Arcos (1966). Acoma, Samba (1965

O MUNCAB é visita obrigatória em Salvador. O museu aproxima o visitante da alma da cidade, cuja identidade nasceu — e continua nascendo — das matrizes africanas. É também um espaço para contemplar a inventividade, o talento e a força simbólica das culturas africanas e afrodescendentes, presentes na arte, na religiosidade e nas narrativas que estruturam o Brasil.


Como é a visita ao MUNCAB

Xangô crucificado ou o martírio de Malcom X de Abdias do Nascimento no Muncab em Salvador
Oxum em êxtase de Abdias do Nascimento no Muncab em Salvador
Abdias do Nascimento: Oxum em êxtase (1975) e, no alto, Xangô crucificado ou o martírio de Malcom X (1969)
Obra de Mestre Didi no Muncab em Salvador

Opá Exim Orum Olu Ibô – Cetro da flecha do caçador do além, de Mestre Didi

Obra de Rubem Valentim no Muncab em Salvador
Objeto emblemático (1973), de Rubem Valentim

Inaugurado em 2009, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira funciona em um casarão do início do século 20, que já abrigou repartições públicas. Fica num ponto discreto, mas a poucos passos de ícones de Salvador:

- Elevador Lacerda e Praça Municipal (a 180 m).

- Palacete Tira Chapéu, espaço da gastronômico instalado em um belo casarão em estilo eclético (140 m).

Ladeira das Blogueiras no Centro Histórico de Salvador

- A famosa “Ladeira das Blogueiras” — a centenária Ladeira do Pau da Bandeira, rebatizada pela vista incrível para a Baía de Todos os Santos que domina os feeds do Instagram — está a 200 metros.

A coleção permanente do MUNCAB inclui obras de nomes como Yêdamaria, Rubem Valentim, Justino Marinho e Heitor dos Prazeres, além de uma importante coleção de arte sacra afro-brasileira e documentos históricos sobre escravidão e tráfico de pessoas.

O gradil “Histórias de Ogum”, de J. Cunha, recebe os visitantes do MUNCAB com símbolos do orixá que abre caminhos e protege a memória afro-brasileira

 Mas o MUNCAB vai muito além de seu acervo. O museu é um centro ativo de produção cultural afro-brasileira, sempre com exposições temporárias que ampliam narrativas — como a aclamada Um Defeito de Cor, em cartaz de novembro/23 a março/24.

Joias de crioula no Muncab em Salvador
Joias de crioula, adornos tradicionais usados por mulheres negras na Bahia desde a colônia. Os balangandãs, correntes, brincos de argola, contas e pulseiras expressam status, autonomia e resistência feminina
Arte africana no Muncab em Salvador
A sala Áfricas reúne uma bela coleção de arte tradicional de diversas regiões daquele continente
Porta de celeiro da Costa do Marfim no Muncab em Salvador
Porta de celeiro da Costa do Marfim na Sala Áfricas
Muncab em Salvador

 O acervo e as exposições temporárias do MUNCAB passam com o trator por cima daquela noção que se aprende (aprendia, será?) na escola, sempre associando o negro a sofrimento, cativeiro, correntes e pelourinhos. Sim, é preciso falar de tráfico de pessoas e brutalidade e escravidão. Mas o imaginário rico, diverso e belo das pessoas e povos da África e seus descendentes comove muito mais e desnuda infinitamente mais o absurdo da escravidão.

Muncab em Salvador

Dicas práticas para visitar o MUNCAB

Endereço: Rua das Vassouras nº 25 — Centro Histórico de Salvador

Horário: terça a domingo, das 10h às 17h

Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
Têm direito à meia-entrada: professores da rede pública, estudantes, maiores de 60 anos e acompanhantes de pessoas com deficiência.

Gratuidade: quartas-feiras e domingos para todo o público; diariamente para crianças de até 8 anos e pessoas com deficiência (com comprovação).

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