Atualizado em janeiro de 2020
Uma cidade cheia de vida, abrigo de um patrimônio histórico encantador e povoada por gente que embarca no transporte público cumprimentando afetuosamente o motorista com tapinhas nas costas e distribuindo sorrisos para os desconhecidos.
Esta é Girona ("Gerona", em castelhano), a 90 quilômetros ao norte de Barcelona, no caminho para os Pirineus.
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Cenário de Game of Thrones, a Catedral de Girona botou
a cidade no radar de muitos viajantes |
Mas não se engane: nada aqui lembra a vidinha de aldeia. Cinemas de última geração, concertos e lojas de grifes badaladas convivem com o belíssimo e bem preservado patrimônio medieval de Girona.
Nas ruas de Girona ouve-se pouco castelhano. O cartão de visitas do orgulho catalão vem logo na simpática correção que eles fazem da nossa pronúncia do nome da cidade: "Djiróna", nos fazem repetir, esconjurando para sempre o G aspirado espanhol.
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El Call de Girona, o bairro judeu medieval mais preservado
da Europa Ocidental, guarda um encanto meio misterioso em suas ruelas e
escadarias |
Girona, porém, é muito mais do que uma locação de série de TV — por mais eletrizante que seja. É uma cidade repleta de belezas e com um altíssimo astral. Você pode visitá-la em um bate e volta desde Barcelona ou mesmo programar uma temporada mais esticada. Aposto que você vai adorar.
Veja como foi minha vista a Girona:
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Ao lado da Catedral, o antigo palácio da Família Montcada
tem um anjo na cumeeira. Ao fundo, a torre da Igreja de Sant Feliu (São Félix),
do Século 12 |
Roteiro em Girona
O que nos chamou a atenção, desde que pisamos na cidade, é a solicitude dos gironenses. Do taxista aos recepcionistas do hotel, dos transeuntes ao motorista do ônibus que nos levou ao centro, todos tinham um festival de dicas sobre "visitas obrigatórias" na cidade.
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A Igreja de Sant Feliu é apontada como um dos melhores
exemplares da arquitetura gótica em Girona |
Meu principal interesse em Girona era ver El Call, antigo bairro judeu, considerado o gueto medieval mais preservado de toda Europa Ocidental.
A pequena Girona, porém, tem muito mais história para contar, desde que sua povoação original pelos ausetanos (ibéricos).
Dizem que as muralhas da cidade enfrentaram 25 cercos, até serem parcialmente destruídas na invasão napoleônica, em 1809.
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O Portal de Sobreportes era uma das três entradas da muralha
medieval de Girona |
Catedral de Girona
Plaça de la Catedral s/n
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A Catedral de Girona fica no ponto mais alto da cidade e é
alcançada por uma escadaria com 90 degraus |
Nós fizemos um tour guiado informal à Catedral de Girona. Como éramos as únicas visitantes, a funcionária que nos vendeu os ingressos nos acompanhou e deu explicações detalhadas sobre toda a igreja — a paixão dela pelo edifício era contagiante.
A Catedral de Santa Maria de Girona nasceu românica, no Século 11, ocupando o espaço e de um templo dedicado ao culto cristão desde o começo da Idade Média.
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O Claustro da Catedral de Girona preserva o estilo românico |
O estilo românico, porém, só se conserva atualmente no belo Claustro da Catedral. Ela hoje tem uma fachada barroca (do Século 18) e um interior francamente gótico, fruto de várias reformas executadas a partir do Século 12.
Os arquitetos e operários levaram 50 anos para conclui essa nave, que é um prodígio técnico para a época de sua construção, o Século 15.
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A fachada barroca da Catedral é um acréscimo do Século 18 |
O interior da Catedral, infelizmente, não pode ser fotografado. Mas preste muita atenção ao Trono de Carlos Magno, ao altar-mor, em prata e esmalte (Século 14) e ao arrebatador Painel da Criação.
O Painel da Criação (El Tapiz de la Creació) é um imenso bordado (3,65 m x 4,70 m) fica no Tesouro da Catedral de Girona. Ele data do Século 11 e serviu originalmente como baldaquino para o altar-mor da igreja.
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O ingresso para a Catedral também dá direito à entrada na Igreja de Sant Feliu |
Durante a breve ocupação moura em Girona — entre os anos de 717 e 785 — a catedral foi convertida em mesquita, mas não há traços visíveis desse período.
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La Força Vella, primeira fortificação de Girona, foi obra
dos romanos |
Essas fortificações, do Século 14, podem ser percorridas no Passeig Arqueòlogic, programa vivamente recomendado aos turistas pelos gironenses e que permite caminhar pelas velhas muralhas da cidade.
As primeiras fortificações de Girona, porém, são muito mais antigas. Foram obra dos romanos, no Século 1 a.C.
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Nos arredores da catedral ainda há vários vestígios das
fortificações romanas |
No final da Carrer de la Força você verá uma das entradas para subir às muralhas medievais de Girona, um passeio bem popular entre os turistas, mas que eu não fiz por causa de uma chuvarada que caiu no meu segundo dia na cidade (o dia de retornar a Barcelona).
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O Barri Vell (Centro Histórico) de Girona é cheio de
"passagens secretas" |
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El Call parece ter mais escadarias do que ruas normais |
Se você quiser conhecer mais sobre a história desse bairro e das pessoas que viveram lá, é uma boa ideia reservar um tempo para visitar o Museu d’Història dels Jueus (Museu Histórico dos Judeus), na Carrer de la Força nº 8.
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Os balcões de Girona têm sempre um detalhe fofo |
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Fizemos uma ótima farra catalã no Café de l'Arc, em El Call
(no alto), e depois outra, nas arcadas da Rambla de la Llibertat (acima) |
Eles explicam que a Rambla de la Llibertat é sempre muito movimentada. Ela corre em paralelo ao Rio Onyar e foi aberta no final do Século 19, em uma reforma urbana que preservou as arcadas medievais, sob as quais trabalhavam os artesãos de Girona.
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Tudo pronto para a farra de sexta-feira na Rambla de la
Llibertat |
O nome da rambla (“Da Liberdade”) refere-se á árvore plantada no local, na comemoração dos 60 anos da libertação da cidade da ocupação napoleônica.
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O famoso casario colorido às margens do Rio Onyar é a imagem
mais conhecida de Girona |
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As cores e a luz à beira do Rio Oynar têm um quêzinho
toscano. E eu adoro os detalhes das fachadas, no mais castiço Modernismo Catalão |
Entre as muitas passarelas do tempo sobre o Rio Onyar, preste atenção à Ponte de Pedra e à Ponte de Ferro (a Pont de les Peixateries) esta, uma obra de Gustave Eiffel, o engenheiro da torre parisiense. Ela é exclusiva para pedestres, muito movimentada e fotogênica.
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A Pont de les Peixateries é obra de Gustave Eiffel, o mesmo
da torre em Paris |
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A Orla do Rio Onyar fica linda à noite. Ao fundo, a Catedral de Girona pairando sobre a cidade |
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Na época de nossa visita, a Estação Ferroviária de Girona estava em obras |
Os ônibus da Alsa também ligam Barcelona a Girona, com saídas em diversos horários.
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Nós compramos o bilhete de trem de Girona para Barcelona na
estação, mesmo. Mas você pode encontrar preços melhores comprando o bilhete com
antecedência no site da Renfe |
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Chegamos a Girona vindas de Carcassonne, com baldeação em
Figueres, a cidade natal de Salvador Dalí |
Hospedagem em Girona
Hotel Sol Melià Girona
Carrer de Barcelona n° 112
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Simone fez a única foto do nosso apartamento no Meliá
Girona. Não reparem a bagunça |
Pelo antigo site venere.com (que não existe mais), conseguimos uma promoção tipo last-minute, fazendo a reserva na véspera da chagada. A diária no apartamento duplo custou € 60, senhora pechincha.
Bem que a gente estava precisando do conforto, depois das opções mais mochileiras de Barcelona e Carcassonne.
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O Edifício dos Correios é uma das construções mais
significativas da parte nova de Girona. Foi inaugurado em 1922 e sua fachada
tem esculturas de Frederic Marés |
O Meliá Girona tem quartos grandões, camas confortáveis, travesseiros fofinhos, banheiro enorme e todos os mimos que andavam fazendo falta: máquina de café, TV de LCD com dezenas de canais de notícias (foi assim que ficamos sabendo do terremoto no Japão, em março de 2011) e janelas à prova de ruídos.
O hotel fica ao lado de uma gigantesca loja do El Corte Inglés (que dá 10% de desconto aos hóspedes do hotel) e bem pertinho da estação ferroviária.
Na Carrer de Barcelona, na Cidade Nova, param os ônibus da Linha 2 (1,30 Euro) que levam até o Centro Histórico de Girona (parada Correos).
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