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Tem um quêzinho de Gaudí na Casa Terracota, toda moldada em
argila |
Se você gosta de cidades coloniais bem preservadas, já vai amar Villa de Leyva logo de cara. Há muito o que explorar naquelas ruas de calçamento irregular, sombreadas pelas fachadas de belos sobrados seculares. Mas essa perolazinha da Colômbia também é cheia de surpresas em seus arredores.
A lista de passeios em Villa de Leyva vai além do patrimônio colonial e inclui pinturas rupestres, sítios pré-colombianos, fazendas de avestruzes e até uma vinícola.
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O Observatório Astronômico de Monquirá, ou El Infiernito, tem 2.200 anos de idade |
Aqui vai a dica de mais três passeios em Villa de Leyva: o Observatório Astronômico Monquirá, uma espécie de Stonehenge do povo muisca, o Museu El Fósil, que exibe o famoso um enorme predador marinho encontrado na região, e a Casa Terracota, curiosa construção totalmente em cerâmica, com pitadas de Gaudí.
A quinta atração, os Pozos Azules (poços azuis), são a coisa mais sem graça que já vi na vida: crateras resultantes da exploração de minério alagadas pelas chuvas. Como o solo da região é rico em magnésio, as águas ficam muito azuis. Se você curte devastação ambiental em technicolor, vá. Caso contrário, não perca seu tempo.
Veja que atrações interessantes você nos arredores da fofíssima Villa de Leyva:
Passeios em Villa de Leyva e arredores
Para visitar todas essas atrações, contratei um táxi indicado pela minha pousada em Villa de Leyva. O "pacote" custou 150.000 COP (cerca de R$ 175).Se você sair cedo, lá pelas nove da manhã, dá para ver tudo numa tacada só e voltar à cidade a tempo de um almoço tardio. A outra vantagem de sair cedo é evitar o sol e o calor inclemente da região.
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O povo muisca também teve seu Stonehenge |
Estação Astronômica Muisca ou Sítio Arqueológico de Monquirá
Onde fica: a 12 km do Centro de Villa de Leyva (veja o trajeto no mapa abaixo).
Horário de abertura: de terça a domingo, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
Preço da entrada: 3.000 COP (R$ 3,50)
Villa de Leyva tem uma longa tradição nas artes e ciências de contemplação dos céus. Desde o tempo da colônia, os balcões da cidade já conviviam com lunetas que seguiam o movimento dos astros.
Pelo que explicam os locais, são as condições climáticas da região que favorecem a observação das estrelas.
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O alinhamento das pedras aponta para o local exato do horizonte onde nasce o sol no solstício de inverno |
Mas a tradição é ainda mais antiga, como prova o observatório astronômico pré-colombiano de El Infiernito.
➡️Muito antes da chegada de Colombo, o povo muisca já acompanhava atentamente o movimento dos corpos celestes, marcavam a passagem do tempo e celebrava solstícios e equinócios como ciclos da vida — a ciranda das estações que sempre apontou a hora de plantar e de colher.
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Os símbolos fálicos eram parte de rituais de fertilidade e escandalizaram os primeiros europeus a visitar El Infiernito |
A fileira de pedras do calendário indígena, disposta de Leste para Oeste, aponta exatamente para a posição onde nasce o sol no solstício de inverno (24 de junho), dia em que o astro surge sobre a a Lagoa sagrada de Iguaque, que a cosmogonia muisca identifica como local de nascimento da deusa Bachué, a mãe mítica daquele povo.
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Nos diversos quadrantes do mundo, a observação astronômica marcava a hora de plantar ou colher e de de celebrar rituais de fertilidade para não faltar alimento |
A relação dos rituais de fertilidade com a observação astronômica — cuja função principal, afinal, era determinar a passagem das estações e identificar as épocas de plantio — era recorrente entre os povos antigos dos diversos quadrantes do mundo.
Os arqueólogos calculam que El Infiernito tenha pelo menos 2.200 anos de idade, o que significa que o local foi construído por um povo anterior aos muisca, cujo domínio daquela região data do Século 15.
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A Tumba Dolmênica. O telhadinho é atual e serve para proteger a estrutura pré-colombiana |
Acho particularmente fascinante ver como povos tão antigos, sem acesso à nossa tecnologia, conseguem construir instrumentos tão apurados para marcar a passagem do tempo.
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Mapa do trajeto entre Villa de Leyva e o observatório Astronômico de El Infiernito |
Os arqueólogos que continuam a estudar a Tumba Dolmênica, descoberta em 2006. Até agora, as pesquisas apontam que ela seria o local de sepultamento da nobreza muisca.
El Infiernito pode não ter a grandiosidade de Stonehenge, mas é equivalente, como testemunho do engenho humano.
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400 toneladas de argila foram usadas na construção da Casa Terracota |
Como chegar: veja o trajeto no mapa abaixo. São só 10 minutinhos de carro a partir do Centro de Villa de Leyva.
Horário de visitação: diariamente, das 9h às 18h.
Preço da entrada: 7.000 COP.
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As salamandras aparecem em muitos detalhes da decoração, uma clara citação de Gaudí |
Em 1989, o a bogotano Octavio Mendoza decidiu unir seu ofício, a arquitetura, com seu hobby, a cerâmica.
Trabalhando em uma construção nos arredores da Villa de Leyva, Mendoza teve a ideia de moldar uma obra diferente, uma casa de 500 metros quadrados de área, sua futura residência, toda em argila cozida.
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Os mosaicos do banheiro também lembram o arquiteto catalão |
Pacientemente, e com a ajuda de trabalhadores locais, o arquiteto moldou cada etapa do edifício, cujas peças eram posteriormente cozidas em um forno projetado pelo próprio Mendoza.
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A sala de estar da Casa Terracota |
Há muito de Gaudí nas formas curvas, adornos florais executados em mosaicos e na preferência escancarada pelas salamandras, lagartixas e outros répteis que decoram os ambientes da Casa Terracota.
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Móveis e utensílios também são feitos em cerâmica |
As referências a répteis Mendoza também atribui ao passado local, que ele define como “Terra de Dinossauros”.
A área onde se assenta a Villa de Leyva é pródiga em vestígios fósseis, herança do grande mar que cobriu aquela parte do território colombiano no Período Cretáceo (de 145 milhões a 65 milhões de anos).
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Nos dormitórios, até as camas foram moldadas em argila |
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A proteção da lareira, em ferro, é uma máscara de teatro. À direita, os "olhos de lagosta aflita" são as janelas do banheiro |
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Além da argila, o arquiteto também usou vários elementos de ferro, como a porta de entrad. Caminhar pelo terraço da Casa Terracota tem um gostinho distante de explorar o terraço de La Pedrera, de Gaudí |
Visitar o interior da Casa Terracota é como entrar na casa de um personagem fantástico – um gnomo? Um hobbit?
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Mapa do trajeto de Villa de Leyva até a Casa Terracota |
Lá estão as paredes que se curvam, aconchegantes, construindo cantinhos misteriosos, janelas no teto, para mostrar as estrelas, os detalhes surpreendentes e divertidos...
Praticamente tudo é feito em cerâmica: camas, sofás, estantes, utensílios, enfeites. Um passeio instigante e divertido.
⭐ O arrepiante cronossauro do Museu El Fósil
Onde fica: Vereda Monquirá (na direção do município de santa Sofía), a 5,5 km do centro da Villa de Leyva (veja o mapa). O trajeto leva só 10 minutos.
Horário de funcionamento:diariamente, das 8h às 18h.
Preço da entrada: 6.000 COP.
Como já falei aqui, toda a região em torno de Villa de Leyva é famosa pela quantidade de fósseis encontrados por lá. Vários exemplares dessas descobertas podem ser vistos no Museu de Paleontológico da cidade.
Praticamente tudo é feito em cerâmica: camas, sofás, estantes, utensílios, enfeites. Um passeio instigante e divertido.
⭐ O arrepiante cronossauro do Museu El Fósil
Onde fica: Vereda Monquirá (na direção do município de santa Sofía), a 5,5 km do centro da Villa de Leyva (veja o mapa). O trajeto leva só 10 minutos.
Horário de funcionamento:diariamente, das 8h às 18h.
Preço da entrada: 6.000 COP.
Como já falei aqui, toda a região em torno de Villa de Leyva é famosa pela quantidade de fósseis encontrados por lá. Vários exemplares dessas descobertas podem ser vistos no Museu de Paleontológico da cidade.
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Cronossauro, um jacarezão de 130 milhões de anos |
Bem em frente a esse centro fica o Museu El Fósil, mais modesto, mas famoso por ser o “dono” da grande estrela pré-histórica de Villa de Leyva, um enorme cronossauro (Kronosaurus Boyacensis), um predador marinho que viveu a 130 milhões de anos, encontrado nos arredores da cidade e que a mobilização da população local impediu que fosse transferido para Bogotá.
Fui lá visitar o bicho — que parece um jacaré criado com Toddy.
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Os arredores de Villa de Leyva são pródigos em achados fósseis |
No Museu El Fosil também estão expostos vários exemplares de cefalópodos (que parecem caramujos gigantes), de 400 milhões de anos, e outros animais pré-históricos fossilizados.
Uma coisa que os locais fazem questão de explicar é que na riquíssima quantidade e variedade de fósseis encontrados na região da Villa de Leyva não há sequer um exemplar de dinossauro. Os fósseis achados na área são todos marinhos, antigos habitantes do grande mar que já cobriu aquelas paragens.
É muito importante alertar que, eventualmente, você poderá ser abordada por alguém tentando vender um fóssil quando estiver em Villa de Leyva. Não compre de jeito nenhum.
O tráfico de fósseis é crime recorrente naquela região da Colômbia, não seja cúmplice dessa prática que, além de ilegal, prejudica enormemente a pesquisa científica. Incentivar o mercado clandestino dessas peças é, indiretamente, estimular a busca e coleta criminosa de fósseis por gente mal-intencionada. Não caia nessa.
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Mapa do trajeto de Villa de Leyva ao Museu El Fosil |
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