O túnel do tempo, no caso, é o metrô de Barcelona: experimente embarcar no Bairro Gótico e voltar à superfície no Passeig de Gràcia, o bulevar modernista do Eixample. A estação do metrô fica quase de cara para La Pedrera — e outros grandes exemplos arquitetônicos do Modernismo Catalão —, e você vai entender o que estou dizendo.
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Além de deixar a gente pertinho das famosas chaminés, o
passeio pelo terraço de La Pedrera oferece uma vista linda pra o Eixample. Olha
a Sagrada Família no cantinho esquerdo da foto acima |
É só um trajeto com transporte público, mas você é sair da Idade Média e chegar à Belle Époque em apenas três paradas de metrô 😁. E nada melhor pra coroar essa viagem no tempo do que ficar de cara para uma das grandes obras do arquiteto Antoni Gaudí em Barcelona.
Leia também: Roteiro do Modernismo em Barcelona - o Passeig de Gràcia
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Juntinhas no Passeig de Gràcia: a Casa Amatller, de Puig i
Cadafalch (esq) e Casa Batlló, de Gaudí |
O bairro do Eixample (significa "expansão", em catalão) de Barcelona é resultado de uma grande transformação urbanística, contemporânea da abertura dos grandes bulevares parisienses. Foi concebida pelo engenheiro Ildefons Cerdà.
A expansão de Barcelona, com a demolição das muralhas medievais e avanço da malha urbana para áreas até então rurais, trouxe para o Eixample uma festa visual de belíssimos edifícios modernistas. O Passeig de Gràcia é a principal passarela desse desfile e foi uma das telas pintadas pelo gênio de Gaudí em Barcelona.
Além da Casa Milà, o Passeig de Gràcia tem um o quarteirão que é um verdadeiro "comício Modernista". Fica entre a Carrer d'Aragó e a Carrer del Consell de Cent, o chamado Quadrat d'Or.
Lá estão, juntinhas, a Casa Batlló (também de Gaudí, no nº 43), a Casa Amatller (de Puig i Cadafalch, no nº 41), com uma fachada "em degraus", lembrando as construções de Lübeck, e a Casa Lleó Morera (no nº 35, de Domènech i Montaner).
A expansão de Barcelona, com a demolição das muralhas medievais e avanço da malha urbana para áreas até então rurais, trouxe para o Eixample uma festa visual de belíssimos edifícios modernistas. O Passeig de Gràcia é a principal passarela desse desfile e foi uma das telas pintadas pelo gênio de Gaudí em Barcelona.
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A fachada de La Pedrera é uma duna ou o balanço do mar? |
Lá estão, juntinhas, a Casa Batlló (também de Gaudí, no nº 43), a Casa Amatller (de Puig i Cadafalch, no nº 41), com uma fachada "em degraus", lembrando as construções de Lübeck, e a Casa Lleó Morera (no nº 35, de Domènech i Montaner).
No início do Século 20, o Quadrat d'Or ganhou outro apelido, Illa de la Discòrdia ("Ilha da Discórdia), referência à disputa de egos de arquitetos materializada nas obras construídas lado a lado.
No número 92 do Passeig de Gràcia está a Casa Milá/La Pedrera, em cuja fachada de pedra e de curvas irregulares muita gente vê a sugestão de uma duna — eu sinto nela a textura visual de um mar encapelado.
No número 92 do Passeig de Gràcia está a Casa Milá/La Pedrera, em cuja fachada de pedra e de curvas irregulares muita gente vê a sugestão de uma duna — eu sinto nela a textura visual de um mar encapelado.
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A visita a La Pedrera começa pelo sótão, que tem um certo
sotaque gótico. Preste atenção às "costelas" da construção e à
maquete que dá uma ideia geral da obra de Gaudí |
Concluída em 1910, a Casa Milà ganhou o apelido meio cáustico de "La Pedrera". Uma injustiça, pois o edifício é lindo.
Veja os detalhes da visita:
Gaudí em Barcelona
Como comprar ingressos para La Pedrera
Na nossa visita em março de 2011, não compramos ingressos com antecedência para ver a Casa Milà. Pegamos vinte minutinhos na fila e e daí a pouco tomamos o elevador para a visita a La Pedrera.
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Tente programar sua visita pra estar no terraço da Casa Milà na hora do pôr do sol |
Hoje em dia, é mais prudente comprar os ingressos para ver La Pedrera, a Casa Battlò e outras atrações do Modernismo Catalão com antecedência.
Nem que seja pra não desistir da visita ao sair do metrô e dar de cara com a multidão que sitia esses edifícios, disparando furiosamente as câmeras fotográficas.
Não se assuste, porque uma parte significativa daquelas pessoas está apenas fotografando as fachadas e não vai entrar. Além disso, os ingressos com hora marcada vão lhe poupar da fila.
Mas lembre-se que 1 milhão de pessoas visitam La Pedrera todos os anos. Para efeito de comparação, a imensidão da Alhambra de Granada recebe 2,5 milhões de visitas anualmente.
Na média, são 2,7 mil visitantes por dia em La Pedrera — digo isso pra você ter uma expectativa da "concorrência" por aquele cantinho perfeito para uma selfie.
Na média, são 2,7 mil visitantes por dia em La Pedrera — digo isso pra você ter uma expectativa da "concorrência" por aquele cantinho perfeito para uma selfie.
No site oficial da casa, há diversas modalidades de ingresso para La Pedrera. A visita básica (La Pedrera Essencial) dá direito a hora marcada (entrada sem fila) e audioguia, para você percorrer a obra de Gaudí no seu ritmo.
Essa modalidade básica de ingresso custa € 25. Saiba mais sobre ela e sobre as demais opções no site de La Pedrera.
Como é a visita a La Pedrera
Entre as principais obras de Gaudí em Barcelona, a visita a La Pedrera é a que permite um olhar sobre o que seria a vida cotidiana no interior de uma baita obra de arte. Talvez por isso (ou certamente por isso), seja o meu programa Gaudí preferido na cidade.
O percurso pela Casa Milà começa no sótão, desconcertantemente... gótico. A sensação que tive de estar sendo seguida (pelo Século 13 do Bairro Gótico 😀) foi culpa da estrutura em arcos, da penumbra e dos espaços meio tortuosos do sótão.
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A Casa Milá se enrosca em torno de um pátio interno. Uma
profusão de janelas, voltadas para ele e para a rua, garantem ambientes cheios
de luz |
É simplesmente encantador vagar por ali, vendo as "costelas" de La Pedrera: pelo avesso, a obra de Gaudí é tão interessante quanto seu exterior.
Os arcos do sótão de La Pedrera sustentam o terraço da construção, um dos lugares mais fotografados de Barcelona.
As chaminés e dutos de ventilação no terraço da Casa Milà explicam direitinho onde George Lucas encontrou a inspiração para o visual de seus spacetroopers, os soldados das tropas do Império, em Star Wars.
No terraço tomado pelos "guerreiros", o percurso é cheio de degraus e pequenas rampas, até que a gente atravessa uma arcada e dá de cara com a outra estrela do portfólio de Gaudí, a Basílica da Sagrada Família, lá no horizonte.
O mais delicioso da visita a La Pedrera, porém, é adivinhar uma vida cotidiana no interior da obra de arte.
Depois do sótão e do terraço, a visita à Casa Milà prossegue em um dos apartamentos do edifício, transformado em museu.
É a sua chance de ver a estética do Modernismo Catalão aplicada ao que há de mais prosaico na vida.
Os móveis e utensílios (belíssimos) organizados nos diversos ambientes sugerem uma rotina doméstica, do monte de roupas para passar a ferro à máquina de costura e a banheira. A gente até se imagina lendo um livrinho numa das sacadas do apartamento, com vista para a elegante alameda, o Passeig de Gràcia, lá em baixo.
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Um pouquinho de cotidiano: a banheira do quarto principal e uma sala de costura |
Morar na obra de Gaudí talvez desse um pouco de aflição. Não deve ser fácil passar a vida cercada de tanto atrevimento de formas — La Pedrera parece não ter uma única linha reta — e texturas.
Mas é tudo tão bonito e harmonioso que dá vontade de ir ficando.
Em contraste com a fachada meio "árida", o interior de La Pedrera tem cores aconchegantes, cortinas diáfanas, um contraponto à aspereza das esculturas de ferro dos peitoris das sacadas, uma ousadia delicada e sedutora.
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Eu fiquei encantada com o mobiliário modernista que Gaudí desenhou exclusivamente para a Casa Milá |
A partir da reforma urbanística que criou o Eixample, o Paseig de Gràcia — antes o caminho que ligava Barcelona à vila de Gràcia — foi transformado no grande bulevar de Barcelona, a passarela da elegância e local de moradia das grandes fortunas da época. E todas queriam um projeto modernista para sua futura residência.
La Pedrera foi inaugurada em 1910, concebida por Antoni Gaudí por encomenda do industrial Pedro Milá y Camps e sua mulher, a milionária Roser Segimon. Conta a lenda que os donos não ficaram muito felizes com a construção.
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Aposto que eu teria lindos sonhos dormindo nesta cama modernista |
Gaudí teve sérias “divergências criativas” com Milà, que inclusive tentou passar o calote no arquiteto por estar insatisfeito com suas “liberdades artísticas” e também com as sucessivas alterações no projeto, que acarretavam multas por descumprimento do código de edificações da época.
O fato, porém é que o casal morou bastante tempo no apartamento principal de La Pedrera, o que mostra que eles não estavam tão descontentes com o resultado.
Apesar do olhar cáustico que a batizou de La Pedrera, ela é considerada (ao lado da Sagrada Família), como a obra-prima de Gaudí, um trabalho onde ele exercitou sua criatividade e ousadia sem qualquer timidez.
La Pedrera tem seis andares e dois pátios internos. O edifício, com 30 metros de altura.
Apesar do olhar cáustico que a batizou de La Pedrera, ela é considerada (ao lado da Sagrada Família), como a obra-prima de Gaudí, um trabalho onde ele exercitou sua criatividade e ousadia sem qualquer timidez.
La Pedrera tem seis andares e dois pátios internos. O edifício, com 30 metros de altura.
Se você se interessa pela obra de Gaudí em Barcelona, leia também:
Roteiro do Modernismo em Barcelona no Passeig de Gràcia
Sagrada Família em Barcelona, a lagosta lisérgica de Gaudí
Roteiro do Modernismo em Barcelona no Passeig de Gràcia
Sagrada Família em Barcelona, a lagosta lisérgica de Gaudí
Passeig de Gràcia n° 92
➡️Horários
De março a outubro, das 9h às 20:30h. Visitas noturnas das 21h às 23h.
De novembro a fevereiro, das 9h às 18:30h. Visita noturna das 19h às 22h
No período de Natal e ano Novo (26/12 a 3/1) os horários de abertura e encerramento seguem o calendário do verão.
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A prataria também foi desenhada especialmente para La Pedrera |
Ingressos a partir de € 25. Esse preço vale para a visita regular ("La Pedrera Esencial"). Crianças de 7 a 12 anos pagam € 12,50 e menores de 7 anos não pagam ingresso. O preço para estudantes é de € 19, o mesmo valor cobrado dos maiores de 65 anos e pessoas com deficiência. Esses valores já incluem o audioguia.
Na modalidade La Pedrera Oculta, é oferecida um tour guiado (em
espanhol ou catalão) por espaços que não são acessíveis nas visitas regulares a
La Pedrera. Os ingressos custam € 28.
A visita noturna a La Pedrera custa € 35.
➡️Faça o possível para visitar a Casa Milà no final da tarde. O sol poente é personagem obrigatório no passeio ao terraço.
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