12 dezembro 2010

A rainha do Aterro do Flamengo

Corypha umbraculifera: entre 40 e 80 anos ensaiando o espetáculo

O Rio de Janeiro é o melhor lugar do mundo para tomar um chope depois do expediente. O astral é completamente diferente: é como se as pessoas tivessem zerado o dia, como se estivessem começando ali, nas mesinhas ao ar livre. Quase não se fala de trabalho, não se vê as expressões tensas das happy hours de outras cidades.

No resto do mundo, bebe-se no final do dia para espantar a pressão do trabalho, ou para prolongar o expediente em outro cenário, falando sobre coisas da firma

No Rio, trabalha-se para merecer essas horinhas despreocupadas — que, afinal, são parte essencial do que realmente importa na vida. E eu adoro bebericar depois do trabalho perto do Aterro do Flamengo (que, afinal, está a pouco mais de 600 metros da minha casa).

Na quarta-feira passada, fui tomar um chope depois do trabalho no Belmonte, na Praia do Flamengo (nº 300), quase na esquina da minha rua. A paisagem é o imenso jardim projetado por Burle Marx, no Aterro.

O assunto eram viagens e alguém comentou que era um absurdo eu ter dedicado um post deste blog à Puya raimundii, a maior bromélia do mundo, que só cresce na Bolívia, e ignorar solenemente um espetáculo da natureza que está acontecendo ali, do outro lado da rua, quase na porta de casa.

E foi assim que eu descobri um dos grandes prodígios do Aterro do Flamengo:

A Rua Paissandu desembocando no Aterro - e olha o Corcovado, lá no fundo

Florada rara no Aterro do Flamengo 


É que neste dezembro de 2010, o Aterro do Flamengo está em festa com a raríssima florada da Corypha umbraculifera, palmeira originária do Sri Lanka plantada em 1965, época da inauguração do parque. Eu andei vendo o espetáculo de longe, de passagem pelo Aterro, mas neste fim de semana fui conferir com atenção esse evento que deve se repetir daqui a pelo menos 4 décadas anos.

Como a bromélia andina, a Corypha também só dá uma florada — quando a planta alcança entre 40 e 80 anos de idade. Desde o ano passado, várias palmeiras da espécie estão florindo no Aterro. Depois disso, elas vão morrer, como a Puya raimundii. Quem vai florir, no futuro, são as filhas das coryphas de agora.

Segundo o site dedicado ao paisagista Burle Marx, a florada da Corypha é a maior do reino vegetal. “Acima da copa de folhas em leque, que começam a secar e a cair, forma-se nova copa, de oito metros de diâmetro, constituída de mais de um milhão de flores brancas”.

Aproveitei a linda manhã de sábado para fazer autocrítica, ver de perto a Corypha no Aterro do Flemango e, de quebra, dar uma volta pela vizinhança com a câmera fotográfica. Voltei para casa achando a palmeira linda e cada vez mais convencida de que não há lugar no mundo mais propício à felicidade do que o Rio de Janeiro no verão.

Para ver a Corypha: do alto da passarela do aterro já dá para ver algumas palmeiras na florada. Bom mesmo é dar uma longa caminhada pelo parque, procurando outros exemplares. Se não viu este ano, anote na sua agenda do ano de 2050.



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