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A atração mais popular de Tigre é o passeio de barco pelo
Delta |
Tigre é bonitinha e bem cuidada e rende um dia diferente para quem tem mais tempo em Buenos Aires e quer variar de cenário. É muito fácil de chegar lá com o trem da Linha Mitre, que parte da Estação de Retiro.
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O jeito mais fácil de chegar a Tigre é pegar o trem na Estação Retiro, que é interligada ao metrô de Buenos Aires |
Localizada no Delta do Tigre — uma região totalmente rendilhada por braços de rios e por uma miríade de ilhas, chamadas de El Carapachay —, a cidade ainda guarda ecos dos tempos de veraneio elegante do início do Século 20, convida a passeios de barco para ver a mata ribeirinha ou a simplesmente caminhar sem pressa à beira d’água.
Eu já tinha estado em Tigre na minha primeira visita a Buenos Aires, no longínquo ano de 1978. Voltei agora, mais de quatro décadas depois. Eu e meu amigo Romolo fizemos o bate e volta de Buenos Aires a Tigre em setembro/2022 e confirmamos que é um passeio fácil, simpático e barato.
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Este belo edifício Belle Époque abriga o Museu de Arte de Tigre, com acervo dedicado a artistas argentinos dos séculos 19 e 20 |
Veja todas as dicas para organizar esse passeio:
Bate e volta de Buenos Aires a Tigre
Ah, se tudo neste mundo fosse tão fácil como o deslocamento de Buenos Aires a Tigre... Ainda que haja algumas linhas de ônibus que façam o trajeto — e barcos partindo para lá de Puerto Madero —, o jeito mais cômodo e rápido é pegar o trem da Linha Mitre (Ramal Retiro – Tigre) na Estação Retiro, onde você chega confortavelmente com o metrô.
Retiro é uma das pontas da Linha C do Subte. Não tem como errar: desembarque na estação de metrô, suba as escadas rolantes até o saguão principal e você já vai ver as plataformas de embarque dos trens de cercanias.
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A Estação Ferroviária de Tigre fica bem no Centro da Cidade, pertinho do porto turístico |
De Buenos Aires a Tigre (última estação do ramal) a distância é de 33 km. Mas, como o trem para em todas as 15 estações intermediárias, a viagem dura cerca de 50 minutos.
Existe outra linha ferroviária entre Buenos e Tigre, que é o Tren de la Costa, que — dizem — faz um percurso mais cênico. Mas pegar esse trem exige que você vá até a Estação Mitre Maipu, saindo de Retiro, para lá fazer a baldeação.
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Tigre virou uma concorrida estância de veraneio a partir da segunda metade do Século 19. Alguns casarões à beira d'água preservam o estilo da época |
Passagens de trem de Buenos Aires a Tigre
Pode comprar passagem avulsa e na hora para embarcar para Tigre? Pode, mas não deve. É muito mais barato e fácil pagar a passagem na Linha Mitre com o mesmo Cartão Sube que você usa para pagar suas viagens no transporte urbano de Buenos Aires (metrô e ônibus).
Pra você saber: em setembro, a passagem de Retiro a Tigre custava $ 26 pesos (R$ 0,50, no câmbio blue) com o Cartão Sube. Se eu fosse pagar em dinheiro, o preço subiria para $ 52 pesos.
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Ao desembarcar em Tigre, você terá que usar seu Cartão Sube para desbloquear a catraca |
Como as tarifas variam de acordo com a distância percorrida na Linha Mitre, você vai ter que passar seu Cartão Sube na catraca da estação de desembarque também, para o sistema saber quanto vai abater dos seus créditos.
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Os trens do Ramal Retiro-Tigre não são turísticos, mas são confortáveis |
Como é o trem de Retiro a Tigre
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Entre Buenos Aires e Tigre, o trem para em 15 estações |
Vou ser bem sincera: se você estiver visitando a capital
argentina pela primeira vez, ou se tiver poucos dias na cidade, deixe o bate e
volta de Buenos Aires a Tigre para uma próxima visita.
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Tigre é bonitinha e muito bem cuidada |
A pequena Tigre é bonitinha e muito simpática, mas não é
páreo para as grandes atrações de Buenos Aires que você pode ser obrigada a
limar do roteiro para encaixar esse passeio.
No meu caso, a escapada valeu a pena porque eu tive uma semana
inteira em Buenos Aires, além de já ter estado na cidade pelo menos uma dúzia
de vezes.
Apesar de pequena (30 mil habitantes), Tigre é uma cidade
espalhada, não tem um centrinho que concentre as atrações. Então, prepare-se
para andar bastante.
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Com uma pesquisinha rápida nos diversos quiosques do porto turístico de Tigre, você descobre qual passeio de barco combina mais com seus interesses |
A área mais famosa da cidade é o Porto dos Frutos, antiga
área de desembarque de mercadorias produzidas na região, hoje convertido em um
complexo gastronômico cheio de bares e restaurantes e lojas de artesanato.
Próximo daí, e também à beira-d’água, está o Parque de la
Costa, um enorme parque de diversões que pode ser uma boa atração para quem
viaja com crianças. Quem gosta de apostar, vai gostar de saber que Tigre também
tem um cassino.
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O edifício do Museu de Arte de Tigre foi inaugurado em 1912 e foi a sede de um clube de elite |
Dois lugares que eu lamentei não visitar em Tigre, por falta
de tempo, foram o Museu Naval Nacional e o Museu de Arte de Tigre, com uma
coleção de artistas argentinos dos séculos 19 e 20.
A sede do Museu de Arte é muito bonita, um edifício super
Belle Époque, de 1912, que já abrigou um chiquérrimo clube de elite.
Também fiquei curiosa para ver a Casa Museu Xul Solar, que
foi um refúgio de veraneio do pintor e onde ele morou definitivamente durante
sua última década de vida.
Com pouco tempo na cidade, acabamos fazendo a programação
mais famosa de Tigre, que é o passeio de barco pelo Delta, bacana para ver a
vegetação típica local e o emaranhado de ilhas com casinhas esparsas que se
espalham por lá.
No cais turístico de Tigre, a oferta de passeios de barco é
variadíssima — assim como os preços. Nós pagamos cerca de R$ 100 para dar uma
volta de duas horas pelas águas do Delta.
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Fizemos um passeio de barco de duas horas pelo Delta de Tigre |
Ah, além de ser possível ir de Tigre a Puerto Madero de
barco (um trajeto de quatro horas), também há lanchas e catamarãs que fazem
transporte regular para o Uruguai, com destino a Carmelo e Colônia del
Sacramento.
Um pouquinho da história de Tigre
Tigre e a região do Delta foram, originalmente, território
dos indígenas Querandí. Dizem que o nome da cidade (e da região) é referência
às onças (yaguaretés, em guarani) que habitavam a área.
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No Século 18, Tigre foi um porto importante para os colonizadores espanhóis |
A chegada de colonizadores europeus à área é contemporânea da segunda fundação de Buenos Aires (segunda metade do Século 16). Mas, mais que os espanhóis, quem se esbaldava por ali, nessa época, eram os portugueses, que usavam o labirinto de ilhotas e cursos d’água para circular com contrabando.
Só lá pelo Século 18 é que os espanhóis se assenhoraram da
área pra valer e a região prosperou a partir de um porto. O turismo, que hoje é
a principal economia de Tigre, começou no final do Século 19 — um dos pioneiros
veranistas da área foi o presidente Sarmiento, cuja casa hoje é um museu na
margem de um dos braços de rio.
A rota ferroviária entre Buenos Aires e Tigre é antiga,
inaugurada em 1865.
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