A culinária da Colômbia expressa a diversidade do país, com elementos da tradição andina, heranças ibéricas e influências africanas (especialmente no litoral caribenho).
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Eu provei essas obleas mais pelo apelo rollinga,
mas adorei essa merendinha típica de Bogotá |
Neste post eu listei alguns petiscos e pratos imperdíveis e os restaurantes, bares e cafés que experimentei por lá. Bora viajar nos sabores da Colômbia?
Comer em Bogotá
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Esta carrocinha de patacones era uma tentação
diária nos meus passeios por La Candelaria |
Em Bogotá, os patacones também aparecem nessa versão, mas adorei encontrá-los na versão comida de rua, oferecidos em carrocinhas que fazem ponto no Centro Histórico.
A preparação dos patacones é sem frescura: a banana, que os colombianos chamam de plátano, precisa estar verde (banana madura frita é outro prato, a tajada) e é cortada em fatias bem finas e frita em óleo bem quente.
O resultado são os patacones, um petisco sequinho, crocante, vendido em saquinhos de papel e que a gente mastiga com gosto enquanto bate pernas admirando as fachadas de La Candelaria.
As porções de patacones, bem generosas, custam entre 2 mil e 3 mil COP (entre R$ 2,40 e R$ 3,60, aproximadamente).
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Obleas: o céu é o limite para os recheios |
Além do clássico doce de leite (chamado de arequipe), o freguês pode rechear sua oblea com geleias, calda de chocolate, confeitos, amendoim... Uma farra.
Eu gostava das minhas obleas apenas com uma camada tímida de arequipe e um fiozinho de geleia de morango, mas fique à vontade para montar a sua como quiser.
Na Candelaria, a oblea é vendida a 1.000 COP (R$ 1,20, mais ou menos).
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Na hora de servir o ajiaco, os bogotanos ainda fazem
"arte", desenhando com creme de leite sobre a sopa |
Por esse prisma, elegi o ajiaco como o acarajé dos bogotanos, alimento profundamente ligado à vida e à identidade local. Simplesmente, a cara de Bogotá.
O aji, porém, não entra na receita do ajiaco santafereño (gentílico oficial da capital colombiana, derivado de seu nome colonial Santa Fé de Bogotá).
Em Bogotá, o ajiaco tem como base o frango e leva vários tipos de batata, que se desmancham no cozimento, resultando em uma sopa muito espessa, temperada com uma erva andina chamada guasca.
Na hora de servir, acrescenta-se o creme de leite (em alguns lugares, fazem desenhos com ele sobre a sopa) e uma espiga de milho amarelo, que vem presa a um palitinho daqueles de churrasco, para facilitar as mordidas. O ajiaco é acompanhado por uma fatia de abacate.
Com frio ou sem frio — cheguei a pegar 29 graus por lá — o ajiaco é totalmente soul food, aquela comidinha reconfortante que lembra aconchego doméstico, pijama e sofá.
Sem contar que é deliciosa, com um sabor ao mesmo tempo familiar e diferente. Fiquei fã.
Provar o ajiaco em Bogotá é muito fácil. Ele é presença obrigatória nos cardápios das áreas turísticas da cidade.
Na hora de escolher, prefira as bodeguinhas mais simples, frequentada pelos locais, para ter uma experiência mais autêntica.
Na Candelaria, uma farta cumbuca de ajiaco custa entre dos 10 mil aos 25 mil COP (entre R$ 12 R$ 30, aproximadamente), dependendo do restaurante.
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Arepa: o "pãozinho" colombiano |
Muito antes da primeira nau europeia cruzar o Atlântico, os povos que viviam nos territórios onde hoje estão a Colômbia e Venezuela já amassavam o milho para preparar arepas, essas bichinhas danadas de gostosas.
Fui apresentada a essa maravilha em Los Roques, em uma pousada que seguia os costumes de Mérida (Venezuela), terra da dona da casa.
Por isso, aprendi a associar arepas ao café da manhã — quentinhas, prontas para receber o recheio de queijo, ou de ovos mexidos, ou para serem apreciadas apenas com manteiga.
Na Colômbia, as arepas frequentam as diversas refeições, exatamente como os nossos pães: acompanham pratos principais, matam uma fominha no meio da tarde, com diversos recheios e, claro, reinam altaneiras nos cafés da manhã, que é pra o dia nascer feliz.
Falei que as arepas são feitas de milho, mas há as versões de Boayacá e de Antioquia, onde a cultura do trigo em tempos coloniais permitiu a adaptação das arepas ao paladar europeu.
Comi arepas de trigo em Villa de Leyva (que fica na província de Boyacá), achei ótimas, mas não troco pelas de milho.
Essa não é a única variação das arepas. A depender da região da Colômbia, você vai encontrar arepas fritas ou assadas. Mais gordinhas, para rechear, ou chatinhas, para serem comidas só com manteiga.
Tem as arepas que já vêm recheadas — com carne, frango, queijo, ovo... – e tem até as arepas doces. Umas são mais branquinhas, outras bem amarelas, dependendo do tipo do milho usado na preparação.
Enfim, com essa oferta democrática e onipresente, ninguém tem desculpa para ir a Bogotá e não provar as arepas – eu, por exemplo, acho que só elas já são um motivo e tanto para a viagem 😋.
Essa minha conversão ao saudável não foi delírio de altitude. Foi culpa do lulo, essa fruta andina da gema, de sabor levemente azedinho com a qual é feito o suco mais popular de Bogotá — e tão bom que a viciada aqui até esqueceu a existência da Coca-Cola.
O fruto do lulo parece um caqui, com a casaca bem vermelha, quando está maduro. Por dentro, tem cor e jeito de kiwi, mas o gosto é diferente.
Na verdade, o sabor do lulo não se parece com nenhum outro — e eis aí outro bom motivo pra voltar sempre à Colômbia.
Não posso dizer que o lulo tenha reinado absoluto no meu consumo de líquidos em Bogotá, simplesmente porque existe uma fruta chamada guanábana, a nossa graviola, que também é muito abundante e popular por lá (quem dera eu encontrasse graviola com a mesma frequência por aqui....).
Um país que tem lulo e guanábana não precisa de jabuticaba... 😊.
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Guloseimas colombianas: achiras de Huila (sequilho
de nata), alfajores com doce de leite da Sierra (Cordilheira),
cocadas, arequipe... |
No quesito doce, é difícil resistir às tentações colombianas e Bogotá é pródiga em oferecer uma boa mostra das guloseimas de diversas regiões do país.
A produção de leite da Sierra (Cordilheira) contribui com mimos tipo arroz con leche (uma variação mais cremosa do nosso arroz doce), mielmesabe (ambrosia), postre de natas (um primo muito mais sofisticado do nosso pudim de leite, com um toque de vinho, bom de chorar), achiras (sequilhos de nata) e natilla, a versão colombiana do nosso prosaico manjar branco.
E paro por aqui, pois engordo só de lembrar...
Onde comer em Bogotá
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La Scala, restaurante do Hotel de la Ópera, onde fiquei
hospedada. Depois dos passeios, nada melhor do que relaxar com margueritas e um
livrinho |
Bonito até dizer chega, este restaurante funciona no térreo do Hotel de la Ópera, onde fiquei hospedada nas primeiras três noites em Bogotá.
La Scala também é uma das casas mais recomendadas do bairro de La Candelaria.
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Esta sopa de mariscos estava deliciosa |
Fiz duas refeições no La Scala. A primeira estava excelente (e tão copiosa que cancelei a sobremesa). Foi o almoço no dia da minha chegada a Bogotá.
Pedi a sopa de mariscos, prato interessantíssimo, um caldo espesso, quase um molho, acompanhando camarões, vôngoles e mexilhões.
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Sorbet de manjericão e o postre de natas. Abaixo, o muy
rico pescoço de ternera |

Com aperitivos, essa refeição custou 65 mil COP (cerca de R$ 80).
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Massa com ossobuco no meu jantar de despedida de La
Candelaria |
Resolvi ficar no simples e pedi talharim com ossobuco. Tinha um pouquinho a mais de tomate no molho, brigando com o sabor do ossobuco, o que impediu a noite de ser perfeita.
Mas as margueritas de maracujá e o postre de natas da sobremesa estavam perfeitos.
⭐Club Colombia
Confesso que não levei muita fé neste restaurante, indicado pela recepcionista do meu hotel como um dos raros abertos na cidade na noite do feriado do Dia de São José (celebrado na segunda-feira, 22 de março).
Chovia cântaros na cidade e só isso me demoveu da ideia de procurar algum lugar simpático em La Candelaria, mesmo, em vez de encarar a casa com nome de uma marca popularíssima de cerveja, onde eu esperava encontrar uma balada típica da noite na Zona T de Bogotá.
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Club Colombia: esperava uma cervejaria e encontrei um
restaurante com ar britânico |
Tá certo que o interior do Club Colombia exibe uma penumbra digna de boate, mas em vez de balada, o que encontrei foram poucas mesas ocupadas.
No salão do restaurante, grupos conversavam em voz baixa, bebericando e jantando em um clima que lembrava aqueles clubes ingleses para cavalheiros do Século 18 — fosse pela parca iluminação, que remetia a tempos pré eletricidade, fosse pelos estofados em couro cor de vinho o pelos painéis de madeira escura que revestem algumas paredes.
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O Cosmopolitan e o ensopado de frutos do mar - no breu do
restaurante, as fotos não tinha como ficar melhores |
No que realmente interessa — comida e bebida — o Club Colombia também me surpreendeu.
Primeiro, com um cosmopolitan muito bom. Depois, com o cardápio de tradições colombianas e um pezinho no Mediterrâneo (como faz sucesso essa cozinha em Bogotá, que mesmo longe do mar é pródiga na oferta de peixes e mariscos).
Pedi um ensopado de frutos do mar, quase uma sopa, que, quentinho e reconfortante, combinou à perfeição no temporal que caía lá fora.
A conta ficou na casa dos 70 mil COP (R$ 80).
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Restaurante Wok, em Chapinero: mesas coletivas, decoração
minimalista, serviço simpático e ótima comida |
A Wok é um dos restaurantes queridinhos no entorno do Parque de La 93, em Chapinero, área famosa exatamente pela oferta de bons restaurantes e cafés.
Pela minha experiência, a fila quilométrica na porta do Wok, na hora do almoço do feriado da Sexta-Feira Santa, era bem justificada, pois jantei muito bem lá e curti demais o ambiente despojado, com mesas coletivas, decoração minimalista e serviço simpático.
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Saquerinha com nh e (abaixo) o detalhe dos jogos
americanos de papel que a gente até tem pena de descartar |
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Phad Thai: macarrão de arroz, frutos do mar e um toque de
tamarindo |
A conta no Wok ficou na casa dos 42 mil COP (R$ 50).
⭐Blue Ribbon
Calle 93 nº 13-72, Chapinero, no térreo do Hotel Best Western Plus 93 Park. Aberto até as 22:30h
Este também é um restaurante de hotel, no Best Western Plus 93 Park, na região moderna e elegante de Chapinero, onde fiquei na minha segunda etapa em Bogotá.
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O Blue Ribbon e meu prato de comfort food |
Tinha acabado de chegar de Villa de Leyva, uma viagem cansativa que teve até acidente com meu ônibus na estrada. Só assim para decidir jantar no hotel em uma área tão bem servida de restaurantes como o Parque de La 93.
Fui sem grandes expectativas, mas gostei muito da experiência.
Pedi o caldo de frutos do mar com conhaque (não disse que a oferta é grande em Bogotá?), uma sopa espessa e de sabor marcante com lulas e outros bichos — caiu num tom totalmente comfort food, depois das minhas aventuras na estrada. Adorei!
Com a ótima oferta de restaurantes da vizinhança, o Blue Ribbon dificilmente vai entrar na sua lista, mas se calhar de você estar hospedada no hotel e bater preguiça de sair, como foi o meu caso, pode apostar nele, que não vai se decepcionar. Meu jantarzinho custou 30 mil COP (R$ 36).
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Sopa de abóbora do Café Oma, com vista para o Parque de la 93 |
Calle 93A, esquina com Carrera 13, Parque de la 93, Chapinero
A rede de cafés Oma está espalhada por toda Bogotá, seja em simples balcões que servem expressos e outras preparações, seja em casa mais arrumadas e confortáveis, como o Oma Café do Parque de la 93.
Esse é um lugarzinho simpático para uma refeição rápida ou para uma horinha de people watching, em uma de suas mesas com vista para o parque.
Para não ficar só no duo café e sobremesa, experimentei a sopa de abóbora, que combinou direitinho com a temperatura mais amena do dia.
A rede Oma se apresenta como a grande concorrente da rede de cafés Juan Valdez (que, por sua vez, se anuncia como a grande rival do Starbucks).
Como já bastam a política e o futebol pra me fazer tomar partido, em Bogotá eu frequentei democraticamente casas das três redes que, aliás, sabem servir o bom café colombiano.
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De Una Travel Bar, cantinho simpático em La Candelaria |
Quando você estiver caminhando pelo bairro de La Candelaria e quiser fazer um pausa para um café, um suco, um petisco ou simplesmente descansar os pés e navegar na internet, experimente esse bar/café charmosinho, com atendimento simpático e trilha sonora caprichada.
O De Una consegue ficar encravado bem na muvuca do eixo Museu Botero-Centro Cultural García Márques-Igreja da Candelaria e mesmo assim sobreviver como um oásis de sossego.
Bem melhor que trocar cotoveladas por uma mesa no Starbucks do Centro Cultural García Marques, por exemplo.
Parei lá várias vezes para um café e as meninas que atendem estavam sempre no melhor astral.
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O pátio interno de uma casa antiga ganha ares dublinenses à
moda de La Candelaria — só não sei como os duendes da boemia se viram com a luminosidade 😊 |
O resultado é The Irish Pub, um bar muito agradável de La Candelaria, apesar do sacrilégio de permitir luz natural e ventilação em seu "salão" principal — deve ser o único pub com atmosfera saudável do planeta 😀.
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Perdi a farra do Dia de São Patrício, mas as croquetas de carne (com massa de milho) conquistaram meu coração |
Se você não se importa de ir a um pub irlandês sem clima de caverna — eu não me importei nem um pouquinho, mas não sou purista 😉 — vai curtir o astral relaxado, a trilha sonora de primeiríssima e o papo divertido que rola de mesa em mesa e no balcão do The Irish Pub de Bogotá.
Talvez apareça um leprechaun pra puxar meu pé de noite, mas eu gostei do "sincretismo".
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O que dizer desta vitrine? |
Tudo o que posso dizer é que os doces da Nicolukas são tão gostosos quanto bonitos e se eu não já tivesse comprado o ingresso pra ver Spotlight, era bem capaz de ter experimentado mais do que as três pequenas porções de felicidade que provei lá.
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Estava tão empolgada que só o bolinho inglês viveu o suficiente para posar para a foto 😋 |
Fiquei tão empolgada que comi os doces sem sequer lembrar da Fragata. Só fotografei esse bolinho inglês, coberto com suspiro e raspas de limão que você vê aí no alto.
Mas atesto que a tortinha de lulo e a valentina estavam umas cooooooisas, também. Recomendo uma passadinha — mas controle-se, tá? 😊
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