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A Esfinge de Naxos foi uma oferenda dos cidadãos da ilha, no Arquipélago das Cíclades, ao Santuário de Apolo em Delfos |
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O Auriga de Delfos é um dos achados mais importantes do sítio arqueológico |
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Com quase 3 mil anos de idade, as estátuas de Cleobis e
Bitão estão entre os exemplares mais significativos da escultura grega do
Período Arcaico |
Veja que espetáculo é o museu que guarda os tesouros do Santuário de Apolo em Delfos:
Museu Arqueológico de Delfos
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O Museu Arqueológico de Delfos quase empata em número de visitantes anuais com o Museu Nacional de Arqueologia de Atenas |
Um fato que atesta a importância do museu de Delfos é que
ele quase empata com o magnífico Museu Nacional de Arqueologia de Atenas em
número de visitantes anuais — ainda que esteja a mais de 200 km de distância da
capital e fora de rotas mais fervidas, como as ilhas e o Peloponeso.
Quando se fala que Delfos era o centro do mundo (helênico), não é exagero. Nem geográfica nem culturalmente.
Conta a lenda que Zeus soltou duas águias e as fez contornar a terra, cada uma em uma direção. As águias se encontraram exatamente sobre Delfos, no local que hoje está assinalado pela pedra do Ônfalo (Ὀμφαλός, em grego, ou "umbigo"). Para consagrar o mito, um marco foi colocado no local onde teriam pousado as aves. Hoje, o padrão original está exposto no Museu Arqueológico de Delfos.
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Essas figuras típicas do período micênico eram objetos votivos usados em rituais religiosos |
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Os caldeirões de bronze apoiados sobre tripés eram usados para rituais de oferendas |
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Guerreiros costumavam oferecer armas e elmos em agradecimento por batalhas vencidas ou pedindo proteção para embates futuros |
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Cleobis e Bitão também eram gêmeos imortalizados por seu
sacrifício pela deusa Hera |
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Métopa (elemento decorativo) da fachada do Tesouro da cidade
de Sícion. A cena representa os gêmeos Castor e Pólux |
Essas oferendas eram guardadas nos Tesouros, edifícios construídos e cuidados pelas diversas cidades, que tratavam essas construções como atestado de poder e prosperidade, cada uma tentando sobrepujar a outra em luxo, detalhe e beleza.
Pra ter uma ideia da sofisticação desses edifícios, preste atenção aos elementos decorativos dos tesouros de Atenas, da Ilha de Sifnos (no Arquipélago das Cíclades) e da cidade de Sícion, no Peloponeso, que estão expostos no museu.
O conteúdo e a decoração dos Tesouros nos permite ter uma ideia da pujança de cada cidade grega.
Uma dessas peças é a Esfinge de Naxos (oferenda da Ilha de Naxos, no Arquipélago das Cíclades), datada do ano de 560 a.C. Com mais de dois metros de altura, ela ficava sobre uma coluna, ao lado do Templo de Apolo. Hoje é a estrela de uma das salas mais concorridas do museu.
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Algumas das preciosidades escavadas ao longo do Caminho Sagrado de Delfos: no alto, a estátua criselefantina de Apolo. Acima, o Touro de Prata, em tamanho quase natural, com detalhes em ouro |
O roteiro da visita ao Museu Arqueológico de Delfos segue uma ordem cronológica que nos faz caminhar por uma história iniciada há 34 séculos, nas origens do Santuário de Apolo, e só encerrada no ano 390 de nossa era, quando o imperador romano Teodósio, em nome do cristianismo, ordenou a destruição do local.
(Um detalhe importante sobre a visita ao museu: é preciso seguir um roteiro. Para facilitar o fluxo, não é permitido a ficar indo e voltando entre as salas.
Portanto, se você topar com clássica situação de um grupo de excursão e seu guia, monopolizando determinada obra durante uma longa explicação, não passe adiante para voltar mais tarde. Espere um pouco pra ver a peça. Se não, não você terá que ir até a última sala, voltar ao lobby do museu e recomeçar o percurso.)
No roteiro cronológico do Museu Arqueológico de Delfos a gente passa por todas as fases da arte grega. Estão lá as figurinhas votivas tão características da arte micênica, ex-votos de todos os tipos (inclusive armas e elmos de guerreiros), caldeirões de bronze usados em rituais de oferendas e muitas, muitas estátuas de diversos períodos da arte helênica.
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Frontão Arcaico do Templo de Apolo |
Um exemplo são as impressionantes estátuas conhecidas como os Kouroi de Delfos, esculpidos em Argos no final do Século 7º ou início do Século 6º a.C.
O kouros (plural kouroi) é uma figura masculina, sempre representada nua, sorridente e com os cabelos frisados, o ideal de beleza do Período Arcaico (entre 800 a.C e 500 a.C.).
Os Kouroi de Delfos representam os gêmeos Cleobis e Bitão. A história deles parece horrível ao olhar contemporâneo, mas era uma narrativa com final feliz, na Antiguidade.
Filhos de uma devota da deusa Hera, Cleobis e Bitão acompanhavam a mãe que ia fazer um sacrifício á divindade. O touro que puxava a carroça da família morreu e os irmãos assumiram seu lugar. Comovida, a mãe pediu a Hera que recompensasse seus filhos e, então, a deusa os fez adormecer pra sempre, no auge da beleza, força e juventude.
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Métopas do Tesouro dos Atenienses |
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Esta cabeça de guerreiro, em mármore, estava no Tesouro de Massália, coleção de oferendas da cidade grega que deu origem à atual Marselha (França) |
(Criselefantina parece uma coisa esquisita, mas é o nome que se dá a uma escultura executada em ouro e marfim).
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Incensário em bronze produzido na Ilha de Paros, Arquipélago das Cíclades no Século 5º a.C. |
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As Dançarinas de Delfos, encontradas próximas ao Templo de Apolo, são do Século 4º a.C. Elas inspiraram um prelúdio de Claude Debussy |
No museu, é possível ver fragmentos da decoração do Templo
de Apolo em duas épocas distintas, do Período Arcaico e do Período Clássico.
Outro edifício importante no santuário era o Templo de Atena Pronaia. Duas salas do museu estão dedicadas a exibir objetos e elementos decorativos escavados lá.
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Estátua de Apolo |
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Na seção greco-romana do museu, o destaque é a estátua de Antínoo, o grande amor do Imperador Adriano, morto antes do 20 anos de idade e deificado por ordem do governante |
Nessa parte da coleção, o destaque é a estátua de Antínoo, o
amor do imperador Adriano morto de maneira meio misteriosa durante uma viagem
de barco pelo Rio Nilo, no Egito. Adriano o transformou em deus por decreto e o
culto a Antínoo, associado ao deus egípcio Osíris, chegou a ser muito popular.
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O Auriga de Delfos, em tamanho natural, era parte de um conjunto que incluía a quadriga conduzida por ele e os quatro cavalos. A escultura foi encontrada no Templo de Apolo |
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Uma das salas mais concorridas do museu exibe a Esfinge de Naxos |
Já no finalzinho da visita, na 13ª sala, o Museu Arqueológico de Delfos guarda o que talvez seja seu maior espetáculo (ainda que seja uma eleição difícil). O chamado Auriga de Delfos é uma estátua de bronze encontrada no Templo de Apolo, impressionantemente bem preservada. A obra é do Século 4º a.C.
Aurigas era os condutores de carros de combate, geralmente
quadrigas (puxado por quatro cavalos), que desempenhavam papel estratégico nas
batalhas da Antiguidade.
As corridas de bigas e quadrigas também se tornaram
populares como esporte e entretenimento. O Auriga de Delfos, em tamanho
natural, era parte de um conjunto que não sobreviveu ao tempo, composto pela
quadriga e os cavalos.
O conjunto teria sido dedicado ao Templo de Apolo pelo governante
da cidade grega de Gela, na atual Sicília, em agradecimento por sua vitória em
uma corrida durante os Jogos Pítios, competição esportiva quadrienal realizada
em Delfos que só perdia em importância para os Jogos Olímpicos.
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