Dicas de viagem na Grécia - coisas que aprendi e vão ajudar seu planejamento

A enseada de Lindos, na Ilha de Rodes, vista do alto da Acrópole Dórica

Não é suspense, não, mas antes de falar de cada um dos lugares lindos que visitei, faço questão de compartilhar algumas constatações, descobertas e dicas de viagem à Grécia.

É meu jeito de dizer pra todos vocês: "Vamos todos para a Grécia. Já!".

Apesar da barreira do idioma, acho difícil se encontrar um país mais fácil de explorar do que a Grécia. E isso é resultado da imensa cordialidade dos gregos.

O Zappeion, edifício usado em cerimônias de Estado, nos Jardins Nacionais de Atenas

Viajei pela Grécia por um pouquinho mais de três semanas e continuo completamente apaixonada por esse país lindo, diverso e acolhedor.

Neste post eu compartilho algumas coisinhas que aprendi sobre a Grécia. São dicas de viagem pela Grécia que certamente serão úteis ao seu planejamento — informações que eu adoraria ter antes de embarcar.

Leia também:
Como organizar uma viagem à Grécia
O que fazer em Atenas

A Grécia é um país seguro. Em Atenas, as áreas turísticas, como a Praça de Monastiráki, são bem policiadas

Dicas de viagem na Grécia

1 - A Grécia é um destino muito seguro 

Pelos milhares de relatos que li antes de embarcar para a Grécia (e essa foi uma viagem das mais acalentadas), já esperava encontrar um país tranquilo e seguro para mulheres que viajam-solo. Adorei descobrir que era tudo verdade.

Mesmo na atual crise econômica que assola a Grécia —  o desemprego chega aos 25% da força de trabalho (54% entre os jovens) — os índices de criminalidade no país continuam entre os mais baixos da Europa.

O bairro de Anafiotika, aos pés da Acrópole de Atenas, tem casas e recantos encantadores

Voltar a pé para o hotel, tarde da noite, não é aventura digna de nota na Grécia. Nem mesmo em Atenas, com seus mais de três milhões de habitantes.

Em Atenas, só convém evitar a já manjada área da Praça Omonia, na região central.

Ali se concentram os hotéis mais baratos e abundam trombadões e batedores de carteira, doidos para rapinar um turista.

Plateia ("praça") Syntagma, coração da Atenas Moderna e ponto de referência para hospedagem bem localizada

Vale mais a pena pagar um pouquinho mais por uma hospedagem perto da Praça Syntagma, de onde dá para ir a pé para um monte de lugares lindos, como os bairros de Pláka e Monastiráki, a Acrópole, a Ágora e os principais museus.

Um exemplo do padrão grego de honestidade: no meu segundo dia em Atenas, esqueci o cofre do quarto do hotel aberto. Lá dentro estavam cartões de crédito, cartão de saque, passaporte e dinheiro.

Uma característica adorável da Grécia é que seu precioso patrimônio está perfeitamente integrado ao cotidiano. Desde o alto, restos de um pórtico em uma pracinha do bairro de Pláka, o Arco de Adriano cercado pela vida contemporânea, termas romanas escavadas em meio ao burburinho da Avenida Vasilis Amalias e vestígios de um templo aos pés da Acrópole

Cheguei da rua e quase morri de susto quando percebi o vacilo, mas tive a felicidade de descobrir que estava tudo lá, intocado.

E pra vocês não dizerem que foi apenas sorte ou coincidência, eu estava tão relaxada que cometi a mesma bobeira mais duas vezes...

Sítio arqueológico de Micenas, a poderosa cidade governada por Agamenon, da Ilíada. O lugar é lindo e dá para chegar lá de transporte público

2 - A Grécia é super cordial com mulheres viajando sozinhas

Os gregos são calorosos, mas muito mais recatados que os latinos. Olhares insistentes, abordagens e papo de cerca lourenço com turistas desacompanhadas parecem meio improváveis na Grécia (talvez entre os muito jovens, mas entre adultos, não vi).

Depois de quatro dias ouvindo as cantadas mais hilárias (embora inofensivas, diga-se) dos turcos (que são um bom páreo para os latinos), eu quase me achei invisível, quando cheguei a Atenas.

Se são mais conservadores que os brasileiros, os gregos não traduzem isso em desaprovação ou animosidade contra as viajantes solo. Pelo contrário.

Final de tarde em Nafplio, um encanto de cidade no Peloponeso

Pela minha experiência e por todas as informações trocadas com as muitas mulheres viajando sozinhas pela Grécia que encontrei, posso afirmar que o tratamento às viajantes-solo é respeitoso, solícito e amigável.

Quando percebiam que eu estava sozinha, as pessoas geralmente adotavam uma postura até meio protetora.

Era um tal de desconhecidos ajudando com a mala, de funcionários de hotel recomendando pequenos cuidados e gente que parava na rua para dar informações que eu passei rapidinho de invisível a princesa.

Cidade de Rodes: no alto, o Palácio do Governo, herança da ocupação italiana. Acima, o legendário Porto de Mandráki, onde teria sido construído Colosso de Rodes, uma das sete maravilhas do Mundo, na Antiguidade

3 - É muito fácil viajar pela Grécia

Antes de embarcar para a Grécia, ficava preocupada com a dificuldade de encontrar na internet informações sobre horários e itinerários de ônibus, disponibilidade de transporte marítimo em setembro e outras cositas essenciais para poder me deslocar de maneira independente pelo país. Bobagem.

Bastou chegar a Atenas, procurar o escritório oficial de turismo, ser super bem atendida e sair de lá com tudo que eu precisava saber: preços, duração das viagens, horários de partida e de retorno.

O Teatro de Epidauros tem 2.300 anos de idade e ainda é usado para concertos e montagens teatrais

Um be-a-bá completo, que eles distribuem, já impresso e bem mastigadinho, inclusive com orientações de como chegar aos terminais rodoviários de Atenas — o Terminal A, para quem vai para o Sul da Grécia e Peloponeso, o Terminal B, para quem vai para o Norte, e o Porto de Pireu, ponto de embarque para as ilhas.

Uma das coisas mais geniais que encontrei na Grécia foi a brilhante ideia de oferecer transporte público direto de Atenas, Nafplio e outras cidades para os sítios arqueológicos mais procurados.

Amanhecer em Monemvasia, no Sul do Peloponeso

Para ver Micenas e Epidauros, por exemplo, basta pegar um ônibus da KTEL em Atenas ou Nafplio e descer em frente à bilheteria desses sítios arqueológicos, sem ter que aturar a chatice de ir até a cidade, descer na rodoviária e ficar camelando atrás de um táxi que leve até às ruínas, ou ter que recorrer às excursões.

A sábia providência poderia ser adotada no Brasil para facilitar as visitas às cidades históricas. Não faz muito tempo, tive um trabalho danado para conseguir  ver os Profetas de Aleijadinho, em Congonhas (MG).

A deslumbrante Meteora, terra dos mosteiros suspensos

Nas ilhas, como Rodes, também é possível visitar praias e vilas distantes usando o transporte público, que tem saídas regulares. Basta pegar o folhetinho com os horários de ida e volta no escritório de turismo da localidade e se jogar. 

E nem é preciso morrer nos €35 do táxi (preço tabelado e respeitado) entre o Aeroporto e o Centro de Atenas ou nos  €22 do Aeroporto de Diágoras à Cidade de Rodes.

Tanto em Atenas como em Rodes os aeroportos são ligados ao centro da cidade por ônibus confortáveis cujas passagens custam €5 e passam a cada 30 minutos, pontualmente.

O forte Bourtzi é o cartão postal mais famoso de Nafplio. Vê-lo ao pôr do sol, do alto das muralhas da fortaleza de Acronafplia é uma das imagens que mais me dá saudade da Grécia

Outra boa notícia é que ônibus intermunicipais e ferries partem com pontualidade britânica na Grécia.

O ferry que peguei de Rodes para Sými parecia um transatlântico de luxo, comparado com os que fazem a ligação entre Salvador e Itaparica. Tinha até revista de bordo, feita numa qualidade tal que faz inveja a muita companhia aérea. 

Os ônibus intermunicipais na Grécia são simples, sem banheiro a bordo, mas as poltronas dão de dez na dos aviões (sem falar que quem achar um buraco no asfalto das estradas é capaz de ganhar um prêmio...).

No alto, o espetáculo azul do Mar Egeu diante da Cidade de Rodes. Acima, o cair da tarde navegação perto da Ilha de Sými 

Mesmo para chegar a lugares mais "difíceis", como Monemvasia, que exigem algumas trocas de ônibus no meio do caminho, as informações sobre transporte público na Grécia são claras e precisas.

Não tem chance de ninguém se sentir perdido, ainda que esteja numa rodoviária remota, cercada de camponeses que não falam nada de inglês.

O seriado norte-americano Two and a Half Men exibido com legendas na TV grega

4 - Eles realmente falam grego. Mas a gente se entende

O idioma é difícil, o alfabeto é diferente, mas dá tudo certo. O que contribui decisivamente para isso é a cordialidade quase desconcertante que reina na Grécia.

Andando para baixo e para cima na Grécia, encontrei sempre solicitude e simpatia de gente que, mesmo não falando uma palavra de inglês, fazia a maior força para me compreender e se fazer entender, numa mímica paciente.

Duas faces de Rodes: o dolce far niente na Praia de Elli e o Palácio do Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João

Essa atitude diante dos visitantes faz com que o idioma grego, por mais difícil que soe aos nossos ouvidos, deixe de ser uma barreira intransponível.

Aliás, essa é uma grande notícia para quem anda sonhando com a Grécia e receia viajar de maneira independente, por estar mal no inglês: a maioria dos gregos que encontrei conhecia apenas rudimentos de inglês, mas eles compensam isso com uma imensa boa vontade.

5 - Aprender a ler em grego ajuda um bocado

Antes de viajar para a Grécia, cuidei de ter alguma intimidade com o alfabeto grego. 

Apesar das placas de rua e letreiros que interessam aos turistas serem normalmente bilíngues na Grécia (escritas também em inglês), a decisão acabou facilitando muito a minha vida nas cidades menores.

ΟΔΟΣ ΠΕΛΟΠΙΔΑ, ΑΠΟ 6 → 2, ou "Rua Pelópidas, do número 6 ao 2". Em geral, a sinalização em Atenas traz informações em caracteres gregos e latinos. Em localidades mais remotas, porém, saber transliterar a escrita grega é muito útil

Eu ficava toda feliz, cada vez que decifrava letreiros como φαρμακείο (farmácia), Εστιατόριο (restaurante) e Έξοδος (saída).

Só esqueci de aprender como se escreve "mulher" em grego. Mas não paguei nenhum mico tentando achar o banheiro feminino, porque consegui ler άνδρες ("andros" = homens) que, cá pra nós, não é uma palavra tão desconhecida. Daí, era só entrar na porta ao lado, 😁.

Santuário de Delfos, centro espiritual da Grécia Clássica

Outra coisinha que ajudou na minha viagem à Grécia muito foi o guia de conversação que ganhei de presente de meu amigo Cristiano Teixeira (tks, Cris!).

Há diversas publicações desse tipo (basta googlar que você encontra) e a faixa de preço fica nos R$ 20.

Embora eu já soubesse o basicão obrigatório do grego, tipo "bom dia" (kaliméra), "obrigada" (efcharistó) e "por favor" (parakaló) —  graças a um cruzeiro de dez dias no navio grego Stella Solaris, lá se vão mais de duas décadas) — tratei de dar uma reforçada no vocabulário.

Um guia de conversação quebra o maior galho na Grécia. Mas aprender a ler essas letrinhas aí também me ajudou um bocado

Em todas as minhas viagens, faço questão de ter um repertório mínimo na língua local, principalmente por educação.

Acho o fim da picada já chegar despejando inglês nas pessoas, como se elas tivessem obrigação de falar outra coisa que não seu próprio idioma.

O ancoradouro da Ilha de Spétses, dona das melhores praias do Arquipélago Argo-Sarônico

6 - A Grécia é um destino mais barato do que a maioria dos países da Europa Ocidental

Janta-se bem em Atenas por €15. Um hotel confortável, a dois passos da Praça Syntagma, região das mais seguras da capital (e de onde se pode ir caminhando para as principais atrações da cidade) tem diárias de €50 num apartamento single.

Monumento a Leônidas e os 300 de Esparta, nas Termópilas

Paguei €25 por diária num bom hotel em Rodes, a 100 metros da praia, com quartos enormes e todas as comodidades.

Os deslocamentos mais longos dentro do país podem ser feitos de avião, pela Aegean Airlines, eleita a melhor companhia regional da Europa, em 2012, pagando tarifas de empresa low cost, especialmente se o bilhete for comprado com antecedência.

A intrigante paisagem rochosa de Meteora, na Tessália

7 - Não há voos diretos do Brasil para a Grécia. Mas as conexões são espetaculares

Faz tempo que parei de reclamar de voos com conexão. As opções para chegar a Atenas são Paris, Barcelona, Roma, Frankfurt...

Eu escolhi chegar à Grécia por Istambul, que ainda não conhecia. O único defeito da escolha foi ter programado apenas quatro dias para essa cidade espetacular.

Comprada com seis meses antes da viagem, a passagem para a Grécia na Turkish Airlnes, saindo de Guarulhos, custou US$ 1.300. No câmbio da época, era um valor próximo do que eu pagava para Salvador, quando esquecia de comprar o bilhete com antecedência para passar o Natal com a família.

Bom, agora que já respondi um monte de coisas sem você perguntar, permita-me uma questão, caro leitor: Tá fazendo o quê aí, que ainda não correu para a Grécia? 😉

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