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| Museu da Misericórdia: beleza, arquitetura colonial e uma vista arrepiante para a Baía de Todos os Santos |
Quer dar um mergulho na história colonial de Salvador? Pois então você precisa visitar o Museu da Misericórdia, ali do ladinho do Elevador Lacerda — coisa de dois passos mesmo (150 metros, para ser jornalisticamente precisa) — e a pouco mais de 300 metros da famosa “Ladeira do Pelô”.
O Museu da Misericórdia funciona no palacete do Século 17
que abrigou a Santa Casa de Misericórdia da Bahia, a instituição de caridade
mais antiga do Brasil, contemporânea da fundação de Salvador, em 1549.
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| A Igreja da Misericórdia, incorporada ao museu, é um primor barroco |
O conjunto de salões, pátios, cisterna, ossuário e capela (a belíssima Igreja da Misericórdia) reúne um acervo muito bacana de obras de arte, objetos litúrgicos, mobiliário, documentos (a maior coleção fora dos arquivos públicos da Bahia) e memórias do primeiro hospital a funcionar na cidade.
Bora passear no Museu da Misericórdia?
Por que ir ao Museu da Misericórdia de Salvador
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| A decoração do teto do Salão Nobre da Santa Casa é um escândalo de bonita |
O casario colonial, a vista para a Baía de Todos os Santos e a farra no Pelourinho são atrações tão irresistíveis pra quem visita o Centro Histórico de Salvador que os museus da área acabam virando coadjuvantes no cenário.
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| A Baía de Todos os Santos vista de uma janela do Salão Nobre |
Mas são exatamente eles, os museus, que podem oferecer o contexto que vai tornar o mergulho no cenário muito mais saboroso. A visita ao Museu da Misericórdia é uma excelente oportunidade de ver por dentro e em detalhes um lindo edifício colonial — ir além das fachadas — e compreender um pouco mais da história de Salvador.
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| A Sala da Mesa tem mobiliário requintado, oratórios e um São Jorge sem dragão e sem cavalo |
Sem contar que ele oferece uma vista deslumbrante para a Baía de Todos os Santos.
O que ver no Museu da Misericórdia
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| A Santa Casa foi fundada junto com Salvador, em 1549. O edifício atual é do Século 17 |
A Santa Casa da Misericórdia da Bahia foi fundada junto com Salvador, logo após a chegada de Tomé de Souza. O palacete que vemos hoje, o chamado Paço da Santa Casa, é um século mais antigo, datado da década de 1650.
O edifício é belíssimo, com salões de pé direito muito alto,
amplas janelas e os pátios internos que recebem a brisa da Baía de Todos os
Santos e aquela luz que só existe em Salvador. Só passear pelas dependências do
Museu da Misericórdia já justificaria a visita.
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| A Visitação, de José Joaquim da Rocha, obra de 1780 |
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| Armário de Farmácia do Século 19: o hospital da Santa Casa também produzia medicamentos |
Prepare-se para pelo menos dois momentos uau!: a Igreja da Misericórdia, com seu magnífico altar rococó, e a chegada ao topo da escadaria monumental, quando a gente dá de cara com a Loggia (uma galeria aberta) e a sempre desbundante vista para a Baía.
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| Fonte em um pátio do Museu da Misericórdia |
O edifício do Museu da Misericórdia passou por várias reformas, desde sua construção no Século 17. O resultado é um conjunto barroco elegantíssimo que hoje abriga um acervo de quase 4 mil peças. A coleção oferece um panorama interessante que vai desde o mobiliário e instrumentos da antiga Farmácia e do Hospital da Caridade até o primeiro automóvel a circular por Salvador.
As histórias contadas pelo acervo e pelo edifício são bem interessantes:
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| A cisterna foi construída no Século 18 para garantir o abastecimento de água ao hospital |
⭐A Cisterna
Não perca a visita à Cisterna do museu, vestígio muito bem preservado das soluções arquitetônicas adotadas na Salvador colonial. Construída no século 18, ela garantia o abastecimento de água potável para a instituição e para o hospital — além de doar água a quem pedia, porque "dar de beber a quem tem sede" é um dos princípios da caridade.
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| A água da chuva era captada dos telhados. As paredes grossas garantem temperatura fresca na cisterna o tempo todo |
A A estrutura da cisterna, de paredes grossas, assegura uma temperatura de ar condicionado no espaço onde a água da água da chuva era captada nos telhados e conduzida por canais de pedra até o reservatório subterrâneo.
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| O Ossuário foi construído junto com a edição original do edifício, concluída em 1697 |
⭐ O Ossuário
Confesso que relutei a entrar no Ossuário do Museu da Misericórdia — criptas e catacumbas dialogam muito mal com minha asma. Mas a curiosidade venceu e valeu a pena, porque o espaço é surpreendentemente bonito e recebe a brisa do mar por uma janela de cara para a Baía de Todos os Santos.
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| Um pequeno nicho complementa a decoração do Ossuário |
Desde o século 17, a Santa Casa detinha o monopólio dos serviços funerários de Salvador, Mas o ossuário era o espaço destinado aos restos mortais dos integrantes da instituição.
Uma bela escadaria liga o ossuário à Sala da Mesa (antiga
sala de reuniões da Mesa Administrativa), fechada por um grande alçapão.
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| A escadaria do Ossuário leva à Sala da Mesa e fica fechada por este alçapão |
⭐A Sala da Mesa
Na vasta Sala da Mesa, preste atenção ao piso de largas
pranchas de madeira nobre, ao conjunto de arcazes entalhados em jacarandá, ao
belo oratório dourado, ricamente trabalhado e à imagem de São Jorge (sem dragão
e sem cavalo) que recebe o visitante logo na entrada.
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| A Sala da Mesa exibe mobiliário requintadíssimo |
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| A custódia do Século 19 é de prata e coberta por douramentos |
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| Lavabo barro em mármore |
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| Muito imponente, né? |
A longa mesa central, cercada por cadeiras igualmente entalhadas, recria a atmosfera das sessões da administração da Santa Casa.
⭐A Botica (Farmácia)A Botica reconstitui o ambiente em que eram preparados remédios, unguentos e compostos utilizados no atendimento médico de Salvador durante os primeiros séculos da cidade.
Lá estão expostos utensílios usados na prática farmacêutica e na medicina dos séculos 18 e 19, como potes para armazenar e pilões com almofarizes, usados para triturar ingredientes.
A estrela desse espaço é o lindo armário de farmácia em madeira (daqueles que eu adoraria trazer pra casa), repleto de frascos de vidro rotulados.
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| A Loggia é um dos grandes momentos uau! do Museu da Misericórdia |
A Loggia é possivelmente o espaço mais bonito do Museu da Misericórdia. Aberta para a Baía de Todos os Santos, essa espécie de varanda nobre era onde autoridades e visitantes ilustres eram recebidos.
Construída no século 17, ela tem arquitetura e decoração bem contidas — afinal, não dá pra competir com a vista. Mas seus arcos cobertos com discreta decoração e opiso em mármore têm uma elegância impressionante.
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| O Salão Nobre é bonitão, né? |
A foto mostra o Salão Nobre do Museu da Misericórdia, um dos ambientes mais espetaculares e emblemáticos do antigo palacete da Santa Casa da Bahia.
O espaço impressiona imediatamente pelo teto octogonal pintado, composto por painéis que representam cenas religiosas e alegóricas, emoldurados por talha dourada. No fundo do salão, o oratório monumental reforça o caráter cerimonial do ambiente, que era usado para recepções formais, atos solenes e reuniões de grande importância institucional.
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| Dá janela do Salão Nobre dá pra dar tchauzinho parar o Elevador Lacerda e o Palácio Rio Branco |
As paredes são revestidas parcialmente por azulejos portugueses, e as amplas janelas de guilhotina, com portas verdes, inundam o salão de luz natural. O mobiliário de jacarandá — mesa extensa e cadeiras de espaldar alto — completa a atmosfera de imponência.
Hoje, o Salão Nobre é um dos pontos altos da visita ao museu, pela beleza arquitetônica, pelo valor histórico e pela sensação de grandiosidade típica das antigas casas de Misericórdia do período colonial.
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| Retrato de Ernestina Guimarães, benfeitora da Santa Casa, pintado por Álvaro Valença |
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| Retratos dos provedores da Santa Casa são exibidos em uma galeria |
⭐ Salão dos Provedores e Sala da Provedoria
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| Sala da Provedoria |
Ao lado fica a Sala da Provedoria, o gabinete de trabalho dos provedores da Santa Casa.
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| Calazans Neto: Castigar com caridade aos que erram |
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| Christian Cravo: Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos |
A Igreja da Misericórdia
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| Joia do barroco baiano |
A Igreja da Misericórdia é, com certeza, o ponto mais alto da visita ao museu. Ela é considerada uma das joias do barroco baiano (onde a concorrência não dá moleza) e seu altar rococó é de uma beleza arrepiante.
Construída a partir de 1654, em substituição a uma capela
mais antiga, a igreja tem decoração interior riquíssima, herança do século
seguinte, o 18, quando passou por uma reforma.
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| As paredes da igreja exibem painéis de azulejos portugueses |
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| A decoração do forro é bonita demais |
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| O presépio deste ano tem o Pelourinho como pano de fundo |
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| A construção da Igreja da Misericórdia foi iniciada em 1654 e ela recebeu diversos acréscimos decorativos até o Século 18 |
O altar-mor marca todas as caixinhas do bingo barroco-rococó: tem entalhes intrincados, profusos douramentos, colunas salomônicas (retorcidas), volutas, anjos e querubins.
A peça é obra de artistas baianos da gema — um deles Antônio
de Matos e Guerra, irmão de Gregório de Matos.
Mas o artista mais importante a trabalhar na Igreja da
Misericórdia foi José Joaquim da Rocha (1737 – 1807), pontado
como fundador de uma “escola baiana de pintura”.
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| Bandeiras pintadas por José Joaquim da Rocha em 1786 para a Procissão do Fogaréu, No alto, O Sepultamento. Acima, Ecce Homo |
Rocha é também autor do teto da Igreja da Conceição da Praia, considerado uma das obras-primas do barroco brasileiro, e trabalhou para muitas irmandades religiosas.
O Museu da Misericórdia reserva uma de suas salas à
exposição de obras de José Joaquim da Rocha, as bandeiras da Procissão do
Fogaréu das Quintas-Feiras Santas, que ele pintou em 1786. São 14 telas reproduzindo sete cenas da Paixão de Cristo. A procissão parece ter sido a celebração religiosa mais importante entre as promovidas pela Santa Casa.
Visita ao Museu da Misericórdia - dicas práticas
Endereço: Rua da Misericórdia nº 6, Centro Histórico (entre a Praça Municipal e a Praça da Sé)
Horários: de terça a Sexta das 9h às 17h (entrada até as 16:30h). Sábados, das 9h às 16:30h. Fechado às segundas, domingos e feriados.
Ingresso: R$ 30. Estudantes e maiores de 60 anos pagam
meia-entrada.
Dica: o museu oferece visitas guiadas, que podem ser muito interessantes pra quem quer mais contexto e histórias.
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