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O Baldaquino de Tavèrnoles é do Século 13 e representa
a ascensão de Cristo —Tavèrnoles é uma aldeia catalã que hoje tem cerca de 300
habitantes |
Se você está procurando um super programa em Barcelona, já achou: o Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC) é uma das melhores atrações que encontrei, nas minhas três visitas à cidade.
O MNAC tem um acervo respeitabilíssimo, comparável aos dos museus de primeira linha europeus. Ele está instalado no Palau Nacional, em Montjuïc, com fácil acesso de metrô ou funicular.
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Coleção de cartazes da Guerra Civil Espanhola do MNAC: o
encontro da arte com a política pode ser muito instigante |
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A coleção de mobiliário modernista do MNAC também é linda |
As coleções têm ênfase na produção de artistas catalães, desde o período Românico, passando pelo Gótico e Renascentista, até desembocar no espetáculo que assumiu o Modernismo naquele pedaço de mundo.
Super agradável e fácil de percorrer, o Museu Nacional de Arte da Catalunha merece estar no topo da sua lista de passeios em Barcelona. Experimente e aposto que você também vai amar.
Veja as dicas desse museu sensacional:
Veja as dicas desse museu sensacional:
Museu Nacional de Arte da Catalunha
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Baldaquino da Igreja de Sant Cristòfol de Toses, do Século
13 |
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A Majestade de Battló |
⭐Coleção Românica do MNAC
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Afrescos da Catedral de Urgel, do Século 12, retratando os
apóstolos André e Pedro (esq), Maria e São João |
Um dos grandes destaques do Museu Nacional de Arte da Catalunha é sua respeitadíssima Coleção Românica, estilo que dominou a arte europeia nos séculos 11 ao 13. É o maior acervo desse período de toda a Europa e apontado como o melhor do mundo.
A Coleção Românica do MNAC reúne telas e esculturas sacras do período e o destaque é o precioso acervo de afrescos e pinturas murais que, originalmente, adornavam as paredes de capelas e igrejas de diversas áreas de Catalunha — deslumbrante é eufemismo pra descrever.
A Coleção Românica do MNAC reúne telas e esculturas sacras do período e o destaque é o precioso acervo de afrescos e pinturas murais que, originalmente, adornavam as paredes de capelas e igrejas de diversas áreas de Catalunha — deslumbrante é eufemismo pra descrever.
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Baldaquino da Igreja de Sant Martí de Tost, do Século 13 |
Para exibir esses afrescos e murais, o MNAC reproduz as naves de igrejas e capelas. Assim, o visitante pode ter uma ideia bem precisa do impacto visual das obras em seu contexto original.
O acervo também conta com peças de altares e um elemento bem característico do período, os baldaquinos, também ricamente decorados.
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O apedrejamento de Santo Estevão, do Mestre de Boí (Século
12) |
A Coleção Românica do MNAC tem obras absolutamente arrebatadoras, como a imagem do Cristo crucificado conhecida como Majestade de Batlló, do Século 12.
As majestades são uma forma românica de de representação de Jesus na cruz como símbolo de triunfo sobre a morte.
As majestades são uma forma românica de de representação de Jesus na cruz como símbolo de triunfo sobre a morte.
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O Altar da Ermida de Sant Quirce de Durro é do Século 13.
Seu autor é desconhecido |
Outra peça impressionante do acervo é o afresco O apedrejamento de Santo Estêvão, de um artista anônimo que entrou para a História da Arte como "o Mestre de Boí". A obra é do Século 12 e era parte da decoração de uma igreja da vila de Boí, nos Pireneus.
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A Cabeça de Cristo, de Jaume Cascals, e (no alto) uma
peça de altar retratando a Anunciação e a Epifania de Reis, do ateliê dos
mestres Ferrer e Arnau Bassa, do Século 14 |
⭐Acervo Gótico do MNAC
Nesta seção, a gente descobre que a arte catalã pode até ter mudado de estilo, a partir do Século 14, mas não perdeu o esplendor.
O acervo Gótico do Museu Nacional de Arte da Catalunha é uma grande oportunidade pra se conhecer alguns mestres que deixaram o nome na história, como Guillem Timor, Bartolomeu de Robió, Jaume Cascals (os três do Século 14) e Bernat Martorell (Século 15), só pra citar os que mais me impressionaram.
O acervo Gótico do Museu Nacional de Arte da Catalunha é uma grande oportunidade pra se conhecer alguns mestres que deixaram o nome na história, como Guillem Timor, Bartolomeu de Robió, Jaume Cascals (os três do Século 14) e Bernat Martorell (Século 15), só pra citar os que mais me impressionaram.
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Peças da Coleção Gótica do MNAC. Acima, o São Jerônimo Penitente, do Mestre da Sé de Urgell, obra do Século 15 |
Depois de deixar a Idade Média, passar pelo Renascimento e pelo Barroco (onde o destaque é um São Paulo pintado por Diego Velázquez), está na hora de mergulhar em um espetáculo que está muito mais perto de nós e que me fala muito ao coração.
A Catalunha foi pródiga em gênios que marcaram o Modernismo e o MNAC nos apresenta um espetáculo imperdível em sua Coleção Modernista.
A Catalunha foi pródiga em gênios que marcaram o Modernismo e o MNAC nos apresenta um espetáculo imperdível em sua Coleção Modernista.
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Mulher com chapéu e gola de pele, de Pablo Picasso, estrela
do acervo Modernista do MNAC |
Tem pintura e escultura, mas também tem mobiliário, artes decorativas e um acervo espetacular de artes gráficas, posters de propaganda comercial e política, com destaque para o período da Guerra Civil Espanhola.
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Obras do catalão Pere Dauras na Coleção Modernista do MNAC |
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No alto, Retrato de meu pai, de Salvador Dalí. Acima, Exibição
pública de uma pintura, de Joan Ferrer Miró — que não é o Miró mais famoso, mas
um pintor do Século 19 |
Mas você também vai ver o design de Antoni Gaudí, presente em peças de mobiliário e fulgurante no portão de ferro que ele desenhou para a Casa Vicens, uma de suas obras arquitetônicas em Barcelona.
O portão, uma aspereza-felpuda cheia de pontas bem que pode ter inspirado o Iron Throne de Game of Thrones 😉.
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O portão da Casa Vicens, de Gaudí |
O Museu Nacional de Arte da Catalunha também me apresentou à pintura de caras brilhantes, como Marià Fortuny, Santiago Rusiñol e Isidre Nonell, e ao trabalho do ilustrador Alexandre de Riquer i Ynglada, francamente Art Nouveau.
Curti imensamente o sotaque impressionista das cenas domésticas pintadas por Pere Torné i Esquius, que também foi um prolífico ilustrador, com preferência pelos livros infantis. Também gostei muito do neoimpressionismo dos retratos pintados por Joaquim Sunyer.
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No alto, o Retrato de Maria Llimona, de Joaquim Sunyer
(1917). Acima, Retrato de Pilar, do uruguaio Rafael Barradas (1919) |
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A série Gitanas, de Isidre Nonell |
Pra vocês não pensarem que só homens fazem arte, o Museu Nacional de Arte da Catalunha nos apresenta a instigante pintura de Olga Sacharoff, artista russa (georgiana) que adotou Barcelona no início do Século 20 como lar e inspiração.
Olga foi colaboradora de Francis Picabia na revista 391 (1917-1924), uma espécie de ninho do Dadaísmo, que tinha ainda Man Ray, Marcel Duchamp e Guillaume Apollinaire ano time da redação.
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Olga Sacharoff: tem mulher no acervo do MNAC — e ela faz
muito bonito |
A arte de Sacharoff flertou com o Dadaísmo, o Cubismo, o Expressionismo Alemão, o Surrealismo e a Pintura Naïve. Ela também participou animadamente do Noucentisme, movimento que buscava uma reaproximação com o Classicismo de inspiração mediterrânea.
A visita ao Museu Nacional de Arte da Catalunha foi minha primeira oportunidade de contato, cara a cara, com a produção do Noucentisme e eu fiquei bem impressionada.
A visita ao Museu Nacional de Arte da Catalunha foi minha primeira oportunidade de contato, cara a cara, com a produção do Noucentisme e eu fiquei bem impressionada.
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Uma das obras do MNAC que mais gostei: Espectadores, de
Francesc Domingo (1930), um dos marcos do Noucentisme |
Nou, em catalão significa, igualmente, "novo" e "nove". O nome do movimento propunha um jogo de palavras entre a novidade que pretendia representar e a catalanização da expressão italiana Novecento, ou seja, o Século 20.
O pintor uruguaio Joaquín Torres Garcia, assíduo frequentador dos posts da Fragata, era um dos integrantes do círculo do Noucentisme, em seus primórdios.
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Esses painéis decoravam as Galerias Laietanas, ninho do Noucentisme |
Além das obras dos artistas ligados ao movimento, o MNAC reproduz parte da decoração das Galerias Laietanas.
Abertas na Gran Via de les Corts Catalanes, em 1915, a galeria foi ponto de encontro, vitrine, editora e “academia” do Noucentisme. Seu porão era uma espécie de clube onde se encontravam os artistas ligados ao movimento para tertúlias infinitas.
⭐Acervo fotográfico do MNAC — e o imenso Agusti Centelles
Pensa que acabou? Pois é, eu também, mas fui surpreendida por um acervo fotográfico maravilhoso.
O resultado é que acabei descobrindo mais um fotógrafo pra gostar tanto quanto eu gosto de Robert Capa. As imagens capturadas por Agustí Centelles durante a Guerra Civil Espanhola são arrebatadoras, coisa de gênio, mesmo.
O resultado é que acabei descobrindo mais um fotógrafo pra gostar tanto quanto eu gosto de Robert Capa. As imagens capturadas por Agustí Centelles durante a Guerra Civil Espanhola são arrebatadoras, coisa de gênio, mesmo.
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Fotografias de Agustí Centelles — o problema de ficar indo a museus é que a gente acaba encontrando amores inapeláveis |
Centelles (1909 - 1985) foi um imenso fotojornalista. Cobriu
a Guerra Civil Espanhola no front, lado a lado com os combatentes — naquele tempo,
jornalistas iam ver o que estava acontecendo, ao invés de apurar matéria pelas
redes sociais 😉.
A sede do Museu Nacional de Arte da Catalunha é o Palau Nacional (Palácio Nacional), construído para abrigar a Exposição Internacional de Barcelona de 1929. Depois de morrer de paixão pelo acervo, não deixe de dar uma volta para explorar o edifício, que tem espaços notáveis.
O imenso Salão Oval, por exemplo, é impressionante. Com 2,3 mil metros quadrados, o espaço lembra uma arena de touros e foi concebido para sediar grande eventos, como concertos e cerimônias oficiais. A arquibancada que o cerca acomoda 1.300 espectadores.
Ele esteve nas batalhas de Teruel e de Belchite, foi
prisioneiro de um campo de refugiados na França e, após a derrota republicana,
acompanhou a Resistência n Francesa na luta contra a ocupação nazista. De volta
à Espanha após a guerra, foi expurgado do jornalismo pela perseguição
franquista e trabalhou com publicidade.
Grande parte da obra jornalística de Centelles ficou
escondida na França até a queda do franquismo. Uma parte importante desse acervo
agora está à vista do público no Museu Nacional de Arte da Catalunha — um gigantesco motivo pra você visitar o MNAC.
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É propaganda, eu sei, mas eu penduraria qualquer um desses
cartazes na minha parede com o maior prazer |
⭐Coleção de cartazes do MNAC
Mais um show de bola do acervo do Museu Nacional de Arte da Catalunha, a coleção de cartazes — mais de 1.000 peças, contando a reserva técnica — é um interessantíssimo mergulho na vida cotidiana catalã, a partir do final do Século 18.
Foi nessa época que Barcelona ganhou sua Escola Gratuïta de Disseny i Nobles Arts, um liceu de artes de ofícios que treinou e revelou gente talentosíssima.
Foi nessa época que Barcelona ganhou sua Escola Gratuïta de Disseny i Nobles Arts, um liceu de artes de ofícios que treinou e revelou gente talentosíssima.
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Propaganda política da época da Guerra Civil Espanhola |
No Século 19, o Modernismo e o Noucentisme abraçaram essa expressão artística sem preconceito — um exemplo é Ramon Casas, grande ilustrador. Salvador Dalí e Joan Miró também transitaram por esse terreno.
A coleção mostra de tudo um pouco: cartazes de espetáculos artísticos, publicidade de remédios, bebidas e cosméticos, propaganda política. As peças são lindas e merecem mesmo estar em um museu tão bacana quanto o MNAC.
A coleção mostra de tudo um pouco: cartazes de espetáculos artísticos, publicidade de remédios, bebidas e cosméticos, propaganda política. As peças são lindas e merecem mesmo estar em um museu tão bacana quanto o MNAC.
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A coleção de peças decorativas e mobiliário modernista me deu vontade de repaginar minha casa todinha |
⭐Palau Nacional
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Salão Oval do Palau Nacional |
O imenso Salão Oval, por exemplo, é impressionante. Com 2,3 mil metros quadrados, o espaço lembra uma arena de touros e foi concebido para sediar grande eventos, como concertos e cerimônias oficiais. A arquibancada que o cerca acomoda 1.300 espectadores.
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A famosa cúpula do Palau Nacional é mesmo de cair o queixo |
A cafeteria do MNAC funciona no Salão Oval e é um ótimo lugar para uma pausa durante a visita.
Não deixe de ver, também, a Sala da Cúpula, que evoca igrejas monumentais — a Basílica de São Pedro, em Roma, e a Catedral de Saint Paul, em Londres, por exemplo — e cujas pinturas homenageiam os povos que estão na gênese da Espanha — fenícios, gregos, celtas, ibéricos, cartagineses, romanos, visigodos e mouros.
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Painel de Miró para a IBM |
Um dos destaques desse espaço é um painel de Joan Miró concebido para a sede da empresa IBM.
E, sim, claro, aproveite a bela vista de Barcelona que as escadarias e o terraço do Palau Nacional propiciam aos visitantes.
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No alto da Montanha de Montjuïc, o Palau Nacional também
oferece uma bonita vista para Barcelona |
⭐Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC)
Palau Nacional, Parc de Montjuïc, s/n, Metrô Plaça d’Espanya (linhas 1 e 3) ou Funicular de Montjuïc.
➡️ Horários: de outubro a abril, o MNAC abre de terça a sábado das 1oh às 18h. Domingos e feriados, das 10h às 15h. De maio a setembro, o horário do domingo é o mesmo, mas o encerramento é às 20 horas, de terça a sábado.
➡️ Ingresso: €12. A entrada é válida para duas visitas ao longo de um mês, a partir da data da compra.
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Pere Torné Esquius retratou seu cenário doméstico |
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Mulher de perfil com quimono, de Eduardo Chicharro |
Como chegar ao MNAC
Cheguei ao Museu Nacional de Arte da Catalunha de metrô. Desci na Estação Plaça d’Espanya e caminhei os 950 metros que a separam do MNAC, encarapitado no Palau Nacional, no topo da elevação de Montjuïc — parte da subida é feita por escadas rolantes, portanto, não há muito sofrimento no percurso.
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