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Torre do Relógio do Castelo de Montemor-o-Novo, no Alentejo |
Quem resiste a um castelo? Eu sou fã desses senhores com séculos de vida, longo currículo de aventuras e recantos misteriosos.
Visitar um castelo é sempre um mergulho na história, com o bônus da paisagem: por razões estratégicas, a maioria deles tem localizações espetaculares, de onde se vê o mundo de cima.
Pertinho de Évora, o Castelo de Montemor-o-Novo, no Alentejo, tem tudo isso e é uma super opção de passeio na região.
O Castelo de Montemor-o-Novo é da época da Reconquista cristã (séculos 11 e 12), quando os portugueses guerreavam para expulsar os mouros.
Lá no alto, pairando sobre a paisagem, as muralhas do Castelo de Montemor-o-Novo oferecem uma vista deslumbrante para os campos ao redor e para a pequena cidade que cresceu a seus pés.
Montemor-o-Novo é um passeio imperdível para quando você for ao Alentejo, uma região pródiga em castelos.
Castelo de Montemor-o-Novo
Os castelos do Alentejo
Na verdade, a paisagem do Alentejo é tão bonita que os portugueses nem precisariam de razões militares para aproveitar cada elevação e plantar um castelo.
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As torres em ruínas pertenceram ao Paço dos Alcaides, onde o
rei D. Manuel teria tomado a decisão de mandar Vasco da Gama às Índias |
Bastaria o prazer de debruçar sobre a muralha e contemplar aquela terra ocre coberta pelas oliveiras e sobreiras até onde a vista alcança.
As grandes obras humanas, porém, dificilmente se destinam primordialmente ao deleite. Temos que agradecer à animada História da Península Ibérica pelos lindos castelos do Alentejo, esses mirantes talhados em pedra, que as disputas territoriais legaram aos viajantes do futuro.
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O Castelo de Montemor-o-Novo fica bem pertinho de Évora e
rende um passeio muito interessante |
Depois, era a cobiça castelhana que enchia os portugueses de razão para continuar plantando suas fortalezas de pedra Alentejo a fora, protegendo suas fronteiras.
Pelo menos 60 castelos ainda podem ser visitados no Alentejo, alguns bem preservados, outros reduzidos a vestígios.
O Castelo de Montemor-o-Novo está bem preservado. Suas muralhas ainda impõem respeito e no seu interior algumas construções dão uma boa ideia de sua imponência original.
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O castelo fica no alto de uma ladeira muito íngreme, mas dá
para ir de carro até a entrada das muralhas e poupar o fôlego |
Antes de ir até lá, li muitas reclamações na internet sobre o estado de conservação do castelo e devo dizer que discordo das queixas.
Não é possível imaginar que uma construção do Século 12, que já viveu aventuras do arco da velha, possa estar novinha em folha (mas tem quem reclame que o Fórum Romano é "muito detonado").
Do que senti falta no Castelo de Montemor-o-Novo foi de sinalização e de informações sobre as diversas construções no interior da fortificação.
Um folhetinho com mapa seria perfeito, mas umas placas descritivas já ajudariam um bocado 😊.
Não é possível imaginar que uma construção do Século 12, que já viveu aventuras do arco da velha, possa estar novinha em folha (mas tem quem reclame que o Fórum Romano é "muito detonado").
Do que senti falta no Castelo de Montemor-o-Novo foi de sinalização e de informações sobre as diversas construções no interior da fortificação.
Um folhetinho com mapa seria perfeito, mas umas placas descritivas já ajudariam um bocado 😊.
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A Torre do Relógio guardava a entrada principal do castelo,
a Porta Nova |
Quem me salvou com informações na hora da visita ao Castelo de Montemor-o-Novo foi o Google (e a minha conexão com a internet do chip da Vodafone, que funcionou muito bem).
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Adorei ver a paisagem enquanto caminhava sobre as muralhas do
castelo |
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A história do Castelo de Montemor-o-Novo remonta ao início
da povoação do Alentejo. A vila atual teve origem entre as muralhas, mas o
crescimento fez que fosse transferida para o sopé do morro |
Não há qualquer controle de entrada no monumento e a visita é gratuita. Só é preciso pagar ingresso para entrar no Centro de Interpretação do castelo.
O que ver no Castelo de Montemor-o-Novo
Logo na entrada do castelo está a Torre do Relógio, que defende a porta principal da muralha.
O nome dessa construção vem dos sinos aí instalados, a partir do Século 17, para informar as horas e marcar o ritmo da vida na cidade e no interior da fortaleza.
O nome dessa construção vem dos sinos aí instalados, a partir do Século 17, para informar as horas e marcar o ritmo da vida na cidade e no interior da fortaleza.
De volta ao chão, uma trilha curta leva ao antigo Paço dos Alcaides ou Paço Real, do Século 15, hoje em ruínas. Em seus templos de esplendor, essa construção hospedou reis de Portugal diversas vezes.
Historiadores apontam que a reunião decisiva sobre a expedição de Vasco da Gama às Índias, com a presença de D. Manuel I, tenha acontecido em um dos salões do Paço dos Alcaides do Castelo de Montemor-o-Novo. A vista desse lado do castelo é muito bonita.
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Passeio sobre as muralhas do Castelo de Montemor-o-Novo. Uma parte das fortificações está bem preservada e é possível
caminhar sobre elas em relativa segurança |
Nos seus tempos áureos, o Castelo de Montemor-o-Novo foi muito mais do que uma instalação militar.
Entre suas muralhas, vicejou uma vila medieval de porte considerável, onde funcionavam quatro igrejas (Santa Maria do Bispo, Santa Maria da Vila, São João Batista e Santiago). As ruínas das antigas moradias da vila foram recentemente escavadas.
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O antigo convento de Nossa Senhora da Saudação, fundado em
1502 |
Próxima à Torre do Relógio, uma passagem em arco dá acesso a uma das construções mais bem preservadas do castelo. É o antigo Convento de Nossa Senhora da Saudação, fundado em 1502 e habitado por freiras dominicanas até a dissolução das ordens religiosas em Portugal, em 1834. Posteriormente, o edifício abrigou um orfanato e hoje é sede da Oficina de Arqueologia do castelo.
Uma arcada no pátio do convento dá acesso à antiga esplanada do castelo, hoje usada como parque público.
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A esplanada do castelo tem sombra, banquinhos e uma vista
bonita. Dá até para pensar em piquenique. Acima, à direita, a Igreja de
Santiago |
É nessa esplanada que está a Igreja de Santiago, do início do Século 14 e que agora abriga o Centro de Interpretação do Castelo.
Vale a pena pagar a entrada (€ 1) para ter acesso a alguns painéis explicativos sobre a história do lugar e, principalmente, para ver os vestígios de belas pinturas murais que adornavam o interior do templo.
Vale a pena pagar a entrada (€ 1) para ter acesso a alguns painéis explicativos sobre a história do lugar e, principalmente, para ver os vestígios de belas pinturas murais que adornavam o interior do templo.
A esplanada em torno da igrejinha é realmente muito agradável, arborizada e com banquinhos para a gente retomar o fôlego à sombra.
O trecho das muralhas nesse ponto do castelo está bem preservado (as escadas continuam sem corrimão ou qualquer proteção, mas a subida é tranquila) e vale muito um passeio sobre elas até a Torre da Má-Hora, acompanhada por uma vista deslumbrante para os campos alentejanos.
O trecho das muralhas nesse ponto do castelo está bem preservado (as escadas continuam sem corrimão ou qualquer proteção, mas a subida é tranquila) e vale muito um passeio sobre elas até a Torre da Má-Hora, acompanhada por uma vista deslumbrante para os campos alentejanos.
Fiquei curiosa sobre o que teria levado a torre mais bonita do castelo a ser batizada com um nome tão aziago.
São Google me salvou: conta a lenda que durante o cerco movido por D. Afonso Henriques à vila de Montemor — na época uma praça moura — a guarnição da torre comeu mosca e esqueceu de trancá-la, permitindo o acesso das tropas portuguesas e a conquista da fortificação. Em má hora (para os mouros).
Se a história é verdadeira, não se sabe, mas o nome Torre da Má Hora pegou.
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Pinturas murais na Igreja de Santiago, onde está instalado o
Centro de Interpretação do Castelo |
Um pouquinho da História do Castelo de Montemor-o-Novo
O Castelo de Montemor-o-Novo é um senhor de alentado currículo aventureiro. Muito antes de existir Portugal, o morro onde ele se assenta era ocupado por um castro (fortificação primitiva) dos primeiros habitantes da região, migrantes do Magreb e do Sahara.
Os romanos, que chegaram para inventar a Lusitânia, aproveitaram a localização estratégica para instalar um forte que defendia as estradas para Mérida, capital da província, e para a Foz do Tejo.
A origem do Castelo de Montemor-o-Novo atual é uma povoação fortificada estabelecida no local, logo após a expulsão definitiva dos mouros — a vila acabaria transferida para o sopé do morro.
Sabe-se que no Século 14 Montemor-o-Novo foi uma das recompensas dadas pela coroa portuguesa ao Condestável Nuno Álvares Pereira, comandante militar da Batalha de Aljubarrota.
Os romanos, que chegaram para inventar a Lusitânia, aproveitaram a localização estratégica para instalar um forte que defendia as estradas para Mérida, capital da província, e para a Foz do Tejo.
A origem do Castelo de Montemor-o-Novo atual é uma povoação fortificada estabelecida no local, logo após a expulsão definitiva dos mouros — a vila acabaria transferida para o sopé do morro.
Sabe-se que no Século 14 Montemor-o-Novo foi uma das recompensas dadas pela coroa portuguesa ao Condestável Nuno Álvares Pereira, comandante militar da Batalha de Aljubarrota.
Com a morte do rei D. Sebastião, em 1578, Portugal caiu sob o domínio espanhol e os castelos de fronteira com a Espanha viveram longo período de decadência, ao perderem sua função estratégica de defender o território português. Montemor-o-Novo não escapou desse descaso.
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O Paço dos Alcaides foi pouso de reis e era a estrutura mais
importante no interior do castelo |
O velho castelo voltaria a ter importância estratégica na Guerra da Restauração (1640-1668), quando Portugal, mais uma vez, lutou contra os espanhóis para assegurar sua independência.
A longa história de aventuras do Castelo de Montemor-o-Novo registrou, ainda, o assalto do exército napoleônico, em 1808 — suas muralhas resistiram às tropas comandadas por ninguém menos que Junot.
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O castelo visto da praça central da cidade de
Montemor-o-Novo |
Ainda no Século 19, a fortaleza foi usada como quartel do estado-maior das tropas liberais, na Guerra Civil Portuguesa.
Castelo de Montemor-o-Novo - dicas práticas
Montemor-o-Novo está a 100 km de Lisboa, uma viagem tranquila pela Rodovia A2 e depois pela A6.
Se você está indo de Lisboa para Évora (a 30 km), vai passar por lá.
Se você está indo de Lisboa para Évora (a 30 km), vai passar por lá.
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Antiga Praça de Touros de Montemor-o-Novo |
A visita ao Castelo de Montemor-o-Novo rende um bate e volta bacana para quem está em Évora.
Se estiver sem carro, a empresa de ônibus Rede Expressos liga Évora a Montemor-o-Novo em diversas viagens diárias, num percurso de meia hora. O bilhete ida e volta custa € 12.
Se estiver sem carro, a empresa de ônibus Rede Expressos liga Évora a Montemor-o-Novo em diversas viagens diárias, num percurso de meia hora. O bilhete ida e volta custa € 12.
Aproveite que está na cidade para dar uma olhada na Arena de Touros de Montemor, de 1882.
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