08 novembro 2010

Copacabana, princesinha do Lago Titicaca

Copacabana no Lago Titicaca na Bolívia
Copacabana funciona como "capital" do Lago Titicaca e inspirou o nome da praia mais famosa do Brasil

Hoje, nosso dia foi longo. Saímos de La Paz um pouco depois das 8 horas, rumo a Copacabana, via Estreito de Tikina. Foi a nossa rota até a deslumbrante Ilha do Sol, uma das grandes atrações da Bolívia.

O trânsito em El Alto estava mais camarada e a viagem até Tikina durou menos de três horas.

Copacabana no Lago Titicaca na Bolívia
Copacabana fica a 150 km de La Paz

Primeiro, atravessamos a aridez do Altiplano Boliviano, com a Cordilheira Real nos acompanhando na janela do ônibus.

Depois, no alto das montanhas, rodamos um bom tempo margeando o Lago Titicaca, lindo, lá em baixo, tão imenso e tão azul.

Estreito de Tikina no Lago Titicaca na Bolívia
A rota mais rápida entre La Paz e Copacabana inclui a travessia de balsa do Estreito de Tikina, no Lago Titicaca

Copacabana é uma cidade pequena (6 mil habitantes), mas muito visitada pelos bolivianos em peregrinação à Basílica da Virgem de Copacabana, uma devoção que, diz a lenda, foi iniciada por Tito Yupanqui, neto de um imperador inca.

Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca
Basílica da Virgem de Copacabana no Lago Titicaca
A Basílica da Virgem de Copacabana é um importante centro de peregrinação na Bolívia

Veja o que você vai encontrar em Copabana, porta de entrada para os encantos do Lago Titicaca:


Copacabana no Lago Titicaca


Embarcadouro no Estreito de Tikina na Bolívia
Ao chegar aos estreito de Tikina, os ônibus fazem a travessia de balsa e os passageiros seguem em barquinhos

O Estreito de Tikina é uma garganta de menos de 800 metros, na parte sul do Lago Titicaca, separando a porção de água que os bolivianos chamam de Huiñaymarca (a parte menor), do corpo principal do Titicaca, chamado por eles de Chucuito.

Motor do barco que faz a travessia do Estreito de Tikina na Bolívia
Os motores das lanchas que fazem a travessia são muito fumacentos. Prefira viajar na parte aberta da embarcação
Lanchas que fazem a travessia do Estreito de Tikina na Bolívia
As embarcações que fazem a travessia do Estreito de Tikina são bem parecidas com os "pô-pô-pôs" da Amazônia

De um lado do estreito está San Pablo, do outro, San Pedro de Tikina. Os ônibus atravessam de balsa, mas a travessia de passageiros no estreito só pode ser feita em barquinhos a motor muito parecidos com os pô-pô-pôs da Amazônia, fechados e com um tremendo cheiro de gasolina lá dentro.

A passagem nos barquinhos custa 2 Bolivianos.

Por conta da experiência amazônica, escolhi sentar na parte de trás do barco, aberta, onde se consegue respirar sem o cheiro do combustível.

Travessia do Estreito de Tikina no Lago Titicaca
O embarque no "po-po-pô", em Tikina
Travessia do Estreito de Tikina no Lago Titicaca
O interior do barco. Lá no fundão, Marusia e Fabiola

A obrigação de descer do ônibus e seguir no pô-pô-pô foi instituída há pouco mais de dez anos, depois que uma balsa virou com um ônibus cheio de estudantes. Não houve sobreviventes do acidente

Em San Pedro de Tikina, reembarcamos no ônibus, rumo a Copacabana. 

A princesinha do Lago Titicaca tem cerca de 6 mil habitantes e fica às margens de uma pequena enseada, protegida pelos morros Kesanani e Calvário, que os penitentes sobem carregando pedras — seus “pecados”.

Morros em torno de Copacabana na Bolívia
Morros em torno de Copacabana na Bolívia
É comum os penitentes subirem os morros no entorno de Copacabana para a expiação dos pecados

Copacabana, a "capital" do Lago Titicaca


Copacabana é um importante centro de peregrinação religiosa. A devoção à Virgem da Candelária talvez seja um dos raros traços de união entre bolivianos e peruanos da área do Titicaca: a rivalidade é das mais renhidas que já vi, com comentários depreciativos de parte a parte.

A área onde está a Copacabana tem vestígios de ocupação humana desde o Século 11 a.C. Foi uma importante povoação Aymara até a chegada dos Incas, no Século 12 d.C, quando foi tomada pelas tropas de Tupac Yupanqui.

Basílica de Nossa Senhora de Copacabana no Lago Titicaca
É proibido fotografar o interior da Basílica de Copacabana. Fiz este clique 15 segundos antes de saber disso
Basílica de Nossa Senhora de Copacabana no Lago Titicaca
Basílica de Nossa Senhora de Copacabana no Lago Titicaca
A lenda de Tito Yupanki e a história da chegada da imagem da Virgem de Copacabana ao Lago Titicaca está gravada nas portas da Basílica
Basílica de Nossa Senhora de Copacabana no Lago Titicaca
Euzinha posando para a posteridade em um clique de Fabiola Aleyda

A Basílica de Copacabana, do Século 16, é o grande orgulho local. Conta a lenda que a imagem da Virgem da Candelária foi esculpida pelo aymara Tito Yupanqui, neto de Tupac Yupanqui, 10º soberano inca.

Tito teria se convertido ao catolicismo e trazido o culto para as margens do Lago Titicaca.

Estátua de Tito Yupanqui na Basílica de Nossa Senhora de Copacabana na Bolívia
Estátua de Tito Yupanqui na Basílica de Nossa Senhora de Copacabana na Bolívia
Uma estátua de Tito Yupanqui no adro da Basílica de Copacabana lembra o fundador da devoção à Virgem do Lago

Os ritos Aymaras mesclam-se às cerimônias de adoração à santa católica. Um encontro de Pachamama com a Virgem Maria, sincretismo forte que também se expressa na arquitetura da Basílica, que eu recomendo que você não deixe de visitar.

O sol estava inclemente na nossa chegada a Copacabana. À beira d’água e sob um céu imensamente azul, a gente quase esquece que está a 3.800 metros acima do nível do mar e começa a pensar num mergulho.

Copacabana no Lago Titicaca na Bolívia
Copacabana no Lago Titicaca na Bolívia

Só quando tive que carregar a mochila — que sempre parece pesar mais de uma tonelada, nesta altitude — foi que lembrei onde estava.

Visitamos a Basílica de Copacabana, almoçamos e nos preparamos para a grande emoção do dia: a travessia de lancha até a Ilha do Sol. Era a parte da viagem que eu aguardava com mais ansiedade e, como eu vou contar no próximo post, superou as expectativas.

ônibus para Copacabana no Lago Titicaca

Como chegar a Copacabana


Há ônibus e micro-ônibus saindo diariamente de La Paz, a cada hora, até as 17h. A passagem custa 15 Bolivianos (US$ 2) e a viagem é feita em cerca de 4 horas. O inconveniente é o pinga-pinga pelo caminho, além da superlotação.

Nossa opção foi tomar o ônibus turístico, que sai às 8 horas, diariamente (recolhe os passageiros nos hotéis), faz o trajeto em 3h30 e custa US$ 5.

Restaurante em Copacabana na Bolívia
Almoçando no Jardin del Inca, já na volta da Ilha do Sol: Marusia, Simone, Paulo, eu e Beth Hird, em foto de Fabiola Aleyda

Onde comer em Copacabana


Na Orla do Lago Titicaca, em Copacabana, há uma infinidade de barraquinhas que servem as deliciosas trutas pescadas por ali mesmo.

Nosso almoço foi no restaurante Jardin del Inca (Av. 6 de agosto , fone 76299554), um lugar extremamente agradável e com uma comidinha realmente deliciosa.

Trutas do Lago Titicaca
Simples e deliciosa, a truta do Titicaca foi o nosso prato preferido nesta viagem, junto com a sopa de quinoa

Comi truta do Titicaca, é claro. Os preços da refeição (sopa, prato principal e refrigerante) ficam na casa dos 30 Bolivianos (pouco mais de US$ 4).

Lago Titicaca na Bolívia
Lago Titicaca na Bolívia

O mais perfeito céu azul sobre o Lago Titicaca


Travessia de Copacabana para a Ilha do Sol


No píer de Copacabana e nas diversas agências de turismo locais é possível contratar um passeio até a Ilha do Sol por cerca de 20 Bolivianos por pessoa. A travessia dura cerca de duas horas.

Na lancha, o frio é de rachar, por causa do vento, mas o visual espetacular compensa cada batidinha de queixo.

Lago Titicaca na Bolívia
Lago Titicaca na Bolívia

As lanchas que fazem a travessia entre Copacabana e a Ilha do Sol são confortáveis e seguras


Cada vez mais, os visitantes estão optando por dormir na Ilha do Sol, onde já há pousadas bem equipadas, ou mesmo na Ilha da Lua, onde é possível conseguir hospedagem nas casas dos moradores.

Foi isso que fizemos. Veja o post: Os quatro espetáculos da Ilha do Sol

Nossa travessia já estava contratada pela Stop Tours e viajamos sozinhos na lancha (eu, Simone, Marúsia, Paulo Lipp, Fabiola e uma moradora da Ilha do Sol, a quem demos carona). No caminho, paramos em Pilkokaina, uma ruína Inca bem em frente à Ilha da Lua.

Nosso ponto final foi o povoado de Yumani, de onde iniciamos a longa subida para o topo da Ilha do Sol, onde iríamos pernoitar.

Bolívia na Fragata Surprise

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