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O Altiplano Boloviano é um baita cenário de road movie. Ao fundo, a Cordilheira Real |
Música deste post: Trem das Cores, Caetano Veloso
Vasto, dourado, hipnótico: a beleza do Altiplano Boliviano seria de tirar o fôlego — caso a altitude tivesse me deixado algum.
Hoje, atravessamos cerca de 70 quilômetros deste quase-deserto majestoso, pela Ruta Nacional 3, rumo a Tiwanaku, antiga capital de um império cujos vestígios podem ser encontrados do Equador à Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
Vasto, dourado, hipnótico: a beleza do Altiplano Boliviano seria de tirar o fôlego — caso a altitude tivesse me deixado algum.
Hoje, atravessamos cerca de 70 quilômetros deste quase-deserto majestoso, pela Ruta Nacional 3, rumo a Tiwanaku, antiga capital de um império cujos vestígios podem ser encontrados do Equador à Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
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O Lago Titicaca é uma das belas paisagens do Altiplano
Boliviano |
O bônus foi a paisagem do Altiplano Boliviano, o cenário perfeito para uma road trip, com sua vastidão acompanhada, ao longe, pelos impressionantes picos nevados da Cordilheira Real.
Veja o que você vai encontrar nesse trecho muito especial da Cordilheira dos Andes:
Viagem ao Altiplano Boliviano
A Cultura Tiwanaku floresceu no Altiplano Boliviano entre o Século 3 e o Século 12. Até recentemente, era relegada à condição de mais um entre os muitos "ensaios" ao poderio Inca.Pesquisas realizadas nas duas últimas décadas, porém, têm sido decisivas para desvendar a verdadeira importância dessa civilização, a grande senhora do Altiplano Boliviano, 1.000 anos antes dos Incas.
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A caminho de El Alto, meu companheiro de viagem foi o Apu Illimani,
vulcão extinto e ponto culminante da Cordilheira Real |
Eu estava ansiosa para ver Tiwanaku. Junto com o Lago Titicaca, as ruínas eram o meu principal foco de interesse nesta visita aos Andes — até porque eu já havia estado em Cusco e Machu Picchu duas vezes. A jornada até a velha capital do Altiplano Boliviano superou minhas expectativas.
De La Paz a Tiwanaku
O micro-ônibus da Stop Tours nos apanhou no hotel, por volta das 8h30. Entre os passageiros, gente do mundo inteiro, todos na linha “mochileiros com um pouquinho mais de grana”.
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A caminho de Tiwanaku, atravessamos em El Alto, cidade a 4
mil metros de altitude e com trânsito caótico |
Pessoas interessantes: a jovem chilena moradora de Perúgia, Itália, e sua amiga de Siena. Patrick, o americano que estava encerrando uma temporada de 14 meses em Porto Alegre, o casal alemão, já na casa dos 60, o grupo de franceses cinquentões.
Todo mundo tentava falar espanhol, para “uniformizar” a comunicação, mas o dialeto do ônibus era mesmo uma mistura hilária de idiomas. Às vezes, quatro na mesma frase.
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El Alto tem 1 milhão de habitantes. É lá que fica o aeroporto internacional que serve a La Paz |
A travessia de El Alto
Já na saída de La Paz, o deslumbramento: a subida serpenteante até El Alto, contornando toda a borda da “panela” em cujo fundo se assenta a capital boliviana — na verdade, “a capital boliviana” é Sucre, La Paz é apenas a sede do Executivo, mas não deixe os paceños saberem que você sabe disso 😉.
É impossível ver La Paz, assim, do alto, e não ficar perdidamente apaixonada pela cidade, tingida de dourado pelo sol do Altiplano.
É impossível ver La Paz, assim, do alto, e não ficar perdidamente apaixonada pela cidade, tingida de dourado pelo sol do Altiplano.
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Domingo, dia de feira, todo mundo na rua |
No pedágio, o motor do nosso micro-ônibus morreu e ele teve que ser empurrado pela multidão de pedestres, gente que fica fazendo não sei o quê em torno das cabines de cobrança. O motorista segurou a flâmula da Virgem de Copacabana pendurada no retrovisor e o motor voltou a roncar.
E foi aí que começou a odisseia: a travessia de El Alto. A 4.000 metros de altitude, a cidade de 1,2 milhão de habitantes brotou de uma favela e agigantou-se em apenas 25 anos de existência.
E foi aí que começou a odisseia: a travessia de El Alto. A 4.000 metros de altitude, a cidade de 1,2 milhão de habitantes brotou de uma favela e agigantou-se em apenas 25 anos de existência.
O trânsito em El Alto é inacreditável, especialmente porque é domingo, dia de feira, e a infinidade de carros, digna da Marginal Pinheiros na hora do rush, não consegue atravessar a massa compacta de gente que caminha pelo meio da avenida, sem a menor cerimônia.
É por causa dos engarrafamentos em El Alto que as estimativas mais otimistas sempre calculam duas horas e meia para o trajeto de 70 quilômetros entre La Paz e Tiwanaku.
El Alto é muito pobre, marcada pelas construções desordenadas. As casas têm sempre a mesma aparência inacabada — na verdade, jamais são consideradas concluídas por seus moradores, eternamente batendo lajes e fazendo puxadinhos para filhos crescidos e até netos. Uma tradição local, explicam-me os bolivianos.
É por causa dos engarrafamentos em El Alto que as estimativas mais otimistas sempre calculam duas horas e meia para o trajeto de 70 quilômetros entre La Paz e Tiwanaku.
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Me apaixonei pela paisagem do Altiplano |
Os patrocinadores dos templos deixaram sua assinatura, uma esquisitice na paisagem do Altiplano: os campanários em forma de cebola, típicos do Sul da Alemanha — alguém avisou que eles estão na cordilheira errada?
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A 70 km de La paz (e 11 km antes de Tiawanaku), o Mirador
Lloco Lloco é um ponto de parada das excursões para os turistas contemplarem a
vastidão do Altiplano e a Cordilheira Real |
Mas é em El Alto que começa o espetáculo: vamos viajar com vista premium para a Cordilheira Real. Os picos nevados nos acompanham, lá longe, no horizonte, do lado direito do ônibus, destacando-se na paisagem plana e árida.
A crença nos Apus
A estrada passa por Laja, primeira capital da Bolívia, abandonada após um motim de colonos contra a Coroa Espanhola, no Século 16. A região também é pontilhada por assentamentos agrícolas, com suas casinhas de adobito e plantações mais filhas da teimosia que da razão.
A paradinha estratégica no Mirador Lloco Lloco, a 4.028 metros de altitude, é de rasgar a roupa: um camarote diante do Illampu, do Wayna Potosi e do Illimani, perfilados, em seus postos de destaque na Cordilheira Real.
Olhando para a majestade desses nevados, é perfeitamente possível entender e quase partilhar a crença nos Apus (os espíritos ancestrais encarnados nas montanhas). Tanta beleza e grandiosidade devem mesmo emanar de divindades.
A Bolívia na Fragata Surprise
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