Dicas práticas de Dublin, uma cidade adorável

O Rio Liffey corta o centro de Dublin e, por séculos, foi a principal via de acesso à cidade. Na foto, a ponte de pedestres Ha'penny, na altura de Temple Bar

Eu esperava gostar muito de Dublin. Não imaginava, porém, que fosse gostar tanto. A capital irlandesa pode até não ter aquela beleza sísmica, de fazer trepidar o coração da gente. Mas como é simpática, acolhedora e animada.

Gostei do astral, da deslumbrante arquitetura georgiana de Dublin, das atrações históricas (seria capaz de morar na biblioteca do Trinity College) e, principalmente, gostei das pessoas.

Dos patinhos do Rio Liffey às famosas portas coloridas georgianas, Dublin está cheia de cenas instagramáveis

Neste post eu organizei todas as dicas práticas de Dublin: como chegar, onde ficar, como circular e outras informações pra você também planejar sua viagem à nova queridinha da Fragata.

Também fiz uma avaliação de meu voo com a AerLingus, a empresa área irlandesa que me transportou de Dublin a Paris.

Veja as informações que eu trouxe da adorável Dublin:

Vai ser raro ver um céu sem nuvens em Dublin, mas quem se importa? Na foto, a Ponte O’Connell sobre o Rio Liffey

Dicas práticas de Dublin

Começo com um aviso: Dublin e os dublinenses vão conquistar seu coração. Nem a feroz crise econômica enfrentada pela Irlanda — aquela que começou em 2008 — consegue deixar sisudos os calorosos moradores da cidade.

Os irlandeses são os europeus que não têm medo do contato visual. Eles olham diretamente nos olhos e, depois que o visitante afina o ouvido no diapasão do sotaque local, a conversa flui como se a gente fosse de casa.

A cena é tão fofa que aposto que você nem vai reparar na placa bilíngue (em gaélico e inglês) e no mapa da área ao fundo 😁. Dublin é muito bem sinalizada e achei facílimo transitar pela cidade

De sombrio, mesmo, só o tempo em Dublin: como chove naquela terra! Desconfio que o clima seja o grande responsável pela lotação dos pubs, nessa cidade onde não é feio beber de manhã 😉

Como chegar a Dublin

Nós chegamos a Dublin de avião, em um voo Ryanair, vindos de Liverpool (voo de 50 minutos, siga o link para os detalhes). Saímos da Irlanda também de avião, com a companhia irlandesa Aerlingus, direto para Paris.

Dublin está conectada com as principais capitais europeias, mas não recebe voos diretos do Brasil.

Mobilização de trabalhadores, apoio à causa palestina e manifestação feminista: a história fez de Dublin uma cidade muito aguerrida

Como é a Imigração na Irlanda

A Irlanda não integra o tratado de Schengen, é preciso passar pela Imigração na chegada, mesmo que o passageiro esteja vindo de outro país da União Europeia.

Portanto, ao desembarcar em Dublin tenha com você os documentos que costumam ser pedidos nessas situações (passagem de retorno, seguro saúde e reserva de hotel, por exemplo).

St. Stephen's Green é um belo parque público bem no coração de Dublin

Na nossa chegada a Dublin, o oficial da Imigração só perguntou o propósito da viagem e quantos dias íamos ficar na Irlanda.

Na hora de ir embora, porém, tive um pequeno estresse com a atendente da Aerlingus, que exigiu ver o meu bilhete Paris-Brasília para emitir o cartão de embarque para a capital francesa.

O Centro de Dublin preserva um belo conjunto de edifícios históricos

Já tinha ouvido falar que alguns procedimentos de imigração estão sendo terceirizados para as companhias aéreas, mas fui pouco precavida e deixei a cópia da passagem na mala.

Por sorte, a moça aceitou o e-mail com o bilhete, que eu mostrei pra ela no smartphone (por sorte, também, o Aeroporto de Dublin tem WiFi gratuito e rapidíssimo).

Visita gratuita e muito bonita: a Christ Church, do Século 11, é a catedral da Igreja da Irlanda (a denominação anglicana no país)

Como é voar com a Aerlingus

A companhia irlandesa Aerlingus está classificada entre as aéreas low cost e, realmente, tem preços bem camaradas.

Paguei cerca de R$ 250 pelo bilhete Dublin-Paris pela Aerlingus, com direito a despachar uma mala com até 20 kg, mais a bagagem de mão.

Fora esse limite (inferior aos 32 kg que a gente estava acostumada a despachar livremente, em viagens internacionais) e da ausência de lanchinho a bordo, não percebi diferença significativa entre a Aerlingus e as companhias convencionais.

O voo de Dublin a Paris durou 2h40min. A decolagem foi bem pontual.

Como ir do aeroporto ao Centro de Dublin

Ah, se todas as cidades do mundo oferecessem a mesma facilidade que a gente encontra em Dublin para ir do aeroporto até o hotel e vice-versa...

Aircoach: ônibus confortável e com WiFi gratuito liga o aeroporto ao Centro de Dublin

No desembarque, bastou uma consulta rápida ao balcão de informações do Aeroporto de Dublin e seguimos para o ponto do Aircoach, que oferece ônibus confortáveis e baratos para diversos pontos da cidade, com WiFi gratuito a bordo.

A tarifa varia de acordo com a rota. Para o Centro de Dublin, o bilhete single custa €7 — vale a pena comprar logo o tíquete ida e volta, que custa € 10. A passagem é paga diretamente ao motorista.

Cheio de edifícios históricos e belíssimos jardins, o campus da Trinity College é um passeio bem popular entre os turistas que visitam Dublin. Ela é a Universidade mais conceituada da Irlanda, fundada no Século 16

Das 3:25h às 23:55h, as partidas dos ônibus, nos dois sentidos, são a cada 15 minutos. Das 23:55h às 3:25h, o serviço passa de meia em meia hora.

As paradas do Aircoach são próximas aos pontos de ônibus convencionais, mas certifique-se de estar bem perto da plaquinha deles, ao fazer sinal para o motorista parar — eu estava no ponto convencional e o cara me ignorou solenemente, e olha que a distância era de uns cinco metros....

O serviço também liga o Aeroporto de Dublin a Belfast, na Irlanda do Norte, e a Cork, no Sul da Irlanda. Para ver todos os horários e rotas, consulte o site da Aircoach, onde também é possível fazer reservas.

Em Dublin, €120 pagam a diária de um apartamento duplo na antiga residência de um visconde, como o Radisson Blu St. Helen's Hotel

Hospedagem em Dublin

Nós aproveitamos uma ótima promoção da rede de hotéis Radisson (para quem fizesse reserva para mais de três noites) e ficamos num hotelaço, o Radisson Blu Saint Helen's, cinco estrelas instalado na antiga casa senhorial do Visconde de Gough.

Fiz um post bem detalhadinho sobre esse hotel (siga o link acima para ver), que fica em uma área super residencial, ao Sul de Dublin.

O jardim do casarão georgiano parece saído de um romance do Século 18

Nosso quarto e a vista para o jardim na entrada do hotel

Pagamos cerca de €120 por diária, no apartamento duplo, e valeu muito a pena, porque o lugar é lindo e o quarto era uma delícia.

Apesar de o hotel ser afastado do Centro, era bem fácil chegar às atrações de Dublin, pois tem ônibus literalmente na porta.

Em 20 minutos, a gente já estava no Trinity College ou em Temple Bar. O Aircoach, para o Aeroporto, também tem uma parada em frente.

A Stillorgan Road, onde ficava nossa hospedagem, está a 20 minutos do Centro de Dublin e é super bem servida de transporte público

O que achei mais complicado, na vizinhança do hotel, foi a escassa oferta de restaurantes, mas isso acabou não sendo um problema, porque os restaurantes do Radisson Blu Saint Helen's eram excelentes e com preços surpreendentemente razoáveis.

Fica a dica pra quando você for. A promoção que aproveitamos estava disponível no site do Tripadvisor. O Radisson Blu Saint Helen's fica na Stillorgan Road, no subúrbio de Blackrock.

A cidade vista e postada do busão: a famosa estátua de Molly Malone, em Suffolk Street, foi clicada do segundo andar de um coletivo e já seguiu direto pra meu Instagram com o WiFi de bordo. Molly é personagem de uma tradicional canção irlandesa e é uma espécie de símbolo informal da cidade

Nos ônibus de Dublin é assim: todo mundo conectado no WiFi grátis oferecido a bordo transporte público

Nos pontos de ônibus sempre há informações sobre horários e itinerários das linhas. E se você ficou curiosa sobre o adesivo, "Nem rei, nem Kaiser" era um slogan dos republicanos irlandeses lutando pela independência do país, na época da I Guerra. James Connolly, retratado no adesivo, foi um dos líderes do Levante de Páscoa de 1916 executado pelos ingleses

Transporte em Dublin

Eu poderia ficar hoooras falando bem do sistema de transporte de Dublin. Para resumir, vou apenas dizer que ele é exatamente tudo o que eu sonho para a minha cidade. 

Os ônibus são pontualíssimos. Nas paradas, há informações de cada linha que faz ponto ali e os horários certinhos de cada frequência. Geralmente, há um painel eletrônico bilíngue (em inglês e gaélico), informando o tempo de espera pelo próximo carro. Mesmo quando não há esse painel, há plaquinhas indicativas dos horários e itinerários.

A paisagem do busão em Dublin

Fiquei surpresa de ouvir de vários moradores da cidade queixas amargas sobre o transporte público em Dublin. Talvez eu tenha dado sorte, ficando hospedada em uma área nobre bem servida pelos ônibus. Mas a minha experiência foi excelente (sou pedestre há alguns anos, me viro no dia a dia com o transporte público e fiquei com inveja dos dublinenses).

➡️ Ao entrar no ônibus, é preciso informar ao condutor para onde você está indo, pois o preço da passagem depende da distância (da quantidade de zonas que você vai percorrer).

Os painéis nas paradas de ônibus informam os horários da chegada dos ônibus — esta tela está em gaélico, mas não se assuste, porque os bichinhos também falam inglês

➡️ É imprescindível ter moedas, pois não são aceitas notas em papel. Na primeira vez que pegamos o ônibus em Dublin, tivemos que descer e voltar ao hotel para trocar dinheiro, porque não sabíamos dessa pegadinha.

➡️ Assegure-se de ter o valor certinho da passagem do ônibus, porque o sistema não dá troco. 

➡️ Funciona assim: você informa para onde vai, o motorista diz o preço da passagem, você coloca as moedinhas numa caixa automática e recebe um recibo impresso, que precisará manter até o final da viagem.

Cena dublinense: na hora do almoço, os pontos de ônibus ficam lotados de estudantes com seus uniformes retrôs

E, acredite, há fiscalização, sim! Portanto, não arrisque informar um trajeto mais curto para economizar no valor do bilhete.

➡️ A passagem mais barata, para um adulto, custa €1,95 (para percorrer de 1 a 3 zonas). Nosso bilhete do Saint Helen's até o Centro custava  €2,80. Não é barato, mas o conforto, a pontualidade e a praticidade valeram cada centavo. 

Nosso gasto era de €5,60 por dia com o ônibus (ida e volta, por pessoa), já que, uma vez no Centro, dava para fazer todos os deslocamentos a pé.

Os deslocamentos a pé em Dublin também são bem fáceis, porque a cidade é muito bem sinalizada. Nem lembro de ter usado o Google Maps

➡️Para quem vai ficar mais tempo e pretende usar muito o ônibus, pode valer a pena comprar o Tourist Ticket, válido para 72 horas de viagens ilimitadas em todo o sistema de transporte local, inclusive no Dublin Bus Tour (hop on hop off).  A tarifa para um adulto é de € 30.

➡️ A cidade também oferece passes diferenciados para estudantes e para crianças. Confira todas as informações no site da Dublin Bus, que também oferece um planejador de rotas, um calculador de tarifas e todos os horários certinhos de cada linha.

O transporte público também facilitou passeios nos arredores de Dublin. Fomos de ônibus comum visitar Dun Laoghaire, cidade à beira mar a 15 km da capital

➡️ Mas a melhor parte eu não contei ainda (só nas legendas das fotos 😁): os ônibus de Dublin são novinhos, confortáveis e têm WiFi gratuito e de excelente qualidade a bordo.

➡️ Os ônibus de Dublin têm dois andares e é uma delícia circular pela cidade lá do alto, com uma visão privilegiada. Eu me diverti um monte fotografando Dublin durante os deslocamentos e postando as imagens no Instagram, em tempo real.

A rede pública e gratuita de internet em Dublin funciona bem. As placas das WiFi zones homenageiam figurinhas carimbadas como o turista (no alto) e o músico de rua

Internet em Dublin

Fiquei seis dias em Dublin e não senti a menor necessidade de comprar um chip local para usar a internet.

Além da conexão veloz oferecida nos ônibus, é bem difícil encontrar um pub, lanchonete ou restaurante da cidade que não ofereça WiFi gratuito aos clientes. E a cidade ainda tem várias WiFi Zones espalhadas pelo Centro. Procure as plaquinhas (que são fofas!). 

➡️ Quando a gente não estava a bordo de um ônibus, em um pub ou em uma WiFi Zone, o truque era ficar na parada de ônibus, aproveitando o sinal de internet dos coletivos que paravam para deixar e recolher passageiros.

Esta é uma ilustre dublinense, a diva Imelda Quirke de The Commitments, ambientado na cidade — taí um filme que, se você ainda não viu, merece um puxão de orelhas 

➡️ No dia que usamos um táxi, aproveitamos o congestionamento decorrente de um temporal para atualizar as redes com o sinal que vinha do ônibus que estava engarrafado ao lado do carro 😊. Acredite: funciona!

Nem preciso dizer o quanto isso facilita a vida, especialmente na hora de consultar o Google Maps para saber como chegar a algum lugar, checar o horário de abertura de alguma atração e usar aplicativos como o Yelp e o Foursquare para escolher um lugar para comer. Fora que eu estou cada dia mais fã de alimentar as redes sociais da Fragata em tempo real, durante as viagens 😊.

Segurança em Dublin

Nos seis dias que passei em Dublin, sempre me senti perfeitamente segura, mesmo à noite, no transporte público ou caminhando em áreas movimentadas do Centro.

Embora eu não estivesse viajando sozinha — meu sobrinho Bruno, de 19 anos, estava comigo — não percebi nenhuma vibe esquisita que pudesse representar ameaça para uma viajante solo.

Nos lugares mais turísticos de Dublin e nas aglomerações, fique esperta com os batedores de carteira, como alerta o cartaz dentro da Catedral protestante

Pelas estatísticas e notícias de jornal, Dublin parece ser tão segura quanto qualquer grande cidade europeia, onde é sempre necessário tomar os cuidados básicos (não caminhar por áreas desertas, prestar atenção à carteira, essas coisas...).

Nos lugares turísticos, você vai encontrar a clássica plaquinha pedindo cuidado com seus pertences. Obedeça, especialmente nas aglomerações. E nada de pendurar a bolsa no encosto da cadeira do pub, tá?

Explorei bastante todo o Centro de Dublin e sempre me senti perfeitamente segura nas ruas e no transporte público

Bebe-se muito na cidade, mas isso não significa que nós, visitantes, precisemos entrar na competição — vivo repetindo: em lugares que a gente não domina, melhor manter o teor alcoólico perto de zero.

Mas mesmo com a fama de farristas dos irlandeses, não vi nada próximo do clichê bebedeira e desordem.

Prepare-se para tomar chuva todos os dias em Dublin

O clima em Dublin

☂️ Chove a cântaros em Dublin e as temperaturas de verão são beeeeem modestas. Chegamos a pegar 12 graus, em pleno agosto. (Se você considerar que peguei 17º C na Andaluzia, no último inverno europeu... )

Para não atrapalhar sua descoberta dessa cidade adorável, recomendo fortemente que você se prepare psicologicamente para essa realidade.

Sim, haverá um eventual céu azul, mas esta não é a regra. O prazer de andar na rua será subitamente interrompido por um aguaceiro, quando não for totalmente inviabilizado por uma garoinha pentelha que dura horas. E você vai sentir frio.

Dublin é a prova de que céus menos risonhos também podem ser adoráveis — como nessa cidade absolutamente encantadora 💚💚

Até porque choveu todos os dias, mas nunca choveu o dia todo 😊

Dublin, porém, compensa cada pingo de chuva que molhar a lente da sua máquina fotográfica, cada poça d'água que encharcar as suas meias e cada tiritada decorrente do vento úmido que sobe do Rio Liffey.

Agasalhe-se corretamente, compre um guarda chuva e aproveite o toró para inteirar-se das artes de frequentar um pub. Garanto que você vai se apaixonar perdidamente por essa cidade. Continue ligado na Fragata, porque nos próximos posts eu vou contar direitinho todos motivos 💚.

Todas as dicas de Dublin

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