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O Museu do Ouro de Bogotá é uma vertigem de beleza e um
mergulho profundo na história do nosso continente |
O acervo do Museu do Ouro de Bogotá é um escândalo, a organização da exposição é super inteligente e didática e o edifício onde ele está instalado é um primor de arquitetura. Resultado: terminei a visita completamente encantada.
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Adorno peitoral em ouro da cultura Tolima — com uma certa
carinha de space invaders |
O que ver no Museu do Ouro de Bogotá
Uma coisa que chama a atenção no Museu do Ouro de Bogotá é que há uma preocupação não apinhar suas generosas dimensões (a construção tem 13 mil metros, no total) com objetos.
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Adornos peitorais: no alto, uma peça feminina da Cultura Zenú. Acima, peça masculina da Cultura Calima |
É uma concepção museológica acertadíssima, porque mantém o encantamento do visitante nas alturas, ao longo de todo o percurso pelas salas de exposição.
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Máscaras funerárias da cultura Calima |
A mostra do Museu do Ouro de Bogotá se divide em quatro “capítulos”, cada um com sua sala.
É recomendável fazer a visita seguindo a ordem sugerida pelo museu, mas você pode inventar seu próprio percurso. As salas de exposição estão numeradas de 1 a 4.
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Taça usada em rituais da Cultura Zenú |
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Essas figuras femininas em cerâmica eram usadas em rituais
de fertilidade da Cultura Calima, quando eram "emprenhadas" com peças
de quartzo |
A exposição na Sala 1 nos ajuda a ver a evolução de um saber e de técnicas inicialmente voltados para a confecção de peças estritamente funcionais e que vão desabrochando na produção de objetos plenos de conteúdos simbólicos.
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Os caciques muitas vezes eram representados por figuras
antropomorfas, como nessas esculturas em cerâmica da cultura Quimbayá |


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Rolos de cerâmica da Cultura Tumaco usados para pintura
corporal |
Nesse caminho, o visitante pode perceber a grande diversidade de culturas que floresceram nas várias paisagens colombianas, do Pacífico aos Andes e daí à Amazônia e ao Caribe. É um encontro com os povos ancestrais que moldaram a Colômbia de hoje.
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Sapos, figuras aladas, lagartixas, jaguares... |
Lá estão devidamente representadas por sua arte as culturas Nariño (Altiplano), Tumaco (Costa do Pacífico), Calima e Quimbayá (Vale do Cauca), San Agustín, Tierradentro e Tolima (região do Rio Magdalena), Zenú (Caribe), Tayrona (Sierra Nevada de Santa Marta), Urabá e Chocó (região de Antioquia, onde está Medellín, próxima ao istmo do Panamá) e Muísca (Cordilheira Oriental, os antepassados dos bogotanos).
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Os adornos em ouro atestavam o podem dos caciques |
Os motivos das peças expostas no Museu do Ouro de Bogotá variam de acordo com as culturas que as forjaram.
Algumas civilizações tinham predileção pelas figuras antropomórficas (onde se misturam a forma humana e de animais), outras davam ênfase às representações de pássaros e outras figuras aladas, outras eram fãs de sapos, salamandras e lagartos...
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Adornos de cabeça da cultura Calima |
Em geral, as peças expostas — em ouro, cerâmica, tecidos e outros materiais — têm função cerimonial, seja em rituais de afirmação de poder dos governantes (a função "de Estado") ou são utensílios para a prática religiosa.
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Adornos peitorais Tolima |
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Peitorais Tairona (esq) e Quimbayá |
Oferendas, utensílios rituais e talismãs expressam a convicção de que o ouro, dádiva da terra que repete a luz do sol, essencial à vida, precisa retornar à terra e aos deuses na forma de prenda preciosa.
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A impactante Sala da Oferenda |
Quando a porta se fecha, ficamos na mais completa escuridão, escutando o canto dos xamãs.
Aos poucos, as luzes começam a piscar e vão nos revelando que estamos cercados de objetos preciosos confeccionados para agradar às divindades, em torno de uma “fogueira”, na recriação de um ritual muito antigo.
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Escultura em cerâmica da cultura Muísca e ídolo de pedra da
cultura Zenú |
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Objetos encontrados em uma câmara funerária |
Cerâmicas, tecidos e esculturas em pedra completam o mergulho absolutamente fascinante no universo das civilizações pré-hispânicas da Colômbia.
Aliás, a peça que mais me cativou em toda a exposição foi um “Pensador” (o apelido é coisa minha, tá?) em terracota, da cultura Tumaco, impressionante pela força de sua expressão facial.
O Museu do Ouro é uma festa para a alma.
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As sombras do corpo humano projetadas nas vitrines
"contextualizam" os adornos em exibição, dispensando o uso manequins |
Como chegar ao Museu do Ouro de Bogotá
A Linha J do Transmilenio tem uma parada (Museo del Oro) a cerca de 150 metros, na Calle 13, entre as carreras 6ª e 7ª.
Ao chegar à (lindíssima) Igreja de São Francisco, é só atravessar a praça em frente (o Parque Santander, sempre cheio de skatistas), que você terá chegado ao museu.
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O Parque Santander e seus skatistas, com a Igreja de São
Francisco ao fundo. Abaixo, a arquitetura "clean e objetiva" do
Museu do Ouro |

➡️ Preço: o ingresso custa 3.000 COP (R$ 3,60, ao câmbio de hoje) e é gratuito aos domingos. Para menores de 12 e maiores de 60 anos a visita é gratuita sempre.
Como organizar a visita ao Museu do Ouro de Bogotá
Reserve um mínimo de duas horas para ver o museu com calma. Como você pode notar por este post, é permitidíssimo fotografar o acervo, desde que você não use flash nem tripé.
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O "Pensador" e peças da cultura Nariño |
Essas visitas guiadas são realizadas em inglês ou em espanhol, nos seguintes horários: de terça a sexta, às 11h, 15h (só espanhol) e 16h. Aos sábados tem mais uma saída, às 10h (apenas em espanhol).
Você também pode alugar um audioguia e percorrer a exposição no seu ritmo. Custa COP 6.000 (R$ 7,20).
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