06 julho 2025

Música no Velho Espanha em Salvador

Apresentação de jazz no bar Velho ESpanha em Salvador
Quinta Brasileira, a adorável roda de Jazz do Velho Espanha

Que Salvador é plena de boa música, tá todo mundo careca de saber (tem música ruim, também, mas viva a diversidade). Este post, porém é pra recomendar um programão: as sessões de música no Velho Espanha, um bar danadinho de bacana lá nos Barris.

Fui conferir a mais recente edição da Quinta Brasileira que o bar promove e atesto: ouvir música no Velho Espanha é um enorme prazer — um não, muitos, porque a programação é variada.

Veja as dicas pra aproveitar essa super boa pedida em Salvador:

Música no Velho Espanha

Um bar com história

O Velho Espanha é a reencarnação repaginada de um bar/armazém que reuniu algumas gerações de boêmios na Rua General Labatut, nos Barris, bem em frente à Biblioteca Central — e ao cinema da biblioteca, que formou pencas de cinéfilos em Salvador, eu incluída.

Bar Velho Espanha em Salvador
Meu cosmopolitan fez questão de uma selfie com o cartaz de Deus e o Diabo na Terra do Sol

(Não é à toa que o Bar de Espanha tinha como frequentador-símbolo meu querido e saudoso professor de cinema, André Setaro, um cara que mudou o jeito de muita gente pensar e fruir a Sétima Arte).

Aberto em 1918 sob o nome de Armazém Sol Nascente, o lugar era a clássica venda de bairro, que comercializava do sabão aos gêneros a granel e onde os moradores paravam pra uma cachacinha, uma cerveja e um tira-gosto.

Como Salvador adora um apelido — tipo Baixa dos Sapateiros para a Rua J.J. Seabra e Campo Grande pra a Praça Dois de Julho — é lógico que o lugar virou Armazém do Espanha e depois Bar do Espanha, alusão à nacionalidade do dono da casa (outra coisa que você precisa saber sobre Salvador é que os mercadinhos tradicionais, botequins e padarias geralmente tinham como fundadores e proprietários integrantes da imensa colônia espanhola, mais especificamente galega, que há em Salvador). 

Bairro dos Barris em Salvador

Tem gente o suficiente pra todo mundo se sentir em grupo, mas sem muvuca frenética

Dizem que o Bar do Espanha foi frequentado até por Glauber Rocha. Hoje, o cartaz de Deus e o Diabo na Terra do Sol faz parte da engajadíssima decoração do Velho Espanha.

Quando o dono espanhol quis se aposentar, um grupo de frequentadores se organizou, comprou o bar e, em 2017, abriu o Velho Espanha, preservando o astral da casa original e com o compromisso de manter uma programação cultural interessante e inteligente.

Quinta Brasileira

Quinta Brasileira é uma roda de Jazz. Sabe aquela roda de samba de boteco, com os músicos sentadinhos e tocando com sincera alegria?

Pois então, é isso que você vai encontrar na Quinta Brasileira, só que a batida é jazzística.

Quinta Brasileira no Velho Espanha em Salvador
Só tem músico bom nesta foto

O projeto reúne Ivan Huol na bateria, Tarcísio Santos na guitarra — também criador e diretor das Quintas Brasileiras—, Giroux Wanziler no baixo, Caio Ferreira no piano e Angela Velloso nos vocais.

Todos excelentes, mas pelamordedeus, que cantora é Angela Velloso, gente. Uma voz de clarineta que não tem vergonha de ser rascante na hora certa. Anotem o nome dela — que ainda é bem novinha — eporque cês ainda vão muito falar da cantora.

E é claro que o projeto tinha que ter Ivan Huol no meio. O cara é uma agitador cultural necessário e incansável, força motriz da Jam no Mam, do MicroTrio e um monte de outras coisas legais que rolam na cena musical de Salvador — sem contar que é um grande baterista.

O segredo da Quinta Brasileira é chegar cedo pra encontrar uma mesa de pista. As apresentações começam às 20h e acabam lá pelas 22h, pra deixar a vizinhança dormir.

Bar Velho Espanha em Salvador
Quem chega cedo encontra mesa com tranquilidade

Além da música, preciso enfatizar como é gostoso o clima em torno do Velho Espanha.

A esquina da Rua General Labatut com a Travessa dos Barris tem mais um bar funcionando, tem mesas na rua e um jeitão despojado — desgurmetizado — que dá gosto.

Tem gente na rua, que é pra todo mundo se sentir acompanhado, mas nada de muvuca, aglomeração ou aquela euforia maníaca que azeda uma farra. A galera vai mais com o ouvido pra a música e pra a conversa do que com o celular pra o Instagram — não é à toa que fiz tão poucas fotos, entretida com o prazer de estar lá.

Comer no Velho Espanha

Se seu ouvido vai gostar muito da música no Velho Espanha, o estômago também vai passar bem.

Com preços surpreendentemente acessíveis, numa Salvador que anda adotando a libra esterlina em bares e restaurantes, prepare-se pra se deliciar com o com o famoso fumeiro com purê de banana da casa, com o bolinho de feijoada e o pastel de carne seca.

No capítulo sanduíches, ataquei o de pernil (com molho barbecue e cebola caramelizada), mas o carro-chefe da casa é o sanduba Buraco Quente — pão sem miolo, recheado com carne moída e queijo.

Estou louca pra ir ao Velho Espanha em um sábado provar o sarapatel que eles anunciam no Instagram.

No capítulo líquido, o pessoal da cerveja destaca que elas estão sempre muito bem geladas. Eu,  que sou do destilado, amei a variedade de opções, desde a nacionalíssima caipirinha a drinques mais metidos. O cosmopolitan da casa, minha pedida da noite, estava excelente.

Bar Velho Espanha
Rua General Labatut nº 38, Barris

Confira a programação no Instagram: @velhoespanha

Horário: de domingo a quinta, das 11h à 1h da manhã. Sexta e sábado, das 11h às 2h.

Couvert artístico da Quinta Brasileira: R$ 20


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