Atualizado em agosto de 2024
Há muitas formas de um povo contar sua história. Para isso estão os bardos, as estátuas em praça pública e os estandartes capturados em batalhas e exibidos em museus.
Portugal tem um grande bardo — os decassílabos de os Lusíadas encadeiam aventuras tão eletrizantes que empalidecem os mais feéricos efeitos especiais do cinema —, estátuas e estandartes.
Portugal tem um grande bardo — os decassílabos de os Lusíadas encadeiam aventuras tão eletrizantes que empalidecem os mais feéricos efeitos especiais do cinema —, estátuas e estandartes.
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Claustro principal do Mosteiro dos Jerónimos, esse bardo
bonito de dar taquicardia |
Um exemplo é o Mosteiro dos Jerónimos, um primoroso rendilhado de calcário, plantado nas cercanias de um velho embarcadouro. Foi do Restelo, hoje Belém, que as naus portuguesas se lançaram ao Tejo e ao Atlântico para construir a grande potência europeia do Século 16.
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A riqueza dos entalhes no claustro principal do Mosteiro dos
Jerónimos é simplesmente arrebatadora |
Um edifício encantador e grandiloquente (combinação rara), à altura da grandeza do enredo que lhe coube como cronista.
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Era comum haver uma fonte nos claustros dos mosteiros, para que os religiosos se lavassem antes das preces e das refeições. No Mosteiro dos Jerónimos essa função cabia à Fonte dos Leões |
Nesta viagem mais recente, porém, decidi “ler” a história de Portugal em ordem cronológica.
Comecei pelo Mosteiro de Alcobaça, testemunha do “primeiro capítulo” da história lusitana, profundamente ligado à fundação do Reino Português (Século 12).
Só então, de volta a Lisboa, fui “assistir” ao terceiro capítulo, o apogeu do Império Português, narrado pelo Mosteiro dos Jerónimos.
Veja como foi esse reencontro:
A construção do Mosteiro dos Jerónimos foi iniciada dois anos após a chegada da esquadra de Cabral ao Brasil. A obra foi paga pela Coroa de Portugal com a riqueza do comércio com as Índias.
Os elementos decorativos usados no mosteiro prestam um tributo a essas aventuras e terras além-mar.
Veja como foi esse reencontro:
Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa
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Vitrais da Igreja de Santa Maria, no Mosteiro dos Jerónimos |
Desde a primeira visita, sou absolutamente encantada pelo Mosteiro dos Jerónimos. Essa nova "leitura", porém, ganhou um sabor mais intenso.
O percurso histórico pelos outros mosteiros me permitiu contextualizar melhor o enredo contado pelo bardo de pedra e cal das navegações.
Precisar não precisa — basta ter olhos e um pouquinho de sensibilidade para cair de amores pelo Mosteiro dos Jerónimos, verdadeiro compêndio de arquitetura manuelina, um balé de colunas retorcidas e torres que parecem saídas de um castelinho de areia. Mas vê-lo como o ápice de uma epopeia é uma experiência poderosa.
O percurso histórico pelos outros mosteiros me permitiu contextualizar melhor o enredo contado pelo bardo de pedra e cal das navegações.
Precisar não precisa — basta ter olhos e um pouquinho de sensibilidade para cair de amores pelo Mosteiro dos Jerónimos, verdadeiro compêndio de arquitetura manuelina, um balé de colunas retorcidas e torres que parecem saídas de um castelinho de areia. Mas vê-lo como o ápice de uma epopeia é uma experiência poderosa.
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No Portal Sul destaca-se a imagem de Santa Maria de Belém, padroeira do mosteiro. Entre as duas portas está a estátua do Infante D. Henrique, considerado o mentor das navegações portuguesas |
A construção do Mosteiro dos Jerónimos foi iniciada dois anos após a chegada da esquadra de Cabral ao Brasil. A obra foi paga pela Coroa de Portugal com a riqueza do comércio com as Índias.
Os elementos decorativos usados no mosteiro prestam um tributo a essas aventuras e terras além-mar.
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O túmulo de Camões — o outro bardo das navegações —, está sempre
sitiado pelos visitantes. No alto, o altar-mor da belíssima Igreja de Santa
Maria, que você pode visitar sem pagar ingresso |
A mais impressionante dessas citações são as colunas muito esguias que suportam a cobertura da Igreja de Santa Maria, esculpidas como as palmeiras que os portugueses trouxeram do oriente para adornar o litoral do Brasil.
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Túmulo de Vasco da Gama, desbravador do caminho marítimo
para as Índias |
Lá estão representadas as vitórias sobre o mar-oceano. Lá descansam os grandes personagens dessa saga — soberanos como D. Manuel, navegadores, como Vasco da Gama, o conquistador da rota para as Índias, e o grande cronista dessa era, Luís de Camões.
(Nada mais justo que Camões, o grande bardo das navegações repouse no Mosteiro dos Jerónimos, que conta lindamente a mesma história, com pedras rendilhadas em vez de palavras).
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No alto, o túmulo vazio de D. Sebastião. Acima, a decoração
do forro da igreja, que deixa a gente com o pescoço torto (e feliz da vida) de
tanto olha para ele |
Também está no Mosteiro dos Jerónimos a sepultura vazia de D. Sebastião, o rei quase imberbe e obcecado que escreveu o epílogo do esplendor português.
D. Sebastião encasquetou de ter sua própria epopeia, e morreu em Alcácer-Quibir, no Marrocos, em 1578, deixando Portugal sem herdeiro e a ver os navios espanhóis, ingleses e franceses dominarem os mares que o povo lusitano desbravou.
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As colunas da Igreja de Santa Maria representam as palmeiras do Novo Mundo |
Sim, o esplendor português é uma história com começo, meio e fim. Todas as grandes aventuras são assim. Graças à poesia — de Camões e das pedras do Mosteiro dos Jerónimos —, porém, a epopeia portuguesa é imortal.
Se você gostou da ideia do roteiro histórico pelos grandes mosteiros portugueses, saiba que é bem fácil organizar essa jornada. Dá para fazer em dois dias, mas eu sugiro três — eu gosto de viajar devagar.
➡️ Entre Lisboa e Alcobaça, são 122 km, percurso que você faz em pouco mais de uma hora de carro ou em 1h50 de ônibus (a Rede Expressos faz essa linha).
➡️ O Mosteiro de Alcobaça fica aberto até às 18 horas (de outubro a março) e até as 19 h no resto do ano.
➡️ Entre Lisboa e Alcobaça, são 122 km, percurso que você faz em pouco mais de uma hora de carro ou em 1h50 de ônibus (a Rede Expressos faz essa linha).
➡️ O Mosteiro de Alcobaça fica aberto até às 18 horas (de outubro a março) e até as 19 h no resto do ano.
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Mosteiro da Batalha (acima) e o Mosteiro de Alcobaça (no
alto), dois capítulos lindos da história de Portugal e do ladinho de
Lisboa |
➡️ No dia seguinte, siga para Batalha, a 20km de distância de Alcobaça.
A empresa de ônibus RodoTejo faz o percurso entre Alcobaça e Batalha em 40 minutos.
Visite o Mosteiro da Batalha (que funciona nos mesmos horários do de Alcobaça) e retorne a Lisboa para ver o Mosteiro dos Jerónimos no dia seguinte.
O que você precisa saber para se organizar está nesses posts:
Mosteiro de Alcobaça - um capítulo da História de Portugal
O que ver no Mosteiro da Batalha
Hospedagem em Alcobaça - Solar Cerca do Mosteiro
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No alto, os versos do heterônimo Ricardo Reis servem de epitáfio a Fernando Pessoa. No alto, o coro da igreja de Santa Maria |
A rigor, há mais um "capítulo" entre os mosteiros contadores de história, que é o Mosteiro de Tomar.
Esse mosteiro pertencia à Ordem de Cristo, a organização religiosa/militar que substitui os templários e teve papel preponderante na independência de Portugal.
A ordem foi muito ativa na reconquista cristã do território português e no financiamento das empresas ultramarinas. Era a cruz da Ordem de Cristo que estava estampada nas velas das embarcações de Pedro Álvares Cabral e de outros navegadores.
O Mosteiro de Tomar, porém, ficou para a minha próxima visita a Portugal 😉.
⭐ Mosteiro dos Jerónimos
Praça do Império s/n, Belém
Praça do Império s/n, Belém
Horários: de terça a domingo, das 9:30h às 18h.
Ingressos: € 12 (só o mosteiro) e € 10 (mosteiro + Torre de Belém). A entrada na Igreja de Santa Maria é gratuita.
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Quando for ao Mosteiro dos Jerónimos, programe uma visita
sem pressa. São muitos detalhes lindos pra ver |
Como chegar ao Mosteiro dos Jerónimos
As linhas de ônibus 727, 28, 729, 714 e 751 passam por lá, mas, se eu fosse você, pegava o Eléctrico 15 no Terreiro do Paço (Praça do Comércio) e já ia entrando no clima.
O que combinar com a visita ao Mosteiro dos Jerónimos
O que combinar com a visita ao Mosteiro dos Jerónimos
O bairro de Belém tem atrações que preenchem, facinho, um dia de passeios. A visita aos Jerónimos combina muitíssimo com a visita ao Museu Nacional de Arqueologia, que funciona em uma das alas do mosteiro.
Também combina com a visita à Torre de Belém e ao Padrão dos Descobrimentos.
Por fim, como ninguém é de ferro, programe-se para uma farrinha de pastéis de Belém (originalmente produzidos no Mosteiro dos Jerónimos, na fábrica que fica do ladinho.
A Europa na Fragata Surprise
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Também combina com a visita à Torre de Belém e ao Padrão dos Descobrimentos.
Por fim, como ninguém é de ferro, programe-se para uma farrinha de pastéis de Belém (originalmente produzidos no Mosteiro dos Jerónimos, na fábrica que fica do ladinho.
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Essas pedras em rendas me fizeram cair de amores por ele. Antes mesmo de encontrá-lo li, para ter aquela noção básica do que encontraria, de seus tantos significados, mas depois do abraço o total encantamento. Ele é maravilhoso e amei como o apresentaste. BjO!
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