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A elegância do encaixe das pedras no antigo Palácio de Inca
Roca, em Cusco |
A piadinha está num dos diálogos dos “Diários de Motocicleta”, filme de Walter Salles sobre a jornada do jovem estudante Ernesto Guevara pela América Latina. Em Cusco, um pequeno guia turístico mostra ao Che a superioridade das construções do povo quéchua sobre os edifícios erguidos pelos espanhóis: “Em Cusco há os prédios feitos pelos incas e os feitos pelos incapazes”.
Adoro a altivez quéchua, que faz o povo de Cusco muito mais afeiçoado a seu passado nativo — ainda que derrotado pelos invasores europeus — do que à herança dos colonizadores. No Brasil, quando falamos dos indígenas, o pronome é “eles”. Na Cordilheira, os indígenas são “nós”.
Adoro a altivez quéchua, que faz o povo de Cusco muito mais afeiçoado a seu passado nativo — ainda que derrotado pelos invasores europeus — do que à herança dos colonizadores. No Brasil, quando falamos dos indígenas, o pronome é “eles”. Na Cordilheira, os indígenas são “nós”.
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Paredes incas, arcadas e balcões espanhóis sintetizam a arquitetura de Cusco |
É uma altivez que se impõe nos monumentos oficiais, como na placa de bronze que chama a "Descoberta das Américas" de invasão, em plena Haucaypata, o amplo espaço de celebrações que os espanhóis transformaram em Plaza de Armas e cercaram de igrejas.
Quem olha o esplendor das construções, percebe num mapa o tamanho daquele império e descobre as engenhosas redes de defesas, comunicações e abastecimento montadas pelos incas, tem que concordar com seus descendentes.
Incas e espanhóis em Cusco
Quem olha o esplendor das construções, percebe num mapa o tamanho daquele império e descobre as engenhosas redes de defesas, comunicações e abastecimento montadas pelos incas, tem que concordar com seus descendentes.
Incas e espanhóis em Cusco
Cusco, porém, é generosa também com os "incapazes". É verdade que os colonizadores não aprenderam a domar terremotos. Suas construções plantadas sobre as elegantes paredes incas vez por outro vêm abaixo, sacudidas pelos tremores.
Parece que a terra andina gosta de espanar as construções dos invasores, deixando novamente à mostra o engenho e a arte do povo da Cordilheira.
Parece que a terra andina gosta de espanar as construções dos invasores, deixando novamente à mostra o engenho e a arte do povo da Cordilheira.
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Claustro do Convento de La Merced |
A cidade, porém, está cheia de belíssimos exemplos da arquitetura colonial. Como a Igreja e o Convento de La Merced, um lindo conjunto do Século 17 (a igreja original foi construída em 1535, mas foi varrida, adivinhe... por um terremoto).
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Cusco tem seu próprio sincretismo, incorporando a estética indígena a símbolos e ritos da religião do colonizador |
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Arco de Santa Catalina, uma das grandes obras espanholas em Cusco |
Além do claustro espetacular, La Merced abriga um pequeno museu, onde está exposta a imagem de uma Pietá quéchua simplesmente arrebatadora. A Catedral de Cusco, o Arco de Santa Clara e a Igreja dos Jesuítas são outros belíssimos exemplares da arquitetura colonial na cidade.
A tentação de instaurar um Ba-Vi (ou um Fla-Flu) entre as belezas incas e coloniais é grande, mas seria um desperdício. A arquitetura de Cusco conta uma história que precisa de ambas as tradições para ser inteira.
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A famosa Pedra de 12 ângulos no Palácio de Inca Roca |
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