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Museu de Arqueologia da Guatemala: uma aulinha de cultura
maia bem bacana |
A Cidade da Guatemala (Guate, para os locais) costuma ser tratada como um ponto de passagem para quem vai explorar os grandes destinos turísticos do país.
É verdade que a capital não é páreo para Antigua, Chichicastenango, Lago de Atitlan e Tikal, mas dizer que a bichinha é desprovida de atrações seria um equívoco.
É verdade que a capital não é páreo para Antigua, Chichicastenango, Lago de Atitlan e Tikal, mas dizer que a bichinha é desprovida de atrações seria um equívoco.
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Maquete da cidade maia de Tikal no Museu de Arqueologia |
Se você tiver um tempinho para explorar a Cidade da Guatemala — e, provavelmente terá, na chegada ou na saída do país — aposto que vai encontrar o que fazer.
Eu gostei de passear a pé pela Zona Viva de Guate (Zona 10, onde se concentram os hotéis mais bacanas, o comércio de primeira linha e bons restaurantes). Também curti as ruas e avenidas muito arborizadas e museus que valem a visita.
Veja o que fazer na Cidade da Guatemala:
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Que tal aprender mais sobre as técnicas tradicionais de
tecelagem da Guatemala? O Museu Ixchel do Traje Indígena oferece oficinas sobre
o tema |
O que esperar da Cidade da Guatemala — e como se virar por lá
A Cidade da Guatemala não é fácil. O trânsito faz São Paulo parecer uma cidade saudável — as horas do rush da manhã quase emendam com as do final da tarde, em engarrafamentos infinitos, com direito a buzinaço.
Além disso, Guate é apontada como uma das capitais mais perigosas da América Latina — e é mesmo um lugar onde se deve andar com cuidado, especialmente à noite.
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Amei as descobertas que fiz no Museu de Arte Moderna Carlos
Mérida (foto do alto). Acima, o pátio interno do bonito Museu de Arqueologia |
Em meus dois dias de passeios pela Cidade da Guatemala, usei o Uber para os deslocamentos. Antes de sair do hotel, sempre buscava me informar direitinho sobre a segurança nas áreas que pretendia visitar.
Com precauções básicas como essas, minha temporadinha na capital da Guatemala foi tranquila e bem divertida.
Com precauções básicas como essas, minha temporadinha na capital da Guatemala foi tranquila e bem divertida.
O que fazer na Cidade da Guatemala
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O acervo do Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia é
composto de peças escavadas em sítios arqueológicos guatemaltecos, como Tikal,
Kaminaljuyú e Quiriguá |
⭐ Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia
6ª calle com 7ª avenida, Finca la Aurora, zona 13.
Funciona de terça a sexta, das 9h às 16h, e sábados e domingos, das 9h às 12h e das 13h às 16h. Fecha às segundas-feiras e nos feriados de Natal e Ano Novo.
Ingresso para estrangeiros: 60 quetzales (R$ 26).
Dono de uma coleção com mais de 50 mil peças, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia da Guatemala é um interessante prólogo para o que o visitante encontrará nos sítios arqueológicos guatemaltecos como Tikal, Quiriguá e Kaminaljuyú — este último, é bom você saber, fica dentro da Cidade da Guatemala, na Zona 7, e também está aberto à visitação.
Ingresso para estrangeiros: 60 quetzales (R$ 26).
Dono de uma coleção com mais de 50 mil peças, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia da Guatemala é um interessante prólogo para o que o visitante encontrará nos sítios arqueológicos guatemaltecos como Tikal, Quiriguá e Kaminaljuyú — este último, é bom você saber, fica dentro da Cidade da Guatemala, na Zona 7, e também está aberto à visitação.
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Peças da Cultura Maia expostas no Museu de Arqueologia |
O Museu de Arqueologia está instalado na Finca la Aurora, um grande parque público muito próximo à Zona Viva e ao aeroporto, onde também está o Jardim Zoológico.
Além de exibir achados arqueológicos escavados em diversas partes da Guatemala, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia também funciona como centro de restauro e de estudos.
Além de exibir achados arqueológicos escavados em diversas partes da Guatemala, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia também funciona como centro de restauro e de estudos.
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No alto, pedra cerimonial e estelas com inscrições maias. Acima,
máscara funerária esculpida em jade encontrada em Tikal |
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Este painel encontrado no Sítio Arqueológico de Piedras Negras retrata um governante maia |
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Representações de divindades maias em cerâmica |
O visitante acompanha a trajetória dos primeiros de caçadores coletores, que teriam chegado àquela porção do planeta na longa jornada pelo Estreito de Behring, até o esplendor da Cultura Maia, uma das mais sofisticadas de seu tempo e que ainda hoje sobrevive, de certa forma, entre os diversos povos que partilham sua herança.
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A elegância da cerâmica maia chama a atenção |
No setor destinado à etnologia, é possível descobrir um pouco da diversidade e da riqueza das etnias presentes na Guatemala de hoje, seus rituais e costumes.
O ideal é visitar o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia antes de ir aos sítios arqueológicos.
O ideal é visitar o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia antes de ir aos sítios arqueológicos.
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No setor de Etnologia, o museu exibe uma bela coleção do
vestuário tradicional (acima) de diversas comunidades guatemaltecas e a
recriação de rituais populares |
Eu fiz a rota inversa, primeiro Tikal, depois o museu, mas eu já
tinha assistido a uma aula magna sobre cultura Maia (e outras culturas
pré-colombianas), explorando o Museu Nacional de Antropologia do México, então
a visita ao Museu de Arqueologia da Guatemala, uma espécie de irmão caçula, valeu para “repassar os
apontamentos”.
⭐ Museu Nacional de Arte Moderna Carlos Mérida
Finca la Aurora, em frente ao Museu de Arqueologia.
De terça a sexta, das 9h às 16, e aos sábados e domingos, das 9h às 12h e das 13 às 16h.
O ingresso para estrangeiros custa 50 quetzales (R$ 22).
Uma coisa de que estou cada vez mais fã é descobrir artistas bacanas cuja obra não tem muita divulgação fora de seus países. Na América Latina, estou convencida que os melhores lugares pra isso são os museus dedicados à Arte Moderna, o que atesta o vigor que teve o modernismo aqui pelas nossas bandas.
O Museu Nacional de Arte Moderna da Guatemala é pequeno, tem um acervo bem enxuto, mas me apresentou a dois artistas muito interessantes.
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Trabalho (no alto) e Descanso (acima). O cotidiano do
povo guatemalteco é tema frequente na obra de Carlos Mérida |
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Além de dar o nome ao museu de Arte Moderna, Carlos Mérida
tem um espaço especial para a exibição de sua obra |
Mérida viveu entre Guatemala e México, país onde trabalhou com Diego Rivera e integrou o movimento muralista — embora não compartilhasse do fervor revolucionário do grupo.
Influenciado pelo cubismo, surrealismo e outras escolas marcantes do Século 20, Carlos Mérida sempre buscou uma leitura desses estilos a partir do olhar herdado de sua origem Quiché (povo descendente dos maias).
Influenciado pelo cubismo, surrealismo e outras escolas marcantes do Século 20, Carlos Mérida sempre buscou uma leitura desses estilos a partir do olhar herdado de sua origem Quiché (povo descendente dos maias).
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O Conselho das Tias, de Roberto Ossaye |
A segunda descoberta prazerosa foi Roberto Ossaye, artista guatemalteco que transitou entre o cubismo e o realismo socialista.
Ossaye viveu apenas 27 anos, metade deles sob a cruel ditadura do General Ubico, que por 13 anos (1931-1944) aterrorizou a Guatemala.
Ossaye viveu apenas 27 anos, metade deles sob a cruel ditadura do General Ubico, que por 13 anos (1931-1944) aterrorizou a Guatemala.
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No alto, Pintura 1, de Roberto Ossaye. Acima, Índia, de
Carlos Mérida |
Foi um artista engajado e brilhante, como se pode ver em suas obras expostas no Museu de Arte Moderna guatemalteco.
A obra mais famosa de Roberto Ossaye, O Calvário (1954), está exposta lá — e é uma autêntica Guernica chapín (chapín é a gíria local para “guatemalteco"). Também fiquei encantada com O Conselho das Tias.
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O Centro Cultural da Universidade Francisco Marroquín abriga
o ótimo Museu Ixchel e o Museu Popol Vuh |
⭐ Museu Ixchel do Traje Indígena
6 calle final, zona 10, Centro Cultural da Universidade Francisco Marroquín.
De segunda a sexta, das 9h às 17h. Sábados, das 9h às 13h.
Ingresso: 35 quetzales (R$ 15).
De segunda a sexta, das 9h às 17h. Sábados, das 9h às 13h.
Ingresso: 35 quetzales (R$ 15).
O acervo do Museu Ixchel tem quase 8 mil exemplares da arte produzida no país em teares rústicos e com técnicas ancestrais. As peças mais antigas datam do Século 19.
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O tear de cintura (no alto) é tradicional da Guatemala. O
tear de pé (acima) foi uma herança dos colonizadores espanhóis |
Cada comunidade indígena da Guatemala utiliza seu próprio sistema de cores e desenhos nas vestimentas tradicionais que são produzidas em dois tipos de tear artesanal.
O tear de cintura usado pelas comunidades tradicionais da Guatemala tem uma de suas extremidades atada ao corpo da tecelã e a outra a um apoio, como uma coluna.
O tear de pé, herdado dos colonizadores espanhóis, tem uma estrutura fixa, como um bastidor.
O tear de pé, herdado dos colonizadores espanhóis, tem uma estrutura fixa, como um bastidor.
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Cada comunidade tradicional da Guatemala tem sua própria
paleta de cores e desenhos para adornar seus trajes |
Depois, esbalde-se nas salas de exposição, onde se pode compreender o papel da vestimenta na expressão da identidade de cada comunidade guatemalteca.
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Museu Ixchel: exposição dedicada às irmandades religiosas e
aos trajes cerimoniais usados nas celebrações dos padroeiros das comunidades,
com forte sincretismo entre rituais ancestrais e católicos |
Através da exibição de trajes cerimoniais desses grupos a gente faz um breve, mas instigante mergulho na cultura da Guatemala.
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Trajes usados por irmandades religiosas da Guatemala durante
celebrações |
Você vai encontrar colchas, xales e huipiles maravilhosos, além de uma série de objetos mais contemporâneos que utilizam a trama saída de teares ancestrais.
➡️ Museu Popol Vuh
Ao lado do Museu Ixchel funciona o bem reputado Museu Popol Vuh, que tem uma boa coleção de objetos e artefatos dos povos originais da Guatemala.
Infelizmente, ele estava fechado para reparos na rede elétrica, no dia da minha visita. Mas fica a dica pra você.
Popol Vuh é o "Livro da Comunidade", o mais importante registro da Cultura Maia, elaborado no Século 16 a partir de narrativas orais.
Ao lado do Museu Ixchel funciona o bem reputado Museu Popol Vuh, que tem uma boa coleção de objetos e artefatos dos povos originais da Guatemala.
Infelizmente, ele estava fechado para reparos na rede elétrica, no dia da minha visita. Mas fica a dica pra você.
Popol Vuh é o "Livro da Comunidade", o mais importante registro da Cultura Maia, elaborado no Século 16 a partir de narrativas orais.
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Paseo Cayalá, a "cidade" artificial |
⭐ Paseo Cayalá
15, Bulevar Rafael Landivar 10-05, Zona 16Depois de tantos programas que me injetaram a Guatemala autêntica na veia, fui dar uma voltinha no planeta assepsia, só por curiosidade.
O Paseo Cayalá é uma mistura de shopping center, condomínio residencial e complexo de escritórios fica na periferia elegante da Cidade da Guatemala, a cerca de 30 minutos da Zona Viva (se o trânsito tiver clemência).
O lugar também é uma ode à gentrificação. A visita ao Paseo Cayalá é uma experiência antropológica: na Guatemala, como no Brasil, “superar problemas sociais” pode ser simplesmente se fechar em uma redoma, para quem pode pagar por isso.
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O lugar é bonitinho, bem cuidado e sem alma |
Inventado pelos magnatas do setor imobiliário da Cidade da Guatemala, o Paseo Cayalá pretende ser um espécie de Elysium para a elite guatemalteca, uma cidade artificial, limpíssima, ordenadíssima e muito segura — deixando a cidade real e seus problemas para o resto da população.
Os edifícios branquinhos do shopping/cidade lembram uma povoação colonial. Lojas de marcas famosas, cinemas, hotéis e restaurantes chiques estão distribuídos por “ruas” exclusivas para pedestres discretamente policiadas por seguranças particulares.
Os edifícios branquinhos do shopping/cidade lembram uma povoação colonial. Lojas de marcas famosas, cinemas, hotéis e restaurantes chiques estão distribuídos por “ruas” exclusivas para pedestres discretamente policiadas por seguranças particulares.
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O melhor do Paseo Cayalá foi o sorvete da Gelatiamo |
Dei uma volta pelo Paseo Cayalá lá na minha última tarde na Cidade da Guatemala. Almocei
na Pizzaria Vezuvio, pizza à moda napolitana, bem correta. A refeição custou 77 quetzales (R$ 34).
Dei uma olhada nas lojas (marcas chiquérrimas) e tomei o melhor sorvete desta viagem na Gelatiamo (chocolate amargo e frutas vermelhas).
Dei uma olhada nas lojas (marcas chiquérrimas) e tomei o melhor sorvete desta viagem na Gelatiamo (chocolate amargo e frutas vermelhas).
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Ebáááááá!! :)
ResponderExcluirExcelente texto e dicas!
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