09 novembro 2010

De Copacabana a Puno: a travessia da fronteira Bolívia-Peru

Fronteira entre Bolívia e Peru
Aridez de deserto às margens do Lago Titicaca. A paisagem muda demais após a travessia da fronteira entre a Bolívia e o Peru

Hoje foi dia de dizer tchau, Bolívia e alô, Peru. Nos preparamos para cruzar a fronteira na região do Titicaca, onde 10 entre 10 mochileiros reclamam do mau humor dos oficiais de imigração e de implicâncias várias. 

É preciso pegar dois ônibus: um vai de Copacabana (Bolívia) até a fronteira. Daí, cruzamos a pé a linha entre os dois países para embarcar em outro ônibus para Cusco.

Fronteira entre a Bolívia e o Peru
A pastagem acinzentada atrai algumas lhamas

Parece que até a natureza sabia que tínhamos cruzado a fronteira entre a Bolívia e o Peru: a paisagem mudou completamente a partir de Yunguyo, a primeira cidade peruana na nossa rota. O Titicaca já não é tão azul e o terreno às suas margens é plano, de um marrom acinzentado, desmentido, aqui e ali, por uma pastagem amarelada.

O tempo também mudou e o céu pesava toneladas. Do lado de fora da janelinha do ônibus, tudo parecia ser cinza-chumbo: o céu, o lago, a estrada e as nuvens. Aquela luz dourada que vai sempre minha melhor memória do Lago Titicaca ficou toda lá na Bolívia.

Veja como é a travessia da fronteira entre a Bolívia e o Peru na região do Lago Titicaca:

 Travessia de Copacabana a Puno, no Altiplano Andino


Povoados cor de adobe

Os trâmites na fronteira foram muito menos complicados do que prometiam os fóruns que consultei na internet. O oficial de imigração peruano, em Yunguyo, implicou com o jeito que escrevo meu nome (!), mas eu expliquei calmamente que, no Brasil, o que vale é o último sobrenome (na Espanha e em países de colonização espanhola, vale mais o primeiro sobrenome, geralmente do pai).

Ele carimbou minha cédula de entrada no Peru (eu estava viajando só com RG, sem passaporte), rosnou algo que não fiz questão de entender e, pronto, já estava legalmente em território peruano. Outro grupo mochileiro, logo atrás de nós, não deu a mesma sorte e teve a bagagem revistada de alto a baixo. Culpa da idade, acho eu. Os meninos eram bem mais jovens do que nós.

Fronteira entre a Bolívia e o Peru
Despedida na fronteira: eu (descabelada), Paulo e Simone

Começamos a nos despedir de Paulo Lipp na fronteira. Ainda que ele fosse seguir com a gente até Puno, teria que sair correndo na chegada, pra pegar mais um ônibus até Cusco. Nós pernoitamos em Puno, pra ver as Ilhas Flutuantes do povo Uro.

E lá fomos nós pela estrada, atravessando povoados da cor do adobe, nesse “estilo construtivo” bem peruano: as casa nunca são totalmente concluídas. Explicam-nos que as taxas tipo IPTU só incidem sobre os imóveis prontos... 

Fronteira da Bolívia com o Peru
Fronteira da Bolívia com o Peru
A paisagem mais monocromática da minha vida

Deve haver um imposto sobreas cores, também, porque o pessoal economiza. Acho que nunca vi uma paisagem tão monocromática na minha vida. Quando aparece um pontinho colorido, a gente até estranha. 

Desanimei com a paisagem e minha câmera ficou guardada a maior parte do tempo. Mas Simone e Marusia fizeram cliques legais.

Fronteira da Bolívia com o Peru
Fronteira da Bolívia com o Peru
Fronteira da Bolívia com o Peru
Fronteira da Bolívia com o Peru
No caminho, dá pra bisbilhotar um pouco da vida do povo do Altiplano

A estação rodoviária de Puno é um pequeno pandemônio. Como a gente já suspeitava, mal deu tempo de nos despedirmos de Paulo. Uma enviada da Stop Tours (a agência de turismo boliviana que organizou nossa viagem entre La Paz e Cusco) nos encontrou no desembarque, com os bilhetes para nossa visita às Ilhas Flutuantes dos Uros e a passagem para o ônibus turístico que nos levaria a Cusco na manhã seguinte.

Vi pouco de Puno e o que vi não me comoveu: uma cidade grande, à beira de uma baía do Titicaca, com um trânsito infernal. Nossa passagem por lá foi mesmo para visitar as Ilhas Flutuantes dos Uros, que eu contei como foi em outro post.

Hospedagem em Puno

O hotel que escolhemos em Puno é um pequeno oásis na confusão da cidade. Chama-se Camino Real Turístico e fica a algumas quadras do Lago Titicaca. O apartamento triplo (US$ 53 a diária, com café da manhã) é quase um latifúndio: um quarto com cama de casal e banheiro, conjugado a outro, com duas camas de casal e banheiro enorme.

A funcionária Sonia é extremamente competente. Recebeu nossa bagagem e instalou-a no apartamento, enquanto saíamos correndo para pegar a lancha para as Ilhas Flutuantes. 

Quando voltamos, só tivemos o trabalho de preencher o check-in. E, finalmente, pude tomar um banho muito quente, muito longo e sem a menor preocupação em transformar o banheiro numa lagoa.

O cansaço era tanto que não quis nem ouvir falar em sair para comer. O hotel não tem restaurante, mas sugeriu a Pizzeria Del Buho, que faz entregas. Nada muito fresco, mas decente e rápido: pizza de pepperoni com coca cola para todo mundo, por 19 soles.

Hotel Camino Real Turístico
Jirón Deza 328
Foi reservado pelo booking.com. Oferece acesso gratuito à internet (15 minutos por hóspede, por dia). O grande defeito é que é proibido fumar em todo o hotel — e isso não é avisado antes.

Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.

Navegue com a Fragata Surprise 
X (ex-Twitter) | Instagram | Facebook | Bluesky | Threads

Nenhum comentário:

Postar um comentário