As montanhas dão uma beleza especial ao horizonte de Santiago. Na imagem, um clique da Plaza Baquedano, em Providência, do ladinho da minha hospedagem |
Depois de cinco dias de visita, estou vivendo um caso de amor à segunda vista com a capital chilena. Meu roteiro em Santiago do Chile ficou super redondinho e me permitiu descobrir muitos encantos da cidade que tinham passado batidos na primeira visita, há 10 anos.
Na minha primeira passagem por Santiago, em 2002, não consegui sintonizar a cidade. Foi preciso voltar pra conseguir decifrá-la.
Café Literário do Parque Bustamante, meu simpaticíssimo vizinho
em Santiago |
Tive que espantar a falta de imaginação — a minha e a da propaganda oficial, que vende Santiago apenas como “uma metrópole limpa, organizada e moderna”, uma imagem burocrática de cidade que não me seduz.
A moderna Santiago é interessante, mas não é minha parte preferida da cidade |
A arquitetura do Século 19, no Paseo Ahumada, e uma das raras edificações remanescentes do período colonial em Santigo, a Igreja de São Francisco |
Neste novo roteiro em Santiago, tive seis dias para me deleitar com a história, a modernidade, a paisagem e a culinária da cidade recomendo muito o destino, que me pareceu muito amigável a mulheres viajando sozinhas.
Veja como foi minha passagem por Santiago do Chile e os motivos pra esse amor à segunda vista:
O Parque Florestal é puro sossego em pleno Centro de
Santiago |
Roteiro em Santigo do Chile
1º dia em Santiago: Lastarria e Providencia
Cheguei em Santiago no começo da tarde e aproveitei o resto do dia para explorar as redondezas do hotel, na fronteira dos gostosíssimos bairros de Providencia e Lastarria.
O que foi mesmo que eu falei sobre o horizonte de Santiago, na legenda daquela outra foto? |
Na esquina do meu hotel, na altura da Estação Baquedano do Metrô, fica o agradável Parque Bustamente, ótimo lugar para relaxar da canseira de aviões e aeroportos (foram dois voos pra chegar: Brasília-Guarulhos, saindo muito cedinho, e Guarulhos-Santiago).
E o parque tem uma atração imperdível, um Café Literário com biblioteca, internet e espaços muito convidativos para quem quer ler em paz ou apenas atualizar as redes sociais. Veja a dica: Cafés literários de Santiago
Detalhe art-déco na fachada do Teatro da Universidade
Nacional, em Providencia (esq) e uma homenagem a Salvador Allende, presidente
deposto e assassinado no golpe de Estado de 1973 |
2º dia - Centro Histórico de Santiago, Mercado Central e Bairro Lastarria
De manhã, explorei o Centro Histórico de Santiago: Plaza de Armas, Catedral, Palácio de La Moneda, Igreja de São Francisco (um dos poucos exemplos de arquitetura colonial que os terremotos deixaram de pé na capital chilena.
Veja o post: Roteiro no Centro Histórico de Santiago
Almocei no Mercado Central de Santiago, o que é sempre uma grande experiência. Veja o post sobre o Mercado, com outras dicas de restaurantes
À tarde, voltei ao Bairro Lastarria, que é um pedacinho de Santiago que eu amo. Veja o post: Lastarria, encanto Belle Époque
Ver o cair da tarde no alto do Cerro San Cristóbal é um
programaço |
Ao cair da tarde, subi o Cerro San Cristóbal para ver a Santiago do alto e o sol se pondo sobre os picos nevados no horizonte. A cena é linda demais.
3º dia - Bate e volta a Valparaíso
Valparaíso é fotografadíssima por conta de suas casinhas coloridas, com as fachadas recobertas por chapas de metal — lembra o Caminito de Buenos Aires.
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O charme das casinhas coloridas de Valparaíso |
Mas o que me encanta em Valparaíso mesmo é sua longa tradição marinheira. Porto essencial para quem acabava de fazer a penosa travessia do Estreito de Magalhães, na era da navegação à vela, Valparaíso herdou sua vocação maruja de seus primeiros habitantes, o povo Chango, antes da chegada dos europeus.
Uma escapada de Santiago a Valparaíso é muito fácil de fazer. E é também um programinha barato.
Veja o post: Bate e volta a Valparaíso
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Bairro Itália: pra quem gosta de design, antiguidades e cafés charmosos |
4º dia em Santiago - Bairro Itália
Aproveitei o sábado para conhecer e explorar um cantinho muito descolado e charmoso de Santiago, o Bairro Itália, vizinho de Providencia.
É uma área cheia de brechós, lojinhas de design ótimas pra garimpar coisinhas de decoração e grifes de roupas meio alternativas. Super recomendo.
Veja o post: Barrio Itália – onde Santiago é mais charmosa
Cavalo, escultura de Fernando Botero, em frente ao Museu de
Belas Artes de Santiago |
5º dia - visita à Vinícola Concha y Toro
Pra me despedir do Chile e de Santiago, aproveitei o domingo para visitar a Vinícola Concha y Toro, nos arredores da capital.
Fui por conta própria — é um passeio facílimo de fazer com transporte público — e curti muito o tour pela bodega Concha y Toro.
Fui por conta própria — é um passeio facílimo de fazer com transporte público — e curti muito o tour pela bodega Concha y Toro.
Veja o post: Visita à Vinícola Concha y Toro de transporte público
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É bem fácil chegar à Vinícola Concha y Toro com transporte público |
6º dia - retorno a Brasília
Amor à segunda vista por Santiago
Santiago acabou me convencendo que é uma cidade deliciosa para quem gosta de flanar, comer bem, garimpar livrarias e viajar leve e devagar.
Pra começar, Santiago tem um horizonte arrebatador. E nem vou reclamar da névoa persistente. Ela faz parte do efeito cênico, pois "esconde" a base das montanhas e faz a gente quase acreditar que os picos nevados estão pairando no ar.
Santiago acabou me convencendo que é uma cidade deliciosa para quem gosta de flanar, comer bem, garimpar livrarias e viajar leve e devagar.
Pra começar, Santiago tem um horizonte arrebatador. E nem vou reclamar da névoa persistente. Ela faz parte do efeito cênico, pois "esconde" a base das montanhas e faz a gente quase acreditar que os picos nevados estão pairando no ar.
Os espigões até tentam disputar nosso olhar com as montanhas... tsc, tsc, tsc, tolinhos... |
Cá no chão, Santiago tem uma elegância silenciosa, perfeita para quem quer caminhar sem pressa, descobrir detalhes, contemplar e pensar na vida.
Aliás, se eu tivesse que resumir Santiago do Chile em uma palavra, seria elegância mesmo — a de verdade, discreta e sem ostentação.
É bem agradável caminhar por Santiago |
As ruas de Santiago estão sempre apinhadas de gente, o trânsito é infernal — a névoa mágica do horizonte é apenas muita poluição, que os chilenos chamam de smog, casamento de smoke (fumaça) com fog (névoa).
Mas como é gostoso caminhar por suas ruas bem cuidadas...
Avenida Libertador General Bernardo O'Higgins, que os
chilenos chamam de “A Alameda” |
Santiago estava em alerta ambiental por conta da poluição nos dias em que estive por lá — e há hordas de turistas por toda parte.
Mas a cidade parece que anda de pantufas. Ninguém bisbilhota, ninguém incomoda e, longe dos carros, o silêncio é delicioso.
Foi muito bom descobrir o prazer de ler em paz no Parque Bustamante, de namorar as fachadas do Bairro Lastarria e mergulhar no charme descolado do Barrio Itália, desde já meu pedaço preferido da cidade — que tem um jeitinho muito parecido com os melhores trechos de Palermo, em Buenos Aires.
Mercado de Santiago: jaibas, ostras, ouriços, lulas.... |
Dois sentimentos não mudaram, em relação à minha primeira visita a Santiago. Continuo não curtindo Las Condes e Vitacura, a parte ultra moderna da cidade, com aquelas toneladas de vidro e alumínio sem muita personalidade.
E continuo fervorosa devota da gastronomia de Santiago, com seus bichos estranhos e deliciosos: locos, ostiones, machas, picorocos e jaibas. Só de pensar, já quero correr para o aeroporto e voltar para o Chile.
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Estava ansiosa para ver este Post, também não fiquei muito emocionada/empolgada/feliz em minha primeira vez em Santiago, talvez porque fui furtada logo nas primeiras horas da chegada... De qualquer forma, ver estas fotos me fez pensar que talvez seja o momento de voltar...
ResponderExcluirPois é, Nivia, estou escrevendo mais sobre isso. Santiago é uma cidade encantadora, mas precisei voltar lá para descobrir isso. No seu caso, depois de sofrer um furto logo na chegada, fica muito difícil continuar curtindo a viagem. Aconteceu isso comigo em Barcelona, na primeira visita. Por "sorte", foi no finalzinho da viagem. Fiquei mais esperta e já voltei lá, para exorcizar a lembrança.
ExcluirEspero postar um monte de novidades hj à noite, depois do trabalho. Bj
Cyntia,
ResponderExcluirEstou contando os meses para voltar a Santiago. Em dezembro passarei uns dias por lá. Antes iremos a Puerto Montt, e seguiremos para Puerto Varas onde ficaremos 5 dias. Como estarei de 23 a 27 em Santiago, estou procurando dicas sobre o Natal ( o que abre/fecha, restaurantes abertos..essas coisas). Se você tiver alguma dica.
Um abraço.
Ana Silvia
Ana, já fui para Santiago no verão (um calor inacreditável), mas não era época de Natal, não. Mas arrisco um palpite: 25 de dezembro é um osso para viajantes em qualquer lugar do mundo (Ocidental, pelo menos...), com tudo fechado. Em Santiago, não deve ser diferente...
ExcluirOi Cynthia,
ResponderExcluirtenho lido alguns posts e você consegue descrever alguns de meus próprios sentimentos. Eu me apaixonei por Valpo desde a primeira vez que fui lá. E até ler seu post não havia conhecido ninguém que tb tivesse adorado aquele lugar. Sobre Santiago, bem... Já estive lá umas 4 vezes e não consigo amar aquela cidade. Em cada momento procuro descobrir novos lugares e apesar de ser sempre bem tratada (e de comer muito bem), acho que falta alma naquele lugar. beijos
Ps - tenho gostado muito dos seus textos: da forma como vc escreve e pq sempre tem ref históricas, que eu adoro! :)
Oi, Analuiza, que bom que você está curtindo o blog. Meu amor por Valparaiso é bem especial e até meio fundador desta Fragata, pois foi a partir da visita à cidade e das referências a Thomas Cochrane que descobri os livros de O'Brian. É uma lugar muito especial, com um tipo de beleza muito particular. Já Santiago, realmente, custou um pouquinho para me ganhar, mas me senti tão bem na cidade, tão despreocupada e livre que acabei me encantando. Não é uma cidade vibrante, arrebatadora. Mas aquele jeitão low profile tem seu charme. Beijos
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