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Museu Fortabat em Buenos Aires: o lugar para
descobrir grandes artistas argentinos |
A capital argentina tem um respeitável elenco de museus, cada um de seu jeito. No MNBA, a gente tem um panorama bem amplo das artes visuais no mundo. No Malba, a gente morre de paixão pelos latino-americanos, em geral. Mas foi no Museu Fortabat que Buenos Aires me apresentou à riqueza da arte produzida na Argentina.
No Museu Fortabat, descobri pintores
interessantíssimos como os modernistas Roberto Aizeberg, Antonio
Alice, Carlos Alonso e o genial Antonio Berni. Foi lá que encontrei as impressionantes Raquel Forner e Mildred Burton. Também foi lá que conheci
obras do célebre Prilidiano Pueyrredón, que no Século 19 retratou com
paixão a Argentina criolla dos pampas.
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A Defunta Correa, de Antonio Berni é uma tela/instalação que
retrata uma forte devoção popular argentina a Maria Antonia Deolinda Correa, a
quem se atribui uma série de milagres |
Sim, você verá grandes expoentes das artes no mundo, como Turner, Jan e Pieter Brueghel, Chagall, Miró e Salvador Dalí.
Mas a ênfase do acervo do Museu Fortabat é a arte argentina. De todos os museus de Buenos Aires que já visitei, este foi o que me “educou” mais neste quesito.
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Se você quer ver grandes nomes da pintura mundial, o Museu
Fortabat também tem: este quadro é O Censo de Belém, de Brueghel |
Estrategicamente localizado em Puerto Madero — um lugar onde 10 entre 10 turistas dão ao menos uma passadinha —, o Museu Fortabat de Buenos Aires é um programaço que merece demais entrar no seu roteiro portenho.
Veja as dicas:
O que ver no Museu Fortabat, Buenos Aires
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Amalia gostava de atuar como mecenas e incentivou muitos artistas locais. Em 1980, posou para o célebre Retrato da Senhora Amalia Lacroze de Fortabat, pintura de Andy Warhol exibida logo no início do percurso expositivo do museu e, provavelmente, a obra mais famosa do acervo.
Além do recheio sensacional, o Museu Fortabat tem uma embalagem de responsa — ela mesma uma baita obra de arte — que é o edifício projetado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly, o mesmo autor do belo Aeroporto de Carrasco, em Montevidéu.
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O edifício do Museu Fortabat também é uma obra de arte,
assinada pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly |
O acervo do Museu Fortabat
O acervo da Coleção de Arte Amalia Lacroze de Fortabat (nome oficial do museu) tem cerca de 400 obras — telas, principalmente, mas também algumas esculturas e peças greco-romanas e do Antigo Egito.
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No alto, A Cadeira Vermelha (1945), de Emilio Centurion.
Acima, O pintor e sua modelo, de Horácio Butler: tem muitos argentinos
maravilhosos pra a gente descobrir no Museu Fortabat |
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Zig-Zag (1949), de Xul Solar |
Outros artistas que me encantaram no Museu Fortabat foram Horacio Butler (1887-1983) e Emilio Petorrutti (1892-1971) e seus Arlequins.
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Este olhar em Presságio, da expressionista Raquel
Forner, diz simplesmente tudo |
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A Corte (1977), de Carlos Alonso |
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Buquê de Primavera (1966), de Chagall |
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Ninfas no lago, de Antonio Alice |
Eu vivo dizendo que museu bom tem que ter ao menos uma obra de Joaquín Torres García. O Museu Fortabat não tem nadinha do meu xodó, mas os uruguaios estão representados por obras de Juan Manuel Blanes (uma versão de A Cativa pintada em 1880) e de Pedro Figari.
Curiosa é a ausência de artistas brasileiros e mexicanos no acervo, justamente os dois times que mais arrebentaram no Modernismo, que é a escola mais representada no Museu Fortabat.
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Ramona espera (1964), de Antonio Berni |
Um gênio chamado Antonio Berni
O Fortabat também me deslumbrou com o fantástico argentino Antonio Berni (1905-1981), um cara que nós, brasileiros, conhecemos pouco.
Berni é maravilhoso em seus retratos comportados e quase acadêmicos. Mas é absolutamente arrebatador quando retrata cenas e figuras populares (como em Zamba, de 1956, ou em O Almoço, também chamada de Domingo na Chácara).
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No alto, Zamba. Acima, O Almoço ou Domingo na
Chácara: fala se Berni não é sensacional... |
(Aliás, não entendo porque o Malba, dono da sensacional obra Chelsea Hotel, não exibe essa tela, mantendo-a trancadinha na reserva técnica).
Um bom roteiro em Buenos Aires merece uma peregrinação para ver a obra de Antonio Berni. Além do Museu Fortabat, há trabalhos imperdíveis dele no Malba e o no Museu Nacional de Belas Artes.
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Berni é fera até quando é comportado, como em Menina
com abóbora (1947) |
A Defunta Correa
Sem dúvida, a obra de Berni mais famosa no acervo do Museu Fortabat é a tela/instalação A Defunta Correa, retratando uma figura meio legendária e tida como milagreira muito presente no imaginário religioso popular argentino.
María Antonia Deolinda Correa teria sido uma mulher que seguiu o marido, combatente na Guerra do Prata (década de 1840), levando consigo seu bebê recém-nascido. María acabaria morrendo de fome e sede nessa marcha e, reza a lenda, quando seu corpo foi encontrado, o bebê havia sobrevivido, mamando no peito da mãe morta.
O suposto milagre deu origem a peregrinações e oferendas à Defunta Correa, como se vê na instalação de Antonio Berni. Apesar de não sancionado pela Igreja, o culto à defunta é forte no interior da Argentina, pois acredita-se que ela atenda promessas e opere milagres.
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Às quintas-feiras, o Museu Fortabat cobra meia-entrada do
público em geral e oferece ingresso grátis a estudantes, menores de 12 anos e
maiores de 60 |
Olga Cossettini 141, Dique 4 de Puerto Madero
Metrô Alem (Linha B) a 1,1 km
Horários: De quinta a domingo, das 12h às 20h.
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A rede de restaurantes/cafeterias Croque Madame tem uma filial no Museu Fortabat |
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