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Palermo vista da torre da Igreja do Santíssimo Salvador |
Que baita mundo generoso é esse nosso, que vive colocando lindas surpresas no caminho dos viajantes. O encanto da vez é Palermo, a capital da Sicília, uma cidade que, se não fosse pela minha teimosia (e pelas dicas de Patricia Kalil, do blog Descobrindo a Sicília), teria entrado no meu roteiro apenas como base para visitar seus arredores.
Palermo é apenas deslumbrante. Ela tem um horizonte alvoroçado por montanhas e campanários, fachadas arrematadas por flores e roupas no varal e um patrimônio histórico à altura de qualquer uma das cidades-queridinhas muito citadas nos guias de viagem.
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A fonte da Piazza Pretoria (no alto) e Quatto Canti são dois
encantos daveru palermitanos |
Palermo tem um sotaque peculiar, opções gastronômicas tentadoríssimas, preços muito em conta e é muito mais segura do que nos faz supor seu passado conturbado.
Palermo é um senhor destino destino turístico. Tenho certeza que você também vai amar descobrir essa cidade. Veja as dicas:
O que fazer em Palermo, Sicília
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A Marina de Palermo vista através do arco da Igreja de Santa
Maria della Catena, no Corso Vittorio |
Como explorar Palermo
Segurança em Palermo
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As muralhas de Palermo foram ocupadas por residências. Margeando as antigas estruturas defensivas, corre o Foro Itálico, um calçadão diante do mar |
Cuide da bolsa e outros pertences nas aglomerações, não se meta em quebradas desconhecidas tarde de noite e informe-se sobre a segurança das vizinhanças que vai visitar - os conselhos que dou para quem vai a qualquer ponto da Europa onde eu já estive servem também para Palermo. Nem mais nem menos.
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Foro Itálico: de um lado, as muralhas. Do outro, uma
sucessão de áreas de lazer à beira mar |
Quantos dias ficar em Palermo
O melhor de Palermo
Fiz grandes farras gustativas na histórica Focacceria San Francesco e outros bons lugares para comer na cidade.
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A Catedral (no alto) e Santa Maria della Pietà: visitei
quatro lindas igrejas de Palermo e fiz um post detalhadinho sobre elas |
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O espetacular Teatro Massimo também ganhou um post exclusivo |
Mas a capital da Sicília encanta mesmo é pelo conjunto da obra. Não espere encontrar em Palermo um Centro Histórico asséptico, engomadinho e ordenado. A capital da Sicília é feita da mesma essência de Nápoles e de Salvador, cidades que torcem o nariz para a disciplina e despertam paixões viscerais sem bancar as patricinhas.
O que fica devendo em ordem, Palermo esbanja em vitalidade, uma beleza passional, quase áspera, densa como a gente imagina a alma siciliana.
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A Porta Felice, do Século 16, é a entrada para o Centro
Histórico de Palermo |
⭐ Foro Itálico (antigas muralhas de Palermo)
Como fiquei hospedada no chamado Foro Itálico (oficialmente, Foro Umberto I), meus primeiros passos foram exatamente neste calçadão à beira mar que margeia as antigas muralhas da cidade, hoje convertidas em moradias, restaurantes e pousadas.
Achei linda demais a forma como as muralhas foram ocupadas (e preservadas), com janelinhas floridas e balcões. Do outro lado da pista, há uma concorrida área de lazer, com espaços para diversos esportes, diante do porto turístico da cidade.
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As fachadas do Centro Histórico de Palermo têm as marcas do
uso e uma beleza que vem da vida real |
⭐ Corso Vittorio Emanuele, o antigo núcleo fenício de Palermo
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O Corso Vittorio é a rua principal do Centro Histórico de
Palermo e existe desde os tempos dos fenícios |
O Corso Vittorio, antigo Cassaro (do árabe al Qasr, “fortificação”) foi traçado ainda na época dos fenícios e é o mapa da mina para as principais atrações da cidade, que ou estão às suas margens ou a poucos metros de distância.
Desde o Século 16, sua entrada em frente ao porto é marcada pela Porta Felice, parte das fortificações de Palermo.
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Eu me esbaldei nos detalhes das fachadas do Corso Vittorio |
⭐ Fontana Pretoria
Você vem andando pela calçada e, de repente, vê umas estátuas à sua esquerda. Sobe os 15 degraus de uma escada que leva à praça e quase cai de costas, pois acabou de aterrissar em um espetáculo renascentista.
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A Piazza Pretoria também é chamada de Piazza della
Vergogna, em alusão à nudez das estátuas que adornam sua magnífica fonte
renascentista |
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A chegada à fonte por este bequinho amplia o impacto visual |
A rua estreita obriga o visitante a fazer malabarismos na tentativa de fotografar suas fachadas — e suas transversais, mais estreitas ainda, sequer recebem luz do sol suficiente para ajudar a secar a grande quantidade de roupa estendida nos balcões e janelas.
É a simplicidade à moda de Palermo: quando a gente começa a achar que está em um cenário super doméstico, é sacudida de repente por trombetas celestiais que anunciam alguma beleza de rasgar a roupa.
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A Fontana Pretoria foi esculpida em Florença. Os edifícios
ao redor foram construídos entre os século 14 e 17 |
O círculo da fonte tem cerca de 35 metros de diâmetro (como eu sei? Medi no GoogleEarth), uma profusão de belas estátuas (eu estava muito embasbacada para contar quantas) e fica ainda mais impressionante por conta dos palácios e igrejas que a cercam (escondem), aumentando o impacto do primeiro encontro.
O quadrilátero da praça é formado pelo Palazzo Pretorio, do Século 14, que abriga órgãos públicos, pelo Palazzo Bonocore e pela Igreja de Santa Caterina, ambos do Século 16, e pela Igreja de San Giuseppe dei Teatini, a caçula da praça, do Século 17.
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Quattro Canti é séria candidata ao título de esquina
mais bonita do mundo |
Foi só eu botar os pés na esquina mais bonita do planeta, os maravilhosos Quattro Canti, onde fachadas monumentais adornadas com fontes formam um octógono e demarcam uma antiga praça (Piazza Vigliena), construída no Século 17 para expressar o poderio do Império Espanhol sobre a Ilha da Sicília.
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Cada um dos quatro cantos tem uma fonte |
O conjunto de fontes fica na confluência entre as vias Maqueda e Vittorio Emanuele.
Não sei qual é a taxa de atropelamentos na área, mas todas as vezes que passei por lá acabei me juntando aos grupos de turistas que giram feito dervixes, no meio do cruzamento, contemplando a beleza da obra - enquanto os carros passam tirando tinta da gente.
Escapei com vida e completamente encantada.
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E tem gente doida (🙋) que fica no meio do cruzamento, desafiando
os carros, pra fazer fotos 😁 |
Quattro Canti representa as quatro estações do ano, mas também os quatro reis espanhóis da Casa de Habsburgo (ou os Áustrias) que haviam reinado até sua construção: Carlos V e os Felipes II, III e IV.
A disputada Conca D'Oro ("concha de ouro", alusão ao formato de anfiteatro dado ao sítio onde se assenta a cidade, acomodada nas fraldas dos montes Pellegrino e Alfano) já havia trocado de mãos entre autóctones, cretenses e troianos quando os fenícios chegaram, no Século 7 a.C., para fundar Zyz, origem histórica de Palermo.
Quem conseguiu foram os romanos, que chegaram no Século 3 a.C. e ficaram por lá até a queda de seu império.
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Em alguns pontos, o Corso Vittorio se abre para pracinhas
simpáticas. No alto, uma clássica transversal da rua, muito estreita e margeada
por muitos balcões |
A sequência de conquistadores que vieram depois é quase uma enciclopédia de povos: vândalos, ostrogodos, bizantinos, mouros, normandos, suábios, franceses, aragoneses, espanhóis... Todos deixaram suas marcas em Palermo.
A Europa na Fragata Surprise
Oi Cyntia!
ResponderExcluirSorri de orelha a orelha ao ler a comparação de Palermo com Salvador. Um dos meus primeiros textos lá no blog foi justamente uma visão geral de Catânia, onde eu a comparava a Salvador, mas especificamente à Cidade Baixa (na primeira vez que fui à Catânia achei que estava no Comércio!).
Obrigada por ajudar a mostrar aos viajantes brasileiros que Palermo é linda!
Eu arriscaria a dizer que Palermo seja até mais tranquila do que Roma ou Nápoles. E pensar que em 2015 ainda tem gente que acha que a Sicília seja uma espécie de Chicago nos anos 30, com gângsters vestidos com paletós de risca de giz e metralhando pessoas nas ruas da cidade. :)
Beijos,
Patricia
Patricia, é impossível a gente não reconhecer um toque da alma baiana no Mezzogiorno. Nápoles, Palermo... Duas cidades lindíssimas, passionais, ricas em patrimônio e cultura. Sou doida por elas e quero voltar sempre. Obrigada por todas as dicas para essa viagem. Bjo
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