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Bourbon Street é uma muvuca incontornável na experiência
musical em Nova Orleans |
Mas a música — ahh, a música!! — é ela a alma daquele fantástico pedaço de mundo onde vivi dias muito especiais.
Passei quatro dias em Nova Orleans — a cidade onde o Jazz deu seus primeiros passos neste mundo — em um mergulho sonoro de responsa.
A Cidade do Jazz é muito generosa e sabe harmonizar de tudo um pouco. Além do Jazz, suas ruas estão impregnadas de Blues, Rock’n’Roll, Country, Bluegrass e o que mais você quiser ouvir. E acredite, você vai querer muito ouvir música em Nova Orleans
Veja como foi o meu mergulho sonoro em The Big Easy e minhas dicas sobre onde ouvir música em Nova Orleans. Tem mapa com os bares e clubes de Jazz no final do post:
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Three Muses, uma casa charmosa, com ótima música e
comidinhas gostosas, na Frenchmen Street |
Bares e casas de Jazz em Nova Orleans - modo de usar
Às vezes, nem isso: muitos bares e clubes têm caixas de som do lado de fora e dá para escutar a música na calçada mesmo, acompanhada da cerveja comprada de um ambulante. Nos EUA, normalmente, é proibido beber na rua, mas algumas áreas de Nova Orleans estão isentas dessa regra — e de várias outras.
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Apresentação do bluesman Andy J. Forest (à esquerda) na
Frenchmen Street. O instrumento que ele está tocando é um dobro, guitarra muito
utilizada por músicos de Bluegrass |
Não estranhe se os garçons pedirem pra ver um documento com foto antes servirem sua bebida alcoólica: pela lei da Luisiana, é preciso ter mais de 21 anos para beber — e não basta ter cara de mais velha, tem que comprovar a idade mostrando a identidade.
Nesses bares, não espere que o público assista as apresentações sentadinho e em silêncio. Vai ter conversa na mesa ao lado, azaração no balcão e entra e sai de gente. Mas, em geral, essa agitação fica sob controle e não atrapalha a apreciação do show.
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Nos bares, a plateia é menos formal e até conversa no meio
da música, mas não chega a atrapalhar |
Em geral, os artistas se revezam em shows às 18h, 19h, 20h e 22h, mas a música pode varar a madrugada.
Casas como o Snug Harbour, na Frenchmen Street, e o imperdível Preservation Hall são mais formais: há cobrança de ingresso e espera-se que o público se comporte como em uma casa de espetáculos — sem conversas, celulares e outras selvagerias que alguns insistem em cometer em cinemas, teatros e assemelhados.
Gosta de música e viagens? Siga o link para mais dicas 😉.
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Geralmente os músicos colocam um balde na beira do palco
para as gorjetas. Muitos artistas também vendem seus CDs e camisetas como forma
de obterem remuneração pelos shows (foto: The Blue Nile/New Orleans) |
Quando é cobrado apenas um couvert ou quando a política da casa é “mínimo de um drinque” à guisa de ingresso, é fundamental gratificar os músicos — as gorjetas são esperadas e necessárias, já que elas são a principal, se não a única, remuneração recebida pelos artistas.
Não seja mão de vaca: tente deixar pelo menos US$ 10 na cestinha das gorjetas que fica na beira do palco, ou no chapéu que um dos integrantes da banda vai passar entre o público do bar.
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O Preservation Hall é imperdível |
Onde ouvir música em Nova Orleans
⭐ Preservation Hall
Com quase 60 aninhos de idade, o Preservation Hall é uma atração imperdível de Nova Orleans. Instalado na Saint Peter Street, a duas casas da esquina com a Bourbon Street, ele merece estar no topo da sua lista de prioridades.
O teatrinho do Preservation Hall — improvisado em uma sala com menos de 60 metros quadrados, paredes descascadas e bancos de madeira sem encosto — é um pequeno santuário dedicado à preservação do chamado Tradicional Jazz, filho dileto de Nova Orleans.
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Ô, lembrancinha bacana essa que eu adquiri em Nova
Orleans... |
No espaço apertado, cabem apenas 70 espectadores por apresentação — e são cinco por noite, sempre às 17h, 18h, 19h, 20h e 22 horas.
Para assistir a um show no Preservation Hall, basta ir para a fila na porta da casa, uma meia hora antes do espetáculo, e pagar o ingresso na entrada (US$ 20).
Há também a modalidade “big shot” ("figurão"): você compra seu ingresso com antecedência no site, com lugar marcado e paga entre US$ 40 ou US$ 50, dependendo do espetáculo.
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Nada de fotos durante os shows do Preservation Hall. Só deu
pra fazer esses cliques no escurinho, antes da música começar |
Sinceramente? Acho que só vale bancar o gasto extra se sua estada em Nova Orleans for em uma época de muito movimento.
Desde sua fundação, o Preservation Hall faz questão de valorizar e apoiar os músicos locais — em 1961, quando foi fundado, uma das primeiras providências de Allan Jaffe, o dono da casa, foi contratar artistas que estavam esquecidos, alguns com mais de 90 anos, passando por dificuldades.
Durante as apresentações no Preservation Hall, é proibido fotografar ou filmar. A ideia é que as pessoas se concentrem na música, em vez de incomodarem os colegas de plateia com câmeras e celulares — é o paraíso ou não é?
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Bati ponto no BB King's Blues Club todos os dias |
Posso confessar uma coisa? Eu fui ao BB King’s Blues Club todos os quatro dias que passei em Nova Orleans.
É que a música que escapa desse galpão meio com cara de saloon, quase em frente ao French Market, sempre me pegava pelas orelhas e me arrastava para um tamborete no balcão ou para uma das mesas decoradas com imagens das guitarras mitológicas usadas pelo genial homenageado pela casa.
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A decoração da casa homenageias as mitológicas guitarras do
Rei do Blues |
O atendimento é extremamente simpático, dá a sensação que estamos em uma festa de velhos amigos. Os preços são bem razoáveis e a comida foi aprovadíssima (veja minhas dicas sobre onde comer em Nova Orleans).
O perigo de ir ao BB King’s Blues Club é a gente entrar lá na hora que abre (11h da manhã) e só conseguir sair na hora da casa fechar, à meia-noite.
O BB King's Blues Club não cobra couvert e adota a política de consumo mínimo de um drinque (a partir de US$ 10) a cada show.
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Bourbon Street: vá cedo, se quiser ouvir música sem muita
zoeira |
Música na Bourbon Street de Nova Orleans
A Bourbon Street, porém, é incontornável: tem que dar ao menos uma passada por lá pra sentir o clima.
Fui à Bourbon Street em duas das noites que passei em Nova Orleans e me diverti bastante. Meu segredo foi chegar cedo, quando a faixa etária e o interesse do público ainda mantem a zoeira em níveis muito razoáveis.
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À luz do dia, Bourbon Street até que é normal |
Ouve-se de tudo em Bourbon Street, não apenas Jazz — fiquei com a sensação de que tinha muito mais Rock’n’Roll em cartaz nas casas dessa rua do que o estilo que nasceu em Nova Orleans.
Usei o ouvidômetro para montar minha programação na Bourbon Street, aquela escutadinha ainda na porta, antes de decidir assistir ou não o show que estava rolando.
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Maison Bourbon Jazz Club: música boa de verdade |
Onde ouvir música na Bourbon Street
641 Bourbon Street
A casa da Bourbon Street que eu realmente gostei foi esse clube de Jazz tradicional e que se orgulha de contar com diversas celebridades na sua pauta de shows — o site do clube cita Harry Connick, Jr, que é filho de Nova Orleans.
O Maison Bourbon Jazz Club não cobra couvert. Os drinques custam a partir de US$ 8.
Música na Frenchmen Street de Nova Orleans
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A Frenchmen Street começa cedo: lá pelas 17 horas, já tem
música rolando — e a coisa vara a madrugada |
Um termômetro: na Frenchmen, você vai encontrar moradores de Nova Orleans entre os frequentadores, coisa raríssima de se ver na Bourbon Street — e são esses locais que atestam que a qualidade da música na rua do Faubourg Marigny é melhor.
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Bar da Frenchmen Street ainda quietinho, no início da manhã |
Os bares e clubes da Frenchmen Street geralmente servem refeições ou petiscos. Recomendo experimentar os pratinhos gostosos do Three Muses e as especialidades árabes do Mona’a Café (que não tem música ao vivo).
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The Maison foi outro lugar onde bati o ponto com
regularidade |
Bares e clubes na Frenchmen Street
508 Frenchmen Street
Bati ponto com alguma regularidade neste bar, sempre atraída pela boa música. O lugar é bem casual, o atendimento é simpático e os drinques são bem decentes.
A casa não cobra ingresso ou couvert artístico. A única obrigação de quem assiste as apresentações musicais é consumir ao menos uma bebida (a cada show). Não vi o preço da cerveja, mas os coquetéis custam US$ 12.
As apresentações em The Maison começam às 16 horas (sim, tem soirée!!) de domingo a sexta. Aos sábados, a música ao vivo começa ainda mais cedo: 13 horas.
O repertório vai do Tradicional Jazz ao Funk, passando pelo Rock, Blues e até o mais castiço Bluegrass.
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O Café Three Muses é muito bacana — se for época de
movimento na cidade, é bom reservar com antecedência |
536 Frenchmen Street
A música do Three Muses é bacana (assisti a um pianista ótimo) e a comida não fica atrás. O gumbo que experimentei lá foi o mais gostoso que comi em Nova Orleans — e olha que eu abusei do gumbo, que virou meu prato orleniano favorito.
As porções servidas no Three Muses são pequenas, perfeitas para acompanhar a taça de vinho, o coquetel ou a dose de Bourbon — a ronda musical em Nova Orleans não combina com refeições muito pantagruélicas.
A casa é tocada (sem trocadilho) por mulheres e o astral é imensamente acolhedor para quem está sem companhia. Recomendadíssimo.
Three Muses não cobra couvert. A taça de vinho custa US$ 12.
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No Snug Harbour não tem essa de conversar no meio do show |
626 Frenchmen Street
Essa casa tem dois ambientes separados, a sala de apresentações e o restaurante, e costuma oferecer uma programação musical com nomes de prestígio, como o pianista Ellis Marsalis, pai de Branford e Wynton, que é presença frequente na pauta de atrações.
Não é fácil conseguir ingresso para as apresentações no Snug Harbour, então, vale a pena reservar. Os shows são realizados às 19h, 20h e 22 horas.
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O 30º/90º é bom pra ouvir e bom pra dançar (Foto 30º/90º New Orleans) |
As coordenadas geográficas de Nova Orleans (30º de Latitude Norte, 90º de Longitude Oeste) batizaram esta casa de programação bem plural. Além do Jazz, é possível assistir shows de Rock’n’Roll, Soul Musick, Southern Rock, Blues e outros estilos.
O bar abre cedo (às 16 horas, de segunda a quinta, e às 11h da manhã na sexta, sábado e domingo) e fecha tarde: duas da manhã nos dias de semana e as quatro da madruga nos fins de semana.
Eles avisam no site que esses são apenas “horários indicativos”: se a farra estiver boa, não tem hora para acabar.
São vários ambientes, incluindo um pátio ao ar livre (que eu não experimentei) com telão. Geralmente, são três shows por noite, começando às 19 horas.
Não cobra couvert. Drinques a partir de US$ 8.
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Blue Nile: o decano da Frenchmen Street está em plena forma (Foto: The Blue Nile New Orleans) |
Mardi Gras e festivais de música em Nova Orleans
O evento musical mais famoso de Nova Orleans é (claro!) o Mardi Gras, o Carnaval da cidade, celebrado com desfiles de rua, blocos de pessoas fantasiadas seguindo bandas de jazz e muita farra.![]() |
Satchmo em pessoa me aguardava no desembarque em Nova
Orleans |
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Além do aeroporto, Louis Armstrong também dá nome a um
parque público muito frequentado em Nova Orleans, localizado entre o French
Quarter e o bairro de Tremé |
De repente, a música vem encontrar você no meio da rua. Veja o vídeo:
Música nas ruas de Nova Orleans
As performances de rua podem acontecer em qualquer lugar, mas a aposta mais segura é procura-las no French Quarter, no entorno de Jackson Square.
Outros pontos onde os músicos de rua batem ponto com regularidade são o French Market, o Moon Walk (calçadão sobre o dique que protege o bairro francês das cheias do Mississípi, com acesso em frente à Jackson Square) a Royal Street (no trecho entre Saint Anne e Canal Street, principalmente) e a Frenchmen Street.
A banda, geralmente tocando Dixieland Jazz (o estilo mais tradicional e dançante), seria a primeira linha, enquanto o público que vem atrás, se acabando de tanto dançar, seria a segunda linha.
Encontrar uma second line parade não é tarefa difícil nos bairros mais tradicionais de Nova Orleans, como o French Quarter, o Faubourg Marigny e o Tremé.
Afinal, qualquer ocasião for a do cotidiano, até os cortejos fúnebres (aliás, especialmente os cortejos fúnebres) costumam ser motivos para botar o bloco na rua em The Big Easy.
Eu encontrei uma banda descendo a Saint Peter Street em uma normalíssima noite de quarta-feira, com garoa e tudo mais, arrastando uma galera. E atrás das Dixieland Bands, só não vai quem já morreu, certo?
Alguns desfiles das bandas e suas second lines são grandes eventos anuais, com direito a fantasias, alegorias e adereços, promovidas por clubes e associações.
Esses desfiles mais “formais” costumam ser realizados aos domingos. Para se programar, veja esse calendário das second line parades de Nova Orleans.
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Aplicativos infalíveis para escolher os shows: olhos e
ouvidos |
Como escolher a sua programação musical em Nova Orleans
Outro método bacana: descer toda a Frenchmen Street olhando os cartazes nas portas dos bares e clubes e anotando o que me interessava (como não conhecia os artistas, escolhia pelo estilo musical). Dava pra montar a programação da noite inteira — os shows duram cerca de uma hora e, vocês sabem, a noite é uma criança 😀.
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Bourbon Street |
Mas antes de eu descobrir o fantástico mundo do o que ocorrer (risos), anotei alguns sites úteis para checar a programação de música ao vivo nos bares de Nova Orleans.
O que mais consultei foi o site da Rádio New Orleans WWOZ, que divulga a programação do dia nas casas noturnas de Nova Orleans.
Meu roteiro musical nos EUA
Ingressos nos Estados Unidos - como organizei meu roteiro musical
Dicas de transporte em Nova Orleans - como chegar e como circular pela cidade
Nova Orleans e o Bonde chamado Desejo
Hospedagem em Nova Orleans - French Quarter e Faubourg Marigny
Arredores de Nova Orleans - bate e volta
Todas as dicas dos Estados Unidos - post índice
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