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O cenário mais fotografado da Luisiana: a alameda de
carvalhos tricentenários da Oak Alley Plantation |
Contemporâneas à colonização da Luisiana, as plantations (fazendas históricas) são realmente uma atração imperdível, que você alcança por conta própria — em viagens de carro de cerca de uma hora, com estrada em excelentes condições —, ou em excursões oferecidas pela maioria das agências de turismo de Nova Orleans.
Os lindos casarões das plantations, cercados por árvores centenárias, têm um tremendo apelo romântico. As visitas, porém, fazem mais que arrancar suspiros. São oportunidades para conhecer um modo de vida que já não existe mais — e refletir sobre a opulência construída na exploração do trabalho de pessoas submetidas à escravidão.
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O casarão colorido, como manda a tradição french creole, da
Laura Plantation |
A Laura Plantation, em Vacheron (80 km de Nova Orleans) é uma autêntica fazenda da tradição french creole, com sua casa-grande impressionante, belos jardins e a reconstituição do universo doméstico e da produção nos campos.
O monumento na Whitney Plantation lembra as crianças escravizadas na fazenda |
De quebra, ainda tive a oportunidade de uma paradinha para fotos na mais célebre das plantations próximas a Nova Orleans, a bela Oak Alley, que encanta turistas do mundo inteiro com a impressionante alameda de carvalhos de quase 300 anos de idade.
Veja como foi minha visita às plantations próximas a Nova Orleans. No final do post tem um mapa.
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O Rio Mississipi é companhia constante no trajeto até as
fazendas históricas. Na foto acima, a travessia do mighty river, já pertinho da
primeira parada na Whitney Plantation |
Como fiz a visita às plantations próximas a Nova Orleans
Eles têm postos e representantes espalhados por toda a área turística da cidade, mas, se você quiser ir direto à fonte, a central de venda de tíquetes e excursões da GreyLine funciona no antigo Farol de Toulouse Street, na beira do Rio Mississipi, quase em frente à Jackson Square.
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Os escravizados nas fazendas viviam neste tipo de choupanas.
Estas são da Laura Plantantion |
Os preços vão variar, dependendo da sua opção.
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As crianças escravizadas na Whitney Plantation são lembradas
na capela da propriedade (no alto). Acima e no centro, casebres que serviam de moradia às
famílias |
Eu escolhi combinar a Whitney Plantation, por conta de sua abordagem da história da escravidão, e a Laura Plantation, por sua importância histórica e arquitetônica. Meu tour custou US$ 63, com ingressos e transporte.
A GreyLine não recolhe os passageiros nos hotéis da parte histórica de Nova Orleans — segundo eles, para não impactar o trânsito em áreas sensíveis como o French Quarter e o Faubourg Marigny. É preciso encontrar o grupo no Farol da Toulouse Street, cerca de 20 minutos antes da hora marcada para a partida.
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Memorial na Whitney Plantation resgata os nomes e um pouco
da história de pessoas escravizadas na região do Mississipi |
Whitney Plantation
A Whitney Plantation é um museu dedicado à história das pessoas que viveram escravizadas nas pujantes propriedades rurais da região do Mississipi, foco completamente diferente das demais fazendas históricas abertas ao público nos arredores de Nova Orleans.
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A capela da Whitney Plantation hoje funciona como um
centro de visitantes. É lá que começam os tours guiados pela fazenda-museu |
Do mesmo jeito que a política do New Deal criou frentes de trabalho destinadas à construção e recuperação de estradas, ferrovias e represas, também ofereceu possibilidade de ocupação e renda à “turma da caneta”.
Até que alguém teve a ideia simples — e genial — de ouvir sobreviventes da escravidão. Um documento vivo e comovente que subsidiou a montagem do percurso museológico da Whitney Plantation.
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Tachos usados para cozinhar a garapa de cana na preparação
do açúcar |
Horário: De quarta a segunda, das 9:30h às 16:30h. Fechada às terças-feiras e nos feriados.
Preço: US$ 22. Visitantes entre seis e 16 anos de idade pagam US$ 10. Menores de seis anos entram grátis.
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No alto, o dormitório da senhora da Whitney Plantation, em
contraste com o quarto de um escravizado. Abaixo, a cozinha de uma choupana |
Na chegada, cada visitante recebe um cartão com a imagem e o nome de uma daquelas crianças. Meu companheiro de jornada foi Albert Patterson, entrevistado pelo projeto aos 90 anos de idade.
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No alto, o memorial aos escravizados. Acima, a casa-grande da Whitney Plantation e seu jardim. Abaixo, a sala de refeições e a sala de estar da mansão |
A Whitney Plantation também mantém um memorial dedicado aos escravizados identificados em inventários de fazendas da região, preservando seus nomes e o pouco que se conseguiu de suas histórias.
A visita guiada à Whitney Plantation é um percurso tocante. Um assombro que provoca indignação, ternura e profunda empatia. Não é fácil, mas é imensamente necessário.
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A varanda multicor da casa-grande da Laura Plantation |
Laura Plantation
Começando pela arquitetura da casa, construída em 1804, e seu estilo decorativo e chegando à organização da produção, tudo em Laura Plantation segue o mais castiço french creole. Sob esse ponto de vista, a visita à propriedade é uma aula de História bem interessante.
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As árvores centenárias são o grande encanto no jardim da Laura Plantation |
A origem da Laura Plantation remonta a começa em 1804, quando o oficial de Marinha francês Guillaume Duparc recebeu aquelas terras em reconhecimento pela sua participação na Guerra de Independência dos EUA.
Como todas as fazendas da Luisiana da época, a produção na Laura Plantation dependia exclusivamente do trabalho escravo. No início, eram sete pessoas nessa condição, mas, em cerca de 60 anos, o número de escravizados na propriedade chegou a 186.
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Os ambientes da casa-grande da Laura Plantation conservam
mobiliário de época e dão uma ideia do cotidiano doméstico de uma fazenda do
Século 19 |
A primeira foi a viúva de Duclerc (ele morreu pouco depois de receber as terras), depois sua filha, uma neta e a bisneta Laura, que escreveu um livro com as memórias da fazenda e morreu em 1963.
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Lembrança das mulheres que dirigiram a Laura Plantation. Abaixo, moradia destinada aos escravos da fazenda |
Endereço: 2247 Highway 18, Vacherie, Luisiana
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Sala de jantar da casa-grande da Laura Plantation |
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Um dos dormitórios da casa-grande |
Cercada de carvalhos, avarandada e contemplando os luxos de sua época, a casa-grande permite que o visitante tenha uma ideia bem precisa do cotidiano de uma família rica da Luisiana no Século 19.
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Jardim e sala de estar da Laura Plantation |
É tudo muito bonito, mas há outro cotidiano que me pareceu muito mais marcante — uma visão bastante perturbadora, pra ser franca: quatro dos casebres originais, de madeira, que serviam de moradia às famílias escravizadas ainda estão de pé.
O contraste com os luxos e confortos da casa-grande é um soco no estômago.
São cubículos parcamente iluminados — é difícil fotografar lá dentro — que normalmente eram ocupados por duas famílias.
O roteiro proposto na visita guiada à Laura Plantation é bastante didático, embora se concentre nas peripécias da família proprietária.
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Os carvalhos centenários são uma logomarca das fazendas históricas da Luisiana. Acima, a casa-grande da Laura Plantation |
Pouco se conhece sobre os escravizados que construíram a prosperidade da fazenda ou de seus descendentes. Mas sabe-se que após a Guerra Civil e a abolição da escravidão grande parte dos trabalhadores permaneceu na plantation.
➡️ Detalhe importante: os pais de Fats Domino, um dos maiores nomes do Rhythm and Blues, teriam vivido e trabalhado em Laura Plantation nos anos 20 do Século passado.
Oak Alley Plantation
Às margens do Rio Mississípi, em Vacherie, Oak Alley Plantation é o cenário mais fotografado da Luisiana, graças à alameda de carvalhos que dá nome à propriedade e funciona como um romântico dossel sobre o caminho que leva à casa-grande.
São 28 árvores, plantadas no Século 18 — contemporâneas da fundação de Nova Orleans e do início da colonização da Luisiana, quando a fazenda ainda se chamava Bon Séjour (“boa estadia”) e a casa-grande atual ainda não sonhava em ser construída.
A riqueza de Oak Alley foi resultado exclusivo do trabalho escravo, assim como a construção da impressionante casa-grande da plantation.
Um dos proprietários da fazenda foi o magnata creole Valcour Aime, o “Rei da Cana-de-Açúcar”, apontado como o homem mais rico do Sul dos Estados Unidos nas primeiras décadas do Século 19.
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A balsa quase desaparece na bruma do Rio Mississipi,
passando em frente à Oak Alley Plantation |
Oak Alley entrou em decadência no final do Século 19 e sua bela mansão colonial sulista estava praticamente em ruínas no início do Século 20, quando uma praga inviabilizou a cultura da cana-de-açúcar na região. Em 1925, novos proprietários deram início à restauração da propriedade. está aberta ao público.
3645 LA-18 (Rodovia Estadual 18), Vacherie, Louisiana
Horário: diariamente, das 9h às 17h.
➡️ Os administradores recomendam reservar ao menos 2 horas para ver todas as atrações da propriedade e que o visitante chegue antes das 15:30h para aproveitar todas as exposições.
➡️ As visitas à casa-grande (guiadas) são feitas em grupos de até 40 pessoas. O acesso ao segundo andar da mansão não está adaptado para pessoas com dificuldade de locomoção.
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O dique que protege a região das cheias do Rio Mississipi ganhou
uma ciclovia e ela passa na porta da Oak Alley Plantation |
➡️ O que ver na Oak Alley Plantation
Mas o motorista do micro-ônibus foi bem camarada e deixou a mim e a outros passageiros diante da linda alameda (do lado de fora da grade) enquanto ia buscar a parte do grupo que optou por visitar Oak Alley (a entrada dos turistas é na parte de trás da propriedade).
Em cerca de 20 minutos, ainda mais do lado de fora, tudo o que dá para fazer são algumas fotos da plantation e do Rio Mississípi, que passa bem em frente.
➡️ O dique que protege a estrada das cheias do rio, uma elevação de uns três metros em relação à estrada, serve de mirante para a alameda de carvalhos e para o Mighty Mississipi, que estava lindão, envolto na bruma—eu sei que é só resultado da umidade e do calor, mas brumas me encantam 😊😊.
Em Oak Alley, os visitantes são acompanhados por um guia apenas durante o tour pela mansão.
O resto do tempo, é livre para a exploração dos jardins, da alameda de carvalhos e de outras áreas da fazenda — a parte visitável da propriedade tem mais de 10 hectares (mais de 100 mil metros quadrados).
Há duas exposições permanentes nas dependências da propriedade: “A Escravidão em Oak Alley” e “Acampamento da Guerra Civil”.
No Sugarcane Theater, os visitantes podem assistir a um documentário sobre o cultivo da cana-de-açúcar, origem da riqueza da plantation e reintroduzido nas terras de Oak Alley na década de 60.
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