Plano vai, plano vem, finalmente a viagem a Mendoza desencantou. A cidade plantada aos pés da Cordilheira dos Andes foi uma das quatro paradas do meu roteiro pela Argentina e pelo Chile das férias do último setembro. E a bichinha não me decepcionou.
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Mendoza fica no meio de um deserto, mas nem parece. A cidade
tem um conjunto de praças e parques públicos de fazer inveja e ruas muito
arborizadas. Na foto, a Plaza Independencia |
Neste post eu reuni as informações práticas de Mendoza para ajudar no seu planejamento de viagem. Espero que sua experiência na cidade seja tão agradável quanto foi a minha:
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O Aeroparque, no bairro de Palermo, é a principal porta de saída para quem vai de Buenos Aires a Mendoza |
Voos para Mendoza
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Voei de Buenos Aires para Mendoza com as Aerolíneas |
➡ A viagem aérea entre Buenos Aires e Mendoza dura 1h50.
Outro trajeto aéreo bem comum para Mendoza é partindo de Santiago do Chile, um voozinho de cerca de 30 minutos. Eu fiz o caminho inverso, de Mendoza para Santiago, com a Latam.
Ônibus para Mendoza
É possível ir de ônibus de Buenos Aires a Mendoza, uma viagem com duração variando entre 13 horas e 17 horas, dependendo do número de paradas do busão.
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O ônibus de Buenos Aires para Mendoza partem do Terminal Retiro |
O preço da passagem, em dezembro/2022, varia entre R$ 430 e R$ 500, dependendo da categoria do ônibus (leito ou semi-leito). Acho caro, além de desconfortável ficar tanto tempo na estrada.
A distância entre Mendoza e Santiago do Chile quase me animou a fazer a viagem entre as duas cidades de ônibus — a paisagem das montanhas é o grande atrativo dessa opção.
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Cheguei a pensar em fazer o trecho Mendoza-Santiago de
ônibus para ver belezas como o Cordón del Plata e
outras montanhas pelo caminho. Mas 10 horas no busão é muito tempo |
➡ A passagem de ônibus entre Mendoza e Santigo, agora em dezembro, está na casa dos R$ 340.
Câmbio e preços em Mendoza
Verdade: o câmbio na Argentina tem deixado muito viajante encafifado com as quedas diárias na cotação do peso frente a moedas como o dólar, o euro e o nosso real — acredite, a mudança pode acontecer mais de uma vez ao dia.A culpa é da inflação que desvaloriza a moeda dos hermanos.
Ainda que não seja necessário fazer uma pós graduação em economia para se virar com o câmbio na Argentina, é bom anotar umas dicas básicas. No post sobre a organização de viagem a Buenos Aires você encontra as principais informações sobre o tema.
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O Escritório de Turismo de Mendoza (Ente Provincial de Turismo) fica na Avenida San Martín, a quatro quadras da Plaza Independencia |
O resumo da ópera é o seguinte: o câmbio blue (alternativo, ou paralelo) oferece taxas de conversão de reais ou dólares para pesos muito mais vantajosas do que o câmbio oficial.
Só aí você já entendeu que usar o cartão de crédito ou fazer câmbio em bancos (duas operações que utilizam as taxas de câmbio oficial) vai ser muito desvantajoso.
Recorrer às casas de câmbio pela cotação blue vai fazer seu dinheiro (dólar ou real) valer o dobro.
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A Peatonal Sarmiento é um agradável bulevar de pedestres no
Centro de Mendoza. Tem muitos bares, restaurantes, comércio e casas de câmbio |
Assim como em Buenos Aires, o centrinho de Mendoza tem diversas cuevas (literalmente: “cavernas”), como eles chamam as casas de câmbio. Eu prefiro ir a estabelecimentos com uma cara mais “institucional” do que àqueles onde a atividade de câmbio tem uma cara meio clandestina — às vezes é um mercadinho, noutras, uma loja qualquer.
As taxas de câmbio nessas casas menos “formais” podem até ser um pouquinho melhores, mas eu não confio muito.
Em Mendoza, eu troquei dólares com os anfitriões do Airbnb onde me hospedei. Bastava conferir as taxas do dia no site Dolarhoy e pronto.
Veja mais dicas de câmbio na Argentina neste post: Como organizar uma viagem a Buenos Aires
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Na chegada ao Aeroporto de Mendoza, foi muito fácil contratar um remís para seguir até minha hospedagem |
Transporte em Mendoza
O Aeroporto Internacional de El Plumerillo fica a 10 km do
Centro de Mendoza. A forma mais prática que encontrei de ir de lá até minha
hospedagem foi pegar um remís (algo como um táxi especial que roda com tarifa pré-fixada), que cobrou $ 1.300
pesos (menos de R$ 30, no câmbio blue).
Quando fui embora de Mendoza, fiz o trajeto da minha
hospedagem até o aeroporto com um carro da Cabify e a tarifa foi exatamente a
mesma: $1.300 pesos.
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O transporte público funciona direitinho, mas é muito mais gostoso caminhar pelas ruas arborizadas e bem cuidadas de Mendoza |
Como circular por Mendoza
Mas ao caminhar por Mendoza, preste atenção às valas que costumam margear as calçadas, pra evitar uma queda feia — não, desta vez eu não repeti o vexame de Cartagena, quando caí em um bueiro 😁.
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Atenção às acéquias pra não levar um quedão |
Transporte público em Mendoza
Se você vai passar pela capital argentina antes de ir para Mendoza, traga seu Cartão Sube, porque eu não vi um único lugarzinho vendendo a cobiçada tarjeta na capital do vinho.
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Para pagar o transporte público em Mendoza, o passe é o mesmo Cartão Sube usado em Buenos Aires |
Já carregar créditos no Cartão Sube em Mendoza é bem tranquilo. Encontrei vários quioscos e mercadinhos que ofereciam o serviço.
Saiba tudo sobre o Cartão Sube no post com as dicas práticas de Buenos Aires
Usei bastante os ônibus de Mendoza para poupar os pezinhos, nas visitas a atrações mais distantes do meu alojamento. O Google Maps foi minha ferramenta para traçar essas rotas.
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As paradas de ônibus de Mendoza são bem sinalizadas — e o
tempo de espera pelo busão sempre foi bem razoável |
Os ônibus funcionam direitinho no Centro de Mendoza, exigindo pouco tempo de espera nas paradas. Os colectivos (nome dos busões na Argentina) não são novíssimos, mas não comprometem o conforto dos passageiros).
Os ônibus circulam pela Cidade de Mendoza e região metropolitana, incluindo as áreas vinícolas de Maipú, Luján de Cuyo e o Vale de Uco.
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A "passarela" do Metrotranvia é a Avenida
Belgrano, uma das principais vias do Centro de Mendoza |
➡A tarifa dos ônibus em Mendoza custa $ 35 pesos.
Outra opção para circular por Mendoza é o Metrotranvía, um metrô de superfície que corta o Centro da Cidade e chega até Luján — a parada final nessa localidade é exatamente em frente à Bodega López, vinícola que recebe visitantes gratuitamente.
A viagem no Metrotranvia, que tem trens climatizados e muito silenciosos, custa os mesmo $ 35 pesos do busão.
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Os trens do metrô de superfície são climatizados. A parada
final da linha é na porta de uma vinícola em Luján |
Clima em Mendoza
A região onde está Mendoza é quase um deserto, aos pés da Cordilheira do Andes, e tem verões muito quentes e invernos bastante frios.Isso quer dizer que se sua viagem a Mendoza for realizada entre dezembro e fevereiro, você vai encontrar os vinhedos no auge da exuberância, mas corre o risco de torrar em temperaturas que passam facinho dos 35 graus e não fazem cerimônias para chegar aos aos 40º C (deixa eu bater na madeira, aqui) e encontrar o céu com mais nebulosidade.
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Setembro em Mendoza: aproveitei os dias lindos para caminhar pelo Parque General San Martín |
Janeiro também é o mês mais “chuvoso” em Mendoza, com média de 6,2 dias com precipitações — pra vocês verem que a região é seca meeeesmo.
Os invernos mendozinos são frios de verdade. Não é novidade se os termômetros encostarem suas bolinhas na marca de 0 grau. O que você paga na aporrinhação de se agasalhar com determinação, ganha em céus azuis. Mas a moldura celeste e quase sem nuvens não vai enquadrar vinhedos bonitos: as parreiras estarão peladas, meros galhinhos cinzentos.
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Na Cordilheira dos Andes, o degelo já tinha começado, mas o frio ainda era furioso |
A primavera e o outono em Mendoza têm temperaturas amenas — máximas médias um pouco acima dos 20º C e mínimas médias na casa dos 10º C.
Eu estive em Mendoza em meados do mês de setembro de 2022 e adorei o clima fresquinho, sempre rondando os 15 graus durante o dia — à noite, era necessário caprichar nos agasalhos, mas nada que chegasse ao frio polar.
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Passeio à Alta Montanha: socorro! |
No passeio à Alta Montanha, porém, encarei um frio de dar pneumonia em pinguim. Quando você for a Mendoza, leve uma cota extra de agasalhos para essa ocasião — o que você não pode fazer é deixar de ir ver o Monte Aconcágua e seus irmãozinhos andinos de pertinho, porque essa é a melhor coisa que tem pra fazer em Mendoza.
Melhor época para ir a Mendoza
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Primeira quinzena de setembro: cadê o verde do vinhedo que
estava aqui? |
Se você é mesmo apaixonada por vinhos e vinícolas, pode valer a pena marcar sua
viagem a Mendoza entre o final de fevereiro e o final de março, que é a época
da vindima (a colheita das uvas) e a cidade fica mais festiva.
No primeiro sábado de março é realizada a Festa da Vindima,
que atrai multidões a Mendoza — isso também quer dizer preços mais altos,
restaurantes lotados e diárias de hospedagem inflacionadas.
➡ A primavera e o outono são as épocas de baixa estação em
Mendoza.
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Tenho o maior respeito por cidades onde se pode ler na praça sem ser preocupações com segurança |
Segurança em Mendoza
Sempre que chego a um destino de viagem, costumo perguntar como é a segurança por lá. E sempre pergunto às mulheres, já que nós estamos sujeitas a violências que não preocupam os homens. Outra providência útil é observar os locais.
Por tudo que vi e ouvi, os maiores riscos que viajantes correm em Mendoza são os inescapáveis batedores de carteira.
Mais sobre Mendoza
Olá, tudo bem? Existe algum lugar que mostre as rotas dos ônibus e do metrô de Mendoza?
ResponderExcluirOi, eu usei sempre o Google Maps pra planejar minhas rotas com o transporte público de Mendoza e deu certinho.
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