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Um passeio pelo Mercado Central de Mendoza é um bom trailer das refeições que virão depois |
Muito antes de colocar meus pezinhos na capital argentina do
vinho, eu já vinha ansiosa por uma badalada atração da cidade: comer em
Mendoza, já tinham me avisado, é coisa pra ser levada a sério.
Nos quatro dias que passei em Mendoza, experimentei um
pouquinho de tudo: cafés moderninhos, casas tradicionais, comida de rua (ah, o
choripán...) e beliscos no Mercado Central.
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Choripán é o Messi dos sanduíches. Este foi devidamente devorado numa barraquinha no Parque General San Martín |
O que não faltaram foram opções pra combinar com (ou justificar)
mais aquela taça de vinho que eu fazia questão de experimentar.
Mas não tratei o comer em Mendoza só como pretexto para meter
o pé na jaca da enologia — até porque um bom vermutinho também faz um bem
danado para a alma 😁.
Mas a caprichada mesa mendozina é capaz de seduzir até os abstêmios.
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Provoleta é uma mania boa de adquirir: o queijo provolone temperadinho com orégano e azeite e derretido no braseiro acompanha divinamente uma taça de vinho ou, no caso, una copita de vermute. Viciei |
Veja como foram minhas aventuras de garfo e faca na cidade:
Comer em Mendoza - meu mapa
Não experimentei a elogiada gastronomia das vinícolas de Mendoza. Todas as minhas refeições foram feitas no Centro da cidade.
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Pesquise antes de se aventurar pelas dezenas de opções de restaurantes da Avenida Aristides Villanueva. Eu fui no olhômetro e caí em duas arapucas pega-turistas |
A exceção foi no dia do
passeio à Alta Montanha, quando tomei um bom café da manhã na vila de
Uspallata e almocei dolorosamente mal em um restaurante de
Las Cuevas — as duas paradas fazem parte do roteiro, o viajante não tem muito o que apitar nas escolhas das agências.
Mendoza tem uma passarela de bares e restaurante, a
Avenida Aristides Villanueva, onde há todo o tipo de opções. Mas aviso que
tive duas experiências bem sofríveis por lá. Definitivamente, não é o lugar para escolher o restaurante pela cara.
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Na aventura de escolher restaurante pela cara, fui mais feliz na Peatonal Sarmiento |
Nesse tipo de aventura — definir o lugar onde comer pela aparência do estabelecimento — eu me saí muito melhor na Peatonal Sarmiento, rua de pedestres no coração da cidade.
➡ Os preços que cito neste post são de setembro de 2022, com o câmbio blue (alternativo) em reais válido naquela época. Servem mais para dar uma ideia do que como informação precisa: com a inflação argentina, os valores mudam o tempo todo.
Comer em Mendoza: 6 dicas
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Bruselas é um café charmoso para vários tipos de fome |
⭐Bruselas cocina&café
Avenida Belgrano nº 1069 (entre Sarmiento e Rivadávia)
🕒 Diariamente, das 9h à 1:30h da madrugada.
Jantei muito bem no charmoso Café Bruselas, no trecho mais elegante da Avenida Belgrano. O cardápio da casa acomoda todos os tipos de fome, do café da manhã àquele belisco tardio para encerrar a noite, além de opções veganas, vegetarianas e sem glúten.
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A Sopa de cebola combinou divinamente com o frio da noite mendozina. Abaixo, uma pavlova muito gostosa |
Aproveitei o frio para pedir a sopa de cebola, que acompanhou muito bem as taças de vinho e arrematei a refeição com uma pavlova de frutas vermelhas meio descontruída e muito sedutora.
O menu da casa passa pelos cafés, croissants ($ 480/ R$ 10), alfajores ($ 650/ R$ 13), sanduíches (a partir de $ 2.200/ R$ 44), saladas ($ 3.100/ R$ 60), pratos de massa e de carne. As sobremesas custavam $1.200 pesos em setembro (R$ 24).
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Se choripán é Messi, submarino é o Maradona dos chocolates |
⭐Havana Café
Peatonal Sarmiento nº 68
🕒 De segunda a sábado, das 7:30h às 22h. Domingos, das 8h às 22h.
Sim, tem Café Havana em tudo quanto é canto, vários deles no Brasil. Mas eu acho que essa catedral do alfajor sempre se sai melhor jogando em casa.
Talvez seja maluquice minha, talvez seja o sotaque dos atendentes que ajuda a temperar a coisa, mas mergulhar num submarino acompanhado das galletitas de limón (bolachinhas de limão, nhammm) com cobertura de chocolate é sempre mais gostoso na Argentina. E aí, só de pirraça, colocaram um Havana Café bem caminho que eu fazia regularmente nos meus passeios por Mendoza.
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Uma caneca de leite, uma barra de chocolate e as bolachinhas. A felicidade não precisa de muito pra dar as caras |
E aí, a cinturinha que se dane, porque está pra nascer um jeito mais gostoso de fazer chocolate quente do que o submarino. O chocolate da Confeitaria Angelina, em
Paris, pode ser muito mais cheiroso e cremoso. O do
Café Gambrinus, em Nápoles,
tem muito mais história. Mas quem é que incorpora a dimensão lúdica de um submarino?
Enfim, final de tarde em Mendoza, pra mim, era hora de brincar. Eu fico criança no ritual de de derreter uma barrinha de chocolate no leite fumegante e bem espumoso, até incorporar cada pedacinho da coisa.
E aí era só espantar o frio brindando aos queridos argentinos, que pariram Messi, Maradona e o submarino — desculpem, mas não anotei o preço do brinquedo com sabor. As galletitas custam $ 200 pesos.
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É capaz de você encontrar seu jantar ainda in natura em um passeio pelo Mercado Central |
⭐Mercado Central
Avenida Las Heras nº 279 (também tem uma entrada pela Avenida España).
🕒 De segunda a sábado, das 8h às 13:30h e das 17 às 20:30h. Aos domingos, das 9h às 13h.
O Mercado Central de Mendoza é um resistente. Num tempo em que a gentrificação desses espaços é quase incontornável, ele continua com cara de lugar onde a gente quase se imagina trombando com um frango vivo trotando pelos corredores — só como metáfora, porque não há animais vivos à venda.
Não me entenda mal: o Mercado Central de Mendoza é muito limpo, cheiroso e organizado, mas só o fato de estar passando incólume à moda de transformarem tudo quanto é mercado em "espaço gourmet" já ganhou minha simpatia.
Com 140 anos de idade, o mercado faz parte da vida dos
mendozinos, que lá abastecem suas despensas com frutas, hortaliças, carnes,
peixes, frios e embutidos, queijos, pães, doces, frutas, legumes, especiarias,
cereais, azeites, cervejas e vinhos.
Um passeio pelo Mercado Central de Mendoza é um bom trailer para suas refeições, pois há sempre a chance dos ingredientes do almoço ou jantar saírem de lá. E como esse preview dá fome, aproveite para saborear uma empanada (provei umas ótimas), um sanduba e outras comidinhas nos restaurantes e lanchonetes que funcionam lá.
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Bernardino: cozinha de cara para a rua e pequenas delícias |
⭐Bernardino Gourmeteria
Avenida Perú nº 989 (entre Rivadávia e Montevideo)
🕒 De segunda a sábado, das 12 à meia-noite.
Que lugarzinho danadinho de simpático é esse Bernardino. Suas
poucas mesas na calçada—improvisadas com barris e ornamentadas com muitas
flores — e as dispostas no pequeno salão/empório acomodam a plateia de olho na
cozinha, que se exibe para quem passa na rua, através de generosas vidraças.
Tecnicamente, não é um restaurante. É um bar de vinhos que
serve comidinhas gostosas, tapas e tábuas de queijos e de frios. O tira-gosto
de berinjela estava de uivar para a lua.
Bom lugar para bebericar e beliscar sem gastar muito.
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Fuente y Fonda: jantar no alpendre de la abuela |
⭐ Fuente y Fonda
Montevideo nº 675, na Plaza Itália (entre Perú e 25 de Mayo)
🕒 Diariamente, almoço do meio-dia às 15:30h. Jantar das 20h à meia-noite.
A inspiração assumida do Restaurante Fuente y Fonda, um dos mais recomendados de Mendoza, são as
cozinhas das avós, com pratos tradicionais, sabor sem pudor e porções para
alimentar um batalhão.
Para comensais-solo, tipo eu, pode ser um pouco torturante,
afinal, todas as tentações do cardápio são pratos para duas pessoas — no mínimo.
Sabe aquele desejo intermitente que tenho de reencarnar camela, para ter quatro
estômagos? Pois esteve muito presente durante esse jantar.
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Língua ao vinagrete, empanadas e vinho: jantarzinho delícia por R$ 50 |
O restaurante se orgulha de não usar frízer e só utilizar
produtos fresquinhos, que chegam todo dia. Daí o aviso aos comensais que chegam
mais tarde: “o menu é este, mas algumas opções já acabaram”. Ah, sim, e o
cardápio muda o tempo todo, dependendo dos produtos da estação.
Jantei muito bem no Fuente y Fonda, com entrada de empanadas
divinas ($ 630 pesos a porção com duas unidades) e língua ao vinagrete como
prato principal ($1240). E haja vinho para acompanhar... Gastei cerca de R$ 50
e saí feliz da vida.
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Sorvete de tangerina ao uísque: só de lembrar, minha alma sai do corpo e vai voando pra Mendoza |
⭐Ferruccio Soppelsa Helados
Emílio Civit n º2
🕒 De segunda a quinta das 9h à meia-noite. Sextas, sábados e domingos, fecha à 1h da manhã.
Já contei que estava frio em Mendoza, né? Mas nada detém
aloka do sorvete. Não é que eu realmente faça questão de ficar tão gelada por
dentro quanto por fora, mas esta sorveteria ficava bem no meu caminho e tinha
uns sorvetes tão gostosos que não dava pra fazer desfeita.
Experimente os sorvetes de amêndoa, zabaione (zambayón, como
dizem os Hermanos) e o inacreditável tangerina (mandarina) al whisky, um motivo maior que o Aconcágua para eu voltar a Mendoza.
O copinho simples (uma bola) custa $ 550 pesos.
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