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Os vinhedos cultivados à sombra das montanhas colocaram
Mendoza no mapa turístico |
Eu, por exemplo, fui a Mendoza pra ver a beleza estonteante da Cordilheira dos Andes, aos pés da qual estão plantados os vinhedos que fizeram a fama da região, Também fui ver a agradável cidade de 150 mil habitantes — centro de uma região metropolitana que reúne cerca de 1,2 milhão de pessoas.
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Como é que uma cidade no meio do deserto consegue ser tão verde? |
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Quem curte garimpar detalhes também não vai se decepcionar com
Mendoza |
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Na esquina da Avenida San Martín com a Peatonal Sarmiento, a
Passagem San Martín foi construída em 1926, no primeiro “arranha céu” de
Mendoza, com sete andares |
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Além de comer bem e beber bem, em Mendoza se aproveita a vida
ao ar livre. Esta é a agradável Plaza Independencia, coração da cidade |
O que fazer em Mendoza
⭐Ver a Cordilheira dos Andes e o Monte Aconcágua no passeio à Alta Montanha
Pra mim, a grande estrela entre as atrações de Mendoza é o horizonte da região, emoldurado pelos cumes nevados da Cordilheira dos Andes.Nas áreas vinícolas de Maipú e de Luján del Cuyo, ao sul de Mendoza, a cadeia de montanhas conhecida como Cordón del Plata é um dos grandes cartões postais. E a pouco mais de 100 km do Centro de Mendoza está a majestade do Monte Aconcágua, com seus 6.961 metros de altitude.
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Antes de chegar ao Aconcágua, a gente treina os ahhhs e ohhhs admirando
o Cordón del Plata |
Para ficar cara a cara com o colosso, fiz uma excursão que já é um clássico de Mendoza, o Passeio à Alta Montanha. É uma atividade de dia inteiro: as vans e micro-ônibus partem da cidade por volta das 7h da manhã e retornam no final da tarde.
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| Muita gente aproveita a parada em Uspallata para comprar artesanato |
Ao longo do passeio, percorremos a Ruta (rodovia) Nacional 7, em direção à fronteira com o Chile. No roteiro está uma parada na vila de Uspallata para o café da manhã, a visita a Puente del Inca — uma formação natural sobre o Rio de las Cuevas, surgida a partir do acúmulo de sedimentos de rocha — e a parada no Mirante do Aconcágua, no parque que cerca a famosa montanha.
Nos meses de verão, é possível fazer trekking no Parque Provincial do Aconcágua. Em setembro, quando estive em Mendoza, as trilhas ainda estavam fechadas — o parque só é acessível de novembro a abril — e restou-me contemplar a famosa montanha da entrada do parque.
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Puente del Inca é uma formação natural que inspirou algumas
lendas. Em torno da atração há lanchonetes e lojas de artesanato (fotos abaixo) |
Na volta do passeio, costuma haver uma parada para fotos no Dique de Potrerillos, uma lago artificial muito procurado pelos mendozinos para esportes aquáticos como o remo e navegação a vela.
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| Dique de Potrerillos |
O Passeio à Alta Montanha custa cerca de US$ 30 (um pouquinho mais ou um pouquinho menos, dependendo da empresa) e pode ser comprado na maioria das agências de Mendoza. Não fiz reserva antecipada: comprei o bilhete na tarde de sábado para fazer a atividade no domingo.
Há uma parada para almoço no povoado de Las Cuevas, onde há diversos restaurantes. A refeição não está incluída no preço do passeio e custou $ 1.200 pesos (cerca de US$ 4).
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O Passeio à Alta Montanha passa por muitos vinhedos, sempre
com as montanhas no horizonte |
Achei a comida do restaurante onde a agência nos levou muito ruinzinha. O almoço é servido em bufê, no esquema “coma quanto quiser”, mas, francamente, quis comer o mínimo possível.
O que realmente vale a pena no Passeio à Alta Montanha é a paisagem deslumbrante da Cordilheira e a chance de ver o Aconcágua mais de pertinho.
São 10 paradas no percurso circular — se você não descer em nenhuma delas, vai fazer a volta pela cidade em cerca de duas horas. O passe do City Bus custa agora $2.400 (US$ 6,50) para estrangeiros e vale por 24 horas.
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| A primeira parada do ônibus turístico no Parque General San Martín é a chance de um lanchinho nos food trucks |
O passeio foi útil para que eu me situasse em Mendoza. O percurso turístico explora o Centro da cidade para além do miolinho turístico da Plaza Independencia, atravessa o delicioso Parque General San Martin, onde tem algumas paradas, e sobe até o Cerro (morro) de La Glória.
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O City Bus também é um jeito confortável de chegar ao Cerro
de La Glória para ver a paisagem e fazer algumas fotos |
Só essa subida já compensa o passeio no City Bus, pois o Cerro de La Glória está a quase 4 km da entrada do parque e ir caminhando até lá é meio penoso.
No alto do morro, um mirante oferece vista para boa parte da cidade de Mendoza e para a Cordilheira dos Andes. Esse mirante faz parte do monumento ao Exército de Los Andes — força militar majoritariamente composta por soldados negros e mestiços argentinos e chilenos, liderada pelo General San Martín. Esse grupamento partiu de Mendoza e cruzou a cordilheira para travar batalhas decisivas para a independência do Chile e do Peru.
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A Fonte dos Quatro Continentes é um dos cartões postais mais
conhecidos do Parque General San Martín |
Pra mim, o parque era meu vizinho bonitão em Mendoza — fiquei hospedada a apenas quatro quadras de sua entrada principal —, que visitei regularmente durante minha estadia.
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Admiro quem corre sob o sol, mas eu prefiro lagartixar 😊 |
E é realmente difícil resistir ao charme do Parque General San Martín. O lugar é muito bonito, super bem cuidado, seguro e cheio de atrações. Dá pra caminhar, pedalar, praticar vários outros esportes ou simplesmente lagartear ao sol (ou à sombra).
No interior do parque há um anfiteatro (o Teatro Grego Frank Romero Day, onde se realiza a Festa Nacional da Vindima), um estádio de futebol (o Estádio Malvinas Argentinas, usado até na Copa de 78) e o simpático Museu de Ciências Naturais e Antropológicas Juan Cornelio Moyano.
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O parque San Martín tem 400 hectares e 17 km de trilhas |
Também estão lá o campus da Universidade Nacional de Cuyo, um centro de pesquisa científica, um jardim botânico, um rosedal, diversos clubes (de regatas, hípico, de golfe, de esgrima, de tênis...) e o Aeroclube de Mendoza.
Ao longo do ano, são realizadas inúmeras atividades gratuitas, ao ar livre, no Parque General San Martín, como sessões de cinema, concertos e apresentações teatrais.
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| Um conjunto de cinco praças muito arborizadas humaniza e embeleza o Centro de Mendoza |
Essa é a origem das famosas acéquias mendozinas, canais aperfeiçoados por incas e espanhóis e que hoje margeiam as calçadas do Centro de Mendoza.
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| Em todas as praças de Mendoza o fumo só é permitido em áreas demarcadas. As bitucas devem ser deixadas nos cinzeiros (no centro) para serem recicladas |
Tendo como centro a Plaza Independencia, a maior e mais central, esse conjunto se completa com quatro praças-satélites, cada uma delas construída a pouca distância das quinas da praça-mãe.
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| Faça como os mendozinos e aproveite as praças da cidade para uma pausa sossegada |
São áreas de lazer sossegadas, com árvores frondosas, gramado bem cuidado, fontes e espaços para as crianças brincarem.
Além da Plaza Independencia, que tem até um museu de arte moderna e um teatro, o conjunto verde de Mendoza tem as praças Chile, Itália, San Martín e España, ótimos espaços para relaxar, ler um livrinho ou apenas descansar os pés no meio de uma caminhada pela cidade.
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| Tão jovens e tão generosos/as. Meu imenso respeito e gratidão aos que lutam por um mundo melhor em todas as partes do planeta, especialmente na América Latina |
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| Para não esquecer e não deixar que se repita |
Em Mendoza, o centro desse mecanismo era o Departamento 2 de Informações, instalação clandestina de detenção, torturas e assassinatos que funcionou dentro da sede da polícia.
O lugar agora abriga o Espaço de Memória e Direitos Humanos, onde são lembrados especialmente os 275 mortos/as e desaparecidos/as políticos de Mendoza, entre eles crianças tragadas pela violência da ditadura.
Sindicalistas, professores, estudantes, ativistas dos direitos humanos e qualquer um que se opusesse ao regime poderia cair nas garras da D2.
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| A ex-D2 esteve no centro da morte e desaparecimento de 275 pessoas, inclusive crianças |
Nas visitas guiadas (que devem ser previamente agendadas), sobreviventes desse centro de horrores recebem os visitantes e contam um pouco da história da resistência.
Eu não agendei a visita, mas muitíssimo bem recebida por Matilde, pesquisadora do espaço (Gracias por la acogida, Matilde 🧡) que me guiou pela claustrofobia dos calabouços onde sofreram morreram tantos meninos e meninas generosos — gente que não teve a chance de chegar à minha idade para celebrar o fim de ditaduras e resgates de democracias ameaçadas.
A exibição de um documentário sobre o período ajuda a compreender melhor o contexto histórico e a coragem dos opositores e opositoras daquela ditadura sanguinária. Conhecer um pouco da história deles e delas é uma forma de honrar sua luta.
A visita ao Espaço Memória e Direitos Humanos não é turismo e não é confortável, mas é essencial para qualquer pessoa que tenha compromisso em não permitir que a infâmia se repita.
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| Euzinha (esq) e nossos ancestrais no Museu de Ciências Naturais e Antropológicas de Mendoza |
Entrada gratuita
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Fiquei fã da Casa-Barco, sede do museu |
E essa é a grande graça do Museu de Ciências Naturais e Antropológicas de Mendoza — que eu recomendo especialmente para quem viaja com crianças.
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Fósseis e esqueletos de animais pré-históricos fazem a
alegria da criançada |
Gostei especialmente da sede do museu, um antigo balneário à beira do lago do parque, construído na década de 30 do século passado. Na chamada “Casa-Barco”, a elite mendozina se esbaldava em folguedos aquáticos, festas e comilanças na confeitaria chique que funcionou lá.
Hoje, o espaço abriga fósseis, cerâmicas e artefatos dos povos que habitaram originalmente a região de Mendoza. São cerca de 4 mil peças no acervo e uma das sessões do museu é dedicada à fauna regional.
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| Quem disse que é preciso visitar uma bodega para se esbaldar nos vinhos de Mendoza? |
Visitar as bodegas mais reputadas de Mendoza exige um planejamento cuidadoso. As vinícolas, em geral, trabalham com um limite diário de visitantes e é preciso reservar com bastante antecedência o passeio às vinícolas mais famosas.
Então, se a sua principal motivação para ir a Mendoza é o enoturismo, comece a se organizar pelo menos um mês antes de chegar à cidade — se puder comprar as visitar antes disso, melhor ainda.
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