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Bruxelas vista de uma das esferas do Atomium |
Bastou chegar a Bruxelas pra que eu mudasse de ideia. Resolvi ficar por lá mesmo, a maior parte do tempo — fiz um maravilhosos bate e volta a Bruges, mas as outras atrações da Bélgica ficaram para a próxima viagem.
Bruxelas me ganhou logo de cara. E motivos não faltaram. Quer museus bacanas? Bruxelas tem vários e excelentes. Quer comer bem? Você vai se esbaldar. Curte quadrinhos? Esta é a cidade.
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Chamada de “a praça mais bonita da Europa”, a Grand Place quase
foi demolida na euforia modernizante da Belle Époque |
E, ah, a arquitetura... Bruxelas tem um senhor patrimônio que vai do Gótico-Flamengo (aquelas casinhas com “fachada em degraus”) ao esplendor do barroco e o maior acervo de edifícios Art Nouveau da Europa.
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Se você tiver que escolher uma única coisa pra ver em
Bruxelas, que seja a Grand Place |
Como é que pode uma cidade tão bonita, interessante e alto astral como Bruxelas entrar para o almanaque do senso comum apenas como a terra de um menino de dois palmos de altura fazendo xixi?
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Pra não ser acusada de implicante, taí a foto do Manneken
Pis e da a muvuca pra ver o garoto |
O Manequinho é a figura central de uma fonte do início do Século 17 — na verdade, uma cópia, pois a original foi roubada e destruída, no Século 19.
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A diversidade arquitetônica de Bruxelas é um banquete para
os olhos. Tem o Barroco (no alto), a Art Nouveau (centro) e o Gótico
Flamengo (acima). E o resultado da mistura é pura harmonia |
O que fazer em Bruxelas
⭐ Ver a bela arquitetura de Bruxelas
Em geral, a gente tende a gostar de conjuntos uniformes (a arquitetura georgiana de Bath, o barroco de Ouro Preto, o gótico de Lübeck, o modernismo de Brasília...), mas Bruxelas é uma aula, não só sobre preciosos períodos arquitetônicos, mas, principalmente, sobre o encanto que resulta do encontro desses estilos.
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| Do monumental ao singelo, a arquitetura de Bruxelas é um charme |
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| Ecos de Abbey Road? E quem disse que o gótico não combina com grafite? |
E pensar que a Grand Place escapou por pouco da fúria modernizante que o dinheiro e o progresso industrial fizeram brotar, na segunda metade do Século 19.
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A Grand Place é tão linda que merece o flood de fotos deste
post |
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| Um bom motivo pra embarcar em um tour nos ônibus hop-on hop-off é poder fotografar a arquitetura de Bruxelas de um ângulo mais alto |
Na esteira de reformas urbanas como as de Paris e Viena, a Bélgica só não botou abaixo seu maior patrimônio de pedra e cal por conta da oposição obstinada do prefeito Charles Buls, ex-artesão (ourives) que governou a cidade por 18 anos.
O prefeito sustentou uma longa queda de braço com ninguém menos que o Rei Leopoldo II para impedir o sacrilégio que seria a demolição dos edifícios da Grand Place.
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Bruxelas preserva com carinho seu patrimônio gótico-flamengo |
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No alto e acima, duas fachadas discretamente Art Nouveau |
O esforço de Buls foi reconhecido até por Victor Horta, o genial arquiteto da Belle Époque, candidato natural a projetar os novos edifícios no lugar dos que seriam demolidos.
Horta ficou sem esses contratos e a obra que ele assina na Grand Place é exatamente uma homenagem ao prefeito que salvou o patrimônio barroco. O memorial a Charles Buls, em puro estilo Art Nouveau, está em uma das esquinas da Grand Place.
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Galerias Reais de Saint-Hubert, um shopping à moda do Século
19 |
Pelo menos na arquitetura, Bruxelas parece ter aprendido mais com Horta do que com seu rei colonialista (Leopoldo é mais conhecido pela dominação, espoliação e genocídio praticados no Congo).
O visitante rapidamente aprende a transitar pelo entrelaçamento de épocas que caracteriza a Bruxelas.
Por exemplo, atravessando a encantadora Galeria Saint-Hubert (uma espécie de shopping center do Século 19) para encontrar do outro lado o sotaque francamente medieval da Rue du Marché aux Herbes (Grasmarkt), um corredor estreito onde hoje os restaurantes para turistas disputam espaço com os tabuleiros de frutas e hortaliças de antanho.
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Grafite, cerveja e bate papo, a vibe de
Bruxelas |
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Os "tempos arquitetônicos" de Bruxelas passeiam
lado a lado, para encanto dos visitantes |
Mais de 50 murais pintados em Bruxelas homenageiam a "9ª Arte", as histórias em quadrinhos, na terra de Lucky Luke (criação de Morris e Goscinny), Tintim (de Hergé) e até dos Smurfs (de Peyo).
Os quadrinhos são tão importantes para os belgas que muitas de suas ruas históricas costumam ter três placas com os nomes em flamengo, em francês e o de algum personagem famoso.
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As ruas do Centro Histórico de Bruxelas têm até três nomes:
em francês, em flamengo e em homenagem a personagens de histórias em
quadrinhos. A querida Mafaldita batiza a Rua do Forno |
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Um enorme grafite reproduz uma cena das aventuras de Tintim,
o mais famoso dos personagens belgas nas HQ |
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Em Bruxelas, as HQ são levadas muito a
sério. No alto, o museu dedicado ao cartunista Marc Sleen, de As Aventuras
de Nero. Acima, o sensacional Museu das Histórias em Quadrinhos |
É assim que a “Rua do Forno” se chama igualmente de Rue L’Étuve, em francês, Stoof Straat, em flamengo, e "Rua Mafalda". A “Rua dos Cervejeiros” é a Rue de Brasseurs, Brower Straat e “Rua da Patrouille des Castors.
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| O jardim da Catedral de Bruxelas tem espreguiçadeiras que convidam à leitura |
A Bélgica tem uma tradição milenar na produção de cerveja, história iniciada nos mosteiros medievais.
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O jardim da Catedral de São Miguel e Santa
Gúdula, padroeiros de Bruxelas, também tem exposição de obras de arte
moderna |
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Um belo exemplar da arte de Victor Horta, arquiteto expoente
da Art Nouveau, é o antigo Armazém Wauquiez, hoje sede do sensacional Museu das Histórias em Quadrinhos |
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Victor Horta também desenhou o edifício onde hoje funciona o
Museu dos Instrumentos Musicais, no Kunstberg |
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A Estação Ferroviária Central de Bruxelas também saiu da
prancheta de Horta |
E também fervilha outra Babel muito menos lúdica: além de sediar uma série de organismos da União Europeia (o que leva muita gente a chamar Bruxelas de "capital da Europa"), a cidade também abriga importantes órgãos internacionais.
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Bruxelas é sede de diversos organismos da União Europeia |
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| Atomium: a divertida modernidade jetsons |
⭐Atomium de Bruxelas
Square de l'Atomium, 1020. O melhor jeito de chegar é de Metrô (Estação Heysel/Heizel, linha 6) e caminhar cerca de 10 minutos até lá. Horário de visitas: diariamente, as 10h às 18h. Entrada: €11.
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Solo de trompete nas alturas? Equilibrismo? Nem precisa ser
tão radical para curtir o Atomium |
O Atomium foi construído no ousado formato de uma molécula de cristal de ferro, para abrigar a Exposição Universal de 1958.
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As esferas do Atomium, a 100 metros de altura, oferecem uma
vista bem legal para Bruxelas |
Em seu interior (dentro das esferas penduradas a 100 metros de altura), a estrutura do Atomium hoje sedia uma exposição sobre a exposição universal e sobre o contexto histórico em que foi realizada.
Era o tempo em que a Europa Ocidental deixava para trás as memórias da Segunda Guerra, exaltava o "progresso" proporcionado pelo capitalismo em meio à Guerra Fria e começava a mergulhar nas profundas transformações que fariam ferver os Anos 60.
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O interior do Atomium tem um baita climão de estação
espacial de filme dos anos 60 |
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Uma exposição conta a história da construção do Atomium e da
Exposição Universal de 1958 |
Adoro aquela estética futurista dos Anos 50, ingênua e otimista.
Além da visita muito divertida, a vista lá do alto do Atomium é bárbara. Recomendo.
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O Carrilhão do Mont des Arts (Kunstberg), em estilo art déco |
⭐ Mont des Arts/Kunstberg
O Mont des Arts lugar tem uma história bem controversa, já que para a sua construção um bairro inteiro precisou ser desalojado e demolido, em mais um dos projetos modernizantes do Rei Leopoldo II.
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A escadaria na foto do alto liga o Kuntsberg ao coração do
Centro Histórico de Bruxelas. Acima, o Palácio Real da Bélfica, na parte mais
alta do Monte das Artes |
Os planos para a área levaram mais de meio século para se completarem, entre o despejo e a inauguração dos principais edifícios novos, no finalzinho dos Anos 50.
Hoje, além dos museus, do Palácio Real e de uma arquitetura que lembra a estética monumental fascista (ou, ainda, o realismo socialista soviético), o Mont des Arts tem uma bela vista para o Centro antigo de Bruxelas, especialmente da escadaria ajardinada que o liga à “cidade baixa”.
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| Só de pirraça, uma breve galeria de esculturas que encontrei pelas ruas de Bruxelas e achei do que o Manequinho Mijão 😉 |
Bruxelas
Dicas práticas de Bruxelas
Onde comer em Bruxelas - e sempre bem demais
Três museus em Bruxelas que você vai amar
Bate e volta de Bruxelas a Bruges
A Europa na Fragata Surprise
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Oi, Cynthia. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Boia – Natalie
O Manneken Pis não foi destruido, está num mmuseu na Grand Place...
ResponderExcluirDepois de restaurado, né? Porque teve um maluco que roubou e detonou o Manequinho :)
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