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Centro Belga da História em Quadrinhos: acervo delicioso em
um edifício espetacular |
Com apenas quatro dias na capital Belga (e a firme decisão — cumprida — de fazer um bate e volta a Bruges), vocês não imaginam o sofrimento que foi escolher os museus em Bruxelas que eu iria visitar durante minha estadia na cidade. Porque ô cidade pra ter museus bacanas.
No fim, pesaram as paixões mais trepidantes. Fui ver o Centro Belga das Histórias em Quadrinhos, o Museu Horta (dedicado ao gênio da Art Nouveau) e o Museu Magritte, que tem uma linda coleção de um dos meus pintores preferidos.
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O museu dedicado às histórias em quadrinhos está instalado em uma antiga loja elegante de tecidos, um edifício projetado pelo gênio da Art Nouveau, Victor Horta. Abaixo, o Museu Magritte |
Outro que ficou para a próxima visita foi o recém inaugurado (dezembro de 2013) Museu do Fin-de-Siècle, dedicado a um dos períodos mais efervescentes da humanidade, a Belle Époque, que vai da segunda metade do Século 19 até a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Como se eu precisasse de motivos pra voltar a Bruxelas...
No fim, acho que minha seleção de museus ficou redondinha. Vejas como foram essas visitas deliciosas:
3 Museus em Bruxelas
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Além de percorrer a história das HQ, o visitante pode mergulhar na beleza da Art Nouveau |
💲 Entrada € 8 (pagando € 1 a mais, você compra o tíquete combinado para visitar o Museu dedicado ao quadrinista Marc Sleen, autor de Nero, que funciona em frente).
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A Bélgica trata as Histórias em Quadrinhos como a "9ª Arte" |
Já fui fanática descabelada por Histórias em Quadrinhos (hoje, só adoro - risos), mas eu iria ao Centro Belga das Histórias em Quadrinhos (CBBD, na sigla em francês) mesmo que ele fosse dedicado aos copinhos de papel, só pelo prazer de percorrer o belíssimo (bota belíssimo nisso) Armazém Waucquez, projetado pelo arquiteto Victor Horta, que hoje abriga a instituição.
A casa foi uma elegante loja de tecidos, inaugurada em 1906, a expressão comercial daquele otimismo quase eufórico que caracterizou a Belle Époque.
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Um museu todinho para histórias em quadrinhos? Só em Bruxelas |
Lindo além das palavras. A história do Armazém Waucquez é contada em uma pequena exposição em uma das alas do museu.
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Ala dedicada a Hergé, criador de Tintin e uma página de gibi. Abaixo, a reprodução de uma antiga banca de revistas |
Hergé, criador de Tintin é a grande estrela da casa, mas é muito bacana descobrir (ou recordar) o traço de outros quadrinistas que marcaram essa arte que é a cara do Século 20. Curti tanto que delirei até com a parte dedicada aos Smurfs, que nunca entraram na lista de meus favoritos 😊.
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Réplica do Ateliê de Hergé, no Centro Belga das Histórias em Quadrinhos |
Na Sala de Leitura, o público pode se deliciar com mais de 3.000 mil títulos de HQ. Programa para um dia inteiro, pelo menos. Se a fome bater, tem a charmosíssima Brasserie Horta, no térreo.
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Fiquei louquinha de vontade de morar na casa de Victor Horta |
🏠 (Hortamuseum), Rue Américaine nº25, Saint-Gilles (Ixelles). Fica afastado do Centro, em um bairro charmosinho, com muitos exemplares da arquitetura Art Nouveau, que fez parte da expansão da cidade a partir da abertura da elegante Avenue Louise, na segunda metade do Século 19.
🕑 De terça a domingo, das 14h às 17:30. Como o museu só abre à tarde, vale a pena conjugar a visita com um passeio pelas redondezas para ver as fachadas, lojinhas e restaurantes e curtir o clima bem residencial, pra já ir entrando no clima.
💲 Entrada €8.
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O Museu Horta só abre à tarde, mas vale a pena conjugar a visita com um passeio pela vizinhança (abaixo), cheia de construções art nouveau |
Se eu já estava extasiada com a arquitetura de Victor Horta, após a visita ao CBBD, eu quase entrei em órbita durante a visita à casa do arquiteto, no bairro de Saint Gilles, hoje transformada no Museu Horta.
Pena que é proibido fotografar o interior do museu, porque eu garanto que você também ia pirar com a beleza dos ambientes criados e desfrutados por esse mito da Art Nouveau.
Os ambientes claros, que se integram ao jardim posterior e à rua através de amplas janelas (quase vitrines), a madeira clara dos móveis descrevendo curvas elegantes, os traços esguios, leves, diáfanos como a silhueta feminina da Belle Époque...
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Devia ser um prazer imenso debruçar neste lindo balcão da casa de Horta para ver o movimento na rua |
Na verdade, o edifício atual é a fusão de duas casas, a residência e o estúdio de Horta, usados por ele entre 1901 e 1919.
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Horta desenhou os mínimos detalhes da casa, até a aldrava. As janelas são quase vitrines, resultando em ambientes cheios de luz |
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Dois motivos para guardar o ingresso do Museu Horta: 1º, ele é lindo. 2º, no verso tem um mapa com roteirinho de edifícios art nouveau desenhados por ele em Bruxelas |
A construção é uma emblema da filosofia da Art Nouveau, um encontro da beleza com as grandes inovações conquistadas pela Era Industrial, onde as delicadas formas orgânicas estão sempre a serviço da contemplação, sem descuidar da funcionalidade.
Em construções desse tipo, água encanada, chuveiro quente e luz elétrica são tão importantes quanto a adorável vista para os jardins. Uma casa "usável" até os dias de hoje, provavelmente. Vista obrigatória, não só para os apaixonados pelo estilo.
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O Kunstberg, a "Colina das Artes" de Bruxelas, visto de uma janela do Museu Magritte |
⭐ Museu Magritte
🕑 De terça a domingo, das 10h às 17 horas.
💲 Entrada € 8. Para ver também o Museu de Belas Artes (dividido em Museu de Arte Moderna e Museu dos Velhos Mestres), há um tíquete combinado que custa €13.
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Saguão do Museu de Belas Artes de Bruxelas, onde funciona o Museu Magritte |
Meu terceiro museu em Bruxelas foi o mais emocionante, mas também o mais sofrido, por ter que fazer uma escolha que deixou de fora várias paixões.
Quando eu cheguei ao imenso saguão do Museu de Belas Artes de Bruxelas, confesso que titubeei um bocado entre ir ao Museu Magritte, que funciona em uma ala dessa instituição, ou ir ver os velhos mestres da pintura flamenga, no corpo principal do museu (e torcendo para sobrar um tempinho para ir ver mais da Belle Époque no Museu do Fin-de-Siècle.
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O Museu de Belas Artes de Bruxelas tem um acervo quilométrico de mestres da pintura flamenga e subdivisões, como o Museu Magritte e o Museu do Fin-de-Siècle |
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As nuvens, tão presentes na obra de Magritte, foram incorporadas a toda a identidade visual do Museu, do ingressos aos cartazes e publicidade na internet |
Desta vez, não cheguei a chorar, mas quase levitei diante de telas que conseguem reunir subversão e a ternura de um jeito que eu nunca vi igual — cenas que seriam grotescas, pintadas por qualquer outro cara, tornam-se tão doces... Vale a passagem aérea até Bruxelas.
O grande complexo de museus reais de Belas Artes, no Kuntsberg/ Mont des Artes (a colina das artes, próxima ao Palácio Real) já é motivo suficiente para uma visita a Bruxelas.
A vasta coleção de obras que abrange da Antiguidade a trabalhos contemporâneos vem ganhando subdivisões que facilitam a visita, como aconteceu com a obra de Magritte, exposta desde 2009 em uma ala própria. Se tiver tempo, veja tudo.
Os três museus que visitei em Bruxelas estão marcados no mapinha
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O Centro Histórico de Bruxelas visto do topo da escadaria que liga o Kunstberg à "cidade baixa" |
A vasta coleção de obras que abrange da Antiguidade a trabalhos contemporâneos vem ganhando subdivisões que facilitam a visita, como aconteceu com a obra de Magritte, exposta desde 2009 em uma ala própria. Se tiver tempo, veja tudo.
Os três museus que visitei em Bruxelas estão marcados no mapinha
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Oh Cyntia,
ResponderExcluirFaltou um dos museus mais interessantes do mundo, que você tem que visitar para seu deleite e para o nosso ao descreve-lo. Do outro lado da rua do Magritte, há um prédio que não sei como lhe passou despercebido, talvez por ser apenas parte de um conjunto maravilhoso. Mas o mais maravilhoso é o conteúdo do museu dos instrumentos musicais e a maravilha não é apenas os objetos por si sós belíssimos, mas poder ouvir cada um deles individualmente. Não é apenas um museu que você tem de ver... você não pode perder de ouvi-lo.
A lojinha de souvenir já paga o ingresso com miniaturas fantásticas, e o bistrô na cobertura é lindo.
Oi, Helder! Acredita que eu passei várias vezes pelo Museu dos Instrumentos Musicais e fiquei com vontade de entrar. O prédio sempre me chamou a atenção (o projeto é de Victor Horta, "meu belga favorito", rsss). Fiz algumas fotos do edifício (acho que cheguei a publicar em outro post, aqui no blog), citando as maravilhas da Art Nouveau belga. É um dos meus estilos queridinhos e Bruxelas bate um bolão nesse capítulo.
ExcluirSobre o acervo do museu, valeu a dica. Ando colecionando motivos para oltar a Bruxelas :)
bjo