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Brasília tem o céu mais bonito que eu conheço. Na imagem, o Memorial JK, projeto de Oscar Niemeyer |
Música deste post: Lucy in the Sky with Diamonds, The Beatles
Meu velho/novo lar é um lugar que a maioria dos brasileiros adora desdenhar à distância: “Brasília não tem mar”, “Brasília não tem esquinas”... (Fora a mania de creditar à cidade a culpa pelos desvios éticos na política, como se isso fosse uma questão de latitude e longitude).
O que essa galera não sabe é que a Capital Federal tem um dos céus mais apaixonantes que já vi.
Desde criancinha, adoro olhar para o céu (o jornalismo raptou a futura astrônoma, mas o amor é grande). Quando a vida está chata, quando estou sem paciência pra ler e vige a indigência na programação cinematográfica, são os céus que me protegem do tédio e do mau humor — até o céu de São Paulo é mais atraente que a programação da TV aberta.
Meu velho/novo lar é um lugar que a maioria dos brasileiros adora desdenhar à distância: “Brasília não tem mar”, “Brasília não tem esquinas”... (Fora a mania de creditar à cidade a culpa pelos desvios éticos na política, como se isso fosse uma questão de latitude e longitude).
O que essa galera não sabe é que a Capital Federal tem um dos céus mais apaixonantes que já vi.
Desde criancinha, adoro olhar para o céu (o jornalismo raptou a futura astrônoma, mas o amor é grande). Quando a vida está chata, quando estou sem paciência pra ler e vige a indigência na programação cinematográfica, são os céus que me protegem do tédio e do mau humor — até o céu de São Paulo é mais atraente que a programação da TV aberta.
O mundo está cheio de céus bonitos. Em homenagem à minha recente (re)mudança para Brasília (dona do céu mais lindo do planeta), veja alguns céus que andaram de deslumbrando por aí:
Os céus mais bonitos que já vi por aí
Posso atestar: o de Brasília é arrebatador a qualquer hora e com qualquer tempo. Quando está azul, é um risco de vida — convém evitar deslumbramentos ao ar livre, sob o sol inclemente. Nublado, é um escândalo. Com lua cheia (enorme), é covardia. E tem o quarto-crescente, o sorriso do Gato de Alice, pendurado no céu, bailando em frente à minha varanda.
Sei lá se é a topografia: cá em cima do Planalto a gente fica no mesmo andar do horizonte sem grandes recortes. O céu fica maior, mais perto, mais bonito. Se eu fosse fazer um ranking dos céus mais hipnóticos que já vi, dava Brasília na cabeça.
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O céu sobre o Lago Titica dá show a qualquer hora do dia. Ao pôr do sol, então, é acachapante |
Em segundo lugar, eu colocaria o céu do Lago Titicaca. Ver o crepúsculo, a noite e o amanhecer no topo da Ilha do Sol vale toda a dispneia da subida — 1.500 metros montanha acima, a 3.800 metros de altitude.
Mas nem precisa ir tão longe para ver estrelas pertinho do chão. Como lá, no Altiplano, as noites no Raso da Catarina (3° lugar), no Sertão da Bahia, também deixam a gente sem fôlego.
Nunca vou esquecer uma viagem de Canudos a Euclides da Cunha, depois de uma reportagem, recostada na mochila, na traseira de uma picape.
Foi em 1986. Tinha acabado de acompanhar a missa no lugar onde existiu o Arraial do Conselheiro — era celebrada todos os anos, em memória dos mortos na guerra — e peguei uma carona de volta à cidade. Na época, luz elétrica era rara naquelas bandas e o céu tinha tantas estrelas que cheguei a achar que tinha pirado de vez.
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O cair da tarde em Paris tem uma luz que só existe lá |
E tem o céu de Paris. Não é toda hora nem todo dia. Mas, quando calha de estar nublado, o cair da tarde cobre a cidade com uma luz que só é possível lá: tem sempre um raio de sol que atravessa as nuvens, deixa tudo dourado, mais vivo, mais intenso. Concreto e irreal.
Tem gente que olha para o alto e pensa em deuses. Eu, feliz ou infelizmente, só consigo intuir vapores, gases e partículas várias. Meus céus são materiais, físicos, "desdivinizados", mas fazem um bem danado pra minha alma. Afinal, tem proteção melhor contra os maus espíritos que a felicidade?
Lugares pra ver o céu
Em Brasília- Qualquer lugar é perfeito para olhar o céu na capital da República. Num dia comum, de trabalho, é maravilhoso ver a lua nascendo sobre a Esplanada dos Ministérios. Um bom mirante é a passarela da Rodoviária. Outro é o café que funciona na Torre de TV.
Meu jeito preferido de contemplar a lua cheia é passando de carro pela Ponte JK, que eu chamo de ponte alucinógena — é linda, especialmente à noite! Com a a versão do Credence de I've heard it through the grapevine de trilha sonora, então, a vida fica perfeita...
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O céu no Lago Titicaca é lindo até sem drama |
No Lago Titicaca - As coordenadas para chegar a Copacabana e ao Lago e à Ilha do Sol estão aqui na Fragata, nos posts da viagem à Bolívia.
No Raso da Catarina- É uma das regiões mais belas e mais "difíceis" que conheço: quente, seca, árida, no Norte da Bahia, abaixo do Rio São Francisco, entre os municípios de Paulo Afonso, Jeremoabo, Canudos e Macururé. É lugar de histórias de cangaceiros, da saga de Canudos, embalada pelos humores do Rio Vaza Barris. Já contei um pouquinho sobre o Raso aqui na Fragata, no post sobre a Caravana da Cidadania.
O melhor ponto de partida para visitar a região (que hoje tem uma reserva biológica e também área indígena dos Pankararés) é partindo de Paulo Afonso, a 460 quilômetros de Salvador. Lá, algumas agências organizam trekking e passeios pelo Raso da Catarina.
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Adoro quando o céu de Paris fica carrancudão assim, mas as nuvens abrem uma passagem pra a luz do sol poente passar |
Em Paris: experimente ver o céu passeando de barco pelo Rio Sena. Eu geralmente faço o passeio com Les Vedettes du Pont Neuf (Partidas da Square du Vert Galant, acesso por Pont Neuf. Bilhetes: 13 Euros. Diversas saídas diárias, das 10:30h às 22 horas no verão, às 22:30h).
O passeio pelo Sena dura uma hora. Nas margens, desfilam alguns dos pontos mais famosos de Paris, como a Torre Eiffel e a Place de La Concorde.
Mas gostoso mesmo é pegar o barco num dia frio (sem tantos turistas), ao cair da tarde, e ver a cidade passar, sob a luz dourada. Exige quilos de agasalhos, mas é inesquecível, especialmente se o céu estiver armando chuva.
Mas gostoso mesmo é pegar o barco num dia frio (sem tantos turistas), ao cair da tarde, e ver a cidade passar, sob a luz dourada. Exige quilos de agasalhos, mas é inesquecível, especialmente se o céu estiver armando chuva.
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