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A Igreja e o Convento de São Francisco de São Cristóvão são patrimônios
da humanidade pela Unesco |
Chamam-se bricelets os biscoitos, fininhos como hóstias, feitos pelas freiras do Lar Imaculada Conceição, o antigo orfanato de São Cristóvão em Sergipe.
O sabor dos bricelets é o mesmo da taboca, guloseima anunciada pelo toque do triângulo nas antigas tardes de verão de Salvador e Itaparica.
Mas a textura do bricelet é mais delicada, daquelas que desmancham na boca e se rompem com o toque mais afoito.
A mesma suavidade parece se espalhar por toda a Cidade Alta, o bairro histórico de São Cristóvão, Sergipe.
O sabor dos bricelets é o mesmo da taboca, guloseima anunciada pelo toque do triângulo nas antigas tardes de verão de Salvador e Itaparica.
Mas a textura do bricelet é mais delicada, daquelas que desmancham na boca e se rompem com o toque mais afoito.
A mesma suavidade parece se espalhar por toda a Cidade Alta, o bairro histórico de São Cristóvão, Sergipe.
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Fundada em 1590, São Cristóvão preserva um bonito conjunto colonial |
Visitei São Cristóvão em uma manhã de sábado, em novembro. Antes da 8h, o sol já não estava para brincadeiras. Uma brisa leve, porém, refrescava o passo de quem ia pelo calçamento de pedras das ruas históricas da cidade, a caminho da feira.
O silêncio faz parte do encanto de São Cristóvão. Como é agradável poder ouvir um som que vem de longe, trazido pelo vento.
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O Centro Histórico de São Cristóvão mantém uma pegada residencial bem acolhedora |
A sensação é que a delicadeza necessária para segurar os frágeis bricelets contagia o jeito dos moradores lidarem com a cidade.
Veja as dicas desta linda cidade colonial:
O que fazer em São Cristóvão, Sergipe
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Lar Imaculada Conceição (à esquerda) e o Museu Histórico de
Sergipe |
São Cristóvão é uma preciosidade fora de moda. No balcão da Emsetur (empresa estadual de turismo), no Aeroporto de Aracaju, não há sequer um folheto informativo sobre a velha capital de Sergipe ou sobre a também histórica Laranjeiras.
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Praça da Matriz de São Cristóvão e a Casa da Queijada |
"Falta divulgação sobre as cidades", confirma Marta, dona da Casa da Queijada, na Praça da Matriz — não bastassem os bricelets, São Cristóvão também é famosa por esses docinhos feitos de coco, deliciosos.
“As agências preferem levar os turistas para Xingó e para a Foz do São Francisco. O povo só pensa em praia e banho do rio”, lamenta.
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O Centro Histórico de São Cristóvão fica no alto de um morro |
Marta é um ótimo papo (e as queijadas que ela vende são de responsa). Ainda muito jovem, conhece bem a história de São Cristóvão e lamenta que todo esforço de revitalização dos edifícios do sítio histórico não esteja sendo acompanhado de uma política de estímulo ao turismo.
Até o tradicional Festival de Cultura de São Cristóvão, que a cidade realizava desde a década de 70, deixou de existir.
E o Festival de São Cristóvão nem precisava dos baladeiros para fazer sucesso. “Nos bons tempos, a cidade lotava nos dias do evento, a gente quase não conseguia atravessar daqui [da Praça da Matriz] até a Praça de São Francisco”, recorda Marta.
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A Igreja do Amparo, do Século 18, ainda aguardava restauração quando visitei São Cristóvão |
Naquela manhã de sábado, além de mim, só um grupo de alunos de uma escola pública de Aracaju e um ônibus de excursionistas de uma cidade próxima apareceram para ver as muitas belezas de São Cristóvão.
Os estudantes tomavam notas das informações do guia com evidente má vontade — atividade extra-classe valendo nota? — enquanto os excursionistas estavam mais interessados em tirar fotos ao lado do ônibus, estampado com as caras sorridentes da dupla "Forró dos Gordinhos".
Na Praça de São Francisco, patrimônio da Humanidade pela Unesco, alguns guias locais esperam resignados por turistas interessados em seus serviços.
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A Igreja e o Convento do Carmo, também do Século 18, formam um dos conjuntos mais bonitos de São Cristóvão |
Só Fernandes, o mais velho entre a meia dúzia de guias, tenta a abordagem tímida, contando histórias da cidade — aprendi com ele que os bricelets devem seu nome à marca das máquinas suíças que prensam os biscoitos.
Eu, porém, preferi caminhar só e em silêncio. A Cidade Alta de São Cristóvão é pequena e os principais monumentos ficam bem próximos. Basta seguir na direção das torres das igrejas, que a gente avista de longe.
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A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória é de 1608,
quando São Cristóvão ainda engatinhava. No Século 19, ela passou por uma grande
reforma, que definiu suas feições atuais |
Um pouco mais adiante está a beleza luminosa do Conjunto do Carmo e a Matriz de Nossa Senhora da Vitória, abençoando a pracinha com coreto e árvores centenárias.
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O Centro Histórico estava bem sossegado no dia da minha visita |
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Igreja e Santa Casa de Misericórdia |
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O Forró dos Gordinhos estava fazendo mais sucesso do que o belo conjunto arquitetônico |
O guia turístico não faz falta, pois sempre há um morador solícito para informar o nome da igreja, sua idade e um pouco de sua história.
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Diversas obras de restauração estavam em curso no Centro Histórico de São Cristóvão. No alto, a Igreja do Rosário dos Homens Pretos |
Na primeira vez que visitei São Cristóvão, nos anos 70, tinha ficado de coração partido de ver seu rico patrimônio colonial quase em escombros.
Na última década, porém, São Cristóvão vem recebendo grandes investimentos em restauração e revitalização e seus principais monumentos ressurgem, encantadores, e merecem uma visita sem pressa.
Os bricelets de São Cristóvão
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O Lar Imaculada Conceição (dir) é a "fábrica"
dos bricelets de São Cristóvão. Ao fundo, o Convento de São Francisco |
Não deixe de comprar uma boa provisão de bricelets na passagem por São Cristóvão. Além de deliciosos sozinhos, eles combinam muito bem com sorvete, geleias, doces...
Eu trouxe só seis pacotinhos (R$ 3 cada) para Brasília e morri de arrependimento.
Os bricelets são vendidos no Lar da Imaculada Conceição, que fica bem na praça principal de São Cristóvão (Praça de São Francisco nº 12).
Se quiser encomendar uma quantidade grande, ligue para as irmãs. O telefone é o (79) 3261-1235.
Eu trouxe só seis pacotinhos (R$ 3 cada) para Brasília e morri de arrependimento.
Os bricelets são vendidos no Lar da Imaculada Conceição, que fica bem na praça principal de São Cristóvão (Praça de São Francisco nº 12).
Se quiser encomendar uma quantidade grande, ligue para as irmãs. O telefone é o (79) 3261-1235.
Museu de Arte Sacra de São Cristóvão
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O Museu de Arte Sacra de São Cristóvão é um dos melhores que
já visitei no Brasil |
São Cristóvão abriga um dos mais importantes acervos de arte religiosa do país.
Instalado no Convento de São Francisco, o Museu de Arte Sacra tem cerca de 500 peças, oriundas de igrejas, capelas de fazendas e casas de famílias abastadas de todo o estado de Sergipe, construindo um rico panorama da representação artístico-religiosa dos Século 16 ao 19.
O acervo do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão vale a viagem a Sergipe.
Entre imagens, custódias, paramentos religiosos e castiçais, não deixe de ver uma Fuga para o Egito, do Século 18, na qual as figuras de Maria e José ganham a companhia de elementos regionais do Nordeste, como as cabaças. Uma peça linda, trazida de Propriá, nas margens do São Francisco.
Dois altares em madeira policromada expostos no museu são simplesmente arrebatadores, o de Santa Elizabeth da Hungria e o de Nossa Senhora de Lourdes, ambos do Século 18.
Instalado no Convento de São Francisco, o Museu de Arte Sacra tem cerca de 500 peças, oriundas de igrejas, capelas de fazendas e casas de famílias abastadas de todo o estado de Sergipe, construindo um rico panorama da representação artístico-religiosa dos Século 16 ao 19.
O acervo do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão vale a viagem a Sergipe.
Entre imagens, custódias, paramentos religiosos e castiçais, não deixe de ver uma Fuga para o Egito, do Século 18, na qual as figuras de Maria e José ganham a companhia de elementos regionais do Nordeste, como as cabaças. Uma peça linda, trazida de Propriá, nas margens do São Francisco.
Dois altares em madeira policromada expostos no museu são simplesmente arrebatadores, o de Santa Elizabeth da Hungria e o de Nossa Senhora de Lourdes, ambos do Século 18.
Espetacular, também, é o teto da Igreja de São Francisco, pintado pelo artista baiano José Teófilo, um dos principais representantes da transição do Barroco para o Rococó, na virada do Século 18 para o 19.
Além do acervo maravilhoso, o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão tem uma equipe pequena, mas muito dedicada.
Eu, por exemplo, tive a sorte de ser guiada por todas as salas pela funcionária Magna Lúcia, cujo carinho pelo acervo do museu e conhecimento das peças expostas contagia os visitantes.
Museu de Arte Sacra de São Cristóvão - Praça de São Francisco, das 10 às 17 horas. Entrada: R$ 5. Fone (79) 3261 1580.
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A chegada a São Cristóvão pela estrada João Bebe Água |
De Aracaju, saindo de Atalaia, são 28 quilômetros até São Cristóvão.
Peguei a estrada bem cedinho, para evitar o trânsito, na direção do Campus da Universidade Federal de Sergipe.
Os 14 km da Rodovia João Bebe Água (SE-065) cortam uma paisagem muito bonita, de colinas suaves, pequenos sítios e mangueiras frondosas.
Mas é bom prestar atenção às curvas e às subidas íngremes e tortuosas, que nos levam a verdadeiros mirantes.
Os mais prudentes podem acrescentar cinco quilômetros à viagem, fazendo o trajeto pelas rodovias BR-349 e BR-101, menos perigosas, mas cheias de caminhões.
Peguei a estrada bem cedinho, para evitar o trânsito, na direção do Campus da Universidade Federal de Sergipe.
Os 14 km da Rodovia João Bebe Água (SE-065) cortam uma paisagem muito bonita, de colinas suaves, pequenos sítios e mangueiras frondosas.
Mas é bom prestar atenção às curvas e às subidas íngremes e tortuosas, que nos levam a verdadeiros mirantes.
Os mais prudentes podem acrescentar cinco quilômetros à viagem, fazendo o trajeto pelas rodovias BR-349 e BR-101, menos perigosas, mas cheias de caminhões.
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Quase chegando: no alto de uma das muitas subidas da estrada, São Cristóvão aparece ao longe |
A primeira visão da cidade — os telhados e campanários coloridos pelo sol de antes das oito da manhã, cercados pelo relevo verde e suave — é daqueles quadros que iluminam a alma da gente.
Bem nessa hora, Gonzaguinha invadiu o rádio do carro, garantindo que “começaria tudo outra vez”. Eu, que nem gosto do cara, tive que concordar com ele.
Meus passeios em Sergipe
Aracaju - uma surpresa muito agradável
Bate e volta a Mangue Seco (que fica na Bahia, mas é mais perto de Aracaju do que de Salvador)
Bate e volta a Laranjeiras
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Deu até vontade de conhecer São Cristóvão e provar dos biscoitos acho que é de lá também uns doces e frutas cristalizadas. O Festival de Inverno de São Cristóvão era bem conhecido antes dessa febre axé.
ResponderExcluirCristiano