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Em Buenos Aires, você vai encontrar ótimos museus que
combinam direitinho com o roteiro clássico pelas atrações da cidade, como o
Malba e seu acervo sensacional |
Entre as muitas coisas legais que tem pra ver e fazer em Buenos Aires estão cinco museus que eu curto e recomendo pra todo mundo.
Tem a maravilhosa coleção de arte moderna latino-americana do Malba e o acervo variado e "clássico" do Museu Nacional de Belas Artes.
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O Museu Fortabat (no alto) combina com um passeio em Puerto
Madero. O Museu Gardel (acima) está em Abasto, bairro marcado pelas memórias do
Tango |
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O Museu Nacional de Belas Artes (esq) está a um pulinho do
Cemitério da Recoleta. A visita ao Museu de Arte Moderna de Buenos Aires (dir)
encaixa direitinho em um roteiro pelo Bairro de San Telmo |
Tem as vanguardas do Museu de Arte Moderna e o rico painel artístico do Museu Fortabat.
E tem, claro, as memórias do maior intérprete de tangos do planeta no Museu Casa de Carlos Gardel, lembrança de quem cantou a alma portenha como ninguém.
Localizados nos bairros da Recoleta, Palermo, San Telmo, Puerto Madero e Abasto, esses cinco cinco museus em Buenos aires têm acesso fácil (fora o Malba, todos são alcançáveis com o metrô quase na porta), estão próximos a outras atrações e combinam facilmente com outros passeios (que eu indico aqui no post).
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Molde em gesso para O Beijo, de Rodin, no Museu Nacional de Belas Artes |
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O Abaporu, de Tarsila do Amaral, no Malba |
5 Museus em Buenos Aires
⭐Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba)
🕒 Horários: de quinta a segunda, das 12h às 20h. Quartas, até 21h. Fechado às terças-feiras.
Cheque preços e horários aqui> Malba
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A arquitetura do Malba é bem bacana e uma imensa parede
envidraçada integra o interior do museu ao verde do jardim ao redor |
O acervo do Malba é um painel riquíssimo do que foi produzido na nossa região em uma época especialmente ousada, criativa e efervescente nas artes visuais aqui nas nossas paragens.
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O Abaporu é a obra mais importante da coleção do Malba —
e não só pra nós, brasileiros |
Foi no século passado que os artistas da América Latina sacudiram o verniz eurocêntrico das academias e buscaram uma estética que falasse de verdade sobre quem somos. Basta lembrar dos e das modernistas brasileirxs e mexicanxs para entender do que estou falando.
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Fourteenth Street (Business Town), de Joaquín Torres García, pintada na temporada nova-iorquina do meu xodó uruguaio, em 1920 |
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O Armazém do Bom Poeta (1939), do mexicano Roberto Montenegro |
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Retrato de Roberta Singerman (1927), do guatemalteco Carlos Mérida |
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Quiosque em Canaletas (1918), do uruguaio Rafael Barradas |
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George Gershwin, um Americano em Paris (1929), do mexicano Miguel Covarrubias |
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Guevara (1968) e Che Morto (1967), do brasileiro Claudio Tozzi |
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Elevador Social, do brasileiro Rubens Gershman |
O Abaporu é realmente espetacular, estrela incontestável do acervo. Mas, assim como o Louvre não é a Mona Lisa, o Malba vai muito além dessa obra-prima de Tarsila.
Tem Portinari, Di Cavalcanti, Hélio Oiticica, tem os mexicanos Diego Rivera e Frida Kahlo, o uruguaio (meu amor!) Joaquín Torres García, os argentinos Antonio Berni e Emilio Pettoruti... Uma festa.
E prepare-se para encontrar ótimas mostras temporárias, também. Nesta recente visita ao Malba, fui premiada por uma exposição espetacular da fotógrafa americana Diane Arbus.
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Um dos meus maiores motivos para ir ao Malba é ver o gênio argentino Antonio Berni. No alto, A Grande Tentação (1962). Acima, Manifestação (1934) |
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A cultura popular pelo olhar de dois grandes mestres: no
alto, Seresta (1925), do brasileiro Di Cavalvanti. Acima, Candombe (1921), do
uruguaio Pedro Figari |
Veja aqui: Palermo, o bairro com cheiro de maçã
Cheque os horários aqui> MNBA
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Retrato do Senhor Hoschedé e sua filha (1876), de Édouard
Manet |
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Tem mulher no museu: O Penteado (1894), de Berthe Morisot |
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A Mulher do Mar (1892), de Paul Gauguin, grande
destaque na sala dos Impressionistas do MNBA |
Segundo, porque o MNBA tem entrada gratuita e zero de fila. Terceiro e mais importante: este museu tem um dos acervos de artes plásticas mais importantes da América Latina.
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Mulher Deitada (1931), de Pablo Picasso |
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Mulher Chorando, de Cândido Portinari |
Segundo, porque o MNBA tem entrada gratuita e zero de fila. Terceiro e mais importante: este museu tem um dos acervos de artes plásticas mais importantes da América Latina.
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Quer ver Van Gogh? O MNBA tem. Este é O Moinho de la Galette (1887) |
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A volta da pesca (1898), de Joaquín Sorolla. O MNBA tem uma
dezena de obras desse gênio impressionista em seu acervo |
Na década de 30, o museu foi transferido para a antiga Casa de Bombas, parte do sistema de abastecimento de água da cidade, onde está até hoje.
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Um bom museu tem que ter Torres García. O MNBA tem nada
menos do que oito obras do pintor uruguaio. Estas são Arte Construtiva (acima)
de 1942, e Catedral Construtiva (no alto), de 1931 |
Nesta visita, por exemplo, senti falta das marinas de Courbet, telas que mostram um mar furioso e desafiador bem ao gosto do romantismo do pintor.
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No alto, El Greco, Jesus no Monte das Oliveiras
(c.1607). Acima, Anjo com a Cabeça de São João Batista, obra de Alonso Cano
(Século 17) |
Mas não dá pra reclamar do que vi por lá: tem El Greco, Renoir, Picasso, Chagal, Rodin...
Como um bom museu fundado no Século 19, é claro que a coleção do MNBA tem um sotaque evidentemente europeu.
A presença de mestres consagrados, da Renascença ao Impressionismo, é uma das características da casa.
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A Ninfa Surpresa (1861), de Manet, uma das grandes
estrelas no acervo do MNBA |
O melhor do MNBA, porém, é o vasto painel das artes visuais argentinas que se encontra por lá. A pintura argentina não é muito conhecida no Brasil, mas tem um belíssimo currículo.
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La Hamaca ("A Cadeira de Balanço", 1932), do
argentino Raul Soldi |
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Rosanna (1929), do italiano Felice Casorati |
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Retrato de Homem (1925), do mexicano Julio Castellanos |
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Praça Maior de Paucartambo (1937), do peruano Henrique
Camino Brent |
O Século 19 da arte argentina tem forte presença da “pintura cívica”, no período pós-independência, até explodir na ousadia do modernismo de Antonio Berni (tô cada dia mais fã desse cara), Emilio Pettoruti, Xul Solar e muitos outros.
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Planos Virtuais (1965), do venezuelano Jesús Soto, um
dos meus xodós entre os artistas latino-americanos |
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O MNBA fica do ladinho da Floraris Genérica, onde muita
gente faz questão de ir tirar uma selfie |
Passeios para combinar com o MNBA
A famosa Floralis Genérica, escultura em forma de flor que abre e fecha, a depender da hora do dia, está bem atrás do MNBA, ao lado da Faculdade de Direito.
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O edifício do Museu Fortabat, em Puerto Madero, foi
projetado pelo arquiteto Rafael Viñoli, o mesmo que desenhou o aeroporto de
Montevidéu |
O museu abriga a coleção particular que a multimilionária Amalia Lacroze de Fortabat reuniu em seus 91 anos de vida e está instalado em um edifício bacanão, projetado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoli.
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Antonio Berni: Domingo na Chácara |
A ênfase do acervo é a arte argentina. De todos os museus de Buenos Aires que já visitei, este foi o que me “educou” mais neste quesito.
Foi no Museu Fortabat que descobri todo um mundo de pintores interessantíssimos como os modernistas Roberto Aizeberg, Antonio Alice, Carlos Alonso e Antonio Berni e o célebre Prilidiano Pueyrredón, que no Século 19 retratou com paixão a Argentina criolla dos pampas.
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Retrato de Amalia Lacroze de Fortabat, de Andy Wahrol, e Boleando Avestruzes, de Rugendas |
Tem um post exclusivo sobre a Coleção Amalia Lacroze de Fortabat aqui na Fragata:
Buenos Aires - o Museu Fortabat
Passeios para combinar com a visita à Coleção Fortabat
Se você curte histórias do mar, vai gostar de visitar dois barcos museus ancorados em Puerto Madero, a Fragata Sarmiento e a Corveta Uruguay.
🏠 Avenida San Juan 350, San Telmo (Metrô San Juan, Linha C, a 900 metros).
Ingresso: Cidadãos do Mercosul pagam 1.500 pesos. Entrada gratuita às quartas-feiras
Se você curte novidades, este é o seu lugar. A principal missão do Museu de Arte Moderna de Buenos Aires é exatamente mostrar a produção de vanguarda argentina.
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Meu Vaso de Flores (1944) de Emilio Pettorruti |
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A Confissão de Pettoruti ou A Ordem Interrompida (1994),
óleo e maçarico sobre tela, de Oscar Bony |
O MAMBA fica em San Telmo, a uma curta caminhada da Praça Dorrego. Está instalado em uma antiga fábrica de cigarros inaugurada no comecinho do Século 20.
O contraste da fachada em tijolos e a arquitetura clean do interior do museu é bem interessante — adorei a escadaria de ferro que leva ao andar superior, que me pareceu a sugestão de uma coluna vertebral retorcida de dinossauro.
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O super instigante jogo de vazios, sombras e espelhos
em A Verificação Esquemática (1968), de Antonio Trotta |
Você até vai se deparar com trabalhos de Berni, Xul Solar e Pettoruti, por exemplo. Mas o barato de uma visita ao MAMBA é descobrir e explorar novas estéticas em pintura, escultura, gravura, instalações, fotografia, vídeo e artes gráficas. Eu achei bem instigante.
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A antiga fábrica de cigarros ganhou uma reforma bacanérrima
pra abrigar o MAMBA. A escadaria é uma obra tão interessante quanto o acervo |
Coloque na sua lista de visitas uma passada pelo Mercado de San Telmo, uma olhadinha nos antiquários concentrados na Calle Defensa e uma esticada ao Parque Lezama, jardim agradável onde está o Museu Histórico Nacional da Argentina e onde são organizadas feirinhas de artesanato.
E não esqueça de experimentar cafés e bares centenários, como o Dorrego, o Británico e o Hipopótamo e almoço tardio em um dos muitos restaurantes de San Telmo.
Para saber mais sobre o Parque Lezama e o Museu Histórico Nacional da Argentina, leia este post: Mi Buenos aires querido
Buenos Aires: a memória boêmia dos cafés, bares e confeitarias "notáveis"
Jean Jaurés 735, Abasto.
Ingresso: estrangeiros pagam 500 pesos (R$ 21/ R$ 13).
Entrada gratuita às quartas feiras e todos os dias para aposentados, estudantes
universitários, pessoas com deficiência e acompanhante e menores de 12 anos.
Visitar esse museu é uma jornada sentimental, não só pelas memórias de Carlos Gardel, mas por uma Buenos Aires de outros tempos, quando o maior dos intérpretes de tango eletrizava multidões, provocava desmaios e arrebatamentos — quem disse que a beatlemania inventou alguma novidade?
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Fotos, objetos pessoais e documentos integram o acervo do
Museu Casa Carlos Gardel. Até dá pra imaginar o rei do tango ouvindo música
nesta vitrola da sala de estar, né? |
O Museu Gardel está instalado no imóvel comprado pelo cantor em 1927, no mesmo bairro de Abasto onde ele perambulou na infância, fazendo pequenos serviços no mercado que funcionava ali (hoje convertido em um shopping center).
Gardel morou na casa simples com a mãe até sua morte, em 1933.
O Museu Casa de Carlos Gardel também é um tributo ao afeto do ídolo ao bairro de Abasto, vizinhança pobre onde cresceu e fez questão de continuar vivendo, mesmo quando a fama o tornou um homem próspero.
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O museu também é um tributo à relação de amor de Gardel com
o bairro de Abasto, "boêmio como o próprio Tango" |
"Vocês podem se perguntar por que eu não moro na Avenida Alvear [um ícone de elegância, na Recoleta], na melhor das casas. Pois eu digo que vivo neste modesto bairro operário porque é meu bairro querido, onde eu, quando pirralho, passei momentos de felicidade que, hoje, com todo o dinheiro que tenho no banco, não posso comprar sequer uma daquelas horas. Além disso, amo este meu bairro porque ele é boêmio como o próprio Tango".
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Fotos históricas do Mercado de Abasto, onde o menino Gardel
ganhava uns trocados como carregador de compras e outros biscates |
Em 2003, a Prefeitura de Buenos Aires transformou a casa de Gardel em um pequeno museu, íntimo e tocante, destinado a preservar documentos, objetos pessoais e outras recordações do ídolo.
Estive no Museu Gardel pouco mais de um ano depois da inauguração. Naquela época, o mais encantador eram as senhorinhas que, 70 anos depois da morte do cantor, ainda zelavam pelas suas recordações, faziam sala para os visitantes e sabiam de cor a história de cada objeto.
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O culto a Gardel é uma espécie de beatlemania particular dos
argentinos |
Nesta nova visita, encontrei o museu mais “profissional”, com o acervo mais organizado e bem multimídia — é possível ouvir as gravações de Gardel e assistir cinejornais com momentos importantes de sua vida, por exemplo.
Não precisa gostar de tango para curtir o Museu Gardel. Mas duvido que você saia de lá sem se encantar ao menos um pouquinho com essa música fantástica.
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A street art contemporânea lembra Gardel em Abasto |
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Fachadas decoradas em castiço fileteado e sem qualquer
pretensão cenográfica no cotidiano de Abasto |
Que tal umas comprinhas no Shopping Abasto? Ele está a 350 metros do museu e de cara para a estação de metrô Carlos Gardel, por onde você, provavelmente, chegará e sairá do bairro.
Uma visita ao Museu Gardel era sempre muito bem complementada com um passeio pelas redondezas para admirar as fachadas decoradas em fileteado. Essa técnica decorativa é tão portenha quanto o tango.
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Estação Carlos Gardel do Metrô de Buenos Aires |
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Abasto é um bairro bem de cara lavada, autêntico lugar onde mora gente |
Nada que impedisse minha diversão, mas, quando você for, fique atenta.
Siga o mapa: todos os endereços desta viagem a Buenos Aires, com foto, links e dicas
Todas as dicas de Buenos Aires na Fragata Surprise
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