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Este roteiro na Andaluzia que fiz em 2014 ficou redondinho, mas exigiu muita pesquisa |
Essas dicas pra montar roteiros são coisas que eu fui aprendendo — geralmente depois de errar feio — ao longo de 40 anos andando por aí, a maior parte das vezes como viajante solo.
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Se o roteiro é na Inglaterra, eu faço questão de ir a Londres (no alto) e a Liverpool |
Se você é passageira frequente da Fragata, já sabe o quanto eu gosto dessa etapa indispensável que é o planejamento da viagem. Pra mim, é mais um jeito de viajar: a gente sai de casa só em pensamento, mas se diverte muito — e, quando chega a hora de pegar a estrada, se diverte muito mais, porque já cuidou da maioria das providências práticas.
Então, veja essas dicas para organizar um roteiro de viagem e depois me conte qual o seu segredo pra organizar essa etapa indispensável a um lindo passeio.
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Foz do Iguaçu rendeu um baita roteiro de Carnaval |
Dicas para organizar um roteiro de viagem
1 – Lista de desejos: o primeiro esboço do roteiro
Quando começo a desenhar um roteiro de viagem, minha ambição está do
tamanho do mundo. Saio listando uma infinidade de lugares que quero ver na região a ser visitada, sem me
preocupar com distâncias, tempo de deslocamento, custos ou mesmo a quantidade
de dias que terei pra viajar.
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Na lista de desejos, o planeta é todo seu |
A lista de desejos comporta tudo. E é bom que seja assim. Todo planejamento de viagem começa com um sonho — ou deveria.
Seja realista e peça o impossível, diziam os jovens
rebeldes de Paris, em 1968. Coloque tudo no papel, sem pudor ou restrição. Mas não se apegue muito, porque mais adiante muitos desses desejos vão ficar para a próxima viagem.
Geralmente, já começo o roteiro sabendo quais são as cidades e localidades prioritárias — aquelas que vão entrar na programação meeeeesmo. Nessa etapa inicial, porém, “quanto mais purpurina, melhor”: listo vários pontos de interesse secundários que, dependendo da lógica da rota, podem ou não constar no roteiro final.
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O mapa não mente jamais. (A obra é O Sul é meu Norte, de Joaquín Torres García, do Museu Torres García de Montevidéu) |
2 – Choque de realidade: o mapa não mente jamais
Sonhar é do tamanho do universo. Concretizar o sonho, como
já anuncia o verbo, exige que a gente coloque os pés no chão antes de
colocá-los na estrada.
A segunda etapa de planejamento do roteiro é o choque
de realidade. Marque no mapa cada destino da sua lista de desejos (eu uso o My Maps do Google). Vai ser inevitável perceber que não dá pra encaixar todos aqueles lugares da duração ou orçamento da viagem.
Nos fóruns da Internet é muito comum encontrar pessoas tentando enfileirar 30 cidades em roteiros de 20 dias na Europa, “porque lá é tudo pertinho”. Minha sugestão é sempre a mesma: consulte o mapa, porque ele não mente jamais.
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Adoro minhas lembrancinhas de viagem, mas a melhor memória é
sempre uma viagem bem aproveitada — e pra isso, um bom roteiro é
indispensável |
Com suas intenções de visita visualmente materializadas no mapa, você vai ver os ziguezagues, os emaranhados e redemoinhos que resultam de sua lista de desejos. Começa a ficar mais claro o que é realizável e o que você vai ter que cortar.
Antigamente, era no papel — um velho atlas todo rabiscado na
minha estante que o diga. Hoje, felizmente, temos os recursos da internet. Use-os.
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A Internet oferece muitos recursos utilíssimos para quem quer organizar um roteiro de viagem |
Sites como Google Maps e Rome2Rio informam as distâncias entre uma localidade e outra, as opções de transporte, o tempo que você vai gastar no deslocamento e até o custo desses trajetos. São um baita choque de realidade.
3 – Mãos de tesoura: a hora de cortar
Nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade dizia que “escrever é cortar
palavras”. Pois fazer um bom roteiro de viagem é cortar destinos.
Dói, eu sei. Mas as viagens mais gostosas e bem aproveitadas são aquelas em que se dedica a quantidade certa de dias a cada localidade.
(Ainda que quantidade certa seja um conceito bem subjetivo. Depende sempre do interesse que você tem pela localidade e da alegria que terá estando lá).
Mas uma coisa é certa: viagem boa é quando a gente passa muito mais tempo curtindo os lugares do que se deslocando até eles.
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Não vale a pena traçar um roteiro cheio de paradas e passar correndo por lugares espetaculares, como Florença |
Um exemplo: claro que dá pra chegar em Florença hoje cedinho e ir embora no final da tarde de amanhã, vendo o básico. Mas não faça isso. É muito mais proveitoso ver um lugar — qualquer lugar — sem correria, saboreando as atrações, garantindo pausas para descansar e contemplar, fazer ao menos uma refeição por dia com calma.
Viajar não é jogo de War, onde o objetivo é colocar seu marcador no maior número de territórios.
4 – Atenção ao tempo dos deslocamentos
Depois de marcar cada lugar que você quer visitar, seja muito realista (e sincera consigo mesma) pesquisando e analisando o tempo que você vai
consumir para ir de um ponto ao outro.
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Da querida Nafplio (no alto) á deslumbrante Monemvasia (acima) os 200 km de estrada viraram mais de 6 horas de viagem com paradas e baldeações |
Quem vai usar transporte público precisa estar atento às variantes das rotas e à frequência dos ônibus trens ou aviões. Pra quem viaja de carro, os complicadores podem ser as condições da estrada, o relevo, as curvas...
Não é sempre que dois lugares que aparecem pertinho um do
outro no mapa estão conectados por transporte ágil e fácil.
Por exemplo: montando meu primeiro roteiro na Grécia, descobri que ir de uma localidade a outra, mesmo que próximas em distância, podia virar uma odisseia.
Nafplio está
a 200 km de Monemvasia,
mas levei seis horas pra ir de uma à outra (o dobro do tempo da viagem de carro), fazendo baldeações de ônibus — que
iam bem devagarzinho nas subidas e descidas da estrada, cheia de curvas à beira
dos precipícios (foi lindo, até porque eu tinha tempo pra essa contemplação. Mas se você estiver com um roteiro apertado, não
recomendo).
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Qualquer trajetozinho curto nas montanhas do Peru pode (e deve) demorar hoooras |
Outro exemplo: Cusco, no Peru, fica a apenas 60 km de Ollantaytambo. Mas torça muito pra o motorista da van cobrir esse percurso em pelo menos duas horas. Menos tempo do que isso significa que ele está trafegando numa velocidade muito perigos naquelas montanhas (e não tenha constrangimento de exigir que ele alivie o pé no acelerador).
A distância de Panajachel, no Lago de Atitlán, até a Cidade da Guatemala é de meros 113 km. Os engarrafamentos demenciais nas
estradas guatemaltecas, porém, garantem que você vai levar mais de 5 horas viajando,
pelo menos. Na Guatemala, dia de deslocamento é só isso, não conte com tempo pra mais nada.
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São pouco mais de 100 km entre o Lago de Atitlán e a Cidade da Guatemala. Mas os engarrafamentos nas estradas vão tomar boa parte do seu dia |
Seja rigorosa nessa fase da pesquisa. Vale a pena perder um dia inteiro para ir de X a Y? E, depois de gastar este dia inteiro, ter quatro ou cinco horas líquidas pra ver um lugar?
Seu tempo não é grátis — já fez as contas de quantos dias
por ano você trabalha para ter direito a cada um dos seus dias de férias ou de
folga? Cada um viaja do jeito que quer, mas duvido que você queira passar
a maior parte da jornada indo de um lugar para o outro.
Trace uma rota racional, evitando idas e vindas e muitas voltas.
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É barato ir de Madri a Ávila. Mas exagerar nos deslocamentos vai encarecer muito sua viagem |
5 - Atenção ao preço dos deslocamentos
No cálculo dos gastos de uma viagem, é muito comum a gente se concentrar em itens como hospedagem e alimentação, mas subestimar o impacto dos preços dos deslocamentos. A verdade, porém, é que pular daqui pra ali o tempo todo custa muito caro.Compradas com a devida antecedência, passagens de trem, de ônibus ou de empresas aéreas low cost podem sair bem em conta. Em 2019, por exemplo, voei de Barcelona a Malta pagando apenas € 60 na passagem de ida e volta.
Mas se eu gastasse os € 30 de cada perna dessa viagem a cada dois ou três dias, pra ficar zanzando entre cidades europeias, minha viagem de 17 dias teria saído muito mais cara.
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O preço dos deslocamentos para rodar a Europa de Paris a Dublin pesou no orçamento. Só valeu a pena porque eu tive tempo pra curtir cada parada do roteiro |
Em 2014, fiz uma viagem de 25 dias pela Europa, chegando e saindo por Paris e visitando Bruxelas (com bate e volta a Bruges), Londres, Liverpool e Dublin (com bate e volta aos Cliffs of Moher e à Irlanda do Norte, para ver a Calçada do Gigante).
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Chegar à Europa por Roma (no alto) e sair por Madri (acima) e com apenas quatro cidades-base no roteiro representou uma baita economia com deslocamentos |
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Em vez de ficar pulando pra lá e pra cá no Chile, concentrei o roteiro em Santiago e Valparaíso, reservando orçamento para comer divinamente nas duas cidades |
6 - Defina a quantidade de dias de estadia em cada localidade
Pra voltar ao exemplo de Florença, que citei lá no alto: fiquei apenas duas noites na cidade, na minha primeira visita. Foi lindo, foi maravilhoso, mas a sensação mais forte que eu levei comigo, ao ir embora, foi a certeza de ter visto muito pouco.
Aprendi a lição e já voltei duas vezes
à capital da Renascença. No primeiro retorno a Florença, fiquei cinco noites. No segundo, seis.
Então, com o mapa na mão, todo marcadinho, chegou a hora de começar a cortar
cidades e localidades para garantir que você vai ter tempo pra curtir de verdade cada lugar que vai efetivamente visitar.
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Será que vale a pena passar correndo por Lisboa (acima) e pelo Porto (no alto) só para encaixar no roteiro outras cidades que você também verá superficialmente? |
Por exemplo: em vez de escolher seis cidades de Portugal para ver em 10 dias, divida esse intervalo de tempo entre dois, no máximo três destinos, especialmente se for sua primeira visita (e aí fica fácil escolher: cinco dias em Lisboa e cinco no Porto rendem um roteiro de estreia inesquecível).
Volte ao tópico anterior e resista a tentação de torcer o nariz para minha programação de apenas 4 noites em Londres no roteiro de 2014. A cidade merece muito mais. Mas é preciso lembrar que eu tinha passado uma semana lá, no ano anterior.
Então, se você já conhece bem uma cidade, até vale dar uma passadinha pra matar a saudade. Se ela encaixar fácil e barato no roteiro. Mas evite a todo custo a tentação de transformar seu roteiro num pinga-pinga.
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Não pude ir a Olímpia na primeira viagem à Grécia. Mas Hermes, o deus das viagens, me deu uma segunda chance |
Defina o que é absolutamente inegociável para seu roteiro — e se algum lugar inegociável representar um desvio significativo, corte outras paradas. Eu queria muito ter ido a Olímpia na minha primeira viagem à Grécia, mas a cidade das Olimpíadas da Antiguidade representaria um desvio complicado, que comprometeria minha ida a Monemvasia, a Delfos e a Meteora.
Guardei Olímpia para um retorno à Grécia e, finalmente, vou visitar a cidade, em maio/2024.
O importante é ter o desprendimento de enxugar o roteiro até chegar a uma programação respirável. Para estar de verdade nas localidades visitadas — e não apenas bater um carimbo no seu mapa.
Dedique a cada cidade/localidade um tempo para curtir e passear sem aquela taquicardia de correr pra a estação todo dia, do check-in e check-out diário nos hotéis, de estar permanentemente sob a pressão da hora marcada. Você está de férias, não em uma gincana, onde se cumpre uma lista de tarefas e para ganhar pontos.
Eu gosto de viajar devagar. Mas ainda que você seja mais objetiva, procure sempre reservar um mínimo de cinco dias líquidos (seis noites) para uma grande cidade (Londres, Paris, Madri, Berlim, Nova York, Buenos Aires).
Eu evito ao máximo ficar apenas uma noite em qualquer localidade, mesmo que seja um vilarejo: não curto a correria do abre mala-fecha mala nem do tempo que se perde com check-in e check-out.
7 - Organize um roteiro básico dia a dia![]() |
Com os principais pontos de interesse marcados no mapa, montei um delicioso roteiro em Valência (que cidade, leitor@s! Que cidade!) |
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Pesquisa, pesquisa e mais pesquisa. E meu roteiro dos Beatles em Liverpool ficou um show de bola |
Você escolhe a sua hospedagem só considerando o preço e a qualidade das acomodações? Esses, sem dúvida, são itens essenciais. Pra mim, entretanto, há outra variante relevantíssima na equação. E ela se chama localização.
Lógico que ninguém quer dormir em um pulgueiro, só porque fica pertinho de tudo. Também é muito verdade que um bom hotel afastado do centro e das áreas mais turísticas pode sair mais em conta do que uma espelunca bem localizada.
Não se trata de ficar hospedada de cara para a Fontana de Trevi, em Roma, ou debruçada para o Calçadão de Ipanema, no Rio de Janeiro (seria lindo, ma$$$...).
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Se for bem servida de transporte, comércio e restaurantes, a localização de sua hospedagem pode ser considerada boa, mesmo sem a paisagem do Calçadão de Ipanema |
Hotel bom (ou pousada, ou pensão, ou apartamento) é aquele que não arrebenta seu orçamento, permite que você descanse bem e curta umas horinhas de sossego. Que não exija uma pós-graduação em cartografia para ser encontrado/acessado.
Em cidades com as quais já tenho alguma intimidade, acho gostoso ficar hospedada em áreas menos óbvias e fora do circuitão — além de pagar menos pela hospedagem, ainda tenho o bônus de experimentar um certo sabor de vida normal.
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A vizinhança no 11º Arrondissement é super simpática e a hospedagem custou só um pouquinho mais da metade das diárias que paguei dias depois, em um hotel perto da Ópera Garnier |
Na minha última visita a Roma, adorei ficar no bairro do Testaccio (que nem é tão desconhecido da turistagem), a 10 minutos do Centro, pagando uma diária equivalente a 60% ou 70% do que teria gasto em uma acomodação similar em Monti.
Em Paris, a hospedagem no 11º Arrondissement custou só um pouquinho mais da metade do que paguei em um hotel na área da Ópera Garnier, na mesma viagem de 2014 (veja aqui essas dicas de hospedagem em Paris).
Em cidades que visito pela primeira vez (especialmente se não conseguir me virar no idioma local), prefiro ficar em áreas mais óbvias e mais próximas dos pontos de interesse, pra evitar muito bater cabeça. Nesses casos, também aposto mais em hotéis de redes conhecidas do que em pousadinhas artesanais.
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Barcelona: no começo da viagem, foi fácil encarar a pensãozinha barata e espartana, mas com localização espetacular |
E em cidade alguma eu caio na tentação de ficar hospedada lá onde Judas perdeu as meias pra fazer economia (novamente: tempo, especialmente tempo livre, é muito caro). Não quero gastar horas preciosas me deslocando até as atrações, nem gosto de encerrar minha noite muito cedo no perrengue de voltar pra o hotel nas lonjuras.
Sempre conto aqui na Fragata que costumo ser mais despojada (ou seja, econômica) no começo da viagem. Em Barcelona, achei bem razoável passar as três primeiras noites da viagem numa pensãozinha simples e limpa, em plena Carrer Gran de Gràcia, pagando € 30 em um quarto com banheiro compartilhado. Na volta à cidade, encerrando o roteiro, fiquei em um hotel bacaninha do Eixample, com diárias de € 94 (veja essas dicas de hospedagem em Barcelona).
No começo de uma viagem, a gente está descansada e menos exigente. Com o passar dos dias, o corpo quer cada vez mais conforto.
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Foi bem mais gostoso encarar o frio e a neve em Memphis sabendo que, no final do dia, um aconchegante e confortável quarto de hotel esperava por mim |
A época da viagem também influi na escolha: ficar em um hotel mais básico, nos meses mais quentes (desde que tenha ar-condicionado) é muito mais tolerável, porque a gente fica mais tempo na rua. No inverno, gosto de hotel confortável, aconchegante e mais robusto em serviços, porque certamente vou passar mais tempo no quarto.
Vale a pena ir à Sicília — que muita gente associa às praias — no frio de janeiro? Eu fui e amei a viagem. Mas é claro que meu roteiro de inverno foi completamente diferente do que seria a programação para uma época mais quente.
Fui a Taormina ver paisagens (ah, o Vulcão Etna 🧡🧡🧡), em vez de tomar banho de mar, aproveitei a baixa estação para visitar o Vale dos Templos de Agrigento sem morrer de calor e sem disputá-lo com multidões e mergulhei no patrimônio histórico de Palermo com toda a tranquilidade.
Há lugares bacanas de visitar em várias épocas do ano — colocando
ênfases diferentes na programação. Por exemplo, o roteiro em Bariloche no
inverno é um. No verão, é outro.
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Que diacho você iria fazer em uma ilha grega como Symi na friaca de janeiro? |
Mas também há lugares que só vale a pena visitar na época certa. Nas ilhas gregas, por exemplo, muitos hotéis e restaurantes fecham durante o inverno — e, ainda que funcionassem, o que é mesmo que você iria fazer numa ilha grega na friaca de janeiro?
Quando monto uma programação no Brasil, por exemplo, minha maior
preocupação é se chove ou não chove na época da viagem e se é alta ou baixa
estação (por causa dos preços e da muvuca). É sempre bom lembrar que o Pantanal é muito melhor no inverno, que chove cântaros em Paraty em janeiro e que Salvador perto
do Carnaval é cara, barulhenta e lotada.
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Paraty é deslumbrante. Mas evite ir pra lá em janeiro |
Ao montar um roteiro de inverno no Hemisfério Norte, leve em conta que nessa época amanhece tarde e anoitece cedo. Além disso, as atrações costumam funcionar em horários mais curtos. Isso significa que, ainda que você se disponha a uma maratona de visitas a várias atrações por dia, não vai dar tempo.
Eu curto a Europa no inverno. Mas planejo mais museus do que
atividades ao ar livre. Programo mais jantares do que bateção de pernas. Escolho
cidades maiores e com mais atrações do que vilarejos bucólicos. E já sei que o tempo encurta, nessa época. Dá uma olhada aqui > Fim de ano na Europa: vale a pena?
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Troia, meu bate e volta homérico |
10 - Bate e volta é ótimo. Mas não exagere
Bate e volta é uma maravilha, sou fã e recomendo. É muito bom poder acrescentar mais um destino no meu roteiro de viagem sem a aporrinhação de fazer check-in e check-out nos hotéis e a arrastação de malas.
Mas calma, pipôl. Quando a gente vai pra uma cidade, o mais importante é curtir essa cidade como ela merece, antes de passar os dias correndo pra a estação e sacolejando horas pelas estradas, só pra marcar mais um lugarzinho no mapa.
Eu não tenho moral pra criticar, porque já fiz o mais homérico dos bate e voltas (literalmente, inclusive): encarei a estrada de Istambul até as ruínas de Troia (cinco horas de ida, mais cinco de volta, no mesmo dia).
Não recomendo a ninguém, mas eu faria de novo e de novo. A visita ao cenário da Ilíada foi um dos momentos mais extasiantes na minha biografia de viajante.
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O bate e volta de Viena a Bratislava é um passeio bem redondinho |
A meu favor, digo que o bate e volta a Troia foi um excesso, mas também foi uma exceção. (Mais ou menos: eu reincidi com San Blás e com Tikal, no roteiro pela América Central)
Acho que um bom bate e volta é aquele que não me obriga a acordar de madrugada pra pegar o transporte. Que não me deixa mais tempo na estrada do que vendo a localidade visitada. Que não me rouba tempo precioso pra ver atrações imperdíveis na cidade-base (onde estou hospedada).
Sair de Viena pra dar um pulo em Bratislava é ótimo (se você tiver tempo pra ver bem Viena). Passar o dia em Peso da Régua, saindo do Porto (ou, no meu caso, de Amarante), é uma delícia.
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O passeio de barco pela região vinícola do Rio Douro vale muito o bate e volta a Peso da Régua |
Mas se o seu bate e volta vai consumir muito tempo de deslocamento ou vai levar você a um destino que é mais do mesmo, economize seu tempo e sua grana e evite.
Muito bom, nada como experiência para a sugestão, que há coisas que são resolvidas rápido e outras que, é preciso fumar sobre isso, como disse Old Lodge Skins para Jack Crabb, em O Pequeno Grande Homem.
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