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O dragão na fachada da Casa Bruno Cuadros, nas Ramblas, é
uma das imagens que mais me lembram Barcelona |
Por menos convencional que seja seu jeito de viajar, tem sempre aquela hora em que você se flagra em um inapelável clichê turístico. No caso da capital catalã, esse lugar é a rua mais famosa da
cidade, as Ramblas de Barcelona, abarrotada de turistas, lojas e barracas de lembrancinhas feias
e botecos meia-boca.
Se o resumo da ópera é esse, por que um post sobre o que fazer
nas Ramblas de Barcelona? Porque, naturalmente, as Ramblas vão bem além desse clichezão
sem graça.
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O Modernismo na fachada da Antiga Casa Figueras, hoje
Confeitaria Escribà, em uma imagem de 2007 |
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À sombra dos plátanos e dos antigos casarões, a muvuca nas
Ramblas é incessante |
Sim, por mais descolada e avessa a lugares-comuns você seja,
você irá às Ramblas de Barcelona — e, se for como eu, vai se divertir um
bocadão, porque lá estão algumas atrações bacanérrimas.
O que fazer nas Ramblas de Barcelona
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Os artistas de rua são parte fundamental no movimento das
Ramblas |
O que são as Ramblas de Barcelona
A ideia das Ramblas é perfeita: uma rua com mão e contramão para carros — mas eu quase esqueço que existe tráfego de automóveis por lá — com um largo calçadão no centro, sombreado por árvores frondosas. Se essa rua for margeada por diversas possibilidades de lazer, fechou a conta.
O encanto das Ramblas, porém, é também sua perdição: com um movimento de 300 mil pessoas ao longo daquele 1,2 km de atração turística, o olho para o lucro rápido sacrifica muito da qualidade dos estabelecimentos que margeiam as Ramblas.
O encanto das Ramblas, porém, é também sua perdição: com um movimento de 300 mil pessoas ao longo daquele 1,2 km de atração turística, o olho para o lucro rápido sacrifica muito da qualidade dos estabelecimentos que margeiam as Ramblas.
Hotéis, restaurantes e bares das Ramblas costumam cobrar preços muito acima do que valem seus serviços. Se você evitar as arapucas, porém, vai descobrir muita coisa legal para fazer por lá.
As Ramblas são ditas assim, no plural, porque a via tem subdivisões. A Rambla de Canaletes é o trecho mais alto (mais ao Norte), próximo à Plaça de Catalunya.
As Ramblas são ditas assim, no plural, porque a via tem subdivisões. A Rambla de Canaletes é o trecho mais alto (mais ao Norte), próximo à Plaça de Catalunya.
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Eu gosto da arquitetura das Ramblas, ainda que os pavimentos
térreos dos edifícios sejam bem descaracterizados por letreiros e
quinquilharias |
Na sequência, vêm a Rambla dels Estudis, onde antigamente ficava a Universidade, a Rambla de Sant Josep (também chamada de Rambla das Flores), área do Mercado da Boqueria, a Rambla dels Caputxins (“dos capuchinhos”) e Rambla de Santa Mónica, já pertinho do mar.
Segundo todas as fontes consultadas, Rambla vem da palavra árabe ramla, ou “torrente”, por conta de um rio que corria por ali e foi desviado para a construção de uma muralha.
Segundo todas as fontes consultadas, Rambla vem da palavra árabe ramla, ou “torrente”, por conta de um rio que corria por ali e foi desviado para a construção de uma muralha.
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Por mais avesso que um viajante seja ao lugar-comum, as
Ramblas de Barcelona são incontornáveis |
Em uma cidade onde a ocupação moura foi tão breve — apenas 83 anos, em uma Península Ibérica que viveu quase sete séculos de presença militar muçulmana — é curioso que sua artéria mais famosa de Barcelona tenha um nome herdado da língua árabe.
Como chegar às Ramblas de Barcelona
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Pra quem vai à ponta Norte das Ramblas, a estação de metrô
Plaça de Catalunya é a mais cômoda |
Três estações de metrô deixam você de cara para o gol das Ramblas:
➡️ A Estação Plaça de Catalunya (linhas 1 e 3) é o melhor acesso à ponta Norte das Ramblas.
➡️ A Estação Liceu (Linha 3) deixa você bem em frente ao Teatro Liceu, ao Mercado da Boqueria e ao Café de l’Òpera, no meio das Ramblas.
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A Estação Liceu do Metrô fica no coração das Ramblas, de
cara para o Mercado da Boqueria e para o Teatro Liceu |
➡️ A Estação Drassanes (Linha 3) é a ideal para quem quer começar o passeio na ponta Sul das Ramblas, perto do mar e do Monumento a Cristóvão Colombo — mas fique esperta, porque esse é o trecho mais esquisito, à noite.
Onde comer e beber nas Ramblas de Barcelona
Onde comer e beber nas Ramblas de Barcelona
⭐Mercado da Boqueria
La Rambla nº 91
De segunda a sábado, das 8h às 20:30h
La Rambla nº 91
De segunda a sábado, das 8h às 20:30h
Sinceramente? Acho que o único lugar verdadeiramente de confiança — e com excelentes opções — é o Mercado da Boqueria, seja para um belisco, uma farrinha de tapas ou uma refeição mais séria.
Dê uma olhadinha do post exclusivo que ele ganhou — e cuidado pra não se embrenhar na perdição de sabores que ele oferece e mandar o resto do roteiro às favas 😉
Veja as dicas aqui: Mercado da Boqueria, Barcelona, uma atração turística muito gostosa
➡️ Na parte doce da história, sempre ouço falar muito bem da Rocambolesc, uma sorveteria meio (ou totalmente) gourmet. Fica do ladinho do Teatro Liceu (La Rambla nº 51-59) e tem uma cara realmente boa, mas uma fiiiiiiiila que dá vontade de chorar.
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Escribà: ótimos doces e bom atendimento |
➡️ Uma casa que experimentei e recomendo é a Pastelaria Escribà (La Rambla nº 83), que aparece neste post como atração turística por conta de sua fachada, com uma linda decoração modernista.
Os doces de Escribà são verdadeiramente gostosos, o granizado de limão salvou minha vida, em um dia de muito calor, e o atendimento é bem simpático.
Os doces de Escribà são verdadeiramente gostosos, o granizado de limão salvou minha vida, em um dia de muito calor, e o atendimento é bem simpático.
⭐Café de l'Òpera
La Rambla nº 74
Aberto diariamente, das 9h às 3h da madrugada
La Rambla nº 74
Aberto diariamente, das 9h às 3h da madrugada
Vou recomendar (pela quinquagésima vez, provavelmente), o fofo Café de l’Òpera, um ponto tradicionalíssimo, com preços honestos e astral muito gostoso.
No verão, eu vou de xerez geladinho ou vermute on the rocks. No inverno, não tenho dúvidas de mandar descer um Carlos I, bom brandy espanhol. Bato ponto no Café de l’Òpera desde minha primeira visita a Barcelona e criei chamego com o bichinho — mas ele merece mesmo.
Aliás, o Café de l'Òpera devia entrar neste post também na lista de atrações históricas das Ramblas, porque o lugar é uma pequena preciosidade modernista.
O Café de l’Òpera começou a funcionar em 1929 — ano da segunda Exposição Universal sediada em Barcelona — a mesma que legou à cidade a Plaça de Espanya e diversos equipamentos de Montjuïc.
No verão, eu vou de xerez geladinho ou vermute on the rocks. No inverno, não tenho dúvidas de mandar descer um Carlos I, bom brandy espanhol. Bato ponto no Café de l’Òpera desde minha primeira visita a Barcelona e criei chamego com o bichinho — mas ele merece mesmo.
Aliás, o Café de l'Òpera devia entrar neste post também na lista de atrações históricas das Ramblas, porque o lugar é uma pequena preciosidade modernista.
O Café de l’Òpera começou a funcionar em 1929 — ano da segunda Exposição Universal sediada em Barcelona — a mesma que legou à cidade a Plaça de Espanya e diversos equipamentos de Montjuïc.
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O Café de l'Òpera foi frequentado por Miró e pelos
combatentes das Brigadas Internacionais |
O café herdou e mantém bem preservada boa parte de sua decoração Belle Époque de uma confeitaria chique que funcionou no mesmo local, com preciosos espelhos de cristal do Século 19, gravados com imagens de personagens de óperas e pinturas de jarros de flores.
O Café de l’Òpera não é só bonito, mas tem uma biografia respeitável. Ponto tradicional de animadas tertúlias políticas e literárias, sempre atraiu um público interessante e progressista. Joan Miró foi frequentador
Durante a Guerra Civil Espanhola, era um dos points favoritos dos combatentes das Brigadas Internacionais de passagem por Barcelona — assim como o Café Gijón, em Madri, outro xodó da Fragata.
O Café de l’Òpera não é só bonito, mas tem uma biografia respeitável. Ponto tradicional de animadas tertúlias políticas e literárias, sempre atraiu um público interessante e progressista. Joan Miró foi frequentador
Durante a Guerra Civil Espanhola, era um dos points favoritos dos combatentes das Brigadas Internacionais de passagem por Barcelona — assim como o Café Gijón, em Madri, outro xodó da Fragata.
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A noite nas Ramblas tem um clima de film noir |
Segurança nas Ramblas
Nós, brasileiros, nos acostumamos a associar insegurança a lugares desertos. Na Europa, onde são bem mais raros os assaltos, o maior risco para um viajante são as grandes aglomerações, o habitat favorito dos batedores de carteira — modalidade na qual Barcelona parece ser a campeã do continente.
Na muvuca incessante das Ramblas, todo cuidado é pouco com a bolsa, celular e outros pertences.
Também é prudente evitar as Ramblas tarde de noite, quando a área ganha ares de film noir, com figuras esquisitas e muitos grupos de turistas bêbados.
Na muvuca incessante das Ramblas, todo cuidado é pouco com a bolsa, celular e outros pertences.
Também é prudente evitar as Ramblas tarde de noite, quando a área ganha ares de film noir, com figuras esquisitas e muitos grupos de turistas bêbados.
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O Modernismo não é a principal característica das Ramblas,
mas a fachada do pub (virando a esquina, na Carrer de Ferran) e esta fonte
provam que o estilo deixou suas marquinhas por lá |
O que ver nas Ramblas de Barcelona
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Eu não tive paciência para esperar os fãs do Barça
desocuparem a Font de Canaletes, mas meu sobrinho Bruno resolveu esta omissão
da Fragata |
Entre a Carrer de Pelai e a Carrer dels Tallers
Partindo da Plaça de Catalunya, o primeiro ponto célebre das Ramblas é a Font de Canaletes, à direita, entre a Carrer de Pelai e a Carrer del Bonsuccés. É uma fonte do Século 19, famosa como ponto de encontro e usada como referência para as reuniões e celebrações da torcida do Barcelona.
Se você conseguir clicar Font de Canaletes sem um bando de gente alucinada abraçando a fonte pra tirar foto, manda pra mim. Eu não tive paciência de esperar uma brechinha na tietagem.
(Atualização: em junho/2003, meu sobrinho Bruno, grande colaborador deste bloguinho, teve a paciência que eu não tive e fez várias imagens da Font de Canaletes para sanar a omissão da Fragata.
Gràcies, lindinho da titia 😊).
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Até o começo do Século 19, a área das Ramblas era ocupada
por muitas igrejas e mosteiros. A Igreja de Belém é uma sobrevivente dessa
época |
⭐ Igreja de Belém
Na esquina da Carrer del Carme
Na esquina da Carrer del Carme
O Mercado da Boqueria, por exemplo, ocupa o terreno que era do Convento de São José e a Plaça Reial substituiu o Convento dos Capuchinos de Santa Madrona.
As ordens religiosas começaram a ser desalojadas das Ramblas na esteira das Bullangas, insurreições anti-absolutistas favoráveis à Constituição Espanhola de 1812, popularmente chamada de La Pepa. Muitos conventos e igrejas foram saqueados e queimados.
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Sou fã desses telhadinhos de cerâmica que protegem as
claraboias da Igreja de Belém |
O processo foi completado em 1837, quando o Estado espanhol confiscou e leiloou a maior parte dos bens da Igreja Católica em todo o país. Em Barcelona, calcula-se que o total das desapropriações tenha chegado a 80% dos terrenos e edifícios da igreja.
A Igreja de Belém sobreviveu às Bullangas, mas não passou incólume pelos séculos. Construída no Século 16 pelos Jesuítas, ela foi desapropriada quando a ordem foi proscrita na Espanha e queimada durante a Guerra Civil Espanhola.
A fachada da Igreja de Belém, porém, resistiu altaneira a toda essa biografia. Revestida em pedra com entalhes almofadados e com um belo portal barroco, merece um olhar atento e alguns cliques.
A Igreja de Belém sobreviveu às Bullangas, mas não passou incólume pelos séculos. Construída no Século 16 pelos Jesuítas, ela foi desapropriada quando a ordem foi proscrita na Espanha e queimada durante a Guerra Civil Espanhola.
A fachada da Igreja de Belém, porém, resistiu altaneira a toda essa biografia. Revestida em pedra com entalhes almofadados e com um belo portal barroco, merece um olhar atento e alguns cliques.
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A Fonte da Portaferrissa lembra um dos portões da Muralha de
Barcelona |
⭐Fonte da Portaferrissa
Na esquina da Carrer de la Portaferrissa
Quase em frente à Igreja de Belém está a Fonte de Portaferrissa, construída em 1604. O painel que a decora retrata a tradicional Festa de la Mercè, celebrada nos meses de setembro. O conjunto de azulejos foi instalado em 1959 e é de autoria do artista Joan Baptista Guivernau.
A fonte leva o nome de uma das entradas da muralha do Século 13 que fortificava Barcelona e cujo traçado acompanhava o que viria a ser as Ramblas.
Além da Porta Ferrissa, o “lado das Ramblas” da muralha também contava com as portas de Santa Anna, da Boqueria, de Los Trenta Claus (“trinta cravos”) e a de Fra Menors.
Este palácio do Século 18 foi mandado construir pelo um vice-rei do Peru que não viveu para vê-lo inaugurado. Quem ocupou essa joia barroca, considerada uma das mais notáveis de toda a Espanha, foi sua viúva. Daí o nome: “Palácio da vice-rainha”.
Hoje, o Palau de la Virreina abriga Instituto de Cultura da Prefeitura de Barcelona e o Centro de Imagem la Virreina, um espaço de exposições com uma programação bem movimentada, voltada para as artes visuais contemporâneas. Veja a agenda aqui > La Virreina
Depois de ver prevalecer a tradição nórdica do gótico nas torres do Passeig de Gràcia, é interessante ver o Modernismo abraçar escancaradamente o Gótico Catalão, que tem feições muito próprias — e eu acho bem bonito.
A Casa Doctor Genové agora abriga um bar, como tantos imóveis históricos das Ramblas.
Desde a primeira vez que bati os olhos na exuberante decoração da fachada dessa antiga loja das Ramblas, ela virou um dos meus grandes amores barceloneses, no mesmo patamar das obras-primas do Modernismo Catalão.
Tem sombrinhas japonesas, dragão chinês (o bicho não podia faltar: é um dos símbolos de Barcelona, em alusão ao padroeiro São Jorge), telhadinho de pagode, coluninhas meio gregas, toques egípcios.. Tem sgrafitto, estuque, pinturas, vitrais e balcões de ferro. Uma salada deslumbrante, quase despudorada.
Pra quem é doidinha por um teatro, é claro que uma das minhas visões favoritas nas Ramblas de Barcelona tem que ser esse bonitão, uma casa de ópera de primeira linha.
Como outros marcos importantes das Ramblas, o Teatro Liceu também é um herdeiro das desapropriações de imóveis da igreja em Barcelona. Seu embrião foi uma sociedade teatral criada em 1837, no antigo Convento de Montsió (no Portal del Angel) e sua sede definitiva ocupa o terreno onde existiu o Convento dos Trinitários.
De lá pra cá, ele já ressurgiu das cinzas — literalmente — duas vezes, após sofrer devastadores incêndios em 1861 e 1994. Também foi alvo de um atentado terrorista em 1893 que deixou 20 mortos.
A última reconstrução do Gran Teatre del Liceu foi concluída em 1999 — após o incêndio de 94 —, resgatando fielmente o desenho do arquiteto Miquel Garriga i Roca, responsável pelo primeiro projeto, mas dotando-o do que havia de mais moderno em tecnologia. A cara é a mesma, mas a infra é contemporânea.
Se minha escapada for na direção do Bairro Gótico, pode ter certeza que vou dar uma passada pela simpática, embora excessivamente movimentada Plaça Reial, cuja entrada está a menos de 200 metros do Café del’Òpera, na direção Sul (do mar), pela Carrer de Colón.
Mas a grande atração da Plaça Reial são os lampiões desenhados em 1878 por um arquiteto de 26 anos chamado Antoni Gaudí.
Na esquina da Carrer de la Portaferrissa
Quase em frente à Igreja de Belém está a Fonte de Portaferrissa, construída em 1604. O painel que a decora retrata a tradicional Festa de la Mercè, celebrada nos meses de setembro. O conjunto de azulejos foi instalado em 1959 e é de autoria do artista Joan Baptista Guivernau.
A fonte leva o nome de uma das entradas da muralha do Século 13 que fortificava Barcelona e cujo traçado acompanhava o que viria a ser as Ramblas.
Além da Porta Ferrissa, o “lado das Ramblas” da muralha também contava com as portas de Santa Anna, da Boqueria, de Los Trenta Claus (“trinta cravos”) e a de Fra Menors.
Segundo o blog Mundo Barcino, a localização de cada um desses antigos acessos à cidade pode ser identificada nas Ramblas pelos lampiões de quatro braços que servem de marco.
⭐Palau de la Virreina
La Rambla nº 99
Horário: de terça a domingo, das 11h às 20h.
Entrada gratuita
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O Palau de la Virreina realiza exposições bem interessantes |
Este palácio do Século 18 foi mandado construir pelo um vice-rei do Peru que não viveu para vê-lo inaugurado. Quem ocupou essa joia barroca, considerada uma das mais notáveis de toda a Espanha, foi sua viúva. Daí o nome: “Palácio da vice-rainha”.
Hoje, o Palau de la Virreina abriga Instituto de Cultura da Prefeitura de Barcelona e o Centro de Imagem la Virreina, um espaço de exposições com uma programação bem movimentada, voltada para as artes visuais contemporâneas. Veja a agenda aqui > La Virreina
Ainda é possível ver o requinte decorativo empregado na construção,
com elementos do Barroco e do Rococó. O pátio interno do palácio é lindo.
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A modernista Casa Figueras deve ser um dos edifícios que eu
mais fotografei em Barcelona. Esta imagem é de 2011 |
O "miolo modernista" das Ramblas
Agora sim, chegamos ao que eu apelidei de “miolinho modernista” das Ramblas — uma área de Barcelona que não é propriamente pródiga em exemplares desse estilo arquitetônico/decorativo.
O trecho entre a Passatge dels Colons (um bequinho à direita de quem desce as Ramblas no sentido Plaça de Catalunya - Monumento a Colombo) e a Carrer de Ferran/Plaça Reial concentra vários remanescentes modernistas que merecem que você desacelere o passo e apure o olhar.
Nesse trechinho estão Escribá, o Café de l'Òpera, a Casa dos Guarda-Chuvas, a Casa Doctor Genové, a belíssima vitrine modernista da antiga Camiseria Bonet...
⭐Antiga Casa Figueras/ Escribà
La Rambla nº 83
A Pastelaria Escribà funciona diariamente, das 9h às 21h
A arte de Gaudí&Cia está muito bem representada na sede da antiga fábrica de macarrão da Família Figueras, um primor modernista assinado por Antoni Ros i Güell, que além de arquiteto também deixou uma obra respeitada como pintor e cenógrafo.
O trecho entre a Passatge dels Colons (um bequinho à direita de quem desce as Ramblas no sentido Plaça de Catalunya - Monumento a Colombo) e a Carrer de Ferran/Plaça Reial concentra vários remanescentes modernistas que merecem que você desacelere o passo e apure o olhar.
Nesse trechinho estão Escribá, o Café de l'Òpera, a Casa dos Guarda-Chuvas, a Casa Doctor Genové, a belíssima vitrine modernista da antiga Camiseria Bonet...
⭐Antiga Casa Figueras/ Escribà
La Rambla nº 83
A Pastelaria Escribà funciona diariamente, das 9h às 21h
A arte de Gaudí&Cia está muito bem representada na sede da antiga fábrica de macarrão da Família Figueras, um primor modernista assinado por Antoni Ros i Güell, que além de arquiteto também deixou uma obra respeitada como pintor e cenógrafo.
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Detalhe do rebuscadíssimo teto da Antiga Casa Figueras |
A reforma modernista da loja, agora ocupada pela Pastelaria Escribà, foi concluída em 1902 e ainda hoje consegue se destacar na balbúrdia visual das Ramblas, garças a sua belíssima fachada em mosaicos criados pelo genovês Mario Maragliano, que também trabalhou na Casa Amatller e no Hospital de la Santa Creu i Sant Pau.
E a Antiga Casa Figueras ainda tem a vantagem de deixar a gente fingir que foi até lá só pela estudiosa curiosidade de ver uma obra de arte, enquanto se acaba nos docinhos de Escribà 😀.
E a Antiga Casa Figueras ainda tem a vantagem de deixar a gente fingir que foi até lá só pela estudiosa curiosidade de ver uma obra de arte, enquanto se acaba nos docinhos de Escribà 😀.
⭐Casa Doctor Genové
La Rambla nº 77
Vamos dar uma paradinha para admirar uma fachada alta e magricela, mas muito bonita.
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O Modernismo abraça os traços do Gótico Catalão na Casa
Doctor Genové |
É a Casa Doctor Genové, originalmente sede de uma farmácia e um laboratório. A obra, inaugurada em 1911, é assinada pelo arquiteto Enric Sagnier i Villavecchia (1911), que também projetou a igreja neogótica de Tibidabo e a sede da Alfândega do Porto de Barcelona.
Depois de ver prevalecer a tradição nórdica do gótico nas torres do Passeig de Gràcia, é interessante ver o Modernismo abraçar escancaradamente o Gótico Catalão, que tem feições muito próprias — e eu acho bem bonito.
A Casa Doctor Genové agora abriga um bar, como tantos imóveis históricos das Ramblas.
⭐Casa Bruno Cuadros (Casa dels Paraigües)
La Rambla nº 82![]() |
Casa Bruno Cuadros: grande encarnação do espírito da
coisa modernista |
Por precisão jornalística, preciso avisar que a Casa Bruno Cuadros é considerada uma construção pré-modernista, mas eu não estou nem aí. Pra mim, ela traduz direitinho o espírito da coisa.
Desde a primeira vez que bati os olhos na exuberante decoração da fachada dessa antiga loja das Ramblas, ela virou um dos meus grandes amores barceloneses, no mesmo patamar das obras-primas do Modernismo Catalão.
Tem sombrinhas japonesas, dragão chinês (o bicho não podia faltar: é um dos símbolos de Barcelona, em alusão ao padroeiro São Jorge), telhadinho de pagode, coluninhas meio gregas, toques egípcios.. Tem sgrafitto, estuque, pinturas, vitrais e balcões de ferro. Uma salada deslumbrante, quase despudorada.
Bruno Cuadros i Vidal, o primeiro dono da casa era um comerciante de guarda-chuvas e sombrinhas que em 1858 resolveu construir um edifício para instalar sua loja, com apartamentos nos andares superiores destinados a aluguel. O apelido da casa, dels Paraigües ("dos guarda-chuvas") vem desse comércio.
A decoração, porém, foi acrescentada em 1885, obra de Josep Vilaseca i Casanovas, também autor do projeto do Arco do Triunfo de Barcelona, obra realizada para a Exposição Universal de 1888.
A decoração, porém, foi acrescentada em 1885, obra de Josep Vilaseca i Casanovas, também autor do projeto do Arco do Triunfo de Barcelona, obra realizada para a Exposição Universal de 1888.
⭐Gran Teatre del Liceu
La Rambla nº 51-59
➡️ Para assistir a um espetáculo, veja a programação. As visitas guiadas (em catalão, inglês e espanhol) custam a partir de € 9.
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Meu sonho de consumo em Barcelona é assistir a uma ópera no
Teatro do Liceu |
Como outros marcos importantes das Ramblas, o Teatro Liceu também é um herdeiro das desapropriações de imóveis da igreja em Barcelona. Seu embrião foi uma sociedade teatral criada em 1837, no antigo Convento de Montsió (no Portal del Angel) e sua sede definitiva ocupa o terreno onde existiu o Convento dos Trinitários.
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Essa marquise do Liceu é um escândalo |
O Teatro do Liceu original foi inaugurado em 1847, com capacidade para 3.500 espectadores — a maior capacidade de um teatro em toda Europa, na época.
De lá pra cá, ele já ressurgiu das cinzas — literalmente — duas vezes, após sofrer devastadores incêndios em 1861 e 1994. Também foi alvo de um atentado terrorista em 1893 que deixou 20 mortos.
A última reconstrução do Gran Teatre del Liceu foi concluída em 1999 — após o incêndio de 94 —, resgatando fielmente o desenho do arquiteto Miquel Garriga i Roca, responsável pelo primeiro projeto, mas dotando-o do que havia de mais moderno em tecnologia. A cara é a mesma, mas a infra é contemporânea.
⭐Plaça Reial e Lampiões de Gaudí
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Hermes — mensageiro dos deuses do Olimpo e divindade
protetora dos comerciantes — foi a inspiração de Gaudí para desenhar as
luminárias da Plaça Reial |
Acho que não tenho a disciplina necessária pra cumprir um roteiro por todos os 1.200 metros das Ramblas de Barcelona. Quando eu chego à altura do Teatro Liceu e do Café del’Òpera, já emburaco pelo Raval, em busca de um boteco mais raiz, ou tomo o rumo do Bairro Gótico, atendendo à minha estudiosa turistagem (risos).
Se minha escapada for na direção do Bairro Gótico, pode ter certeza que vou dar uma passada pela simpática, embora excessivamente movimentada Plaça Reial, cuja entrada está a menos de 200 metros do Café del’Òpera, na direção Sul (do mar), pela Carrer de Colón.
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A Plaça Reial está sempre muito movimentada, dia e noite |
A Plaça Reial ("Praça Real") não chega a ser uma Place des Vosges, mas é bem bonita. Foi construída em 1835, sobre o terreno do Mosteiro de Santa Madrona, seguindo o conceito de praça fechada e acessível por arcadas (como a Plaza Mayor de Madri).
Cercada de edifícios com fachadas harmônicas e pontilhada de palmeiras, a Plaça Reial está sempre animadíssima, graças à sua profusão de bares e restaurantes — a maioria é excessivamente turística, mas lembro de um bom clube de jazz onde fui uma noite.
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Fonte das Três Graças |
No centro da Plaça Reial fica a Font de las Tres Graciès (Fonte das Três Graças), esculpida pelo francês Antoine Durenne.
Mas a grande atração da Plaça Reial são os lampiões desenhados em 1878 por um arquiteto de 26 anos chamado Antoni Gaudí.
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Esta arcada Carrer de Ferrán é um dos acessos à Plaça Reial,
onde sempre haverá uma mesinha ao ar livre pra você chamar de sua. Os preços
dos bares são inflacionados, mas o astral é gostoso |
Os lampiões de Gaudì homenageiam o deus grego Hermes, o mensageiro do Olimpo, que também era patrono do Comércio — e foi o dinheiro dessa atividade econômica que se instalou nas elegantes moradias da Plaça Reial. Os lampiões são encimados pelo capacete alado de Hermes.
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