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Em uma parede do Castelo de Dresden, o Fürstenzug (“Cortejo
dos Príncipes), mural em porcelana, retrata os governantes da Saxônia
desde o Século 12 |
Música deste Post: René and Georgette Magritte with their dog after the war, Paul Simon
O Verkehrsmuseum de Dresden (Museu dos Transportes) exibe um documentário chamado Dresden wie es eimal war ("Dresden como ela foi um dia"). Editado principalmente a partir de cinejornais da década de 30, o filme mostra uma cidade alegre, efervescente e muito, muito bonita.
Descontada a porção de propaganda na “alegria” e na “efervescência” — os newsreel foram produzidos sob o regime nazista — as imagens envelhecidas e meio riscadas de uma Dresden feliz contextualizam e aumentam o impacto do que se vê a seguir: uma cidade inteira em chamas, os monumentos preciosos reduzidos a milhares de pedaços calcinados e o desespero dos sobreviventes do bombardeio de 13 de fevereiro de 1945.
Sessenta anos depois, o trabalho de reconstrução já trouxe de volta das cinzas as principais referências históricas, artísticas e arquitetônicas de Dresden, como a Semperoper (a Ópera), o Zwinger, Frauenkirche e Hofkirche.
Mas talvez o maior símbolo da reconstrução da cidade seja seu Residenzschloß, o antigo Castelo de Dresden, complexo de pátios, pavilhões, estruturas de defesa e espaços suntuosos onde viviam os príncipes da Saxônia.
Mas talvez o maior símbolo da reconstrução da cidade seja seu Residenzschloß, o antigo Castelo de Dresden, complexo de pátios, pavilhões, estruturas de defesa e espaços suntuosos onde viviam os príncipes da Saxônia.
E é por lá que vou concentrar o passeio deste post. Bora?
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Esta passagem coberta liga a Hofkirche ao antigo pavilhão residencial do Castelo de Dresden |
O Castelo de Dresden
Quando visitar o Residenzschloß de Dresden, não vá esperando um castelo naquela configuração clássica (muralhas, ameias, fosso — com ou sem jacarés 😀).
Assim como o Burghof, o Castelo de Viena, o Residenzschloß de Dresden abandonou suas muralhas ainda no período Barroco, atualizando-se e integrando-se à cidade. Mas sem perder a pose.
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A Hofkirche, catedral católica, era parte do Castelo de
Dresden. Hoje ela está totalmente restaurada dos estragos da guerra |
Afinal, o Residenzschloß foi a sede do poder do Ducado da Saxônia desde o Século 16 e, posteriormente, Palácio Real, quando os governantes do território ascenderam ao status de reis. O castelo, aliás, é ainda mais antigo que esse poder todo, com suas origens na virada do Século 12 para o Século 13.
Hoje, o Castelo de Dresde abriga vários museus importantes, como o Verkehrsmuseum, onde assisti ao documentário que me deu vontade de colocar Dresden no colo e ninar a cidade.
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O Verkehrsmuseum (Museu dos Transportes) está instalado nas
antigas cavalariças do Castelo de Dresden |
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Brasão da Dinastia Wettin no parapeito de uma torre do Castelo de
Dresden |
Lá também está a impressionante Grünes Gewölbe, que expõe as preciosidades do tesouro da dinastia Wettin, governante da Saxônia. Esse acervo é um escândalo de bonito, composto por peças delicadas, feitas muito mais para o deleite visual, embora a maioria tivesse algum uso funcional.
Na Grünes Gewölbe (algo como "Cofre Verde"), você vai ver como ouro, prata, pedras preciosas e a mais fina porcelana davam formas a relógios, caixas de toalete, oratórios, serviços de chá e outros mimos que faziam parte do cotidiano luxuoso dos governantes da Saxônia, os donos do Castelo de Dresden.
O sossego apaixonante do Brülsche Terrasse, conjunto de jardins debruçado sobre o Elba e chamado de "O balcão da Europa". Foi construído sobre o antigo arsenal militar que servia ao Residenzschloss |
O Verkehrsmuseum funciona no belo prédio do Johanneum (Século 16), as antigas cavalariças do Residenzschloß.
Os outros museus no interior do Castelo de Dresden são o Kupferstich-Kabinett (coleção de pinturas, desenhos e fotografias, Rüstkammer (uma das mais importantes coleções de armas e armaduras do mundo) e o Münzkabinett, dedicado à numismática (coleção de moedas).
Os outros museus no interior do Castelo de Dresden são o Kupferstich-Kabinett (coleção de pinturas, desenhos e fotografias, Rüstkammer (uma das mais importantes coleções de armas e armaduras do mundo) e o Münzkabinett, dedicado à numismática (coleção de moedas).
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Dois lados do mesmo pátio: a fachada em sgrafitto cuidadosamente restaurada e as obras ainda em andamento |
Era o Castelo de Dresden ainda lambendo as fundas feridas deixadas em seus ricos edifícios pelas bombas daquela noite fatídica de fevereiro de 1945.
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Se você sentir falta dos elementos-raiz de um castelo no Residenzschloß, como muralhas e ameias, vai adorar esta liça de combate entre cavaleiros. Totalmente Sessão da Tarde |
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Detalhes da decoração da Liça do Castelo de Dresden |
Em todo o Residenzschloß, observe a decoração das fachadas na técnica do sgrafitto (bem comum, também, no bairro do Castelo de Praga), que são desenhos aplicados às paredes por meio de uma espécie de estêncil.
Essa decoração se repete no pátio principal do castelo, onde fica a entrada da Torre Hausmann (Hausmannsturm), que compensa o esforço da subida com uma bela vista para a cidade e o Rio Elba. A torre já está plenamente restaurada.
Para chegar até o terraço de observação da Torre Hausmann você terá que subir 200 degraus. É um desafio bem razoável, mas de tirar o fôlego mesmo é ver Dresden lá do alto, emoldurada pelas torres da Hofkirche e por telhados super fotogênicos, com a majestosa Semperoper quase a seus pés.
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A Hausmannsturm e, abaixo, a Dresden vista do alto da torre |

A parte mais famosa do Residenzschloß é a Fürstenzug ("Cortejo dos Príncipes"). É um painel com 102 metros de largura, instalado na parede externa do Stallhof, as antigas cavalariças do Castelo de Dresden. A imagem que você vê lá abertura do post é só um pedacinho do painel, que é simplesmente impressionante.
Na Fürstenzug estão retratados todos membros da dinastia de Wettin que governaram a Saxônia, do Século 12 ao Século 20. Os azulejos que compõem o painel são feitos em Porcelana de Meissen (técnica inventada em Dresden).
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Do alto da torre Hausmann: à esquerda, a Catedral Católica (Hofkirche). À direita, a Semperoper |
Como já disse lá no alto, a história do Castelo de Dresden é bem mais antiga do que o esplendor da Saxônia no Século 18, período que legou à cidade sua carinha barroca da atual.
No Século 12, já havia uma série de fortificações na área debruçada sobre o Rio Elba — por exemplo, o vizinho Brüschle Terrasse, chamado de "o balcão da Europa", uma magnífica sucessão de jardins e terraços, foi construído sobre os antigos arsenais da cidade. Outro lugar muito legal de visitar.
No Século 12, já havia uma série de fortificações na área debruçada sobre o Rio Elba — por exemplo, o vizinho Brüschle Terrasse, chamado de "o balcão da Europa", uma magnífica sucessão de jardins e terraços, foi construído sobre os antigos arsenais da cidade. Outro lugar muito legal de visitar.
Outra visita tocante em Dresden é a Hofkirche, que fazia parte do complexo do Residenzschloß como local de culto dos príncipes da Saxônia.
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A Hofkirche abriga muitos tesouros artísticos |
Hoje a Hofkische é a catedral católica de Dresden, cheia de tesouros artísticos. Entre eles, um órgão do Século 17 e a Pietá do escultor modernista Friedrich Press.
Nesta escultura (impressionante) Maria não chora pelo filho morto, mas por todas as vítimas da guerra. A obra é feita em porcelana de Meissen e fica numa capela no interior da Hofkirche, um cantinho comovente.
É a Pietá de Press, aliás, que expressa de maneira mais clara a Dresden que eu vi: uma cidade onde até para lembrar o horror se usa a beleza.
Dilacerada pelas bombas, com as entranhas à mostra durante 60 anos, Dresden foi salva por seus moradores, que protegeram os escombros, cuidaram de cada pedra e impediram que as ruínas fossem transformadas em estacionamentos. É por causa deles que a cidade hoje pode ser reconstruída.
Dilacerada pelas bombas, com as entranhas à mostra durante 60 anos, Dresden foi salva por seus moradores, que protegeram os escombros, cuidaram de cada pedra e impediram que as ruínas fossem transformadas em estacionamentos. É por causa deles que a cidade hoje pode ser reconstruída.
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Os telhados de Dresden são muito fotogênicos, né? |
Visita ao Residenzschloß

Entrada pela Taschenberg 2 ou Schlossstraße (Löwentor). Fechado às terças-feiras. Visitas das 10 às 18 horas.
A Hausmannsturm só pode ser visitada de abril a novembro. Um tíquete combinado permite a visita aos diversos museus do Castelo de Dresden e custa € 12.

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Dresden é uma joia preciosa mesmo. Tambem fiquei encantada com tudo o que vi por lá. Sim, eu vim ler sobre o Porto. E li e deu mais vontade ainda de conhecer. mas quando vi Alemanha não resisti e fiz muito bem. Foi como andar pelas ruas da cidade mais uma vez. E deu vontade de voltar lá. Parabens pelo Blog.
ResponderExcluirFatima
Adoro a Alemanha, mas por enquanto só conheço Munique e a região... E dia a dia cresce a minha vontade de ir para Berlim, Dresden, Leipzig, etc...
ResponderExcluirMunique, Dresden e Berlim são espetaculares, cada uma à sua maneira, Fernanda. E experimente Lübeck, também, uma cidadezinha de sonho.
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