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28 março 2016

Casas-museus: a vida cotidiana de gente muito especial

Museu Casa de Jane Austen, Inglaterra

O encantador Museu Casa de Jane Austen, na vila de Chawton, Inglaterra, leva o visitante para dentro dos livros da escritora


Quando a gente pensa em museu, duas ideias vêm à cabeça. A primeira associação é a coisa antiga — e estão aí para provar os dísticos jocosos, e nem sempre lisonjeiros, sobre o assunto, como o clássico “quem vive de passado é museu".

O segundo conceito associado a museus é o da preciosidade, o objeto raro e tão relevante que — olha o lugar comum de novo — “merece estar em um museu”.

Museu Casa de Federico García Lorca, Granada, Espanha

A Huerta de San Vicente, casa de García Lorca em Granada, Espanha, é um museu que a gente visita com um nó na garganta


A associação com velharia já vem sendo suficientemente desmentida por notáveis instituições dedicadas a assuntos diversos — tecnologia, futebol, Língua Portuguesa — que fazem o maior sucesso.

Mas nem sempre a gente presta atenção aos chamados museus-casas, dedicados a preservar a memória mais doméstica e prosaica de grandes personagens.

Casa de Paul McCartney em Liverpool, Inglaterra

A casa de Paul McCartney em Liverpool e (abaixo) o Octagon, refúgio de Simón Bolívar durante o exílio em Curaçao 


Octagon, casa de Simón Bolívar em Curaçao

Todas as casas-museus visitadas pela Fragata

Totalmente na contramão do “espetacular” ou “precioso” que tendemos a colar no conceito de museu, são espaços geralmente íntimos, singelos e, pra mim, profundamente comoventes, exatamente por sua capacidade de realçar a condição humana de gente tão especial.

Pelo terceiro ano consecutivo, a Fragata está participando da blogagem coletiva que marca a #MuseumWeek, semana dedicada a celebrar os museus em todo o mundo, iniciada hoje. Nesta edição 2016, resolvi convidar vocês para uma visitinha às casas-museus de alguns personagens que adoro. Bora?

11 outubro 2015

Viagens inspiradas em livros - roteiros literários e jornadas sentimentais

Quai d'Orleans, Paris
Nas pegadas de Hemingway, Paris fica ainda mais especial. Na imagem, o Quai d'Orleans, em foto de abril de 2006

Tenho uma relação bastante ambígua com guias de viagem — e algumas prateleiras deles em casa. Gosto dos mapas, endereços e descrições objetivas, que ajudam a organizar a caminhada. Mas minha grande inspiração para sair pelo mundo é a Literatura. Minhas melhores jornadas são as viagens inspiradas em livros.

Um guia de viagem, tomado ao pé da letra, vira uma angustiante lista de tarefas, transformando cada jornada numa interminável gincana — na ansiedade de completar a lista de pontos turísticos, a gente não vê a vida nem sente a atmosfera ao redor.

Paris: margens do Sena e escadaria de La Madeleine
Paris nem precisava ser personagem de tantos livros para ser inspiradora. A cidade, porém, é uma das campeãs de citação no cinema e na literatura. Na imagem, as margens do Sena depois da chuva e as escadarias da Igreja e La Madeleine

Já uma grande história bem contada nos fornece as referências para uma jornada muito pessoal e cheia de possibilidades — eu vivo repetindo aqui que o melhor guia de viagem são essas tais de referências, né? São elas que nos levam pela mão nas explorações mais prazerosas e marcantes.

Mesmo os lugares mais arrebatadores precisam do encantamento que já trazemos conosco para ficarem realmente especiais.

Viagens inspiradas em livros: Ronda, Andaluzia, e Dürnstein, Áustria
Eu fui a Ronda (esq) inspirada em Por quem os sinos dobram, de Hemmingway. À pequenina Dürnstein, na Áustria, quem me levou pela mão foi Ricardo Coração de Leão, cujas aventuras eu conheci lendo Robin Hood

E quem melhor do que a Literatura para prover esse encantamento prévio? Se você já experimentou, sabe do que estou falando. Se ainda não, aposto que vai amar o mundo das viagens inspiradas em livros.

Veja alguns dos roteiros que a Literatura já me inspirou:

Viagens inspiradas em livros: Termas Romanas e Assembly Rooms, em Bath, Inglaterra
Foi arrepiante visitar as Termas Romanas de Bath e os Assembly Rooms, cenários de momentos decisivos de Persuasão, meu livro favorito de Jane Austen

04 abril 2014

Gosta de museus? Vá para Berlim!

Museu Gemäldegalerie em Berlim
A Gemäldegalerie de Berlim e sua vizinha, a Sankt Matthäus Kirche (Igreja de São Mateus), do Século 19

Eu gosto de museus. Gosto tanto que perdoo as filas, os grupos barulhentos e outros perrengues que vêm acoplados às visitas.

E em nenhuma outra cidade do mundo meu mergulho nas belezas foi tão prazeroso quanto nos museus de Berlim — talvez porque entre todas as cidades que conheço, nenhuma tenha museus tão espetaculares fora da lista mundial de "obrigações turísticas".

Visitar os museus de Berlim é tão bom quanto ir ao Louvre, de Paris, ao Museu do Prado, de Madri, e à Galleria degli Uffizi, de Florença. Só que sem enfrentar muvuca nem a algazarra de quem foi lá só pra "bater o ponto".

Os Portões de Ishtar, no Museu Pergamon de Berlim
Os Portões de Ishtar, no Museu Pergamon

Esta postagem faz parte de uma blogagem coletiva organizada pela Rede Brasileira de Blogueiros de viagem para celebrar a Semana dos Museus na Europa, a #MuseumWeek. No final do texto, veja todos os blogs participantes, acesse os posts descubra museus bacanas e anote as dicas para sua próxima viagem 😊.

Pra mim o paraíso dos museus é Berlim. Veja alguns museus de Berlim que eu adoro:

11 outubro 2011

Feiras pelo mundo: o lado lúdico das hortaliças

Feira em Carcassonne na França

Feira livre em Carcassonne, França: chuchu com sotaque (Por justiça, a foto de abertura deste post tinha que ser da Feira da Vila Madalena, mas eu não tenho nenhuma)


Uma das coisas mais divertidas que eu conheço é fazer feira (e experimentar comida de rua em mercados). Encontrar feiras pelo mundo é uma atividade turística que me instiga tanto quanto ver grandes artistas em um museu.

Foi graças a São Paulo que descobri o inimitável prazer de apalpar laranjas, inspecionar goiabas e eleger o mais belo ramo de couve da semana. Antes de ir morar em Sampa, sequer suspeitava do lado lúdico que palpita nas frutas, hortaliças e assemelhados.

Pastel de feira em São Paulo
Pastel de Feira em São Paulo
São Paulo tem a feira e tem o pastel de feira, que emplaca o top 10 em qualquer lista de melhores iguarias do Brasil

A primeira vez que eu vi a luz foi numa manhã de sábado, na Vila Madalena (a original, não essa que está lá hoje, muito da mauricinha). Eu morava em Perdizes, não usava automóvel — a mania de pedestre vem de longe — e tinha sérias dúvidas de que pudesse haver um peixe fresco sobre a face da terra que compensasse o trajeto de ônibus, ainda mais na companhia de um trambolho chamado carrinho de feira. Admito: eu era uma mulher de pouca fé.

Porque a verdade é que, naqueles tempos, um tomate jamais seria apenas um tomate na esquina da Aspicuelta com a Fradique.

Sou fã de visitar feiras pelo mundo. Pra beliscar comidinhas nas barracas, pra sentir o paladar local e pra ver gente normal vivendo seu cotidiano nos lugares onde sou só uma visita curiosa. 

Veja que passeios interessantes:

29 junho 2005

Residenzschloß, o Castelo de Dresden

Fürstenzug em Dresden
Fürstenzug (“Cortejo dos Príncipes”) é um mural em porcelana instalado no Castelo de Dresden. A obra retrata os governantes da Saxônia desde o Século 12


O Castelo de Dresden é o maior símbolo da reconstrução da cidade, arrasada por um bombardeio durante a II Guerra Mundial. O Residenzschloß ou Burgschloß, como é chamado, é um conjunto de torres e edifícios que, como diz o residenz de seu nome alemão, foi a principal morada e sede da corte da Saxônia.

Hoje, o Castelo de Dresden abriga uma série de museus e rende um ótimo passeio. Praticamente demolido pelas bombas, ele estava ainda em reconstrução quando o visitei, em julho de 2005. O contraste entre as ruínas deixadas pela guerra e o esplendor das partes já reconstruídas era comovente.

Bora passear no Castelo de Dresden? Veja as dicas:

28 junho 2005

Museus de Dresden: o Zwinger e a Galeria dos Velhos Mestres da Pintura

Palácio Zwinger em Dresden
A Pinacoteca dos Velhos Mestres de Dresden funciona no belo Palácio Zwinger e tem um acervo alucinante de pinturas renascentistas e barrocas

Sabe um museu que, sozinho, justifica a travessia do Atlântico? Pois é e a Gemäldegalerie Alte Meister de Dresden (Galeria dos Velhos Mestres da Pintura), que funciona no Zwinger, um belíssimo conjunto de palácios, jardins, pátios e fontes do Século 18, apontado como a mais importante obra da arquitetura barroca em Dresden.

Essa pinacoteca de sonhos reúne obras de praticamente todos os gênios dos pincéis dos períodos Renascentista e Barroco, uma festa de Ticiano, Rembrandt, van Eyck, Velázquez, Vermeer, Cranach...

"Madona Sistina" de Rafael
"Madona com o Menino e São Francisco" de Correggio
O acervo da Gemäldegalerie Alte Meister de Dresden é de uma beleza comovente. No alto, a Madona Sistina de Rafael, a obra mais famosa da coleção. Acima, Madona com o Menino e São Francisco, de Correggio

Entre os Museus de Dresden que visitei, a Galeria dos Velhos Mestres da Pintura e as demais dependências do Zwinger foram os mais impressionantes e eu super recomendo que você os inclua em seu roteiro.

Veja as dicas:

27 junho 2005

O que fazer em Dresden na Alemanha

O Rio Elba e a Semperoper vistos do alto da torre do Castelo de Dresden
Não foi à toa que os viajantes dos séculos 18 e 19 elegeram Dresden como uma das mais belas cidades da Europa

A 2h30 de trem de BerlimDresden é um sonho com alguns toques de melancolia que resultam bem românticos.

A antiga capital da Saxônia foi consagrada pelos viajantes dos séculos 18 e 19 como uma das mais belas cidades da Europa — e com toda razão.

Centro Histórico de Dresden
As torres à esquerda são do Burgschloss, o Castelo de Dresden. À direita, o campanário e a agulha da Catedral. Essa imagem vai aparecer assim que você entrar na Altstadt, a Cidade Velha

Em julho de 2005, quando estive em Dresden, o que mais chamava a atenção era a quantidade de guindastes e tapumes espalhados pela cidade. Parecia que toda Dresden estava em obras, 60 anos depois do fim da II Guerra Mundial e 15 anos depois da reunificação alemã.

O motivo e a história são conhecidos: sem grandes objetivos estratégicos que justificassem o ataque, Dresden foi reduzida a pó por um bombardeio aliado, na noite de 13 para 14 de fevereiro de 1945.

Liça do Castelo de Dresden
A rica decoração da Liça do Castelo de Dresden, pátio onde eram realizados combates entre cavaleiros

Centenas de milhares de refugiados de toda a Alemanha haviam buscado abrigo em Dresden, iludidos que o rico acervo artístico e arquitetônico da cidade que era chamada de "A Florença do Norte" estaria a salvo de um ataque aéreo.

Foram 9 toneladas de bombas e um total de mortos ainda em disputa, oscilando entre 35 mil e 125 mil, dependendo da fonte.

Kulturpalast em Dresden na Alemanha
A Marcha da Bandeira Vermelha: painel no mais castiço Realismo Socialista na fachada do Kulturpalast

As marcas da destruição ainda eram visíveis por toda a parte em Dresden. A antiga Alemanha Oriental  preferiu deixar os monumentos destruídos no bombardeio em escombros — muitos desses edifícios escaparam de virar estacionamentos ou prédios "funcionais", graças à resistência dos moradores.

A reconstrução em curso em 2005, quando estive na cidade, só começou depois da queda do Muro de Berlim e da reunificação da Alemanha.

Acesso ao Centro Histórico de Dresden na Alemanha
Acesso ao Centro Histórico de Dresden

Durante a minha visita, era impossível caminhar pelo Centro Histórico de Dresden sem ficar impregnada pela melancolia dos blocos de pedra espalhados, ainda enegrecidos e esperando a remontagem de quebra-cabeças de milhares de peças.

Veja quanta coisa linda tem para ver em Dresden e aproveite as dicas práticas no final do post para planejar sua visita:

26 junho 2005

Restaurante histórico em Lübeck: a casa dos homens do mar

restaurante da Schiffergesselschaft em Lübeck na Alemanha
Na sede da Liga dos Navegantes de Lübeck funciona um restaurante centenário e delicioso

Que tal jantar em um dos restaurantes mais antigos do mundo, na companhia de personagens que você aprendeu a amar em prazerosas leituras? Foi o que eu fiz em Lübeck, a encantadora cidade do Norte na Alemanha onde nasceu Thomas Mann.

O restaurante da Schiffergesellschaft é um dos melhores da cidade e está em atividade desde o Século 16. 

Sede da Schiffergesellschaft em Lübeck na Alemnha
A sede da Schiffergesellschaft é cenário frequente de Os Buddenbrook, de Thomas Mann

Schiffergesellschaft é a antiga liga dos armadores de navios de Lübeck, cidade que foi um poderoso centro de comércio marítimo, desde a idade média — não se intimide com o palavrão: em alemão, basta dividir o vocábulo que a pronúncia fica fácil. Diga schiffer+guéssel+schaft.

A liga (ou guilda, ou corporação) de Lübeck reunia os donos das frotas mercantes, os capitães e homens do mar da cidade e existe desde 1401. Sua sede e seu restaurante são um pouquinho mais jovens, de 1535.

Praça do Mercado de Lübeck na Alemanha
A Praça do Mercado é um bom lugar para comprar frutas, queijos e frios em Lübeck

Antes da refeição vale a pena dar uma olhada no edifício. Alguns salões ainda exibem a mobília original: mesas compridas de carvalho maciço, ladeadas por bancos com encostos cheios de entalhes. É como entrar no Século 16.

O restaurante, como recomenda a tradição germânica, funciona no porão (por isso você encontra tantos restaurantes antigos por lá que têm keller no nome. A palavra significa adega) e é decorado com objetos náuticos, réplicas de embarcações, mobiliário de madeira escura e grossas traves de madeira no teto. Mais naval do que isso, só se balançasse ao sabor da maré.

Na verdade, o restaurante da Schiffergesellschaft era um velho conhecido meu das páginas de Os Buddenbrook, o primeiro romance de Thomas Mann — um caso de amor à primeira página, pra mim. Tom Buddenbrook, alçado à condição de chefe da família e da casa comercial herdada dos antepassados, passou muitas noites por lá, discutindo e fechando negócios.

Arquitetura de Lübeck na Alemanha
Arquitetura de Lübeck na Alemanha
Arquitetura de Lübeck na Alemanha
Lübeck é uma cidade medieval preservadíssima e com uma arquitetura muito peculiar

Cheguei ao restaurante sem fazer reserva. Sentei-me numa mesinha de canto, iluminada por uma lanterna de navio. Beberiquei vinho branco, ainda atracada ao meu exemplar de Os Buddenbrook (uma edição espanhola que comprei no museu dedicado à família Mann, já que tinha que reler o livro, estando na cidade que o inspirou).

A proximidade de Lübeck com a foz do Rio Trave não deixa faltar frutos do mar no cardápio da casa. Pedi camarões do Mar do Norte — que estavam maravilhosos — e fiquei curtindo a atmosfera encantada do lugar.

Bem em frente, um grupo grande ocupava os bancos cheios de brasões em torno de uma mesa animada. Todos muito jovens, rindo muito e falando todos ao mesmo tempo. De repente, na hora da sobremesa, eles ficaram de pé e cantaram uma música quase celestial: eram os integrantes de um dos muitos corais que participavam de um encontro na cidade, naquele fim de semana. 

Lübeck é mesmo uma cidade mágica.

Restaurante do Schiffergesellchaft
Breitstraße 2, em frente à Igreja de St Jakobi

É uma instituição em Lübeck e se apresenta como "o restaurante mais antigo do mundo". O ambiente é precioso, a comida é ótima e o serviço é atencioso e o prato mais caro custa 19 Euros. É ou não é um lugar perfeito?

Mais sobre Lübeck 
 Alemanha 2 X 3 Brasil - como é ganhar na casa dos adversários
Mais sobre a Alemanha

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25 junho 2005

Brasil x Alemanha: como é ganhar na casa dos adversários

Outdoor em Berlim sobre a Copa das Confederações de 2005
Outdoor animando a torcida alemã para a Copa das Confederações 2005: "Nós somos bons"

Música deste post: Garotos, Leoni

O encanto de Lübeck me deixou num astral muito "oncinha pintada, zebrinha listrada e coelhinho peludo". Caminhando por An der Obertrave, a "rambla sul" do Rio Trave, fui chamada de volta à realidade por um grito inconfundível: "Tor!!!!".

Não era ninguém evocando deuses vikings (o do martelo é grafado com th). Ao menos, não conscientemente: eram "apenas" uns 60 alemães reunidos num bar, a meia quadra dali, assistindo Brasil x Alemanha e comemorando o gol de empate do time da casa, na semifinal da Copa das Confederações de 2005.

Lübeck na Alemanha
Eu estava curtindo o final de tarde à beira do Rio Trave, em Lübeck, quando o grito primal me trouxe à realidade

Nessas coisas de futebol, eu sou abusada: resolvi ver o jogo também, cercada pelos adversários. E lá fui eu para o boteco.

Como Lübeck fica quase na Dinamarca, a ideia de vikings não estava muito fora de lugar: todo mundo no bar parecia ter mais de dois metros de altura e até as canecas de cerveja deles pareciam ser maiores do que eu.

Sentei num cantinho discreto, meio de lado para a TV, pedi um gim e me aferrei à resolução de ser beeeeem invisível.

Quase pedi desculpas gerais quando, daí a pouco, o zagueiro alemão jogou Adriano pra fora de campo, na linha de fundo, e o árbitro marcou pênalti a favor do Brasil.

Tá certo que o empurrão foi dentro da área. Mas a queda, não: o Imperador caiu lá nas placas de propaganda. "Penalti, como assim?? Esse juiz filho da mãe tá querendo que eu leve uma surra", resmunguei, pedindo a segunda dose.

Lübeck na Alemanha
Lübeck na Alemanha
Lübeck na Alemanha
Agora, me diga se uma cidade linda dessas é lugar pra ficar brincando de Asterix entre os Godos

Minha resolução de invisibilidade foi posta à prova no pênalti seguinte, desta vez a favor da Alemanha. O "Ladrão!" escapou por descuido. Tratei de arrematá-lo com um sorriso e balançar a cabeça efusivamente, em sinal de aprovação. Mesmo assim, uns quatro ou cinco vikings ficaram me olhando torto.

Mais um gim e dois quase-gols de Robinho. No primeiro eu só suspirei — meio alto, acho. No segundo eu não pude evitar o "#$%&*#, seu perna-de-pau!". Mas como os alemães também estavam berrando horrores, eu apenas continuei a despejar impropérios, tomando a providência de apontar para o volante, que não tinha marcado direito o brasileiro.

O problema é que Adriano estava infernal naquele torneio e mandou uma bomba, para marcar o terceiro do Brasil.

Eu, que já dava os 2 x 2 como fato consumado, tinha baixado a guarda e acabei pulando da cadeira, gritando feito maluca.

Lübeck na Alemanha
Lübeck na Alemanha
Lübeck na Alemanha
Nem se a gente tivesse levado um sacode da Alemanha eu ficaria menos feliz de estar na encantadora Lübeck

A essa altura, olhava em volta e já via os demais frequentadores do bar com roupas de pele de urso e capacetes de chifre. Até que um deles, no apito final, me abriu um sorriso resignado e resumiu: "Era o Brasil, né?"

Tomei mais um gim, me sentindo numa cena de "Asterix entre os Godos" (eu nem era Asterix, era Ideiafix, sem poção mágica).

Lembrei do outdoor que vi em Berlin, no qual a Federação Alemã de Futebol tentava turbinar a autoestima da torcida: "Wir sind gut" (Nós somos bons"), afirmava o cartaz, estampando as estrelas de tricampeões do mundo no uniforme do time. "Aber wir sind besser" (mas nós somos melhores), cantarolava eu, a caminho do hotel, louca para ver o compacto dos melhores momentos na TV.

Mais sobre Lübeck  aqui no blog
Restaurante histórico em Lübeck - a casa dos homens do mar

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Lübeck na Alemanha - a cidade de Thomas Mann

Passeio à beira do Rio Trave em Lübeck na Alemanha
Passeio à beira do Rio Trave em Lübeck na Alemanha
Final de uma tarde de verão em Lübeck. As torres pontudas são da Petrikirche (dir) e da Marienkirche (igrejas de São Pedro e de Nossa Senhora)

Depois de uma semana maravilhosa em Berlim, só mesmo uma razão muito forte pra ir embora. E essa razão se chama Lübeck, a cidade de Thomas Mann, que parece de conto de fadas.

Fazia muito tempo que eu sonhava com uma visita a Lübeck para ver suas torres medievais e outros encantos.

Há mais de 20 anos, comecei a estudar alemão no Goethe Institut, onde a farta biblioteca me viciou em Thomas Mann e a revista do instituto, distribuída aos alunos, encarregou-se de me mostrar como a terra do escritor era linda.

Burgtor em Lübeck na Alemanha
Burgtor em Lübeck na Alemanha
A Burgtor ("Porta do Burgo") era um dos acessos à cidade medieval de Lübeck

Como Lübeck está a 320 km de Berlim, não tive nem dúvida de esticar a viagem até lá. E foi uma das melhores decisões que já tomei em uma viagem.

O percurso ferroviário entre Berlim e Lübeck é feito em pouco mais de três horas, contando a troca de trens em Hamburgo, uma conexão com intervalo de cerca de uma hora.

Torre da Igreja de São Tiago em Lübeck na Alemanha
Torre da Igreja de São Tiago em Lübeck na Alemanha
Petrikirche em Lübeck na Alemanha
Petrikirche em Lübeck na Alemanha
As torres pontudas das igrejas de Lübeck reforçam a sensação de que estamos num conto de fadas. As duas fotos do alto são da Jacobkirche (Igreja de São Tiago). As duas acima são da Petrikirche (Igreja de São Pedro)

Quando você for, preste atenção na hora de comprar a passagem, pois há paradas mais longas em Hamburgo que podem esticar seu tempo de viagem para mais de seis horas.

Veja minhas dicas da belíssima Lübeck, a cidade de Thomas Mann:

23 junho 2005

O que fazer em Berlim

Potsdamer Platz em Berlim
Todo o espaço em branco que ficava dentro do traçado do Muro de Berlim está sendo ocupado por construções modernas, mudando a cara do Centro da cidade. Na imagem, Potsdamer Platz

Horários e preços atualizados em maio de 2019

Para ser feliz na capital alemã, basta estar lá. Mas se você seguir algumas dessas dicas de Berlim, garanto que vai se divertir um bocado 😀. Tem muito o que fazer em Berlim e, juro, é tudo muito legal.

O fascínio que ela exerce sobre a gente tem muitas razões. Poucas cidades do planeta carregam o peso da História recente como Berlim. A antiga capital prussiana foi palco e epicentro dos acontecimentos que traçaram a cara do Século 20, com suas duas guerras mundiais e o longo embate oriente-ocidente, ou comunismo x capitalismo, como queiram.

Com esse carma, daria para entender se essa fosse uma cidade cinza e melancólica, mas nem a latitude nem as memórias impedem Berlim de ser tão solar e vibrante, uma das minhas cidades preferidas no mundo.

Veja essas dicas de o que fazer em Berlim e aproveite uma das cidades mais interessantes da Europa:

22 junho 2005

Atrações e dicas de Berlim


Grafite de Rosa Luxemburgo em Berlim

Rosa Luxemburgo retratada em um fragmento do Muro de Berlim, em Potsdamer Platz


Atualizado em março de 2019

Antes de você começar a ler este post, aviso: sou totalmente parcial e descabeladamente apaixonada por Berlim.

Desde a primeira vez que pisei na cidade, em 2003, tive a clara sensação de estar chegando em casa, assim que arriei a mochila na plataforma da Ostbanhoff (a estação de trem do lado Leste da cidade).

Em 2005, reservei uma semana para explorar os encantos de Berlim e continuo achando que a cidade ainda renderia muito mais tempo de descobertas deliciosas. 

Berlim, Alemanha
Meninas boazinhas vão pra o céu. Meninas más vão para Berlim. E que sorte têm as meninas más!

Berlim tem história (das mais movimentadas da Europa), arquitetura de todas as épocas, museus arrebatadores e um astral imbatível: das cidades que eu conheço, ela está no topo do ranking da diversão, modernidade e simpatia.

Neste post eu listei algumas atrações em Berlim que viraram as minhas favoritas. Bora passear comigo?

Leia também: O que fazer em Berlim e como aproveitar a cidade