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A paisagem do Rio Liffey marca o Centro de Dublin |
Famosa pela animação, a capital irlandesa é uma das cidades mais festeiras que já visitei. Mas nem tudo é farra por lá. As opções de passeios em Dublin vão muito além dos pubs e da farra.
Beleza, tradição e história não faltam em Dublin e rendem, facinho, vários dias de visita.
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Os pátios e demais áreas externas do Castelo de Dublin têm
visitação gratuita |
Se seu tempo é curto, porém, recomendo o roteiro que fiz no meu primeiro dia em Dublin, contemplando os três maiores cartões postais da cidade: a boemia da região de Temple Bar, o prestigiado Trinity College (a maior e mais antiga universidade da Irlanda, com lindos edifícios, parques e uma biblioteca histórica de cair o queixo) e o Castelo de Dublin, com seus 800 anos de idade.
Para ver as três atrações, só foi preciso pagar ingresso na visita à imperdível Old Library, a biblioteca histórica do Trinity College. No Castelo de Dublin, você só paga ingresso para ver os salões.
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Trinity College: caso raro de universidade que virou
atração turística — e merece |
Esse roteiro de descoberta de Dublin é para ser feito a pé. As três atrações estão a curtíssimas caminhadas umas da outras e podem ser vistas até em uma tarde — mas recomendo que você dedique a elas um dia inteiro.
Foi assim que começamos nosso mergulho na capital irlandesa. Veja como foi nosso primeiro dia de passeios em Dublin:
Foi assim que começamos nosso mergulho na capital irlandesa. Veja como foi nosso primeiro dia de passeios em Dublin:
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Os edifícios seculares do Trinity College estão organizados
em torno de grandes áreas verdes |
Três passeios em Dublin
⭐Trinity College
Uma das curiosidades que eu tinha sobre Dublin era a respeito da relação da cidade com a sua universidade mais famosa, um dos legados mais célebres do domínio britânico na Ilha Esmeralda.
A aguerrida capital irlandesa, porém, não parece guardar mágoas do passado eminentemente anglicano do Trinity College.
A aguerrida capital irlandesa, porém, não parece guardar mágoas do passado eminentemente anglicano do Trinity College.
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Visitamos o Trinity College durante a semana de boas-vindas aos alunos que retornavam das férias de verão |
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O campanário da universidade, inaugurado em 1853 é a
principal logomarca do campus |
Ao contrário, não encontrei um dublinense que não falasse com orgulho da prestigiada instituição, fundada no finalzinho do Século 16 por Elizabeth I da Inglaterra.
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Edifícios de alojamentos no campus do Trinity College. Sabia
que é possível se hospedar lá? |
A universidade ocupa uma grande área (190 mil metros quadrados) bem no centro nervoso de Dublin, cercada pelo trânsito e gente apressada.
Os edifícios seculares do campus do Trinity College, porém, parecem estar a quilômetros da metrópole que resfolega do lado de fora. Basta transpor a arcada da entrada principal para mergulhar em outro ritmo.
Os edifícios seculares do campus do Trinity College, porém, parecem estar a quilômetros da metrópole que resfolega do lado de fora. Basta transpor a arcada da entrada principal para mergulhar em outro ritmo.
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O prédio da Biblioteca é o mais visitado no Trinity College
de Dublin |
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Vale muito a pena encarar a fila para ver o Long Room e o
Livro de Kells, na Biblioteca |
O chato é que é proibido pisar, quanto mais rolar naquela grama (se bem que, do jeito que chove em Dublin, aposto que ela está sempre úmida, 😁).
As muitas bicicletas estacionadas e eventuais banquinhos é que se encarregam de dar um quê de parque a esses espaços sombreados pelas construções de feições setecentistas.
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A entrada principal do Trinity College vista de uma das
"praças" verdes do campus |
Se hoje Dublin e a Irlanda abraçam integralmente sua universidade, as coisas nem sempre foram tão tranquilas.
Os católicos
irlandeses eram proibidos de estudar no Trinity College, até o apagar das luzes do Século 18 —
como também ficaram alijados das funções mais elevadas na administração pública
e em outras áreas, até quase a consolidação da Independência da Irlanda.
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A magnífica Old Library do Tritity College é a guardiã do
Livro de Kells e de muitas outras preciosidades |
Visitei o Trinity College no final de agosto, bem no dia em que a instituição realizava uma série de cerimônias de boas vindas aos novos alunos e de preparação para o início do ano letivo, daí a poucos dias.
Além dos muitos estudantes, o campus recebia muitos turistas, aglomerados, principalmente, nas imediações da Old Library, biblioteca cheia de tesouros e aberta à visitação e grande estrela do campus.
Old Library do Trinity College
A histórica biblioteca do Trinity College foi construída no início do Século 18 e é o lar de 200 mil volumes — entre eles o famoso Book of Kels (Livro de Kels), uma versão dos evangelhos ricamente ilustrada por iluminuras, feita no Século 9.
O Livro de Kels, uma maravilha, é uma das atrações do espetacular Long Room, o antigo salão de leitura da Biblioteca do Trinity College, com
suas hipnóticas estantes em carvalho abrigadas sob o teto curvo de madeira (um
acréscimo do Século 19) que é a alegria dos fotógrafos que visitam o lugar
(juro, vi gente deitando no chão pra pegar um bom ângulo).
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É preciso pagar ingresso para visitar a Old Library. Mas é
uma graninha bem paga — linda e cheio de livros, só pode ser a versão dublinense
do paraíso |
Quando eu visito bibliotecas lindas como a do Trinity College (ou como a do Mosteiro de São Francisco, em Lima), sinto uma vontade incontrolável de virar traça e ficar morando nelas. Juro que não iria danificar os livros (eu topo ser uma traça faquir e viver de brisa😁), mas faria qualquer coisa pelo prazer de ficar ali, quietinha, só admirando a paisagem 😉.
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Passear pelo campus do Trinity College é grátis. Quando
quiser fugir do burburinho do Centro de Dublin, pode se refugiar lá |
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"Ciclistas, desmontem". É proibido pedalar no campus |
A melhor referência para chegar ao Trinity College é College Green, uma continuação da movimentadíssima Dame Street, no Centrão de Dublin. Nessa rua há diversas paradas de ônibus (se você chegar ao Centro de transporte público, é bem capaz de descer lá).
➡️ Circular pelos jardins e pátios do Trinity College é grátis.
➡️ Circular pelos jardins e pátios do Trinity College é grátis.
Os tours partem em vários horários e custam €12, com direito à entrada na Old Library, ou €5, apenas para para percorrer as áreas externas.
Ao atravessar o Front Gate (a entrada principal do Trinity College, que dá de frente para a antiga sede do Parlamento Irlandês) procure a plaquinha "Guided Tours".
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Mapa do campus do Trinity College — são 190 mil metros
quadrados, afinal |
Durante as férias da universidade, os vários tipos de acomodação oferecidos aos estudantes ficam disponíveis para não-alunos do campus do Trinity College.
Há desde apartamentos até pequenos estúdios individuais. As diárias variam de €52 a €118, dependendo do tipo de alojamento.
Há desde apartamentos até pequenos estúdios individuais. As diárias variam de €52 a €118, dependendo do tipo de alojamento.
A Old Library do Trinity College é aberta ao público de segunda a
sábado, das 09:30h às 17h. Aos domingos, ela pode ser visitada das 9h às 16:30h,
de maio a setembro.
O horário dominical de inverno vai das 12h às 16:30. Esse horário também vale para os feriados.
➡️A entrada na Old Library custa €10 (estudantes e maiores de 60 pagam €8).
O horário dominical de inverno vai das 12h às 16:30. Esse horário também vale para os feriados.
➡️A entrada na Old Library custa €10 (estudantes e maiores de 60 pagam €8).
⭐Castelo de Dublin
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O pátio principal do Castelo de Dublin, com a Torre Bedford
em destaque |
Quem está acostumada a ver castelos pendurados nas alturas, dominando vastas porções de território, até toma um susto com a localização quase prosaica do Castelo de Dublin, bem plantadinho no chão e quase escondido entre as construções do centro da cidade.
Esse jeito nada pomposo é bem dublinense, mas que ninguém se engane: por 720 anos, o conjunto de fortificações e salões cerimoniais do Castelo de Dublin foi o maior símbolo da dominação inglesa sobre a Irlanda.
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Hoje, são as bandeiras da Irlanda e da Cidade de Dublin que
tremulam no Castelo. Mas por 720 anos, esse conjunto de fortificações foi o
símbolo do domínio britânico |
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A Capela Real e a Torre Normanda, no Castelo de Dublin |
Uma velha torre normanda, do Século 13, recebe os visitantes, logo na entrada, e lembra esses primórdios do Castelo de Dublin.
As feições que hoje predominam no Castelo de Dublin, porém, datam dos Século 18 e 19.
A harmonia em linhas sóbrias das construções do primeiro pátio, onde se destaca a Torre Bedford, é encantadora. Confesso, porém que o passado do lugar estava me incomodando um pouquinho, durante a visita.
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A entrada de pedestres do Castelo de Dublin fica meio
escondida entre os edifícios do Centro da cidade |
O Castelo fica em Dame Street, a uma curta caminhada do Trinity College. A entrada é gratuita, para quem for percorrer apenas as áreas externas.
➡️ Entre as atrações do Dublin Castle são os State Apartments, conjunto de salões e outros aposentos usados pelos governantes britânicos e que hoje são utilizados em cerimônias do governo irlandês. Eles podem ser percorridos em visitas guiadas, com ingressos a €4,50.
➡️ Entre as atrações do Dublin Castle são os State Apartments, conjunto de salões e outros aposentos usados pelos governantes britânicos e que hoje são utilizados em cerimônias do governo irlandês. Eles podem ser percorridos em visitas guiadas, com ingressos a €4,50.
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Um Einstein circunspecto, a melhor escultura de areia
no pátio do Castelo |
Os Dubh Linn Gardens ocupam o local do antigo poço escuro (dubh linn) que deu o nome ao assentamento viking, povoação que conviveu, por um bom período, com a aldeia celta de Áta Cliath, principal origem de Dublin.
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Turistas ou locais, em Temple Bar somos todos boêmios |
Dizer que Temple Bar é o Pelourinho de Dublin não seria inexato, mas estaria bem longe de fazer justiça a essa área antiga, turística e boêmia da capital irlandesa.
Temple Bar tem música "típica", farristas de todas as nacionalidades e mais botecos (pubs) do que eu teria paciência de contar.
Temple Bar tem música "típica", farristas de todas as nacionalidades e mais botecos (pubs) do que eu teria paciência de contar.
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Adoro esses balcões repletos de quinquilharias, garrafas e
etc dos pubs irlandeses |
Também já não é um lugar onde mora gente, nem falha em exibir uma certa cara de parque temático da farra. A diferença, talvez, seja o fato de que eu não curto o Pelourinho e gostei bastante de Temple Bar.
Já frequentei todos os tipos de botecos (dos metidos a besta aos que fazem o cliente sentar no engradado de cerveja). Viajando por aí, encontrei ótimas tascas, boliches, tabernas, biergärten e bodegas. Fui do lounge ao inferninho.
Já frequentei todos os tipos de botecos (dos metidos a besta aos que fazem o cliente sentar no engradado de cerveja). Viajando por aí, encontrei ótimas tascas, boliches, tabernas, biergärten e bodegas. Fui do lounge ao inferninho.
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Temple Bar devidamente identificada em inglês e gaélico na
placa de rua |
E, Londres que me perdoe, mas os irlandeses deram o troco nos sete séculos de dominação arrebatando dos britânicos a arte de fazer os pubs mais pubs do planeta.
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U2, Rory Gallagher, The Undertones, Sinead O'Connor, Luke
Kelly, Van Morrison, Phil Lynott e Bob Geldof na Parede da Fama |
Deve ser por isso que eu gostei tanto de Temple Bar, embora beber ao Norte do Rio Liffey seja mais inspirador.
Temple Bar é simples, descomplicado e relaxante. Experimente encerrar seu primeiro dia em Dublin por lá. Garanto que você vai voltar 😉.
Temple Bar é simples, descomplicado e relaxante. Experimente encerrar seu primeiro dia em Dublin por lá. Garanto que você vai voltar 😉.
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Mais uma lembrança do grande Rory Gallagher em Temple Bar. O
guitarrista de blues arrebentou nos anos 70 — Jimmi Hendrix o apontava como o
melhor do mundo |
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A Ha'penny Bridge é uma boa referência para localizar Temple
Bar |
Temple Bar, a rigor, é a faixa de terreno entre a margem Sul do Rio Liffey e o Castelo de Dublin. Um bom ponto de referência é a Ha'penny Bridge (de "half penny", ou meio pence), ponte de pedestres que deixa você de cara para o gol.
Os limites da capital da farra são meio fluidos, mas considere como "fronteiras" Dame Street, ao Sul, o rio, ao Norte, a Ponte O'Connell, a Leste, e a Ponte O'Donovan Rossa a Oeste.
Mas se você quiser um método infalível para confirmar que está em Temple Bar, basta reparar na muvuca: quando começar a ver aquele monte de dublinenses e turistas com uma cara meio alegrinha/suspeita, pode crer que você chegou ao seu destino.
A Europa na Fragata Surprise
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Eu gosto de muitos lugares aqui em Dublin, mas o Dublin Castle não é um dos meus preferidos. Em comparação com a biblioteca Chester Beatty (nos jardins do castelo), por exemplo, acho que ele empalidece um pouco. Em compensação, o Temple Bar é realmente sensacional! Sempre vibrante, cheio de locais e turistas, eu adoro andar por ali!
ResponderExcluirAcho que fiquei meio de bronca com o karma do Castelo. É que eu sou irlandesa desde criancinha (risos), acho a história da dominação britânica na ilha muito cruel. O que não me impediu de morrer de paixão pela arquitetura georgiana de Dublin (que tem um super "sotaque" britânico), como você verá no próximo post :)
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