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Centro Histórico de Lima: os balcões entalhados do Palácio
Arquiepiscopal, as torres da Catedral e, à direita, a Casa da Literatura
Peruana |
A Catedral de Lima, o Convento de São Francisco, o Palácio Presidencial e a sede histórica da Arquidiocese são alguns dos narradores dessa história.
A capital peruana é — literal e metaforicamente — a amálgama de “várias Limas”. A metrópole de 9 milhões de habitantes é a reunião de vários distritos com administrações próprias.
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A "Casa de Pizarro", o Palácio Presidencial do
Peru, sede do governo nacional e residência dos chefes de Estado |
É no Centro Histórico, o “Cercado de Lima”, como se diz por lá — numa alusão à antiga povoação amuralhada dos primeiros tempos da colonização — que se ouve mais forte o “sotaque urbanístico” herdado da cidade espanhola.
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Visitei o Centro Histórico de Lima em um domingo e encontrei
segurança e bastante movimento |
O Centro Histórico de Lima é o núcleo urbano clássico do colonial espanhol: uma praça principal cercada pelas sedes dos poderes seculares e religioso e de onde se irradiavam as vias e fluía a vida cotidiana da povoação.
Nas primeiras décadas do Século 20, o desejo de modernização alterou um bocado as feições do Centro Histórico de Lima, mas os ecos da colônia ainda estão por lá e rendem um roteiro bem bacaninha.
Bora passear, então 😉.
O que fazer no Centro Histórico de Lima
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Cada vez que vou a Lima, vejo mais casarões restaurados no
Centro Histórico, como este da foto. A fundo, a Igreja de São Francisco |
Como chegar ao Centro Histórico de Lima
Quando ir ao Centro Histórico de Lima
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Um charme especial do Centro Histórico de Lima são os balcões de seus casarões |
Prefira o sábado, se quiser ver o interior da Catedral.
Aos domingos, tem a troca da guarda no Palácio Presidencial.
➡️ Se for durante a semana, evite as segundas-feiras, quando a Casa da Literatura e o Museu Bodega y Quadra estão fechados.
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Praça de Armas de Lima, o coração da cidade colonial |
⭐ Plaza de Armas
Foi na Praça de Armas que os conquistadores iniciaram sua povoação, em 1535, e (novamente, como de praxe) plantaram as sedes/símbolos dos poderes religioso (a Catedral e o Palácio da Arquidiocese) e político (o Palácio do Governo).
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Os famosos balcões do Palácio do Arquiepiscopal de Lima |
Pra mim, o Palácio da Arquidiocese de Lima é o edifício mais impressionante da Praça de Armas, graças a seus dois espetaculares balcões de madeira entalhada. Esta, entretanto, não é a construção original dos tempos da colônia.
Embora ocupe o mesmo local designado pelo conquistador Francisco Pizarro para abrigar a sede do arcebispado, o edifício que vemos atualmente data do finalzinho do Século 19 — o prédio colonial, maltratado pelo tempo e muito descaracterizado, foi demolido nessa época.
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Apesar de não ser a construção do tempo da colônia, acho o
Palácio Arquiepiscopal o edifício mais impressionante da Praça de Armas de Lima |
Mas após seis terremotos, quatro ataques militares e três incêndios, não resta nada da Casa de Pizarro original. O que vemos hoje é um edifício de inaugurado em 1938, com traços barrocos.
O palácio ainda é a sede do governo e residência oficial do presidente da República do Peru.
Se calhar de você estar visitando o Centro Histórico de Lima em um domingo, como foi o meu caso nesta viagem mais recente, aproveite para ver a cerimônia da troca da guarda, a cargo do regimento de cavalaria Gloriosos Húsares de Junín, unidade militar formada pelo general San Martin, herói da independência peruana.
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A Catedral de Lima levou 200 anos para ficar totalmente
pronta e é dona de uma coleção importante de arte sacra colonial |
🏠 Jirón Carabaya 15001, Plaza de Armas.
🕒 A igreja abre para visitas de segunda a sábado, das 9h às 17h. Aos domingos, só abre para missas. O Museu de Arte Sacra pode ser visto de segunda a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados das 10h às 13h.
➡️ Para fazer a visita guiada (super recomendo), contrate um profissional credenciado. Eles oferecem os serviços na entrada da igreja. O preço é combinado na hora.
💲 A entrada na Catedral é gratuita. O ingresso para o Museu de Arte Sacra custa 10 soles.
O puma, para os incas, é a representação da vida terrena, como o condor representa a vida celestial e a serpente expressa o inframundo, o oculto, a vida após a morte.
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Eu super recomendo a visita guiada à Catedral de Lima |
Neste dia, a igreja não está acessível aos turistas — em fevereiro, a Catedral não abre aos domingos nem para missas.
A Catedral de Lima é um verdadeiro compêndio de arte sacra colonial espanhola, com uma coleção impressionante de telas, especialmente da escola cusquenha de pintura, e imagens que adornam suas quase 20 capelas.
A Catedral é o único edifício da Plaza de Armas de Lima que se mantém de pé desde o tempo da colônia, embora sua fachada tenha sofrido muitas alterações ao longo do tempo. O conquistador Francisco Pizarro está sepultado no interior da igreja.
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Igreja e Convento de São Francisco: as catacumbas atraem
muita gente, mas a biblioteca é o grande espetáculo |
🏠 Plazuela San Francisco (esquina Jirones, Ancash y Lampa).
🕒 O Museu de São Francisco abre diariamente, das 9h às 20:15h. A Igreja pode ser visitada diariamente, das 7h às 11h e das 16h às 20h.
💲 Entrada na Igreja de São Francisco é gratuita. No museu, o ingresso custa 15 soles (estudantes pagam 8 soles).
O Convento de São Francisco (Monasterio de San Francisco el Grande) é famosos por suas catacumbas, onde se estima que pelo menos 20 mil limenhos tenham sido sepultados.
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Missa de domingo na Igreja de São Francisco |
Eu prefiro desafiar minha asma diante dos 25 mil volumes e 6 mil pergaminhos que fazem muito mais do que juntar poeira na espetacular Biblioteca do Convento de São Francisco, uma das mais lindas que já vi na minha vidinha de amante de bibliotecas.
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Decoração do forro da Igreja de São Francisco |
Pena que não pode ser fotografada, mas dá uma olhada neste post sobre minha visita de 2010, que tem um cartão postal escaneado: O que fazer em Lima em uma conexão
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No Museu de São Francisco, preste atenção às pinturas da
Escola Cusqueña, arte sacra colonial no Peru |
A grande estrela dessa pinacoteca é a famosa Santa Ceia atribuída a Diego de la Puente, que incorpora uma série de elementos indígenas à cena e ingredientes peruanos no cardápio servido a Cristo e seus discípulos, como o rocoto (pimenta) o aji (pimentão) e a batata, com o cuy de prato principal.
🕒 De terça a domingo, das 10h às 19h.
💲 Entrada gratuita
Os incas não conheciam a escrita (tese que pode ser desmentida quando se conseguir decodificar os qipus, cordões cheios de nós que, ao que já se sabe, serviam para registrar números e quantidades).
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A Casa da Literatura funciona em uma antiga estação de trens |
A tradição literária peruana, porém, é muito mais vasta do que a conhecida obra de Mario Vargas Llosa — escritor que eu adoro, ainda que lamente o político reaça medonho que ele virou.
E não esqueçamos de José Carlos Mariátegui, Manuel Scorza e tantos outros grandes autores peruanos.
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Sob o belo vitral da Casa da Literatura tem sempre alguém
aproveitando para colocar a leitura em dia |
A tradição das letras do Peru é devidamente celebrada na Casa da Literatura peruana, um simpático centro cultural inaugurado na década passada, na antiga estação de trem de Desamparados.
Além da biblioteca com mais de 20 mil volumes e uma coleção de vídeos e periódicos, a Casa da Literatura Peruana promove exposições, debates e palestras sobre obras e autores.
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Em pleno domingo, a meninada aproveitava a simpática varanda
da Casa da Literatura para estudar. Ao fundo está o Parque la Muralla, onde
foram encontrados os restos da muralha colonial de Lima |
A varanda, na parte posterior da Casa da Literatura, tem vista para o Rio Rímac e o para o Parque das Muralhas (onde estão os vestígios das velhas fortificações da cidade colonial).
Dá gosto ver a meninada estudando e lendo os escritores de sua terra nas mesinhas dispostas nessa área.
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No Museu Bodega y Quadra o visitante pode passear pelas
diversas dependências de um conjunto de construções coloniais |
🕒 De terça a domingo, das 10h às 18h.
💲 Entrada: 4 soles
Bem pertinho da Igreja de São Francisco, o Museu Bodega y Quadra (novinho, pra mim, que não ia a Lima desde 2010) foi inaugurado em 2012.
Ele ocupa o antigo casarão do armador Juan Francisco de Bodega y Quadra, que combinava descobertas e comércio em suas navegações pelos sete mares — ele teria sido o primeiro a chegar ao território hoje conhecido como Vancouver, no Canadá.
Mais de 500 peças foram encontradas durante escavações no terreno do casarão do Século 19, erguido sobre construções coloniais.
São objetos datados desde o período pré-hispânico até utensílios elegantes, como cobiçadas porcelanas chinesas, e até joias. Parte desse acervo está em exposição no Museu Bodega y Quadra.
Plataformas sobre as escavações permitem ao visitante percorrer o espaço arqueológico e identificar seus diversos usos. Visitinha bem legal.
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Fonte em frente à Igreja de São Francisco |
Todas as dicas de viagem ao Peru - post-índice
Peru: roteiro de 10 dias com Lima, Cusco e Machu Picchu
Peru e Bolívia – roteiro de La Paz a Machu Picchu
Todas as dicas de Lima
Que massa! Obrigada, Natalie :)
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