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Jamón e torresmo: com o perdão dos veganos e vegetarianos,
Segóvia não brinca em serviço quando o assunto é seduzir apetites |
As três cidades e toda a região são famosas por seus leitões assados, cordeiros, embutidos, presuntos e queijos. Os pratos mais famoso por lá são o cochinillo asado (leitãozinho assado) de Segóvia e o chuletón de Ávila (chuleta bovina preparada na brasa).
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O arroz con leche (arroz-doce) é uma sobremesa popular na região. Essas porções foram devidamente devoradas em Ávila |
Também fazem sucesso as calderetas (um tipo de ensopado), as morcillas (linguiças com sangue — as mais famosas são as de Burgos, mas Salamanca também tem uma variedade reputadíssima), as judías (feijão branco), muitos pratos à base de lentilhas e grão de bico, o cordero lechal (cordeirinho ainda não desmamado)... tudo isso acompanhado de bons vinhos da região e arrematado com doces geralmente inventados nos conventos.
Neste post você vai encontrar uma lista de pratos e sobremesas e também alguns restaurantes onde tivemos refeições memoráveis. Veja as dicas e se esbalde na culinária de três cidades que, não contentes em deslumbrar os olhos, também hipnotizam estômagos:
O que comer em Ávila, Salamanca e Segóvia
Comer em Ávila
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Gemas de Ávila,mas pode chamar de porçõezinhas do paraíso |
Nem olhei direito para as famosas muralhas. Deixei a mala no hotel e já corri para a Plaza del Mercado Chico, a principal dentro da zona amuralhada, e arrematei uma caixa de Yemas de Ávila na tradicional Pastelería Iselma (fundada em 1940), cuja vitrine cheia de doces com nomes de santo faz mais pelo pecado da gula do que uma surra de foodporn no Instagram.
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O pacotinho de telhas evaporou em minutos |
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Flores, mantecados, empiñonados e pastas — e eu lá, portadora de um único estômago 😥 |
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As delícias são do convento, mas eu desconfio que é tudo pecado |
Como você já adivinhou pelo nome, a yema de Santa Teresa são uma espécie de brigadeirinho só de gemas e açúcar, sutilíssimamente temperado com canela e casca de limão. E o bichinho bate um bolão.
Se eu tivesse ficado por aí, já teria ido embora de Ávila com o paladar saltitando no paraíso — ainda que muito triste de não ter aqueles tais quatro estômagos dos camelos para degustar todos os mimos conventuais que fazem a fama da doçaria da cidade — tocinillos del cielo (toucinhos do céu), pastas (biscoitos), hojaldritos ("folhadinhos"), marzipãs, empiñonados (docinhos com pinholes) e quetais. Mas as tejas (tuilles ou telhas, mesmo) não escaparam.
Ainda bem que guardei espaço para o capítulo salgado, porque
Ávila também não brinca em serviço nesse departamento. A altitude e o frio
característicos da cidade e região engendraram uma culinária suculenta e bem
condimentada — nem só de açúcar vive a tentação, viu?
A carne produzida na província tem Indicação Geográfica Protegida. O chuletón de Ávila é muito famoso e tem gente que vai à cidade
especialmente para vê-lo jogar em casa. Mas eu morri mesmo foi com o cordero
lechal que jantei no excelente Restaurante las Cancelas.
Esse tipo de carne de cordeiro é mesmo muito tenra e fica
ainda melhor acompanhada de um vinhozinho produzido ali nas redondezas.
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O Restaurante las Cancelas funciona no pátio coberto de um belo edifício histórico, que também abriga um hotel |
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Crujiente de morcilha sobre a caminha de compota de maçã |
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Rabo de toro aprovadíssimo, também |
A província de Ávila tem tradição vinícola, especialmente da origem Rueda, baseada nas uvas brancas do tipo verdejo.
Minha amiga Rose também aprovou o rabo de toro (€ 24) servido em Las Cancelas — o prato é andaluz da gema, mas estava muito em casa em Ávila. Antes dos pratos principais, porém, que roubou a cenas foram os crujientes de morcilla (€ 15). Com uma casquinha que lembrava o rolinho primavera, essa entrada é servida com compota de maçã. O contraste entre a o picante e o agridoce é de arrancar suspiros.
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Adorei o cochifrito de El Chico que te Gusta |
Outro prato muito tradicional de Ávila que eu adorei foi o cochifrito (€ 15,80) — é como se fosse um “leitão à passarinho”, muito condimentado, crocante e delicioso — que comi no Restaurante El Chico que te Gusta, onde o arroz com leche (arroz-doce, € 5,80) também estava sensacional.
⭐Pasteleria Iselma | Plaza del Mercado Chico nº5, diariamente, das 10:15h às 20h. As caixas de gemas de Ávila com 8 unidades custam € 6 e o generoso pacotinho de telhas sai por € 1,95.⭐Restaurante El Chico que te Gusta | Plaza del Mercado Chico nº 4, de domingo a quinta do meio dia às 23:30h. Sextas e sábados, do meio-dia à meia-noite e meia.
Comer e beber em Salamanca
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Sob os pórticos da Gran Vía de Salamanca, você não vai ter dificuldade de encontrar um bar pra chamar de seu |
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Por menos de € 4 você almoça um senhor sanduíche de jamón |
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Arroz negro com sépia e berinjela recheada no menu do dia |
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Ô, Salamanca animada, viu? |
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Tira-gosto de callos, morcilla, croquetes e até jogo de futebol no telão do Baviera |
Comer em Segóvia
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Segóvia também manda ver no jamón |
O prato mais famoso de Segóvia é o cochinillo asado (leitão assado), uma atração turística que está no mesmo patamar do espetacular Aqueduto Romano e do Alcázar. Assim como em Ávila e seu chuletón, tem muita gente que vai à cidade só para provar o porquinho.
A carne tenra do leitão, assada muito lentamente, chega à
mesa quase desmanchando—nos restaurantes mais turísticos, o garçom vai fazer
questão de cortá-la usando um prato, em vez de uma faca.
A tradição em Segóvia é levada a sério. Todos os guias de
viagem que consultei apontam a cidade como uma espécie de capital do asado, que
costuma ser servido em restaurantes chamados de mesóns. Também são famosos os
chorizos de Cantimpalos (de porco, temperados com pimentão, alho e orégano) e
os queijos de Cuéllar.
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Tenho muito respeito por povos que sabem preparar alcachofras (no alto) e berinjelas |
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Pra não dizerem que sou carnívora xiita, a salada com cítricos estava maravilhosa. Acima, o ensopado escolhido por Rose |
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Pão de ló com chocolate bate um bolão |
Eu já tinha provado o porquinho e, desta vez, a grande refeição que fiz em Segóvia foi homenagem a outra tradição da cidade, a cozinha sefardita, herança da próspera comunidade judaica que viveu lá até a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492.
No Restaurante Fogón Sefardí, eu minha amiga Rose experimentamos
dois dos menus da casa (a partir de € 25) e gostamos muito de tudo que chegou à
mesa. Teve salada de folhas verdes com cítricos e molho de ameixa, berinjela e ensopado
de carne. As alcachofras que eu pedi como prato principal estavam perfeitas.
O que fazer em Segóvia
Casa Museu de Antonio Machado em Segóvia
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