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O Portão de Mdina (Mdina Gate), entrada principal da cidade,
foi construído no Século 18 e "interpretou" uma das portas de King's
Landing em Game of Thrones |
Bastou dar uma olhada no resumo do currículo de Mdina pra que ela fosse para o topo das prioridades do meu roteiro em Malta.
Fundada pelos fenícios no Século 8 a.C. (quando se chamava Malet, origem do nome do país), Mdina foi a Mélite de romanos e bizantinos, esteve nas mãos dos árabes, que lhe deram o nome atual (medina, em árabe, significa cidade), foi praça forte normanda e aragonesa...
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Um altar da Catedral de São Paulo e o portal do Palácio Vilhena, edifício barroco que hoje abriga o Museu Nacional de História Natural de Malta |
Esnobada como capital pelos Cruzados, chegados no Século 16 — eles preferiram ter sua sede em Birgù e, posteriormente, em Valeta — Mdina assistiu quietinha ao passar dos últimos 500 anos, fazendo jus ao apelido de “Cidade Silenciosa”.
Com a sabedoria de seus 2.700 anos de idade, Mdina continuou a contemplar o Mediterrâneo e as terras ao seu redor do alto de um platô bem no centro da Ilha de Malta, de onde até hoje se tem vistas espetaculares de quase 360 graus — como Malta é pequenininha, dá pra ver a ilha quase toda. Não é qualquer cidade que pode reivindicar o título de mirante de um país, né?
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Das muralhas de Mdina dá pra ver quase toda a Ilha de Malta |
Veja as dicas para explorar essa cidade tão especial:
Mdina, Malta
O que ver em Mdina
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A Catedral de São Paulo é a atração mais famosa de Mdina |
A atração mais famosa de Mdina é a Catedral de São Paulo. Ela foi construída do Século 12, mas passou por várias reformas até ganhar as atuais feições barrocas, simplesmente acachapantes.
No ano 60 de nossa era — quando Malta estava sob domínio
romano e tinha Mdina (então chamada Mélite) como capital — o apóstolo cristão Paulo
de Tarso naufragou na hoje chamada Baía de São Paulo, quase em frente às
muralhas da cidade, que estão a 8 km de distância do mar.
O futuro santo foi resgatado e acolhido em Mdina, onde teria feito muitas conversões ao cristianismo e acabou se tornando padroeiro de Malta — majoritariamente católica — e homenageado na Catedral.
Conta a lenda que a Catedral foi erguida no local onde Paulo
de Tarso encontrou-se pela primeira vez com o governador romano Públio, um de
seus primeiros seguidores em solo maltês, canonizado no Século 17 como o
primeiro santo de Malta.
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A beleza barroca da Catedral vale a viagem até
Mdina |
O certo é que só a Catedral de São Paulo já valeria a esticada até Mdina. Construída com as pedras douradas tão características de Malta, a igreja tem uma fachada discreta, onde se destacam os brasões de grãos-mestres da Ordem de Malta.
Mas é o interior coberto de belíssimos afrescos e entalhes,
o piso de mosaicos em mármore (onde estão muitas tumbas de cavaleiros cruzados),
as colunas de mármore e o teto magnificamente pintado que pagam o ingresso para
ver a Catedral e a viagem a Mdina.
⭐Visita à Catedral de São Paulo
Endereço: 4 St Paul’s Square
Horário: de segunda a sábado das 9:30h às 17h. Domingos, somente das 15 às 17h
Ingresso: €10. Maiores de 60 anos e estudantes (com
carteirinha) pagam €8. Menores de 12 anos têm entrada gratuita.
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O ingresso para a Catedral de São Paulo também dá direito a visitar o Museu da Catedral, que fica logo ao lado |
O bilhete também dá acesso ao Museu da Catedral, que fica quase ao lado, na Pjazza tal-Arċisqof (Praça do Arcebispo/Archbishop Square) e abre de segunda a sábado, das 9:30h às 17h (última entrada às 16:15h).
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O Portão de Mdina oficialmente se chama Porta de Vilhena, em homenagem ao português António Manuel de Vilhena, grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta na época da construção |
⭐Portão de Mdina/ Porta de Vilhena
A cidade amuralhada de Mdina é um encanto com cara barroca e corpinho medieval: tem menos de 80 mil metros quadrados de área, ruas muito estreitas e tortuosas e apenas 300 habitantes.A entrada principal da cidade, o Portão de Mdina, fica a menos de 200 metros da parada dos ônibus regulares que vêm de Valeta ou Sliema, na moderna cidade de Rabat — antigo subúrbio fora das muralhas, hoje com 12 mil habitantes.
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Após atravessar a Porta de Vilhena, você vai entrar em outro
tempo |
O Portão de Mdina foi construído em estilo barroco no começo do Século 18, quando Malta era governada pelo português António Manuel de Vilhena, grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João, de quem herdou o nome.
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Vou logo avisando que vai ser uma canseira tentar fotografar o Portão de Mdina sem gente na frente 😊 |
Mesmo na baixa temporada (eu visitei Malta em outubro/2019), é possível que você encontre um certo engarrafamento de gente na ponte que dá acesso ao portão, que é, sem dúvida, o ponto mais fotografado de Mdina.
⭐Muralhas de Mdina
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Com cerca de 1,3 km, as muralhas de Mdina foram obra dos
diversos povos que dominaram Malta |
O cinturão de muralhas, com 1,3 km, cerca completamente a velha cidade, acompanhado por um fosso — agora uma espécie de parque gramado e arborizado — e reforçado por bastiões que hoje servem de mirantes privilegiados para a paisagem ao redor.
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No alto, a Rotunda de Mosta vista das muralhas de Mdina.
Acima, a pracinha do Bastião Despuig |
A gigantesca cúpula da Basílica da Assunção de Nossa Senhora
tem 37 metros de diâmetro na parte interna, apoiada sobre paredes de quase 10 metros de espessura, para suportar seu peso. A igreja foi construída no Século 19, com um desenho inspirado no Pantheon de
Roma.
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A velha muralha de Mdina virou uma sucessão de mirantes e o
fosso em torno delas foi convertido em um simpático jardim |
A Rotunda é uma atração bem conhecida em Malta. Os ônibus que vêm de Valeta e Sliema para Mdina param na cidade de Mosta, bem em frente à igreja, o que facilita combinar os dois passeios.
Se você quiser fazer uma parada em Mosta no caminho para
Mdina, saiba que ela está a cerca de 3 km de Mdina. A viagem entre as duas cidades
leva cerca de 20 minutos, com ônibus partindo em intervalos de 10 minutos.
⭐"A Cidade Silenciosa"
A história e a poesia do apelido de Mdina
É desses hiatos de vida que vem o poético apelido de Mdina: “A Cidade Silenciosa”.
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Ruas estreitas, paredes douradas e muito sossego: caminhar
por Mdina é um imenso prazer |
O sono mais longo de Mdina foi iniciado no final do Século 9: depois de uma ocupação mais ou menos contínua sob os fenícios, romanos e bizantinos, a cidade caiu diante dos árabes, saqueada e abandonada.
Como parte do Reino da Sicília, Mdina acabaria sob domínio aragonês até a chegada dos cruzados — que haviam perdido sua praça forte de Rodes para os otomanos, em 1522.
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Os automóveis dos moradores são raros lembretes de que
estamos nos tempos de agora. Apenas os 300 residentes podem entrar de carro na
cidade |
Com apenas 300 habitantes, a única coisa que parece conectar as ruas silenciosas de Mdina aos nossos tempos são os poucos carros estacionados diante das fachadas de quase 500 anos de idade — os cruzados podem não ter querido fazer sua sede principal em Malta em Mdina, mas praticamente tudo todas as construções que você vai ver no interior das muralhas leva a assinatura desse período.
Eu adoro caminhar por esses labirintos e teria passado muito mais tempo explorando o enredo das ruas de Mdina. Mas a cidade é tão pequena — quase um quadrado que mal chega aos 300 metros de lado — que a brincadeira de tentar me perder rendeu pouco mais que um par de horas.
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Em 2020, partes do Templo de Apolo foram escavadas no subsolo da Villegaingon Street, a rua principal de Mdina |
Outros testemunho da presença romana ainda visível são o Templo de Apolo, descoberto no Século 18, as Catacumbas de São Paulo e de Santa Ágata, em Rabat.
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A Capela de São Roque, também chamada de Capela de Nossa Senhora da Luz, é do Século 18. Tão pequenininha que, se a gente passar distraída, corre o risco de não reparar nela |
Como chegar a Mdina
Em Valeta e Sliema, você vai encontrar uma grande oferta de excursões a Mdina, geralmente combinadas com outras atrações da Ilha de Malta. O ônibus hop-on hop-off também passa por lá.![]() |
A parada dos ônibus que vêm de Sliema e Valeta fica de cara
para as muralhas |
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Antes de entrar em Mdina, aproveite um pouco do Ġnien
Howard, parque público de Rabat diante das muralhas |
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As charretes que fazem ponto no parque levam turistas para
passear dentro das muralhas. Eu tenho pena dos cavalinhos e não costumo usar
esse tipo de transporte |
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Pra deixar bem explicadinho: Mdina (marcada em vermelho) e
Rabat (em amarelo) ficam coladinhas |
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