20 julho 2024

Como organizar uma viagem à Grécia

Parthenon na Acrópole de Atenas
Prepare-se: o Partenon é apenas uma das muuuuitas maravilhas que você vai ver na Grécia

A melhor época para visitar a Grécia vai de abril a outubro. Seu planejamento, porém, pode e deve começar com boa antecedência. Pra contribuir com esse sonho (e quem não sonha com esse país maravilhoso?), reuni as minhas dicas para você organizar sua viagem à Grécia.

São informações que reuni em duas viagens ao país, uma em 2102 e a mais recente, agora em abril/maio de 2024. Tem coisas que, se eu soubesse antes, teriam facilitado meu planejamento da primeira viagem. E outras que mudaram nesse meio tempo.

Veja como foram minhas viagens à Grécia:
Roteiro na Europa - Espanha, Portugal e Grécia - 40 dias de viagem (23 dias na Grécia) em abril/maio de 2024
Roteiro na Grécia, o país azul - três semanas de viagem em setembro/outubro de 2012

Mosteiros suspensos de Meteora na Grécia
Os mosteiros suspensos de Meteora ficam na Tessália, a 350 km de Atenas, e valem cada pedacinho de estrada percorrido até lá


Não que a Grécia seja um destino difícil. Mesmo tendo ficado no escuro em relação a algumas questões (embarquei com pouca ou nenhuma informação sobre transporte terrestre, por exemplo), acabei me entendendo perfeitamente com os caminhos.

Confira as dicas e anime-se: a Grécia é um destino muito mais acessível do que a gente imagina:


Viagem à Grécia - dicas práticas


Praia de Lindos na Ilha de Rodes na Grécia
Lindos, na Ilha de Rodes, tem uma Acrópole linda, casinhas brancas penduradas na montanha e este mar delicioso


Controle a ansiedade: não vai dar pra ver a Grécia toda em uma única viagem

Olhando no mapa, a Grécia parece pequenininha, se comparada com as vastas dimensões do Brasil. Seus 131.990 quilômetros quadrados caberiam com folga nos territórios dos estados do Ceará (148.826 km²) ou do Amapá (142.814 km²).

Mas não se iluda: a Grécia é um mundo, um país-continente por sua incrível diversidade de cenários, tradições, climas e heranças históricas.

Veja no mapas os roteiro que fiz pela Grécia em 2012 e em 2024. 
Os ícones dão acesso aos links para os posts específicos sobre cada etapa

Leia também: Como viajar de carro na Grécia





O que ver na Grécia


Na Grécia você vai ver muitas montanhas, como o Olimpo e o Parnaso, só para citar as duas mais altas e mais famosas. Também terá 13 mil km de litoral e 1.400 ilhas para escolher a sua praia.

Vai ver um desfile de períodos históricos nas heranças deixadas pelas diversas civilizações que passaram por aquela terra, das poderosas cidades da Idade do Bronze, como Micenas, ao esplendor da Grécia Clássica, em Atenas, às memórias dos impérios de Alexandre, dos romanos, bizantinos e otomanos.

➡️ Você não precisa escolher apenas uma faceta desse país tão generoso em atrações. Mas 
esteja preparada para alguns dilemas (e para fazer muitos cortes) na hora de montar o roteiro. 

Monemvasia na Grécia
Tive que renunciar a alguns destinos gregos pra poder ver a lua cheia nascer em Monemvasia. Mas valeu a pena


Como montar um roteiro pela Grécia


Prepare-se para cortar alguns destinos

Quando montei minha primeira viagem à Grécia, sofri um bocado para deixar de fora alguns lugares que sempre estiveram nos meus sonhos.

Anotei tudo o que queria ver e depois marquei cada um deles no mapa. Essa visualização foi fundamental para me dar o "toque de realidade" e aceitar que alguns destinos teriam que ser cortados.

Museu Arqueológico de Olímpia na Grécia
Valeu a espera para visitar Olímpia. O Museu Arqueológico da sede ancestral dos Jogos Olímpicos é maravilhoso

Foi o caso de Creta. A ilha do Minotauro ficou fora do meu roteiro na Grécia porque na época não encontrei passagens aéreas até lá a preços palatáveis. Também foi o caso de Olímpia, que ficou meio contramão no meu roteiro pelo Peloponeso (era ela ou Monemvasia).

Creta eu continuo me devendo, mas Olímpia foi uma das paradas do meu roteiro de 2024 (e valeu a espera), assim como a Península de Mani (no extremo Sul da Grécia), e as ilhas de Cefalônia e Ítaca (a casa de Ulisses/Odisseu, meu ídolo!).

Fortaleza de Acronáfplia em Nafplio na Grécia
Praia de Arvanitias em Nafplio na Grécia
De um antigo posto de vigia (no alto) na Fortaleza de Acronafplia, em Nafplio, a visão do mar é quase um sonho. Acima, a Praia de Arvanitias, colada ao centro histórico dessa cidade apaixonante


A badalada Santorini também continua ficando para a próxima visita à Grécia: o orçamento para três dias na ilha, contando a passagem aérea, equivalia às despesas de mais de uma semana em outras partes igualmente maravilhosas do país — atualização em 2024: Santorini está ainda mais cara e mais lotada do que há 12 anos .

➡️ O consolo é que a Grécia está lá há pelo menos 4 mil anos e não vai sair correndo. Como eu comprovei na prática, sempre é possível voltar.

Diversifique: a Grécia é muito mais que Atenas, Mikonos e Santorini

Estoa de Átalo na Ágora Antiga de Atenas
A elegância discreta das linhas retas é marca da arquitetura grega clássica, como na Estoa de Átalo, na Ágora Antiga de Atenas. Mas não espere linhas retas nos caminhos da Grécia

A maioria dos roteiros na Grécia contempla uma passadinha em Atenas pra ver a Acrópole, mais a dupla de ilhas Mikonos e Santorini, no Arquipélago das Cíclades (que devem ser lindas e estão na minha lista).

Mas a diversidade da Grécia merece mais da nossa investigação e curiosidade.

Sítio Arqueológico de Tirinto na Grécia
As muralhas de Tirinto (a cidade onde Hércules descansava entre seus 12 trabalhos) eram minhas vizinhas de porta no Peloponeso, agora em 2024: fiquei hospedada exatamente em frente ao sítio arqueológico

Eu adorei Atenas e acho um pecado passar correndo por lá. E morri de paixão pelo Peloponeso, cheio de maravilhas da Grécia Clássica — Corinto, Tirinto, Argos e Micenas, Epidauros, só para citar algumas — e dono de praias de cair o queixo.

Quando pensar em Grécia, pense também no Norte quase balcânico, onde se destaca Tessalônica, a cidade de Alexandre, o Grande, ou nas planícies da Tessália, de onde brotam as inquietantes formações rochosas que abrigam os mosteiros suspensos de Meteora.

Ou em destinos espirituais cheios de significados, como Delfos e Epidauros (famoso pelo magnífico teatro), em ilhas que são um curso completo de história, como Rodes.

Teatro de Epidauros na Grécia
Quem dera todos os lugares lindos fossem tão fáceis de chegar quanto Epidauros


Não canso de recomendar a deliciosa Nafplio (ou Nauplion, como também é transliterado o nome da cidade), primeira capital da Grécia independente e que reúne as três maiores referências da Grécia — vestígios históricos importantes, praias e paisagens lindíssimas.

Náfplio é uma cidade espetacular, fácil de chegar a partir de Atenas (duas horas de ônibus) e que tem tudo para arrebatar seu coração. E fica muito mais barato do que ir a uma "ilha da moda".

Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Fortaleza de Palamidi em Nafplio na Grécia
Em duas horinhas de ônibus, partindo de Atenas, você estará aos pés da Fortaleza de Palamidi, em Nafplio, um colosso que paira 200 metros acima da cidade

Deslocamentos na Grécia: a linha reta funciona nos mapas, mas nem sempre na vida real

Nos deslocamentos por terra, prepare-se para percursos nem sempre tão lineares. As estradas que usei na Grécia estavam, em geral, em excelente estado. Mas lembre-se que boa parte do território do país é montanhoso. Isso significa muita curva e sobe e desce (a linha reta é a paixão estética da Grécia Clássica, mas não comparece muito no mapa viário do país).

Estrada para o Castelo de Larissa na Grécia
Se tem montanhas, tem curvas. Olha só essa estrada para o Castelo de Larissa, no arredores de Argos

➡️ Na Grécia, o percurso entre dois lugares que parecem tão pertinho, no mapa, pode tomar muito mais tempo do que a gente imagina, nas estradas que se retorcem pra cima e pra baixo.

Por exemplo: quem vê a distância entre Nafplio e Tripoli (65 km) no Google Maps não imagina as subidas descabeladas, as descidas-frio-na-barriga e a infinita sucessão de curvas beirando o precipício da estrada que liga as duas cidades. 

Feito de ônibus, esse trecho curtinho exige mais de 3 horas do seu tempo — e, se você tiver juízo, vai levar o mesmo tanto se o fizer de carro.

E isso eu comprovei agora, em 2024, quando viajei 17 dias de carro pelo país. Por exemplo, o trajeto de pouco mais de 200 km entre o Porto de Killini (onde chega o ferry da Ilha de Cefalônia) até Aráchova nos consumiu quase cinco horas de viagem, principalmente nas curvas, subidas e descidas pelas montanhas da Grécia Central. 

Veja essas dicas: Como chegar a Cefalônia

Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
É fácil visitar maravilhas, como Micenas (a cidade de Agamenon), usando o transporte público


Ao dirigir na Grécia, a prudência sempre manda pegar leve no acelerador em estradas desconhecidas   mesmo nas monótonasColoque uma folga maior de tempo na hora de programar os deslocamentos.

➡️ Se esse aviso já é essencial pra quem viaja de carro, quem viaja de ônibus pela Grécia deve multiplicar a paciência e a antecedência. Não é incomum precisar de uma ou mais baldeações para conseguir chegar a cidades que parecem próximas, mas que não contam com transporte “ponto a ponto” entre elas.

Githio na Grécia
Githio, na Península de Mani. A viagem de Tirinto até lá (180 km) consumiu cerca de 4 horas

➡️ Resumindo: na Grécia, dia de deslocamento é dia de deslocamento — aliás, essa máxima vale para praticamente qualquer viagem. Deixe a programação grandiosa para a manhã seguinte.

Transporte público na Grécia: não tem trem, mas dá pra ir de ônibus

Exceto na rota Atenas-Tessalônica (as duas maiores cidades do país) e Atenas-Patras (o porto que serve principalmente às Ilhas Jônicas), não há transporte ferroviário de passageiros digno de nota na Grécia

Acostumada a chegar a (quase) qualquer lugar da Europa de trem, achei que isso fosse ser um problema na minha locomoção pela Grécia, mas na viagem de 2012 consegui me virar direitinho com os ônibus entre Atenas e os diversos lugares do Peloponeso que visitei, sem queixas.

Estação Ferroviária de Nafplio na Grécia
Estação Ferroviária de Nafplio na Grécia
Os trens de passageiros estão praticamente aposentados na Grécia. A antiga estação ferroviária de Nafplio hoje está incorporada a um parque público e atrai muitos cliques dos turistas

A Delfos e Meteora, em 2012, fui com uma agência, mas também é tranquilo chegar a essas duas maravilhas de ônibus comum.

O serviço de ônibus intercidades na Grécia é feito pela KTEL, um conglomerado de empresas controlado pelo Estado. É possível chegar a praticamente todos os cantos do país com transporte rodoviário. As empresas regionais funcionam inclusive nas ilhas mais visitadas, como Rodes, Corfu, Creta, Cefalônia, Zakynthos, Mikonos e Santorini.

Os ônibus da KTEL estão no padrão médio de conforto, com espaço razoável entre as poltronas.

Não encontrei toalete a bordo em nenhum dos ônibus que peguei por lá, mas a estrutura das paradas de estrada e estações rodoviárias era sempre decente, com banheiros imaculadamente limpos. Essas paradas sempre têm uma lanchonete honesta e, na maioria das vezes, WiFi gratuito de boa qualidade.

Nafplio na Grécia
Usei Nafplio como base para visitar Micenas, Argos, Tirinto e Epidauros de ônibus

O ar condicionado dos ônibus geralmente funcionava direitinho (viajei em setembro, quando o pior do calor já tinha passado). Só na viagem de Monemvasia até Esparta é que tive motivos para reclamar -- o dia estava espantosamente quente.

Aqui no blog você encontra dicas detalhadas sobre como chegar de ônibus a Nafplio, Micenas, Epidauros, Monemvasia, Delfos, Meteora e às Termópilas, basta consultar os posts específicos sobre cada uma dessas localidades.

Para saber como circular em Atenas e chegar ao Porto de Pireus:
Transporte em Atenas e arredores

Siga o link para ver as informações sobre transporte na Ilha de Rodes 

Porto de Mandráki em Rodes na Grécia

A alma da Grécia está no mar, mas às vezes é melhor ir de avião. Na foto, o Porto de Mandráki, onde ficava o Colosso de Rodes


Viajar de carro na Grécia é fácil, barato e confortável

Na minha primeira viagem à Grécia, eu estava sozinha e não quis alugar um carro (acho muito chato dirigir sem ter com quem revezar e não poder olhar a paisagem). Agora, em 2024, eu estava com minha amiga Rose e não tivemos dúvidas em fazer os deslocamentos pelo país no nosso ritmo, com um carrinho alugado.

E foi uma excelente experiência. Em 17 dias, saímos de Atenas, exploramos o Peloponeso (fizemos a primeira base em Tirinto) até o extremo Sul, na Península de Mani (uma noite em Mavravouni, outra em Areópolis), seguimos para Olímpia, atravessamos de ferry para Cefalônia, voltamos ao continente rumo à Grécia Central para ver Aráchova, Delfos e Meteora e retornamos a Atenas.

Meteora na Grécia
Meteora na Grécia
Com o carro ficou muito mais fácil explorar as paisagens da estonteante Meteora

Pela experiência da viagem anterior, eu sabia que esse roteiro não seria viável, nessa quantidade de dias, se fosse feito de transporte público.

Vou escrever um post detalhado sobre viajar de carro na Grécia, mas adianto que essa é uma opção barata. 

Gastamos € 28 por dia com o aluguel do carro (seguro incluído), mais € 14,50/dia com combustível e € 4,2/dia com pedágios. Total de € 46,70 diários (€ 23,35 por cabeça). Só pra comparar, nossos deslocamentos na Espanha, no roteiro por Ávila, Salamanca e Segóvia (partindo e retornando a Madri), feitos de ônibus e trem, custaram € 65 por cabeça (quatro trechos, mais táxis e metrôs).

Pousada Ancient Thyrins em Tirinto na Grécia
Néa Epídravros ou Nova Epidauros na Grécia
No alto, nosso possante, o Citroen C3, no estacionamento da pousada em Tirinto. Acima, a pacata beira-mar da cidade de Néa Epídavros (Nova Epidauros), aquele tipo de lugar onde você só chega se estiver de carro

Tudo isso com aqueles confortinhos de uma viagem de carro — a gente acorda sem a pressão de ter que chegar à estação rodoviária/ferroviária a tempo, não tem o desconforto de arrastar malas, para na hora que tem vontade...

E ganha tempo, porque, como eu falei mais acima, embora dê pra chegar a tudo quanto é canto (ou quase) da Grécia usando ônibus, as baldeações podem consumir muitas horas.

Dirigir na Grécia é impressionantemente fácil, mesmo nas estradinhas secundárias, terciárias e até quaternárias (risos) por onde andamos, onde a sinalização em inglês é muito mais rara. Eu não falo grego, mas consigo transliterar o alfabeto grego. Isso não me ajuda a ler o jornal, mas permite que eu reconheça os nomes dos lugares indicados nas placas das estradas 😀. Decorar as letras gregas é muito fácil e eu sugiro que você faça isso antes de uma viagem ao país.

Ilha de Cefalônia na Grécia
Na Ilha de Cefalônia, o carro foi fundamental. Além de nos levar às praias, também permitiu que a gente ficasse numa pousadinha fofa, mais afastada do Centro de Argostoli, com essa vista

Para circular pela Grécia, usamos o Google Maps (indicado pela locadora de automóveis, mas que andou nos metendo em alguns caminhos malucos) e o Waze, que só falava inglês com a gente.

Claro que nos perdemos algumas vezes, mas acabamos achando o caminho. Nunca foi nada grave, apenas desvios pra curtir um pouco mais a paisagem.

As estradas gregas estão, em geral, muito bem conservadas e a civilidade é a regra entre os motoristas — em 17 de estrada, não nos deparamos com um único maluco imprudente.

Isso dá muita tranquilidade pra encarar as curvas estonteantes que bordejam precipícios — sim, essa parte é verdade — que são normais nas estradas de um país montanhoso como a Grécia.

Navegar é preciso (e delicioso), mas nem sempre é a melhor solução para viajar pela Grécia

Bem antes de "as negras naus" dos helenos aportarem em Dardanelos, diante das muralhas de Troia, a identidade grega é indissociável da navegação.

Vathi na Ilha de Ítaca na Grécia
Vathi, capital da Ilha de Ítaca. Fomos até lá com um passeio de barco, partindo de Cefalônia

Em um país com aquelas 1.400 ilhas que citei lá no começo, parece absolutamente natural planejar a maioria dos deslocamentos por mar, mas o que comprovei, na prática, é que vale muito mais a pena cobrir as distâncias mais longas de avião

De Atenas (Pireus) a Rodes, por exemplo, dependendo do tipo de embarcação (há ferries, catamarãs e lanchas), a viagem vai durar entre 12h e 17 horas, contra 50 minutinhos de voo.

Da capital do país a Heraklion, em Creta, são nove horas, no mínimo, se você for por mar. De Pireus a Thira (Santorini), você vai gastar oito horas no trajeto marítimo.

Ilha de Symi na Grécia
Ilha de Hidra na Grécia

Pra aproveitar o prazer de navegar, escolha trajetos mais curtos. A Ilha de Sými (no alto) é uma ótima escapada para quem está em Rodes. Saindo de Atenas ou de Nafplio, o passeio à Ilha de Hidra (acima) é ótima pedida 


Além disso, a distância do Centro de Atenas ao Porto de Pireu não é muito menor do que o percurso até o aeroporto para justificar a escolha.

Do Centro de Atenas ao Pireu são 38 minutos de metrô, partindo da Estação Monastiráki (passagem a € 2). Para o Aeroporto Venizelos, da mesma estação de metrô, são 41 minutos (o bilhete custa € 9). De ônibus, dá para ir da Plateia Syntagma, coração de Atenas, até o aeroporto por € 5. O percurso dura 1 hora.

➡️ Pra aproveitar o prazer de navegar nos mares mitológicos da Grécia, faça passeios curtos, como às Ilhas Argo-Sarônicas (facílimas de visitar a partir de Atenas ou Náfplio), a Egina e a Skopelos (onde foi rodado o filme Mamma Mia), ambas bem próximas da capital, ou entre as ilhas de um mesmo arquipélago.

De Rodes, por exemplo, dá para visitar ilhas maravilhosas, como Cárpatos, Cós, Sými e Kastelorizo.

Cidade Medieval de Rodes na Grécia
Cidade medieval de Monemvasia na Grécia
No alto, a Cidadela dos Cruzados, em Rodes. Acima, o Kastro de Monemvasia, uma herança bizantina. Além das maravilhas do período clássico, a Grécia também é um show de preciosidades medievais


➡️ Outro ponto que você precisa levar em consideração é que o Egeu é muito mais que um mar. É uma entidade de temperamento forte e chegado a uns solavancos no período que vai de outubro a março, quando muitas linhas regulares de transporte marítimo na Grécia interrompem ou reduzem suas frequências, esperando as águas se acalmarem.

Agora em 2024, naveguei no Mar Jônico, entre Killini e Poros (na Ilha de Cefalônia) e entre Skalla (também em Cefalônia) e a Ilha de Ítaca. Ele pareceu mesmo menos "eloquente"😊 que o Mar Egeu, como já tinha ouvido falar. Mas é bom lembrar que essas viagens pelo Mar Jônicas foram feitas em maio.

Mosteiro de São Miguel de Panormiti na Grécia

Relíquias do Mosteiro de São Miguel de Panormiti, na Ilha de Sými


Segurança na Grécia, um país cordial

Quando a gente lembra das turbulências econômicas que a Grécia vem enfrentando desde 2008, quase não acredita que as taxas de criminalidade no país permaneçam entre as mais baixas da Europa. (Em 2012, as taxas de desemprego eram estratosféricas, na casa dos 50% entre os jovens e acima de 20%, entre a população em geral. Hoje, o desemprego está em 11% e subindo).  

Já viajei sozinha pra um monte de lugares, mas nunca me senti tão sossegada como na Grécia, um país que deixa a gente mal acostumada. Talvez o maior risco seja esse: é tudo tão na boa que convida a uma bobeira, do tipo não cuidar da bolsa no meio de uma aglomeração.

Sinceramente, não é em qualquer país do mundo que eu ficaria tão de boa, perdida nas montanhas, numa estradinha de cabritos onde fui parar por culpa do Google Maps.

Sítio Arqueológico de Delfos na Grécia
Sítio Arqueológico de Delfos na Grécia
O Santuário de Delfos foi o centro espiritual da Grécia Clássica


Na Grécia, cumpra aquele bê-a-bá clássico da segurança e aposto que vai dar tudo certo. Como é clássico na Europa, o maior risco que você corre é com batedores de carteira nas grandes aglomerações. Mas aposto que sua bolsa vai estar muito mais segura em Atenas do que em outras cidades do Velho Mundo.

Ah, antes que eu esqueça, a Grécia tem o menor consumo de álcool per-capita da Europa.

Sobre segurança e viajar sozinha por lá, confira esse post detalhadinho aqui:
Dicas de viagem à Grécia - coisas que aprendi e vão ajudar seu planejamento

As grande manifestações de rua da década passada já não são frequentes na Grécia. Mas se você se preocupa com o risco de topar com uma passeata, leia este post:
Os viajantes, as crises e a vida real

Ilha de Spétses na Grécia

A maioria dos luxos da Grécia não custam nada, como um mergulho na praia de Scholi, na Ilha de Spétses, no Arquipélago Argo-Sarônico


Preços na Grécia: nem parece que a moeda é o euro

A Grécia é um país barato. Quase escandalosamente barato. Claro que as esbanjadoras compulsivas não vão se queixar: há muita oferta na área do turismo de luxo por lá. Mas mortais como eu e você temos todas as chances do mundo de fazer uma viagem linda a preços módicos.
 
Pagando € 100 euros de diária em apartamento duplo (€ 50 por cabeça) nas cidades mais turísticas, você vai se hospedar em lugares muito (bote muito nisso) melhores do que na Espanha ou mesmo em Portugal (que já foi outro destino barato na Europa). 

Polvo na Grécia
Mesmo em Atenas, vai ser difícil gastar mais do que € 10/ € 12 para se deliciar com um inenarrável prato de polvo

Uma pousada baratinha, na Grécia, era sempre muito mais limpa, ensolarada, ventilada e bem cuidada do que a gente se acostuma a ver por aí. Em Tirinto (a apenas 3 km do centro de Nafplio), ficamos num apartamento gostoso, com varanda debruçada para um pomar (de onde, todas as manhãs vinham as laranjas do nosso suco e as nêsperas colhidas na hora do café da manhã incluído na diária), pagando € 60 (€ 30 por cabeça). 

Não se surpreenda se uma refeição gostosa na Grécia (mesmo em Atenas) custar € 10/ € 12 e um restaurante bacana.  

Acrópole de Atenas
Em maio/24, nos hospedamos em dois ótimos hotéis em Atenas pagando muito menos do que em Lisboa e Madri. No Pella Inn, no bairro de Psyrri, a diária custou pouco mais de € 80 em um apartamento duplo, com banheiro privativo e varanda, além de um terraço com esta vista para a Acrópole

Nos passeios, também, a medida é econômica: o ingresso mais caro que paguei por lá foi a da Acrópole (com direito a visitar também a Ágora Antiga, o Templo de Zeus Olímpico, o Cemitério de Kerameikos e outras atrações), que custa € 30 agora em 2024 e tem validade de 5 dias.

Agora, pense que o ingresso mais barato para uma voltinha no London Eye já está custando £ 32 (€ 38!!) e me diga...

Tem dicas de hospedagem de todas as cidades que visitei na Grécia em 2012 aqui no blog. Cheque os posts específicos. As dicas de 2024 estão saindo do forno.

Acrópole de Atenas
Você vai ver que uma das delícias de Atenas é tropeçar naqueles cenários que frequentam nossos sonhos a vida inteira no meio da vida normal

Internet na Grécia

Sabe uma coisa que me deixava boba, na Grécia? Como é que um país pobre e em crise consegue oferecer conexão de internet gratuita e de qualidade em tudo quanto é canto. O WiFi público geralmente está disponível nas praças e lugares de grande concentração.

Por exemplo, a cidade de Gefira, em frente a Monemvasia, tem 23 mil habitantes e pelo menos duas redes de WiFi público. Em Rodes, toda a área do Mercado e do Porto de Mandráki oferecia conexão gratuita com a internet.

Sem contar que qualquer hotel, restaurante, bar, taberna ou biboca perdida nos confins da Grécia oferece WiFi gratuito aos clientes — muitas vezes a gente nem precisa pedir a senha. O garçom já passa o código, antes de anotar o pedido.

Santuário de Esculápio em Epidauros na Grécia
No Sítio Arqueológico de Epidauros, você vai encontrar muito mais do que o famoso teatro. O local era um centro de saúde, com belos templos, alojamentos e um estádio


Em 2012, essa mordomia resolveu minha vida. Agora em 2024, também nem pensei em comprar chip de celular, porque meu pacote da Vivo garante conexão em praticamente o mundo todo (a Claro tem serviço semelhante).

Mas minha amiga Rose comprou um chip da Vodafone na Grécia (quando o pacote comprado na Espanha caducou) por € 15, que funciona por 30 dias. Aliás, você sabe que já faz um tempinho que os chips comprados na Europa funcionam na maioria dos países de lá, né?

O que levar na mala para a Grécia

Praia de pedrinhas na Grécia
Não esqueça as sapatilhas de praia para pisar na "areia" das praias da Grécia

Faz mesmo muito calor na maior parte da Grécia, entre abril e outubro. Mas isso não significa que você possa fazer uma mala só de biquínis, cangas e shortinhos. Primeiro, porque o planeta anda maluco — nem pense em viajar pra lugar nenhum sem checar direitinho a previsão do tempo para os dias que e vai estar por lá. 

Além disso, como falei lá no começo, a Grécia é muito diversa e o clima varia de região para região. Enquanto eu andava de vestidinho sem mangas por Atenas, no começo de outubro, já tinha gente de casaco de lã nas ruas de Tessalônica.

Museu Arqueológico de Atenas na Grécia

Não esqueça de reservar tempo para ver com calma pelo menos dois museus em Atenas, o de Arqueologia (foto) e o da Acrópole


➡️Terceiro: a Grécia é geralmente mais recatada que o calçadão de Ipanema. Para entrar em mosteiros e igrejas, por exemplo, é exigida uma indumentária comportada — mulheres de saia, ombros cobertos, homens de calça comprida.

➡️ Ninguém vai ser hostilizado por estar na rua com muito pouca roupa, mas é como andar com um letreiro pendurado nas costas, avisando que é turista.

E não precisa carregar a bagagem toda pra todos os cantos

Os hotéis de Atenas normalmente guardam a bagagem dos hóspedes, sem custo, depois do check-out, para quem quer fazer uma escapada às ilhas e outras localidades sem carregar toda a tralha. Verifique se o seu hotel faz essa gentileza e, no caso de viagens curtas a partir da capital, aproveite.

Leia também:
Roteiro na Grécia, o país azul (minha viagem de 2012)
Dicas de viagem à Grécia - coisas que aprendi e vão ajudar no seu planejamento
Roteiro na Europa - Espanha, Portugal e Grécia

A Grécia na Fragata Surprise

A Europa na Fragata Surprise

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15 comentários:

  1. Belíssimas as fotos e os teus relatos. Fiquei com uma saudável inveja :)

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  2. Obrigada, Patrick. São dois países lindos e muito inspiradores. Vou demorar meses para postar tudo, rssssss.

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  3. Cyntia, Parabéns por compartilhar conosco imagens tão bonitas e relatos perfeitos. fui a Grécia e Istambul mas não tenho nada a acrescentar em seus relatos. Aliás estou aprendendo muito mais com eles.

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    1. Nossa, Adelaide, obrigada!!!! É sempre um prazer compartilhar as experiências e as emoções de viagem, é outra maneira de continuar na estrada, de prolongar a felicidade que cada jornada me despertou. E é muito mais bacana quando sei que outras pessoas curtiram. Obrigada por navegar na Fragata Surprise.

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  4. Agora deu saudades, passei tres semanas na Grecia neste verao de 2015. Na ultima semana aluguei um carro com meus filhos pequenos e exploramos a regiao da Argolida. Muitas boas lembrancas. Esta foi minha terceira vez na Grecia e certamente nao sera a ultima.

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    1. A Argólida é um xodó, né? A Grécia é pra voltar sempre e muito :)

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  5. Oi estou pensando em passar a lua de mel na Grecia, 20 dias, mas nao faço ideia de quanto pode custar e quais lugares posso visitar. Você saberia me dizer um valor aprox. por dia de uma viagem normal (sem ostentações)?
    Obrigado

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  6. Rafael, a melhor maneira de fazer esse levantamento de custos é traçar um roteiro e começar a pesquisar hotéis e deslocamentos. Os preços variam muito, de acordo com a região do país (algumas ilhas são caras), tipo de hotel, etc. Com um roteiro traçado, fica mais fácil vc montar sua estimativa de gastos.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Cynthia, vi seu post de 2012 e amei a dica de hotel em Atenas, mas está lotado nos dias em que vou... Queria algo do gênero, bem localizado e com bom preço, não sei se por acaso você tem alguma dica mais recente! Fui à Grécia em 2011, mas era jovem e fiquei em albergue (rs). Agora vou com o marido, queria ficar num bairro legal mas sem gastar demais. Obrigada!

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    1. Olá, Kamille,
      O melhor é você consultar os sites de busca de hospedagem e checar as informações mais recentes dos hóspedes. Foi assim que escolhi minha hospedagem em Atenas.

      Aproveite a linda Grécia, ando com saudades de lá :)

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  9. Estou de férias na Grécia e vai aí o valor do chip para Wi fi. Na Vodafone custa 10 euros por 30 dias com 8 GB. Adorei o blog, peguei várias dicas muito úteis. Obrigada! Silvia

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    1. Oba, obrigada pela dica, Silvia. Legal saber que o blog foi útil :)

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  10. Olá, Cyntia! Tenho uma viagem marcada para a Grécia na primeira quinzena de outubro. Estou com um pouco de medo de pegar tempo muito ruim pra visitar as praias, pois vou pra Milos e Creta. O que você acha?

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    1. Oi, Bruna, eu não estive em Creta ou em Milos. O que sei é que em Rodes a temporada de praia vai até o final de outubro. Como Creta está ainda mais ao Sul do que Rodes, imagino que dê pra pegar praia, lá, sim. Em setembro inteirinho, só encontrei águas mornas na Grécia, tanto nas ilhas qto no Peloponeso.

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