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Do hipnótico braseiro de La Carnicería saltam cortes
de parrilla que valem a viagem |
Segundo, porque o câmbio quase sempre favorável à nossa moeda torna a maioria das aventuras gourmet em Buenos Aires muito mais acessíveis do que as similares em território nacional.
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O Mercat de Villa Crespo tem opções muito interessantes para
vários tipos de refeições |
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Em Palermo Soho, experimente as delicinhas francesas da Cocu Boulangerie e as gostosuras com ares nova-iorquinos da Ninina Bakery (abaixo) |
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El Sanjuanino é uma espécie de catedral da empanada em Buenos Aires |
Só é importante um alerta: sem pesquisa e em seguir as referências de outros viajantes, talvez eu não tivesse tantas boas histórias para contar sobre comer e beber em Buenos Aires. A cidade, assim como São Paulo, já teve fama de ser um lugar onde seria impossível comer mal, mas isso é lenda.
Felizmente, a oferta gastronômica portenha continua vasta e cheia de lugares legais. O saldo da minha semana na cidade, agora em setembro/22 foi muito favorável. Comi e bebi muito bem em Buenos Aires e trouxe as dicas pra você. Veja os lugares que experimentei e aprovei:
Onde comer e beber em Buenos Aires
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Diego de la gente certamente aprovaria a cozinha criolla de La Aguada |
🕒 Diariamente, almoço das 11h às 16h. Jantar das 19h à meia-noite.
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Locro é um espetáculo. É prato obrigatório nas celebrações familiares do 25 de Maio, a primeira Independência da Argentina |
La Aguada é um restaurante caseirão, onde as lembranças de Maradona fazem companhia a velhas máquinas de escrever, rádios e outros adereços nostálgicos na decoração — o craque, que gostava de ser chamado de Diego de la gente (Diego do povo), certamente se sentiria em casa com o clima e a cozinha do lugar.
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Olha só a carinha apetitosa desta empanada. Abaixo, zapallos en almíbar, ou abóbora em calda |
No fim, gastei cerca de R$ 60 no meu lauto almoço em La Aguada e saí cantarolando pela Avenida Santa Fé, feliz da vida. Recomendo demais!
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La Carnicería justifica a fama que tem |
La Carnicería ocupa lugar de destaque no Olimpo das casas de parrilla de Buenos Aires, aparecendo em todas as listas de melhores restaurantes da cidade. A casa combina o astral moderninho com a tradição das carnes argentinas e realmente entrega o que promete. Jantei muito bem lá.
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Bem que eu queria uma mesinha na calçada, mas tive que me conformar com um camarote para o braseiro, sentadinha no balcão |
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Entradinha de ossobuco (esq). Assistir aos cortes de parrilla assando no braseiro é uma antecipação tão prazerosa quanto a espera pela fritura do acarajé no tabuleiro da baiana |
O restaurante anuncia como seu maior trunfo a produção própria, oriunda de gado criado em seu Campo Los Abuelos, em Rivera (Província de Buenos Aires). Os cortes que chegam ao prato dos comensais — assados na cara do freguês, caso você ocupe um espacinho no balcão — são nada menos do que pantagruélicos e perfeitos para dividir com mais alguém, como aconselha o cardápio de La Carnicería.
Como fui jantar sozinha, tive que dar conta da minha porção de mais de 600 gramas de legítima carne argentina, acompanhada de uma inenarrável batata rosti coberta por gema de ovo bem molinha e trufas (procure as papas suizas no menu).
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Os cortes de parrilla são para duas pessoas e vêm acompanhados de purê de abóbora |
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Esta batata rosti já teria valido o jantar |
É imprescindível fazer reserva para garantir seu lugarzinho em La Carnicería — eu consegui para a mesma noite, ligando para o restaurante por volta das 17 horas.
Quando for a La Carnicería, vá com muita fome e orçamento mais folgado: gastei cerca de R$ 200, com vinho e acompanhamentos.
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A ótima sopa de cebola da Cocu Boulangerie ficou a milímetros de matar minha saudade de Paris |
Casamento de padaria, confeitaria e café, a Cocu Boulangerie é um bom lugar pra matar as saudades de uma refeição parisiense despretensiosa.
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A Cocu está sempre muito movimentada. Abaixo, meu drinque delicioso |
Na minha primeira tarde de passeios em Buenos Aires,
desfrutei de um ótimo almocinho tardio nessa casa sempre muito movimentada, a
pouco mais de 400 metros do agito da Feira Honduras (antiga Feira da Plaza
Serrano).
Comecei com um drinque à base de vermute e refrigerante de pomelo
(grapefruit) que estava delicioso. A sopa de cebola ($ 690 pesos/ R$ 14) chegou
pertinho de matar minhas saudades de Paris.
A Cocu Boulangerie é bem famosa por suas quiches (na casa dos $ 1.300/ R$ 26), croissants ($ 360/ R$ 7), pain au chocolat ($ 400/ R$ 8) e sanduíches (entre $ 600/ R$ 12 e $ 2.000/ R$ 40).
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Fiquei viciada na torta Lola Mora da Ninina Bakery |
Gorriti nº 4738 (entre Malabia e Armenia), Palermo Soho
🕒Diariamente, das 8h às 21.
Se eu já acho que Palermo Soho tem um certo sotaque nova-iorquino, quando entrei na Ninina Bakery eu tive certeza. O café da manhã de domingo neste café/padaria instalado em um dos trechos mais animados do bairro parecia cena de Sex an the city — se vocês me perdoam a referência com duas décadas de idade 😁.
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Escolha suas guloseimas no balcão, acomode-se em uma das mesas coletivas e seja feliz |
Como eu estava hospedada a apenas 500 metros da Ninina, virei freguesa — café com docinho no final de tarde, depois de muito camelar por Buenos Aires, é bom demais. Tudo que eu provei lá estava ótimo, mas recomendo especialmente a torta Lola Mora ($ 1750 pesos/ R$ 35), folhada, com creme de chocolate, amoras e framboesas.
As tortas da Ninina Bakery custam a partir de $ 1300 pesos. O café espresso custa $ 380 pesos.
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Comi muito bem e gastei muito pouco no Mercat de Villa Crespo |
⭐Mercat de Villa Crespo
Thames nº 747, Villa Crespo
🕒De terça a domingo, das 11h às 20h.
Aberto no começo de 2021, o Mercat, como é chamado nas
redondezas, assume que sua referência é clássico Mercado da Boquería de Barcelona, como um lugar para comprar gêneros alimentícios ou fazer uma boa
refeição nos boxes com oferta variada de culinárias — mas eu o achei mais
parecido com o Mercado de San Antón de Madri, dado seu suave sotaque hipster.
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Os queijos e frios de Remo são badaladíssimos |
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Na hora de apreciar as gostosuras do Mercat, dá para escolher as mesas internas ou ao ar livre (ao fundo) |
Mas isso não tem importância. O que vale é que nos 2.700 m²
do Mercat a gente encontra ótimas opções para fomes de variados tamanhos. Tem os
cafés gourmet de Grano Santo, chocolates de grife, sorvetes artesanais, comida
italiana, cervejaria, wine bar...
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Bureka, kniche e lajmayin: que maravilhas! |
Tente resistir ao balcão de queijos, presuntos e salames de Remo Valenti ou às delícias inenarráveis da padaria judaica Moisha, com precinhos a partir de $ 200 pesos (R$ 4).
De Moisha, recomendo vivamente a bureka (o equivalente a um pastel
assado, $ 280 pesos), o kniche de batata (quase uma empanada, com recheio de purê e cebolas
fritas, $ 250 pesos) e o lajmayin (similar a uma esfiha, $ 290 pesos), salgado que minha amiga Mary
Weinstein lembra ser também chamado de “chapéu do mordechai” e é típico
das festas de Chanuka.
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Amei meu esquenta mexicano no Mercado de San Telmo |
⭐La Fábrica del Taco
Carlos Calvo nº 491, no Mercado de San Telmo. Também tem um endereço em Palermo
Soho (na Gorriti nº 5062, quase esquina com Thames, a rua da minha pousada).
🕒Abre todos os dias, do meio-dia às 2h da manhã.
Minha passagem por La Fábrica del Taco foi só um
esquenta para o passeio por San Telmo no domingão — com a Feira de Antiguidades
pegando fogo na Plaza Dorrego e o Mercado de San Telmo literalmente até a tampa
de gente. Mas deu vontade de esticar a permanência. Além de matar a saudade da Cidade do México, a comida estava ótima.
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La Fábrica del Taco: com R$ 30, você faz uma farra de glutão |
Apesar do movimento à beira do demencial, a equipe do atendimento não deixou a peteca cair. Em fração de segundos eu já estava acomodada em uma mesinha (é sempre muito fácil encontrar lugar pra sentar quando se está sozinha) e, pouco depois, já estava devorando as deliciosas carnitas (tacos com carne desfiada, preparada na chapa).
La Fábrica del Taco é uma rede com casas em Buenos Aires, Barcelona e na California. Um lugar para pagar muito pouco por comidinhas gostosas. Por um pouquinho mais do que $300 pesos (R$ 6), você já come um taco al pastor. E duvido que consiga gastar mais do que $ 1.500 (R$ 30) em uma refeição.
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Luciano's aposta na produção artesanal e nas porções generosas |
⭐Luciano’s Soho
Honduras nº 4881 (entre Amenia e Gurruchaga), Palermo Soho
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Nemuri: o "japonês da esquina" foi uma boa aposta |
José A. Cabrera nº 5102 (esquina com Thames), Palermo Soho
🕒Diariamente, do meio-dia às 23:30h.
O restaurante japonês Nemuri Tera é super elegante, tem atendimento cordialíssimo e comidinha muito da gostosa. Fica na esquina bem em frente à minha hospedagem em Palermo — de tanto olhar pra ele do meu balcão, resolvi experimentá-lo, sem maiores referências. O resultado foi um jantar agradabilíssimo.
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Camarões com molho de maracujá e (abaixo), o tonkotsu ramen, um macarrãozinho cheio de personalidade |
Comecei como os camarões empanados no panko com molho de
maracujá ($ 2.000) e emendei com o substancioso tonkotsu ramen (macarrão,
barriga de porco e cogumelos em um caldo de porco que é cozido por oito horas).
Não anotei os valores exatos da conta, mas gastei algo como R$
100, sem bebida alcoólica.
⭐Il Materello Palermo
Gorriti nº 5110, Palermo Soho
🕒 Diariamente, das 12h às 16:30h e das 19:30h à meia-noite
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Il Materello foi outra aposta de vizinhança que deu certo |
Esse italianinho simpático foi outra aposta de vizinhança — mais um “restaurante
da esquina”, a 100 metros da pousada. Ele é filial de uma casa tradicional de La Boca.
Instalado em um casarão antiguinho e bem restaurado, Il Materello Palermo é bonito e aconchegante e sua clientela — pelo jeito que as pessoas se
cumprimentavam — parece ser composta de muitos moradores das redondezas.
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Achei o preço dos vinhos bem moderados neste restaurante |
O forte de Il Materello são as massas caseiras e a carta de vinhos tem preços bem razoáveis. Lamentei estar jantando sozinha, o que desaconselhava pedir uma garrafa de algum medalhão, tipo El Enemigo, que custava na casa dos $ 8.000/ $ 9.000 pesos (R$ 160/ R$ 180) — não é barato, mas é bem menos do que estava sendo cobrado em outros lugares onde jantei.
Jantei pappardelle
al ragù ($ 2.300 pesos), acompanhadas de uma taça de merlot ($ 700 pesos) e aproveitei a refeição saborosa no maior relax. Em reais, a conta ficou em R$ 60.
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No frio que estava fazendo em Buenos Aires, foi um prazer tomar um solzinho em uma mesa de Farinelli |
⭐Farinelli
Arroyo nº 900, Retiro (tem outro endereço, a matriz, na Bulnes nº 2707, Palermo Chico)🕒 De segunda a sexta, das 8:30h às 20h. Sábados, das 10h às 18h
Farinelli é um café muito simpático, na parte chique do bairro de Retiro, onde parei para uma xícara de chocolate com scones depois da visita ao lindo Museu de Arte Hispano-Americana, a 100 metros da casa. Fui fisgada pela carinha parisiense do lugar (e da arquitetura do entorno) e aproveitei o calorzinho do sol em uma mesinha da calçada — as cadeiras têm mantas para amenizar o frio.
(Aliás, carinha parisiense é pouco pra descrever a Calle Arroyo. Se Buenos Aires já gosta de dizer que lembra Paris, lá a gente fica mesmo na dúvida se não está na capital francesa. Antes ou depois da pausa na Farinelli, recomendo um passeio pelos arredores).
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Submarino e scone: si, me gusta! |
Pena que eu não estava com fome para experimentar o cardápio (tem gaspacho, pípôl!!), mas os scones estavam muito bons e o submarino (chocolate derretido no leite quente) estava de primeira.
O Farinelli da Calle Arroyo serve brunch aos sábados, das 11h às 17h.
Os preços são bem razoáveis. O café expresso custa $ 410 (R$ 8), o submarino, $520 (R$ 10), o scone acompanhado por geleia e cream cheese custa $ 650 (R$ 13) e o gaspacho, $ 1200 (R$ 24).
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Croque Madame: ouvi muitos elogios ao jantar na unidade do Palácio Paz |
Pierina Dealessi nº 140, Puerto Madero (no Museu Fortabat)
🕒Diariamente, das 9h às 20h
Já falei aqui na Fragata desta rede de cafés/restaurantes
que tem diversas unidades em Buenos Aires, algumas em museus (como o Museu Nacional de Artes Decorativas) e edifícios históricos (como o Palácio Paz).
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Depois de voltar para o forno, o sanduba ficou bem bom. Aprovei o créme brulée |
Minha amiga Gabi recomenda entusiasmadamente o jantar na unidade do Palácio Paz. Eu fui ao Croque Madame do Museu Fortabat, em Puerto Madero, e tive uma experiência que deixou impressões divididas: o croque monsieur ($ 2.150 pesos/ R$ 43) que pedi chegou à mesa gelado por dentro. Depois que mandei esquentar, até que ficou bem bom. O créme brulée também estava gostoso.
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Gran Bar Danzón: considero muito qualquer lugar onde se saiba preparar um dry martini |
⭐Gran Bar Danzón
Libertad nº 1161, Recoleta
Vou tomar a liberdade de listar El Gran Bar Danzón entre os lugares para beber em Buenos Aires porque foi só isso mesmo que eu fiz na casa. Mas minha amiga Cynthia Valente e seus companheiros de viagem, a quem fui encontrar, tinham jantado muito bem lá, antes de começarmos a maratona etílica.
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A farra com minha amiga e xará foi ótima |
O bar/restaurante fica naquele pedacinho de Buenos Aires onde a Recoleta começa a desembocar no Microcentro, a menos de uma quadra da Avenida Santa Fé.
El Gran Bar Danzón é bem elegante, achei o preço das bebidas muito gentis (mas não peça que eu lembre do valor) e meus dry martinis estavam irretocáveis — sempre digo que lugares que sabem preparar esse drinque são sempre dignos de crédito.
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Não vai ser por falta de um bar animado que você vai ficar sem aquela loooooonga saideira |
⭐Bar Calixto
Marcelo Torcuato de Alvear nº 930, Centro
🕒Diariamente, das 18h às 4:30h da manhã
Simples, confortável, com preços modestos, o Bar Calixto é o tipo de lugar que dá gosto a qualquer boêmio que honre esse título.
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Eu sei que a foto está torta. Mas eu também estava 😁 |
Eu adoro a tradição portenha de manter vivos lugares onde se pode entrar pela madrugada farreando com amigos em qualquer dia da semana — um bálsamo para quem vive em cidades onde os bares adotam horários de Cinderela, como Brasília. Na madrugada de uma terça para quarta-feira, o Bar Calixto estava animadíssimo.
Esse simpaticíssimo boteco fica a uma quadra da Avenida 9 de Julio e é um ótimo lugar para emendar qualquer farra. Ah, a empanada do bar Calixto ($ 100 pesos) é muito gostosa. Só tome cuidado para que o recheio de carne, muito suculento, não aterrisse na sua camisa.
E as minhas lombrigas só se remexendo por aqui. Tais postagens deveriam vir acompanhadas de um bilhete da Aerolineas e alguns vouchers
ResponderExcluirExcelentes dicas, me ajudarão muito na minha próxima viagem, a terceira a Buenos Aires. Pena que os preços estão absurdamente diferentes dos citados no post.
ResponderExcluirÉ, esse último ano foi brabo na Argentina. Os preços dispararam
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