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O Castelo da Praia do Forte é a única construção com características medievais em todas as Américas |
Atualizado em fevereiro de 2025
Quando eu comecei na militância política, no finzinho dos Anos 70, um dos debates mais encarniçados, na esquerda, era se teria havido ou não Feudalismo no Brasil. Apesar de continuar frequentando a esquerda, confesso que até hoje não tive curiosidade de checar se os companheiros, afinal, chegaram a uma conclusão.
Talvez porque a resposta jamais tenha interferido no imenso prazer que sempre tive em contemplar as ruínas do Castelo da Praia do Forte, os Casa da Torre, os vestígios da casa senhorial do maior latifúndio já registrado no planeta — 800 mil quilômetros quadrados, da Praia do Forte ao Maranhão.
Talvez porque a resposta jamais tenha interferido no imenso prazer que sempre tive em contemplar as ruínas do Castelo da Praia do Forte, os Casa da Torre, os vestígios da casa senhorial do maior latifúndio já registrado no planeta — 800 mil quilômetros quadrados, da Praia do Forte ao Maranhão.
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A capela é a parte mais preservada do castelo, pois
continuou sendo usada pelos moradores das redondezas até o Século 20, muito
tempo depois de a Casa da Torre ter sido abandonada pelos seus senhores |
O Castelo da Praia do Forte é reconhecido como a única constrição de características medievais das Américas e está aberto à visitação, uma ótima pedida para depois do banho de mar, de uma moqueca em Donana e de uma sessão de bolinhos de peixe de Souza (duas atrações gastronômicas da área que eu adoro).
Castelo da Praia do Forte
Difícil é dizer o que é mais bonito no Castelo da Torre. Ele fica sobre uma colina de onde se avista desde a Barra do Rio Pojuca até o Imbassaí. A paisagem é deslumbrante, com o mar muito azul emoldurado por um coqueiral infinito.
O interior do Castelo da Praia do Forte pode ser percorrido por passarelas. Muitas paredes ainda estão de pé e dão uma ideia da majestade que a construção teve em seus dias.
O interior do Castelo da Praia do Forte pode ser percorrido por passarelas. Muitas paredes ainda estão de pé e dão uma ideia da majestade que a construção teve em seus dias.
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470 anos depois de construída, a Casa da Torre ainda tem
muito da sua estrutura preservada. Plataformas permitem que o visitante explore o interior do Castelo |
A capelinha do castelo, simples e comovente, continuou a ser usada usada pelo povo do lugar até o Século 20, muito depois da decadência e abandono da Casa da Torre. É por isso que ela é a parte mais bem preservada da construção.
O Castelo da Torre começou a ser construído em 1551 por Garcia D'Ávila, uma espécie de self-made-man à moda colonial, que chegou à Bahia na comitiva do governador-geral e fundador de Salvador, Tomé de Souza.
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As pinturas decorativas na área do altar contrastam com o interior rústico da capela do Castelo da Praia do Forte |
O ponto de partida da fortuna de D'Ávila foi sua nomeação para o posto de feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega e seu império foi erguido na criação e transporte de gado. Olhando o mar por uma das janelas de sua casa, porém, ouso dizer que o sujeito devia ter outros prazeres na vida, além da acumulação de riquezas.
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Durante 300 anos, a Casa da Torre foi o centro de poder de um território que ia da Praia do Forte ao Piauí |
No início dos Anos 2000, o sítio histórico e arqueológico do Castelo da Torre ganhou um projeto de restauração e qualificação, com escoramento de algumas paredes, uma passarela de ferro, que permite percorrer o segundo andar do edifício, um centro de visitantes e iluminação cênica.
Providências mais que bem-vindas para evitar o turismo predatório.
O Castelo da Torre é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, e administrado pela Fundação Garcia D'Ávila.
Atualização: em fevereiro de 2025, a entrada para o castelo custa R$ 40. Estudantes e maiores de 60 anos pagam meia entrada).
Horários de visitação: quartas e quintas, das 10h às 17
horas. Sextas, sábados, domingo e feriados das 10h às 18 horas.
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Na chegada ao castelo, não deixe de prestar seus respeitos à gameleira
centenária, no antigo terreiro do castelo. Para as religiões de matriz africana,
essa árvore sagrada representa a divindade do tempo |
No Centro de Visitantes, uma maquete reproduz o que seria a aparência mais provável do castelo, do qual não restou sequer um registro conhecido de imagem.
Garcia D'Ávila é personagem de destaque no romance histórico O Fundador, de Aydano Roriz (Editora Europa, 384 páginas, R$ 39), que me foi recomendado como muito divertido.
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Ainda dá pra ler nas ruínas a cara que teve o Castelo da
Praia do Forte |
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O castelo era cercado por um vasto terreiro |
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E pensar q já fiquei uma semana na Praia do Forte e não conheci!!! Absurdo!! Se fosse hj não ia deixar passar!!!
ResponderExcluirO Castelo é maravilhoso, Fernanda. Pra mim, é o melhor da Praia do Forte (o "forte", no caso, é o castelo, sabia?). Taí um bom motovo pra vc voltar lá :) Bjs
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