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As águas cristalinas da Ilha de Cefalônia, na Grécia,
foram um dos pontos altos desse roteiro na Europa. Na imagem, a Praia de Emelisse |
Meu primeiro retorno ao Velho Continente depois da pandemia foi uma viagem muito esperada e muito planejada. Fiz um roteiro na Europa em abril e maio de 2024, viagem de 38 dias (primeiras "férias" desde a aposentadoria!!) mistura de lindos reencontros com cidades que adoro — Madri, Lisboa, Atenas e Nafplio — com lugares novos que viraram novas paixões.
Esta era originalmente uma viagem apenas para a Grécia, onde
passei 23 dias maravilhosos. Mas havia uma escala inegociável nesse roteiro na
Europa: queria muito estar em Lisboa para as comemorações dos 50 anos da
Revolução dos Cravos, no dia 25 de abril.
O movimento que devolveu Portugal à democracia em 1974 (depois de 48 anos de uma ditadura horrorosa, com o perdão pelo pleonasmo) é um dos momentos mais bonitos do Século 20, que eu acompanhei pelos telejornais da época — uma ventania de esperança pra quem vivia num Brasil também infelicitado por uma ditadura. 50 anos depois, eu tinha que estar lá.
A celebração do meio século do 25 de abril foi uma festa
emocionante. Reuniu centenas de milhares de pessoas em Lisboa e milhões por todo
o país. Um dos grandes momentos que já vivi em uma
viagem.
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No alto, o Alcázar de Segóvia, que virou modelo de castelos de contos de fadas. Acima a Catedral de Salamanca vista da Ponte Romana. A etapa espanhola deste roteiro na Europa foi sensacional |
Já a Espanha (ô, lugarzinho que eu adoro) entrou no roteiro por uma questão logística: os voos para Madri estavam bem mais baratos do que os voos para Lisboa. Obrigada, então, Dona Logística, por ter me levado de volta à querida Madri e ter me dado a oportunidade de rever Segóvia e conhecer as lindíssimas Ávila e Salamanca.
No roteiro pela Espanha usei o transporte público para ir a Ávila, Salamanca e Segóvia, cidades muito próximas de Madri. Na Grécia, alugamos um carro para percorrer 1.400 km de paisagens acachapantes e chegar a lugares de sonho como a Península de Mani, Olímpia, Delfos e Meteora. A ilha da vez foi a deslumbrante Cefalônia, facilmente alcançável com ferry boat.
Veja as dicas: Como chegar a Cefalônia
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Viajar de carro pela Grécia é um banquete infinito de paisagens lindas. No alto, o porto da cidadezinha de Githio, uma das atrações da Península de Mani, no extremo Sul do país |
(Alugamos, aí no alto, não é plural majestático, não. Sei que vocês estão acostumadas a minhas viagens solo, mas desta vez eu contei com a excelente companhia da minha amiga Rose Spina. E ter companhia foi exatamente o que me animou a viajar de carro, porque acho muito chato dirigir sozinha).
Veja essas dicas: Como viajar de carro na Grécia
Cheguei de viagem moída com aquele cansaço gostoso de quem viu coisas lindas, comeu muito bem e se divertiu muito. Mas, agora, chega de preguiça e bora ver esse maravilhoso roteiro na Europa que fez tão bem pra minha alma.
Meu roteiro na Europa em 2024
Duas noites em Madri
Chueca é sempre uma ótima opção de hospedagem. Bairro animado, boêmio,
adorado pela comunidade LGBT, tem ótimos bares, restaurantes e serviços e fica no
Centro de Madri, muito pertinho dos principais pontos de interesse turístico na
cidade.
Saiba mais aqui: Madri desencanada - o que fazer em Chueca e Malasaña
Minha avaliação dos hostais desta viagem: Dicas de hospedagem em Madri
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Chueca é uma vizinhança charmosa, animada e pertinho de tudo |
Com um dia e meio líquido em Madri, tive tempo de namorar muito a arquitetura sensacional da Gran Vía e da Calle de Alcalá, rever a área histórica (e linda) da Madri dos Áustrias (a Madri do Século 17) e de bater ponto no Templo egípcio de Debod.
Tem detalhes desses passeios aqui:
Roteiro em Madri da Praça de Espanha ao Palácio Real
Madri dos Áustrias - roteiro pelo Século de Ouro
Como já visitei algumas vezes a "trinca de ouro" dos museus de Madri — o Prado, o Centro de Artes Reina Sofia e o Museu Thyssen-Bornemisza, aproveitei esta estada para ficar cara a cara com o quadro A Purificação do Templo (ou A Expulsão dos Vendilhões do Templo), uma obra-prima de El Greco (ôpa! Pleonasmo!!) na Igreja de San Ginés (Calle del Arenal nº 13).
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Dois lugares lindos de Madri: a Plaza Mayor (no alto) e o Templo de Debod |
Também visitei pela primeira vez a Real Academia de Belas-Artes de São Fernando (Calle de Alcalá nº 13). Além de ter um acervo permanente muito bacana, esta pinacoteca estava hospedando a baita exposição temporária O Despertar da Consciência, dedicada a ninguém menos do que Francisco de Goya.
E quase morri de paixão no lindíssimo Museu Sorolla (Plaza del General Martínez Campos, 37, Chamberí, metrô Noviciado). Gente, por que eu demorei tanto pra ir ver essa maravilha madrilenha???
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Se você já visitou museus do Prado, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza, experimente a Real Academia de Belas-Artes de São Fernando |
Joaquín Sorolla (1863-1923) é um gênio do Impressionismo, nascido em Valência. O museu dedicado a ele, instalado na casa do pintor, é simplesmente deslumbrante e merece entrar em qualquer roteiro por Madri.
Na hora de tapear e bebericar, recomendo muito a agradabilíssima Plaza Dos de Mayo, no charmoso bairro de Malasaña.
Veja essas dicas:
Bares e restaurantes em Madri
O que fazer em Madri
Dicas práticas de Madri
O que comer em Madri
Roteiro por Ávila, Salamanca e Segóvia
Não satisfeita em ser um destino espetacular, Madri ainda tem a vantagem de ficar muito pertinho de cidades lindas. Eu já tinha experimentado passeios bate e volta a Toledo e Segóvia, mas desta vez decidimos explorar com mais tempo três lindezas da região de Castela e Leão (Castilla y León).Roteiro por Ávila, Salamanca e Segóvia - dicas práticas
O que comer em Ávila, Salamanca e Segóvia
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A Catedral de Ávila é simplesmente linda |
Quem pernoita em Ávila ganha de presente o espetáculo de suas muralhas douradas
pelo sol poente e depois flutuando na paisagem, com a iluminação noturna. Fiquei encantada com as ruelas medievais, adorei caminhar sobre as famosas muralhas e visitei com
calma a arrebatadora Catedral e a igualmente magnífica Basílica de San Vicente.
Leia mais: O que fazer em Ávila
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Os edifícios históricos da Universidade de Salamanca já valem a viagem |
Salamanca tem atrações de deixar a gente tonta, como a Catedral Velha e a Catedral Nova, o Mosteiro e a Igreja de Santo Estêvão, os espetaculares edifícios da Universidade de Salamanca a Plaza Mayor (apontada, com razão, como uma das mais belas da Europa), o Museu de Art Nouveau e Art Déco, instalado na modernista e apaixonante Casa Lis, a Ponte Romana. Também recomendo enfaticamente a visita ao inquietante, mas muito necessário Arquivo Geral da Guerra Civil Espanhola.
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Em Segóvia cidade dos grandiosos Aqueduto e Alcázar, meu coração derreteu diante das memórias do cotidiano singelo do grande poeta Antonio Machado |
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Lisboa é sempre encantadora. Na foto, o Miradouro de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto |
2ª etapa – quatro noites em Lisboa (de 23 a 28 de abril)
Eu adoro Lisboa, mas já fazia um bom tempo que não dava um pulinho na cidade — a última vez tinha sido numa super viagem a Portugal, em 2016. Estava muito curiosa pra comprovar se realmente o boom turístico de anos recentes tinham mexido com a essência dessa cidade tão especial.
Sobre isso, tenho más e boas notícias: Lisboa está (muito) mais cara, extremamente muvucada e vários de seus recantos encantadores estão com um certo jeitão de pega-turista. Mas, ainda assim, a capital portuguesa continua encantadora.
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O charme sempre sossegado do Jardim do Príncipe Real. No alto, uma Virgem com o Menino do Século 15, do ateliê do mestre Gil Eanes, de Coimbra, no Museu Nacional de Arte Antiga |
Chegamos a Lisboa com a TAP (1h20 de voo). Com apenas quatro dias pra aproveitar a cidade, claro que bati o ponto em muitos dos meus cantos favoritos — os bairros do Chiado e do Príncipe Real, as ladeiras da Alfama, a tradicionalíssima Mouraria e o Belém dos pastéis de nata e do Mosteiro dos Jerónimos — mas também fiz questão de colocar várias novidades no roteiro.
Roteiro na Alfama e Castelo de São Jorge
Lisboa - Roteiro em Belém
5 museus em Lisboa que valem muito a visita
Mas fiquei acachapada, mesmo, com o excelente Museu do Aljube - Resistência e Liberdade, na Mouraria. Instalado em uma antiga cadeia e centro de torturas da ditadura salazarista, o espaço hoje é dedicado à memória de quem resistiu e lutou pela democracia em Portugal.
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O Maat fica em Belém, à beira do Rio Tejo. Gostei muito da
arquitetura do edifício, mas não delirei muito com as exposições |
Eu tinha um motivo especial para essa escala lisboeta no meu roteiro na Europa. Como disse mais cedo, eu queria testemunhar e participar da celebração dos 50 anos da Revolução dos Cravos. E neste quesito, Lisboa encheu minha alma de uma alegria rara.
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Αθήνα αγαπητέ (Atenas querida), voltei! |
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Despedida de Madri na Plaza del Angel, com um fofíssimo folgado querendo beliscar meu queijo |
Fazia muito muito tempo que eu queria voltar a Atenas, uma cidade-paixão da minha vida. Demorou quase uma dúzia de anos, mas o reencontro foi lindo. Voamos de Lisboa para Atenas com a Aegean Airlines (cerca de 4 horas de viagem).
Na chegada à Grécia, foram quatro noites na capital e mais
duas no retorno dos nossos 17 dias de um roteiro de carro que rodou o
Peloponeso, atravessou o Mar Jônico de ferry até a linda Ilha de Cefalônia (com
um emocionante pulinho em Ítaca) e atravessou a Grécia Central passando por
Delfos, até Meteora.
Veja essas dicas:
Nosso roteiro em Atenas teve os clássicos imperdíveis — Acrópole, Ágora Antiga, Ágora Romana, Museu Nacional de Arqueologia, Museu da Acrópole, Jardins Nacionais, Estádio Panatenaico, Museu Benaki... —, mas também teve passeios mais contemporâneos e boemia pelos bairros de Thisio, Petralona e Psyri, ótimos momentos gastronômicos a inigualável alegria de estar na deliciosa Atenas.
Pegamos o carro alugado em Atenas no aeroporto (porque eu não quero nem pensar como seria dirigir no trânsito daquela cidade) e partimos para um roteiro de 1.400 quilômetros que deu a volta na Grécia.
Na primeira parada,
ficamos quatro noites em Tirinto (140 km de Atenas). Nossa hospedagem, a apenas
3 km do Centro Histórico de Nafplio, tinha a localização perfeita para explorar
as muitas atrações da Argólida — por exemplo, os sítios arqueológicos de
Micenas e do Teatro de Epidauros, o Castelo de Larissa em Argos, além da
apaixonante Nafplio, é claro.
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Areópolis é uma cidadezinha muito fofa |
Daí, seguimos para a Península de Mani, no Extremo Sul da Grécia, pra ver a charmosa cidade costeira de Gytheio (a 150 km de Nafplio). Dormimos uma noite em um hotel adorável, na Praia de Mavrovouni. A segunda noite na península foi em Areópolis (a 26 km de Githio). A cidade, pequenininha, fica em uma montanha próxima ao mar e seu conjunto de construções de pedra é encantador.
A parada seguinte era inegociável: Olímpia (a 210 km de
Areópolis). Na minha primeira viagem à Grécia, lamentei muito não ter visitado a
sede dos Jogos Olímpicos originais, aqueles da Antiguidade. Ficamos duas noites
lá pra ver com calma o museu espetacular e o sítio arqueológico.
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Esta deusa Nike (Vitória) esculpida por Peônio no Século V
a.C. é um dos grandes tesouros do Museu do Sítio Arqueológico de Olímpia |
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Nossa pousada em Cefalônia tinha vista privilegiada para a cidade de Argostoli |
De Olímpia, seguimos para quatro noites em Cefalônia. A embarcação da Levante Ferries para essa deslumbrante ilha jônica parte do Porto de Killini (a 70 km de Olímpia). A chegada em Cefalônia é no Porto de Poros, a 40 km de Argostoli, capital da ilha, onde ficamos hospedadas. A travessia durou cerca de 1h20.
Em Cefalônia nós rodamos um bocado explorando as belezas da ilha e aproveitamos praias deliciosas, como a de Emelisse. As estradas podem ser meio desafiadoras, para quem é inseguro no volante, pois a ilha é montanhosa e qualquer trechinho entre as localidades costuma ser cheio de curvas e sobe e desce — não raro, à beira de um baita precipício. Mas deu tudo muito certo.
Também fizemos um passeio de barco a Ítaca, a ilha deUlisses/Odisseu — imaginem a minha emoção de pisar na terra de um dos meus maiores
heróis...
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Na chegada a Ítaca, meu coração estava aos pulos |
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A beleza de Meteora e seus mosteiros suspensos é quase irreal |
De volta ao continente, foram 212 km de estrada, do Porto de Killini até Aráchova, um concorrido destino de inverno grego. Chegamos à tarde, passeamos, pernoitamos e, no dia seguinte, visitamos o Sítio Arqueológico de Delfos, que fica a apenas 12 km.
O antigo santuário de Apolo em Delfos foi o centro espiritual da Grécia Antiga e recebia gente de todos os cantos ouvir as previsões das pitonisas. Foi um dos lugares que me deixou maravilhada, na primeira visita à Grécia. Adorei o repeteco, ainda mais que, desta vez, tivemos tempo pra visitar o excelente museu.
Veja essas dicas:
Santuário de Delfos, o Centro do Mundo
Museu Arqueológico de Delfos
Dicas práticas de Delfos
Depois da visita a Delfos, seguimos para Meteora, 220 km ao Norte. Foi um grande encerramento desse roteiro de carro pela Grécia, pois as grandiosas formações rochosas e os mosteiros suspensos da região formam uma das paisagens mais lindas que já vi.
Eu já tinha estado em Meteora em 2012 e contei sobre a experiência aqui > Não é sonho, é Meteora
Leia também:
Dicas práticas de Meteora
Hospedagem em Meteora
Visita aos mosteiros de Meteora
De volta a Atenas, ficamos mais duas noites na cidade pra a
despedida. E eu prometi que vou voltar.
4ª Etapa: Duas noites em Madri (20 a 22 de maio)
Maravilha,viajei com vc
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